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Síria: queda de Assad revela império de droga captagon – 19/12/2024 – Mundo

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Patrícia Campos Mello

Na antiga fábrica de salgadinhos Captain Korn (Capitão Milho) em Douma, cidade vizinha de Damasco, escondia-se o maior centro de produção e armazenamento de captagon —conhecida como a “cocaína dos pobres”— na Síria.

O local, assim como várias outros com estrutura parecida, foi descoberto nesta semana pela milícia HTS (Organização para a Libertação do Levante, na sigla em árabe), que derrubou o ditador Bashar al-Assad e assumiu o poder.

A Folha esteve nesta e em outra unidade clandestina que produzia a droga sintética, em Al-Dimass, a 30 quilômetros da capital síria. A Síria responde por 80% da exportação mundial de captagon, cuja receita se tornou a principal fonte de recursos do regime. Familiares do ditador estavam envolvidos diretamente no negócio, de acordo com os rebeldes.

A fábrica de Douma fica no topo de uma montanha e, antes da queda de Assad, era vigiada por soldados das Forças Armadas sírias em guaritas. No primeiro andar, havia um depósito com dezenas de pilhas de caixas para transporte de laranjas, que servia de fachada. No subsolo se concentrava a fabricação do estimulante, um comprimido que tem efeitos semelhantes à cocaína –causa euforia e deixa a pessoa alerta e autoconfiante.

A substância ativa, o cloridrato de fenetilina, foi desenvolvida na Alemanha nos anos 1960 para tratamento de narcolepsia (distúrbio de sono excessivo) e déficit de atenção. Mas, devido ao alto potencial viciante, foi banido pelo escritório de drogas da ONU e por vários países nos anos 1980.

O captagon ficou conhecido como a droga dos jihadistas, porque era usado por combatentes extremistas islâmicos na guerra da Síria. O uso se disseminou por todo o Oriente Médio, de motoristas de caminhão e táxi que querem ficar acordados a operários de construção, militares no front e jovens nas baladas.

Integrantes da HTS mostraram como os traficantes ligados ao regime escondiam os comprimidos dentro de laranjas e maçãs de plástico, no interior de estabilizadores de voltagem, em cintos e mesas.

O depósito subterrâneo tinha dezenas de caixas desses estabilizadores. Na frente da reportagem, um combatente abriu uma delas e indicou onde estavam escondidos 3 kg de captagon, no interior de uma bobina de cobre.

A fábrica de salgadinhos pertencia ao empresário Fares al-Tout e foi confiscada em 2018 por ordem da Quarta Divisão do Exército Sírio, liderada pelo irmão de Bashar al-Assad, o temido Maher.

O centro passou a ser tocado por Amer al-Khiti, empresário próximo a Maher. No ano passado, o Reino Unido impôs sanções contra Khiti, afirmando que ele “opera e controla múltiplos negócios na Síria que permitem a produção e o tráfico de drogas, entre elas o captagon”. Os EUA impuseram sanções contra Khiti em 2020.

No ano passado, o Departamento do Tesouro americano sancionou dois primos de Assad, Samer Kamal al-Assad e Wassim Badi, também acusados de envolvimento na fabricação e contrabando dos comprimidos.

“Quando chegamos aqui, havia alguns guardas no subsolo que tinham começado a queimar as drogas”, relatou à Folha um dos soldados da HTS.

Caroline Rose, diretora do Projeto de Comércio de Captagon do New Lines Institute, afirmou à agência Reuters que a venda global de captagon movimenta em torno de US$ 10 bilhões anuais (R$ 61 bilhões), e o regime de Assad lucrava US$ 2,4 bilhões (R$ 14,6 bilhões) por ano com a droga. Segundo ela, era isso que sustentava o governo do país em guerra e sob sanções internacionais.

A HTS prometeu acabar com a produção e o contrabando de captagon na Síria. Trata-se de uma demanda de alguns dos países que apoiaram o grupo na derrubada de Assad, como o Qatar. Lá, assim como na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes, na Jordânia e no Iraque, o estimulante se tornou um problema de saúde pública. Segundo o Comitê de Controle de Drogas saudita, 90% dos usuários de captagon tinham de 12 a 22 anos.

Após interceptar caixas de frutas com comprimidos de captagon escondidos no meio de laranjas, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes proibiram a importação de produtos agrícolas libaneses, que estariam vindo da Síria.

