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Trump 2.0 pode abrir as portas para um mundo mais verde | Opiniões

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5 meses atrásem
O ano passado foi desastroso para o ambiente e as ações relativas às alterações climáticas. As conversações apoiadas pelas Nações Unidas para combater a biodiversidade, a poluição plástica, a desertificação e as alterações climáticas fracassaram ou produziram acordos manifestamente inadequados. A reeleição de Donald Trump para outro mandato nos Estados Unidos sinalizou que a resistência à acção climática só se intensificaria.
Tudo isto num ano que bateu o recorde dos mais quentes e pela primeira vez as temperaturas médias globais ultrapassaram o limite estabelecido pelo Acordo de Paris: 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.
No início de 2025, as perspectivas de uma acção climática significativa parecem sombrias. Mas as políticas anti-climáticas do Trump 2.0 e a intransigência de outros grandes poluidores estatais e empresariais também poderão impulsionar o resto do mundo para uma mudança radical. Na verdade, 2025 poderá abrir espaço para o Sul Global impulsionar a ação climática e só faz sentido que o Brasil – como anfitrião da COP30 deste ano – deva liderar o caminho.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou ao poder há dois anos com a promessa de mudanças sociais e ambientais. Após os sucessos iniciais, porém, a sua administração perdeu impulso. Este ano poderá ser a última oportunidade de Lula cumprir as suas promessas, assumir a liderança global nas alterações climáticas e garantir que o seu legado como agente de mudanças irá além das fronteiras do Brasil.
Promessas falhadas
Durante a sua campanha presidencial, Lula enfatizou fortemente a sua rejeição às políticas anti-ambientais e anti-minorias do seu antecessor de direita Jair Bolsonaro e prometeu revertê-las, concentrando-se na conservação da Amazónia e na protecção das comunidades vulneráveis, incluindo os indígenas.
Após a vitória, nomeou a ativista climática Marina Silva para chefiar o Ministério do Meio Ambiente e a líder indígena Sonia Guajajara para chefiar o novo Ministério do Indígena. Em sua posse, em 1º de janeiro de 2023, ele caminhou com o destacado líder indígena cacique Raoni, que se tornou o símbolo da luta pela preservação da floresta amazônica.
Três semanas depois, ele visitou a comunidade Yanomami, que foi devastada pela usurpação de terras, violência de garimpeiros e madeireiros ilegais, insegurança alimentar e doenças. Ele chamou a situação deles de genocídio e prometeu tomar medidas imediatas.
As alterações climáticas também se tornaram um pilar da sua política externa. Na COP28 realizada em Dubai em 2023, onde países do Sul Global pressionavam pelo progresso na ação climática, Lula declarou: “O Brasil está disposto a liderar pelo exemplo”.
Houve algumas conquistas iniciais. Nos primeiros seis meses da presidência de Lula, O desmatamento da Amazônia caiu 33,6%. A polícia e os militares foram mobilizados para reprimir a mineração ilegal e, em poucos meses, houve um queda acentuada no número de minas ilegais em operação. Em maio, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis proibiu a exploração de petróleo na costa do Delta do Amazonas.
Mas o governo Lula não conseguiu manter o ritmo. As operações de segurança contra os mineiros ilegais abrandaram, o que lhes permitiu retomar as actividades. Taxas de mortalidade entre crianças Yanomami continuou a aumentar e as comunidades indígenas continuaram a sofrer.
O progresso alcançado no desmatamento começou a desacelerar e em agosto de 2024, as taxas de desmatamento rosa de novo. Enquanto isso, a expansão de terras para agricultura e pecuária não parou; é só mudou para a savana do Cerrado, onde o desmatamento não chega às manchetes como a Amazônia.
Enquanto isso, o governo Lula tem pressionado pela conclusão da rodovia BR-319, que deveria ligar os estados do Amazonas e Roraima, no norte, a outras partes do Brasil. A construção atravessa a Amazônia e teria um impacto desastroso sobre o meio ambiente e as comunidades indígenas.
Lula também se pronunciou publicamente a favor da exploração de petróleo na costa brasileira, ao mesmo tempo que o Brasil enfrentava algumas das suas piores inundações e incêndios florestais. As ações dos seus governos também enfrentaram críticas.
