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Trancista tenta regulamentar profissão e ampliar direitos – 18/11/2024 – Mercado

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Catarina Ferreira, Vitória Macedo

Trançar cabelos afro, sejam crespos ou cacheados, demanda técnica e tempo. Profissional que faz diferentes penteados utilizando ou não fibras sintéticas e orgânicas, a trancista não tem seu trabalho regulamentado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).

Com movimentos de valorização dos fios afro, profissionais da área e figuras políticas têm trabalhado em projetos de reconhecimento do ofício, como por exemplo a inclusão do Dia da Pessoa Trancista no calendário de eventos da cidade de São Paulo por meio de lei ordinária.

Há também iniciativas para alterações da própria CLT. A deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) apresentou, em março, um PL (projeto de lei) para incluir o título de trancista na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações), no subgrupo “trabalhadores nos serviços de embelezamento e cuidados pessoais”. A proposição quer conscientizar o mercado da beleza sobre a importância das tranças para a estética negra e garantir direitos trabalhistas, como normas reguladoras sobre saúde e Previdência.

Hoje, trancistas que querem formalizar sua atividade podem usar a ocupação de cabeleireiro. Apesar de se aproximarem em pontos como o cuidado com a autoestima e os fios dos clientes, as duas profissões se distanciam em questões práticas.

Trancistas não estão preocupadas em modificar permanentemente a estrutura do cabelo, já que, após a retirada do penteado, os fios voltam à forma original. Por isso, o tempo de estudo, as técnicas e os cursos profissionalizantes são diferentes.

Para a trancista Regiane Alexandre, porém, o curso de cabeleireiro profissional é importante para aprender a lidar com o cabelo. “É o único curso que ensina a lavar e a dividir o cabelo e fala sobre questões de saúde capilar”, afirma. Ela é fundadora do salão escola Juba Trançadeiras e aborda esses conhecimentos em suas aulas.

Regiane começou a trançar cabelos ainda criança para cuidar de si e das irmãs, pois o pai tinha deficiência visual. Ela aprendeu observando outras mulheres que faziam tranças em amigas.

Luane Bento, pesquisadora de relações raciais e doutora em ciências sociais pela PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), diz que trançar não é apenas profissão, mas um símbolo de resistência contra o racismo.

“Numa sociedade como a brasileira, em que as pessoas são despedidas por usarem trança, isso já diz muito”, diz Luane.

O projeto de lei, por exemplo, afirma que os salões de beleza afro representam espaços fundamentais não apenas para o empreendedorismo de mulheres negras. Há também uma função social, porque amplificam a mensagem de desconstrução de estereótipos racistas, segundo o texto do PL .

O empreendedorismo pode ocorrer também por necessidade, o que faz com que muitas permaneçam na informalidade.

Beatriz Bernardes enfrentou dificuldades financeiras antes de abrir o seu próprio estúdio de beleza, chamado Honey, em 2017. Após aprender a trançar cabelo observando outras mulheres em salões especializados no centro de São Paulo, começou a empreender em casa, com poucos recursos, até alugar uma cadeira em outro salão.

Beatriz afirma que se sentiu discriminada por trabalhar com fios sintéticos. “Quando a gente fala de cabeleira, a gente imagina um salão. Quando a gente fala de trancista, a gente fala de atendimento em casa, em qualquer condição”, diz ela, que trabalha no ramo desde 2012. A profissional afirma que no começo cobrava R$ 180 em um trabalho que hoje custa entre R$ 400 e R$ 500.

Segundo o Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) em 2023, a taxa de desemprego para mulheres negras entre 18 e 24 anos era de 18,3%, maior que o percentual registrado entre homens brancos (5,1%).

Além das taxas de desemprego, mulheres negras são maioria entre trabalhadores informais. No quarto trimestre de 2023, entre ocupadas com inserção informal no mercado de trabalho, 41% eram negras e 31% não negras.

Para Edson Luis Silverio, conhecido como Edson Beauty, professor do curso de trancistas oferecido pela Universidade Zumbi dos Palmares, a formalização ajudará também trancistas a se profissionalizarem e conhecerem mais sobre o cuidado com os cabelos.

“Ter conhecimento ajuda a derrubar uma série de estigmas de que a trança seria algo prejudicial”, afirma. A trancista bem preparada, ele diz, sabe o quanto pode tracionar o fio para que não prejudique a cliente e também pode indicar tratamentos para recuperar o cabelo antes ou depois do procedimento.

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Ufac promove ações pelo fim da violência contra a mulher — Universidade Federal do Acre

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A Ufac realizou ações de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, em alusão à campanha Agosto Lilás. A programação, que ocorreu nesta segunda-feira, 25, incluiu distribuição de adesivos na entrada principal do campus-sede, às 7h, com a participação de pró-reitores, membros da administração superior e servidores, que entregaram mais de 2 mil adesivos da campanha às pessoas que acessavam a instituição. Outro adesivaço foi realizado no Restaurante Universitário (RU), às 11h.

