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Também no Acre: Mundo virtual dificulta investigações e facilita aliciamento de jovens
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6 anos atrásem
Polícias Federal e Civil conduzem megaoperações para desbaratar quadrilhas em 24 estados.
As ofensivas da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança Pública precisam vencer um obstáculo cada vez mais desafiador na luta contra a exploração sexual de menores: a internet.
A preferência hoje é por agenciamentos virtuais. “Com as mídias sociais, também vieram as facilidades para quem quer explorar essa atividade ilícita”, diz Yuri Giuseppe Castiglione, promotor da Infância e Juventude que trabalhou no Grupo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Violência, Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes do Ministério Público de São Paulo.
“As mídias têm sido usadas não apenas para aliciar crianças e adolescentes como também para que elas cheguem aos interessados. Há comunidades [online] criadas para essa finalidade”, diz Castiglione.
“A tecnologia está posta, o criminoso se utiliza dessas ferramentas disponíveis para dar maior alcance às suas ações”, afirma Alessandro Barreto, coordenador do laboratório de inteligência cibernética da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
“Se migrou das ruas para a internet? Não há dados que afirmam isso. Mas o momento que vivemos é de virtualização do crime”, diz.
A secretaria monitorou, durante quatro meses, suspeitos de disseminar conteúdo pornográfico infantil na web, no que está sendo considerada a maior ação do tipo no mundo.
A Operação Luz na Infância 2 deu base para a Polícia Civil de 24 estados e do Distrito Federal cumprir 579 mandados de busca e apreensão na quinta passada (17), o que resultou em 251 prisões em flagrante.
No final de abril, a PF já havia realizado uma ofensiva em menor escala, mas que chamou a atenção pelo nível de barbárie envolvido.
Em sete estados (São Paulo, Minas, Rio, Goiás, Pernambuco, Maranhão e Acre), a operação Underground expediu dez mandados de prisão contra pessoas que guardavam filmes nos quais havia abuso sexual de bebês e de crianças com até 11 anos.
Segundo Otavio Margonari Russo, delegado da PF que coordenou a ação, parte dos abusadores era do convívio da família da vítima ou pertencia a ela.
Ele conta de uma menina que engravidou e permaneceu sendo estuprada e filmada continuamente. Os vídeos eram vendidos ou trocados em fóruns da deep web —ou “internet profunda”, rede de sites de acesso restrito e que é muitas vezes o meio para o cometimento de crimes— com a participação de homens de todas as classes sociais, tanto brasileiros quanto estrangeiros.
“Sob a crença de estarem no anonimato, eles agiam livremente, de acordo com suas vontades”, diz Russo. E afirma que aqueles que são presos por esse tipo de crime, em geral, expressam culpa e arrependimento. “Um deles chegou a me agradecer por ter sido preso.”
Para Alessandro Barreto, o que as inteligências dos estados mostraram é que “que essas instituições dão um passo importante para a virtualização também da atividade policial, no sentido de reprimir e prevenir a exploração sexual no ambiente cibernético”.
Para evitar flagrante, criminosos trocam as ruas por boates
Outro fator tem dificultado as investigações: o recrudescimento do combate e o medo de flagrantes está empurrado o crime para dentro de estabelecimentos.
Um exemplo é a região do Terminal de Cargas Fernão Dias, na região norte de São Paulo, onde a exploração sexual havia sido identificada por mapeamento policial, mas que hoje não apresenta nenhum movimento suspeito.
As vias no bairro da Luz, no centro, e o largo 13 de Maio, na região sul, foram apontados por policiais civis e militares como lugares de risco.
Seguindo a orientação das duas corporações, a reportagem escolhe uma boate próxima ao largo 13 de Maio para observar. Logo na entrada, há um aviso de que exploração sexual de menores é crime.
Lá dentro, garotas com ar adolescente e que se declaram maiores. Tanto o serviço sexual das moças como as bebidas são registrados em uma comanda, e há quartos nos fundos do estabelecimento. Ao final, o cliente paga tudo o que for “consumido”.
Segundo uma mulher que frequenta o local, a casa exige que todas que trabalham lá mostrem o RG para a gerência —o que a reportagem não conseguiu comprovar durante cerca de uma hora, período em que meninas chegavam à boate.