De janeiro a outubro, incêndios florestais varreram o Brasil, destruindo grandes áreas da floresta amazônica e do Pantanal e devastando comunidades indígenas; cerca de 37,42 milhões de acres, ou cerca de 15,1 milhões de hectares, foram queimados. Apesar da escala sem precedentes da crise, Lula não declarou estado de emergência, o que teria ajudado as autoridades locais a terem acesso mais fácil aos recursos federais para lidar com a crise.
Última chance de agir
Quando Trump regressar à Casa Branca em Washington, certamente cumprirá as suas promessas de rescindir as regulamentações ambientais e abrir caminho para que as indústrias sujas poluam tanto quanto queiram. Outros países ricos e empresas já estão a anular os seus próprios compromissos climáticos.
Neste ambiente de total desrespeito pela catástrofe climática em curso e pela situação difícil dos mais afectados por ela, o mundo precisa de um líder que possa tomar medidas decisivas. Há dois anos que Lula tem proferido belos discursos sobre a necessidade de agir sobre as alterações climáticas, a necessidade de proteger os pobres e a necessidade de esclarecer as coisas entre os responsáveis pela catástrofe climática e aqueles que suportam o seu impacto.
É hora de ele colocar suas palavras em prática. É hora de ele dar o exemplo, como declarou em 2023. Ele tem todos os recursos humanos e naturais à sua disposição para o fazer.
O Brasil abriga a maior floresta tropical do planeta e cerca de 1,7 milhão de indígenas que sabem proteger e cuidar da natureza. Eles sabem o que precisa ser feito para preservar este notável sumidouro de carbono, já que têm a menor pegada de carbono de todos nós. Eles precisam fazer parte não apenas da ação urgente necessária para proteger suas comunidades, mas também das políticas climáticas e ambientais gerais do Brasil.
Ouvir os povos indígenas, bem como dezenas de especialistas ambientais e ativistas, alguns dos quais já estão no governo Lula, significaria que o presidente teria que desistir de alguns laços tradicionais com as grandes empresas.
O Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula é conhecido por seu vício em combustíveis fósseis. É hora de acabar com isso. Embora a empresa petrolífera pública brasileira, a Petrobras, seja um importante interveniente económico, não deve ditar as políticas ambientais e económicas do governo. Dado o quão baixo é o preço da instalação da produção de energia renovável, o Brasil pode investir em uma expansão massiva da energia eólica e solar. A Petrobras já está fazendo esses investimentos; em vez de insistir em mais perfurações de petróleo, pode duplicar a aposta na energia solar e eólica e tornar-se a principal empresa de energia renovável do país.
Lula também terá que se libertar da influência tóxica do Grande Agronegócio. Existe uma maneira de cultivar e criar gado sem desmatamento e poluição. Pressionar esta indústria a adoptar práticas sustentáveis e verdes não a destruirá; tornaria-o mais resiliente aos inevitáveis desastres climáticos que atingirão o país.
O mesmo vale para o setor de mineração. O governo Lula já fez alguns esforços para regulamentá-lo e erradicar práticas ilegais, mas precisa ir até o fim. A mineração ilegal em territórios indígenas e reservas naturais deve ser eliminada.
O governo poderia criar uma força-tarefa que incluísse as agências federais e estaduais de aplicação da lei, o ramo de inteligência e os militares para se concentrar nesta questão. Eles poderiam recrutar não apenas povos indígenas para ajudá-los, mas também todas as pessoas empobrecidas atraídas para a mineração ilegal por causa do desemprego. A erradicação da mineração ilegal não só preservaria a floresta tropical e protegeria as comunidades indígenas, mas também representaria um duro golpe para o crime organizado.
Na verdade, políticas fortes sobre o clima e a preservação da natureza beneficiarão não apenas o ambiente natural, mas também a população brasileira. Abririam mais oportunidades de emprego seguras e dignas – uma grande exigência da base eleitoral do PT.
Liderar mudanças radicais em casa daria a Lula mais credibilidade para fazê-lo no cenário global. Palavras apoiadas por ação podem ter um impacto poderoso. Numa altura em que as pessoas do mundo se sentem abandonadas pelas suas elites políticas, demonstrar um compromisso com a acção climática e o bem-estar das comunidades vulneráveis pode mobilizar milhões de pessoas e criar impulso suficiente para colocar governos inertes em acção. Este poderá ser o legado global de Lula se ele tiver a coragem de o perseguir.
As opiniões expressas neste artigo são do próprio autor e não refletem necessariamente a posição editorial da Al Jazeera.
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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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