No dia em que tomou o poder na Síria, o comandante da HTS, Ahmed al-Sharaa, que antes se identificava como Abu Mohammed al-Jolani, disse que Assad havia transformado o país “na maior fábrica de captagon do mundo”. “Hoje, a Síria está sendo purificada, graças a Deus Todo-Poderoso”, afirmou em discurso.

Erradicar a droga no país, porém, será um desafio. Calcula-se que haja dezenas de locais de produção, que começaram como fábricas de fundo de quintal, mas foram confiscadas pelo governo e incorporadas aos negócios das Forças Armadas. Analistas afirmam que combatentes dos grupos rebeldes também atuam na produção, controlando uma pequena porcentagem. A droga era escoada por terra pelo Líbano, Jordânia e Iraque.

Em outra fábrica visitada pela reportagem, que ficava dentro de uma mansão com muros altos, havia uma máquina de imprimir em comprimidos e barris com cafeína, clorofórmio, soda cáustica, iodeto de potássio, formaldeído, amônia e acido clorídrico, todos componentes usados na produção. Também havia máquinas que faziam as embalagens plásticas redondas onde cabem quatro comprimidos.

Um combatente da HTS exibe etiquetas com os endereços para onde seriam exportadas as “caixas de laranja” e os “estabilizadores de voltagem”: Arábia Saudita, Bahrein e Qatar. Outro membro da milícia, de nome de guerra Abu Issa, afirmou que o grupo destruiu 70% da droga encontrada e deixou os outros 30% para que pudessem ser vistoriados. Essa quantidade restante, segundo ele, seria queimada em uma semana.



Leia Mais: Folha

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SUS vai distribuir vacina contra herpes-zóster, afirma ministro da Saúde; vídeo

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Em breve, os brasileiros poderão se imunizar de graça contra uma doença silenciosa, muito dolorida, que atinge principalmente, quem tem mais de 50 anos. O SUS (Sistema Único de Saúde) vai incluir a vacina contra herpes-zóster na lista de prioridades. A notícia boa foi dada esta semana pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Atualmente, a vacina é oferecida apenas nas unidades privadas – em duas doses –  e custa, em média, R$ 800. O pedido para a inclusão da vacina foi feito diretamente ao ministro durante audiência na Comissão de Saúde na Câmara, por uma deputada que teve a doença.

“É uma prioridade nossa, enquanto ministro da Saúde, que essa vacina possa estar no Sistema Único de Saúde. A gente pode fazer grandes campanhas de vacinação para as pessoas que têm indicação de receber essa vacina. Pode contar conosco”, afirmou Padilha.

Experiência dolorosa pessoal

O apelo partiu da deputada federal Adriana Accorsi (PT-GO), que ficou cinco dias internada em Goiânia, por uma crise causada pelo vírus que provoca herpes-zóster. Com dores pelo corpo, sentindo a pele queimar, ela disse que foi uma experiência muito dolorosa.

“Passei por essa doença recentemente e senti na pele o quanto ela é dolorosa, perigosa e pode deixar sequelas graves. Por isso, sei o quanto é fundamental garantir acesso à prevenção e à informação, especialmente para quem mais precisa”, afirmou a parlamentar.

As sequelas mais graves da doença podem provocar lesões na pele, cegueira, surdez e paralisia cerebral, por exemplo. Estudos indicam que os casos aumentaram 35% após a pandemia de Covid-19

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A doença herpes-zóster

Só em 2023, mais de 2,6 mil pessoas foram internadas com o diagnóstico da doença no Brasil.

O herpes- zóster, chamado popularmente como “cobreiro”, é infeccioso. A doença é causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo que causa a catapora.

A crise gera erupções na pele, febre, mal-estar e dor intensa fortes nos nervos.

Em geral as pessoas com baixa imunidade estão mais propensas.

Vai SUS!

A vacina contra herpes-zóster deve ser incluída na lista de prioridades, de acordo com o ministro Alexandre Padilha. Foto: Ministério da Saúde A vacina contra herpes-zóster deve ser incluída na lista de prioridades, de acordo com o ministro Alexandre Padilha. Foto: Ministério da Saúde

A promessa do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi registrada:



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Anvisa aprova medicamento que pode retardar Alzheimer

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Anvisa aprovou o Kinsula, primeiro medicamento que pode retardar a progressão do Alzheimer. Já provado nos EUA, ele é da farmacêutica Eli Lilly. – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma notícia boa para renovar a esperança de milhares de brasileiros. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo medicamento internacional para tratar o Alzheimer.

Indicado para o estágio inicial da doença, o Kisunla (donanemabe) é fruto de mais de três décadas de pesquisa. Em testes, o medicamento retardou em até 35% o avanço da doença em pacientes com sintomas leves.

Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o donanemabe foi aprovado nos Estados Unidos em julho de 2024. No Brasil, a aprovação foi divulgada nesta terça-feira (22). O Kisunla é injetável e deve ser administrado uma vez por mês.

Como funciona

A principal função do fármaco é remover as chamadas placas amiloides, os acúmulos anormais de proteínas no cérebro.

São esses acúmulos que atrapalham a comunicação entre os neurônios e estão associados ao surgimento e à progressão da doença.

Nos testes clínicos, o remédio conseguiu eliminar até 75% das placas após 18 meses de tratamento.

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Quem se beneficia

O tratamento é indicado apenas para pacientes com comprometimento cognitivo leve e demência leve.

Por outro lado, o Kisunla não é recomendado para quem usa anticoagulantes ou sofre de uma condição chamada angiopatia amiloide cerebral.

Também há restrições para pacientes que não possuem uma variante específica do gene ApoE ε4.

Em comunicado à imprensa, Luiz Magno, diretor médico sênior da Lilly do Brasil, comemorou a aprovação pela Anvisa:

“Estamos vivendo um momento único na história da neurociência. Depois de mais de trinta e cinco anos de pesquisa da Lilly, finalmente temos o primeiro tratamento que modifica a história natural da doença de Alzheimer aprovado no Brasil. Claro, esse é um marco para nós como companhia e para a ciência, mas principalmente para as pessoas que vivem com a doença de Alzheimer e seus familiares – que há anos buscam por mais esperança. Essa é nossa missão, transformar vidas.”

Estudo clínico

A avaliação para a aprovação foi feita a partir de um estudo clínico de 2023. Ao todo, a pesquisa envolveu 1.736 pacientes de 8 países com Alzheimer em estágio inicial.

Aqueles que receberam o Kisunla tiveram uma progressão clínica da doença menor em comparação aos pacientes tratados com o placebo.

Segundo a Anvisa, assim como qualquer outro remédio, o medicamento vai continuar sendo monitorado.

Disponível em breve

Apesar da aprovação, o Kisunla ainda não está disponível nas farmácias.

Para isso, é preciso esperar o medicamento passar pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

O processo pode levar semanas ou até meses.

Nos Estados Unidos, o tratamento com o fármaco custa por volta de US$ 12.522 por 6 meses e US$32.000 por 12 meses, aproximadamente R$ 183.192 na cotação atual.

O medicamento é injetável e deve ser administrado uma vez por mês. - Foto: Getty Images/Science Photo Libra

O medicamento é injetável e deve ser administrado uma vez por mês. – Foto: Getty Images/Science Photo Libra



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China lança banda larga 10G; a primeira e mais rápida do mundo

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Na vanguarda sempre, os chineses surpreendem mais uma vez. A China lança a primeira banda larga 10G do mundo. A expectativa é oferecer velocidades de download de até 9.834 Mbps, velocidades de upload de 1.008 Mbps e latência de 3 milissegundos, muito maiores do que as usadas atualmente.

Com o 10G vai ser possível baixar em apenas 20 segundos um filme completo em 4K (com cerca de 20 GB), que normalmente leva de 7 a 10 minutos em uma conexão de 1 Gbps.

A tecnologia de Rede Óptica Passiva (PON) 50G, que abastece a rede 10G, melhora a transmissão de dados pela infraestrutura – de fibra óptica atual.

Trabalho em parceria

A inovação foi anunciada, no Condado de Sunan, província de Hebei. O lançamento é resultado de um trabalho colaborativo da Huawei e da China Unicom.

Essa tecnologia permitirá, por exemplo, o uso de nuvem, realidade virtual e aumentada, streaming de vídeo 8K e integração de dispositivos domésticos inteligentes, tudo de uma só vez.

Com essa iniciativa, a China supera a banda larga comercial em países, como Emirados Árabes e Catar, de acordo com o Times of India.

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Expectativas de aplicações sociais

A implementação da banda larga 10G deve facilitar avanços em setores sociais, como saúde, educação e agricultura por intermédio da transmissão de dados mais rápida e confiável.

De acordo com os engenheiros e pesquisadores envolvidos, essa tecnologia será usada em aplicados “exigentes” de alta velocidade.

Com a banda larga 10G, a China se coloca à frente dos Emirados Árabes e do Catar em tecnologia comercial. Foto: Freepik Com a banda larga 10G, a China se coloca à frente dos Emirados Árabes e do Catar em tecnologia comercial. Foto: Freepik



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