Bem próximo ao Mercado Municipal, moças de aparência ainda mais jovem circulam sempre perto das portas de casas noturnas.
Uma delas se aproxima do carro utilizado pela reportagem e, ao ser questionada sobre sua idade, diz ter 18 anos. Também informa que sua residência é em Atibaia, no interior paulista. Esse é um indício de minoridade, segundo G., prostituta de uma casa vizinha: muitas vêm de fora por medo de atuar onde podem ser reconhecidas.
No interior de uma das casas (em todas é permitido fumar, sinal da ausência de policiamento e fiscalização), uma menina diz ser de Santos; outra, de Campinas, conta que odeia a atividade, mas não vê outra forma de levar a vida.
Os clientes, observados durante duas horas, não pedem para ver a identidade.
Essas meninas, às vezes, caem na rede tentando escapar de uma realidade familiar igualmente trágica. É o caso de M.G.S., que, aos 17, aceitou trabalho em uma boate em Lençóis Paulistas para fugir da violência do ex-marido, segundo sua denúncia.
No processo que condenou os acusados em segunda instância, está descrito que M.G.S. trabalhava no bar de J.A.S. e C.F.B.A, onde cobrava R$ 100 por programa. Os donos da casa recebiam R$ 20 pelo quarto.
Mas M.G.S. se endividou com os proprietários, que passaram a trancá-la dentro de um cômodo, “motivo pelo qual [a vítima] decidiu contatar a polícia por telefone”, diz documento no Tribunal de Justiça de São Paulo.
O círculo social dos vulneráveis poderia ser um escudo. Mas “muitas vezes quem tem a função de impedir que aquilo aconteça faz vista grossa, sabendo que por trás há o crime organizado”, diz Castiglione.
“Mesmo quando a pessoa não concorda com aquilo, ela sabe que pode haver retaliação. A população tem medo de denunciar”, conclui. Por Gustavo Fioratti.
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Morre em Rio Branco, Acre, vítima de problemas respiratórios causados por queimadas
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3 dias atrásem
6 de setembro de 2024Rio Branco, AC – Uma pessoa morreu hoje na capital do Acre, Rio Branco, em decorrência de complicações respiratórias agravadas pela poluição causada pelas queimadas que afetam a região. De acordo com informações fornecidas pelas autoridades de saúde locais, a vítima, um morador da cidade, já apresentava um quadro respiratório debilitado, que se agravou devido à elevada concentração de fumaça e partículas no ar, resultado dos incêndios florestais.
A morte aconteceu em meio a uma crise ambiental que vem assolando o estado nas últimas semanas, com um número crescente de queimadas, que não só destroem áreas da floresta amazônica, mas também afetam gravemente a qualidade do ar. A Secretaria de Saúde do Acre alertou a população sobre o risco elevado de doenças respiratórias, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com comorbidades.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou, nos últimos dias, um aumento significativo no número de focos de calor na região, o que contribuiu para a densa camada de fumaça que cobre Rio Branco e outras áreas do estado. Especialistas indicam que a poluição provocada pelas queimadas é altamente prejudicial, podendo desencadear e agravar doenças pulmonares e cardiovasculares.
Familiares da vítima relataram que ela vinha enfrentando dificuldades respiratórias nos últimos dias, e apesar de procurar atendimento médico, o agravamento de sua condição foi inevitável. “As queimadas têm prejudicado a saúde de todos nós, e, infelizmente, hoje perdemos alguém querido por causa disso”, lamentou um dos familiares. O nome da vítima não foi divulgado.
As autoridades locais estão em alerta e já solicitaram apoio do governo federal para conter as queimadas e promover o atendimento às vítimas dos efeitos da poluição. Enquanto isso, a população de Rio Branco segue convivendo com os impactos das chamas, sem uma previsão clara de quando a situação será controlada.
A morte registrada hoje reflete um problema mais amplo que afeta grande parte da Amazônia, com consequências que vão além da destruição ambiental, atingindo diretamente a saúde pública e a qualidade de vida dos habitantes da região.