“É uma alegria imensa a Ufac abraçar essa causa tão importante, que é a não violência contra a mulher”, disse a reitora Guida Aquino. “Como mulher, como mãe, como gestora, como cidadã, eu defendo o nosso gênero. Precisamos de mais carinho, mais afeto, mais amor e não violência. Não à violência contra a mulher, sigamos firmes e fortes.”
Até 12h, o estacionamento do RU recebeu o Ônibus Lilás, da Secretaria de Estado da Mulher, oferecendo atendimento psicológico, jurídico e outras orientações voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher.

Agosto Lilás



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Evento no PZ para estudantes do Ifac difunde espécies botânicas — Universidade Federal do Acre

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A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da Ufac realizou a abertura do Floresta em Evidência, nesta quarta-feira, 20, no auditório da Associação dos Docentes (Adufac). O projeto de extensão segue até quinta-feira, 21, desenvolvido pelo Herbário do Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac em parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A iniciativa tem como público-alvo estudantes do campus Transacreana do Ifac.

O projeto busca difundir conhecimentos teóricos e práticos sobre coleta, identificação e preservação de espécies botânicas, contribuindo para valorização da biodiversidade amazônica e fortalecimento da pesquisa científica na região.

Representando a Proex, a professora Keiti Roseani Mendes Pereira enfatizou a importância da extensão universitária como espaço de democratização do conhecimento. “A extensão nos permite sair dos muros da universidade e alcançar a sociedade.”

O coordenador do PZ, Harley Araújo, destacou a contribuição do parque para a conservação ambiental e a formação de profissionais. “A documentação botânica está diretamente ligada à conservação. O PZ é uma unidade integradora da universidade que abriga mais de 400 espécies de animais e mais de 340 espécies florestais nativas.”

A professora do Ifac, Rosana Cavalcante, lembrou que a articulação entre instituições é fundamental para consolidar a pesquisa no Acre. “Ninguém faz ciência sozinho. Esse curso é fruto de parcerias e amizades acadêmicas que nos permitem avançar. Para mim, voltar à Ufac nesse contexto é motivo de grande emoção.”

A pesquisadora Viviane Stern ressaltou a relevância da etnobotânica como campo de estudo voltado para a interação entre pessoas e plantas. “A Amazônia é enorme e diversa; conhecer essa relação entre comunidades e a floresta é essencial para compreender e preservar. Estou muito feliz com a recepção e em poder colaborar com esse trabalho em parceria com a Ufac e o Ifac.”

O evento contou ainda com a palestra da professora Andréa Rocha (Ufac), que abordou o tema “Justiça Climática e Produção Acadêmica na Amazônia”.

Nesta quarta-feira, à tarde, no PZ, ocorre a parte teórica do minicurso “Coleta e Herborização: Apoiando a Documentação da Sociobiodiversidade na Amazônia”. Na quinta-feira, 21, será realizada a etapa prática do curso, também no PZ, encerrando o evento.



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Ufac recebe deputado Tadeu Hassem e vereadores de Capixaba para tratar de cursos e transporte estudantil — Universidade Federal do Acre

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A reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Guida Aquino, recebeu, na manhã desta segunda-feira, 18, no gabinete da reitoria, a visita do deputado estadual Tadeu Hassem (Republicanos) e de vereadores do município de Capixaba. A pauta do encontro envolveu a possibilidade de oferta de cursos de graduação no município e apoio ao transporte de estudantes daquele município que frequentam a instituição em Rio Branco.

A reitora Guida Aquino destacou que a interiorização do ensino superior é um compromisso da universidade, mas depende de emendas parlamentares para custeio e viabilização dos cursos. “O meu partido é a educação, e a universidade tem sido o caminho de transformação para jovens do interior. É por meio de parcerias e recursos destinados por parlamentares que conseguimos levar cursos fora da sede. Precisamos estar juntos para garantir essas oportunidades”, afirmou.

Atualmente, 32 alunos de Capixaba estudam na Ufac. A demanda apresentada pelos parlamentares inclui parcerias com o governo estadual para garantir transporte adequado, além da implantação de cursos a distância por meio do polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em parceria com a prefeitura.

O deputado Tadeu Hassem reforçou o pedido de apoio e colocou seu mandato à disposição para buscar soluções junto ao governo estadual. “Estamos tratando de um tema fundamental para Capixaba. Queremos viabilizar transporte aos estudantes e também novas possibilidades de cursos, seja de forma presencial ou a distância. Esse é um compromisso que assumimos com a população”, declarou.

A vereadora Dra. Ângela Paula (PL) ressaltou a transformação pessoal que viveu ao ingressar na universidade e defendeu a importância de ampliar esse acesso para jovens de Capixaba. “A universidade mudou minha vida e pode mudar a vida de muitas outras pessoas. Hoje, nossos alunos têm dificuldades para se deslocar e muitos desistem do sonho. Precisamos de sensibilidade para garantir oportunidades de estudo também no nosso município”, disse.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Abreu Damasceno; o presidente da Câmara Municipal de Capixaba, Diego Paulista (PP); e o advogado Amós D’Ávila de Paulo, representante legal do Legislativo municipal.



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