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Poluição do ar na capital do AC está seis vezes acima do aceitável pela OMS, apontam sensores
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15 de agosto de 2024Plataforma que reúne dados de sensores em todo o estado mostra que os índices se mantêm acima do considerado preocupante, e exposição acima de 24 horas traz riscos. Número de queimadas para o mês de julho foi o maior em oito anos, e bombeiros atenderam mais de 2 mil ocorrências naquele mês.
Foto: Capital acreana está com muita fumaça na manhã desta quinta-feira (15), apontam sensores — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica.
Segundo dados da plataforma Purple Air, que reúne dados de sensores instalados em todo o estado, as medições se mantêm acima do considerado preocupante na maioria das cidades do Acre. Ainda de acordo com o monitoramento, o índice em Rio Branco chegou a 99 µg/m3 na manhã desta quinta-feira (15).
🚨 Conforme o monitoramento, índices acima de 250 µg/m3 são classificados como alerta para emergência em saúde, com probabilidade de afetar toda a população em 24h de exposição.
A exposição à poluição atual acima de 24h traz riscos ao público em geral e os grupos sensíveis podem sofrer efeitos mais graves para a saúde.
De acordo com o site Purple Air, de 55-150µg/m³ público em geral pode sofrer efeitos à saúde após 24 horas de exposição. Os grupos sensíveis, podem sofrer efeitos mais graves para a saúde.
Com o medidor instalado no campus da Universidade Federal do Acre (Ufac), a capital acreana oscilou durante toda a manhã desta quinta, entre 67 e 99 µg/m3. Ambos os índices estão muito acima do aceitável, oferecendo riscos à população vulnerável pela exposição acima de 24h.
Até as 10h desta quinta, a cidade de Brasiléia também apresentava um número muito acima do considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com 88 microgramas de partículas por metro cúbico (µg/m3). A OMS considera aceitável 15 µg/m3.
Outros municípios aparecem com poluição acima do aceitável: Cruzeiro do Sul (32µg/m3), Porto Acre (56µg/m3), Santa Rosa do Purus (22µg/m3), Assis Brasil (59µg/m3), Sena Madureira (55), Brasiléia e Epitaciolândia (24) e Manoel Urbano (56). Os demais municípios não constam com monitoramento na plataforma.
Os índices constatados pela plataforma são atualizados em tempo real e alteram com o passar das horas.
O professor Willian Flores, da Universidade Federal do Acre (Ufac), doutor em Ciências de Florestas Tropicais que a média para esta quinta está acima de 60µg/m3. “Considerando a média das últimas 24 horas, está em 61µg/m3, o que é um valor bem alto, bem acima do que recomenda a Organização Mundial de Saúde”, comenta.
O professor explica que o período seco e a cultura de queimadas na região norte, contribuem para a piora na qualidade do ar. “Existe na Amazônia um cultura de queima da biomassa, e geralmente você tem efeitos de limpeza que acontece nos quintais, dentro da própria cidade. Quando a gente chega nessa época, a gente tem um efeito que é regional, nós temos queimadas na Amazônia inteira, e os ventos fazem uma homogeneização dessa fumaça e isso cobre praticamente a Amazônia. Tem uma imagem de ontem que há várias colunas de fumaça vindo do sul do Pará, de Rondônia e as queimadas locais contribuem para esse efeito que você está vendo, para esse valor que está sendo diagnosticado pelo sensor em termos de material particular”, afirma ele.
Focos de incêndio aumentaram quase 200% em relação ao ano passado no Acre
Com o aumento das queimadas, a população fica exposta a poluentes por períodos prolongados, e é exatamente isso que traz efeitos à saúde. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a corporação atendeu 2.227 ocorrências relacionadas a focos de calor no último mês, sendo o maior índice nos últimos três anos.
“Já percebemos que crianças e idosos são fortemente afetados. As pessoas que fazem tratamento de saúde já começam a não ter uma resposta adequada a esses tratamentos. Então, mesmo jovens passam a se sentir mais cansados nesse período, mesmo sem estar sob uma condição de esforço físico. Isso é reflexo justamente dessa poluição atmosférica”, ressaltou em entrevista à Rede Amazônica Acre.
Capital acreana está coberta de fumaça nesta quinta-feira (15) — Foto: Vitória Guimarães/Rede Amazônica
Queimadas em julho
O Acre teve o maior número de queimadas no mês de julho em oito anos com 544 focos detectados até o dia 30 de julho, de acordo com o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O mês acumula a maior quantidade de queimadas no ano.
Os registros do ano, entre janeiro e o dia 30 de julho, somam 10% do total de 2023, já que no ano passado foram 6.562 focos detectados.
Com o índice, o estado é o 15º em todo o país e o 6º da região Norte, na frente apenas do Amapá. O número também é a terceira maior marca da série histórica iniciada em 1998.
Em 2023, o mês de julho acumulou 212 focos de queimadas no Acre. Ou seja, o estado teve um aumento de 156% no mês em um ano.
O índice preocupa principalmente por conta da tendência de aumento que o levantamento mostra a partir do mês de agosto.
No monitoramento do Inpe, em 19 dos 25 anos pesquisados, a quantidade de queimadas ficou acima de 1 mil focos no oitavo mês do ano. Em 2023, o número ficou em 1.388 naquele mês.
De junho a julho, o número de queimadas também teve aumento. Nos últimos 30 dias, o salto foi de 438%, saindo de 101 focos.
Naquele mês, o Acre também registrou aumento em relação ao ano anterior, já que em junho de 2022 foram 31 focos registrados.
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‘Enem dos Concursos’: RBTrans não vai alterar início da circulação de ônibus no dia da prova na capital
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4 semanas atrásem
15 de agosto de 2024De acordo com o superintendente Clendes Vilas Boas, maioria dos candidatos deverá utilizar carros particulares, transporte por aplicativo e táxis. No Acre, portões abrem às 5h30, fecham às 6h30 e as provas iniciam às 7h com duas horas e meia de duração pela manhã.
RBTrans avaliou que horário de início da circulação não costuma ser alterado para outros concursos — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Não haverá mudanças no início da circulação do transporte coletivo em Rio Branco no dia do Concurso Nacional Unificado (CNU), que ocorre no próximo domingo (18). Isto quem afirmou foi a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans), que complementou ainda que também não terá aumento da frota no horário, marcado para 5h.
No Acre, aproximadamente 17 mil pessoas devem fazer as provas. Seguindo o horário oficial de Brasília, em Rio Branco e Cruzeiro do Sul, únicas cidades acreanas onde o concurso será realizado, os portões dos locais das provas serão abertos às 5h30 e fechados às 6h30.
“Não vejo necessidade, até porque não justifica, nenhum outro concurso deu esse montante de pessoas utilizando o transporte público. Por exemplo, na prova da OAB, eles não utilizam ônibus, utilizam carro particular, Uber, táxi. Sempre foi assim. A gente até está preparado para isso, estamos com carros reservas destacados do terminal central, terminal do Ceasa, da Ufac para essas eventualidades. Por exemplo, se precisar reforçar pela quantidade de pessoas inscritas, a gente vai reforçar”, disse o superintendente Clendes Vilas Boas.
Ainda de acordo com a RBTrans, o aumento da frota só será realizado para a volta dos concurseiros que fizerem as provas pela manhã e para os candidatos que vão fazer o exame no período da tarde.
Neste caso, os portões dos locais de provas serão abertos às 11h e fechados ao meio-dia, pelo horário do Acre.
“Na volta, a pessoa está mais tranquila, está indo para casa, não tem aquela questão de cumprimento de horário, então a pessoa utiliza o transporte público. É mais em conta, os custos são baixos. E nós teremos, sim, reforço nos pontos destacados”, acrescentou Vilas Boas.
‘Enem dos Concursos’
Criado pelo governo federal em 2023, o Concurso Público Nacional Unificado (CNU) é, segundo o Ministério da Gestão e da Inovação, um modelo inovador para a seleção de servidores públicos. A partir de agora, as provas do exame, aplicadas de forma simultânea em todos os estados, serão o método utilizado para preencher os cargos públicos efetivos dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
O objetivo é promover igualdade de oportunidades, padronizar procedimentos na aplicação das provas e priorizar as qualificações necessárias para o desempenho das atividades inerentes ao setor público.
Em todo o país são mais de dois milhões e 100 mil inscritos no concurso que vão concorrer a seis mil 640 vagas no setor público.