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Um clérigo com influência política – DW – 22/10/2024

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Fethullah Güleno fundador do movimento Hizmet, morreu em casa no estado americano da Pensilvânia no domingoaos 83 anos. O influente clérigo vivia ali desde 1999, em exílio voluntário.

Gulen, que via como sua missão trazer a religião de volta ao Estado turco, disse que também queria usar uma interpretação liberal do Islão para promover um diálogo entre diferentes religiões.

Durante sua carreira, ele construiu uma reputação mundial rede de escolas e as organizações da sociedade civil funcionam de acordo com as suas ideias e pontos de vista filosóficos. Há muitas pessoas hoje que o vêem mais como um mediador do poder do que como um clérigo.

Clérigo, anticomunista, amigo dos políticos

Vários fatores permitiram que Gülen criasse este sistema.

Gulen nasceu em 1941 na cidade de Erzurum, no leste da Turquia, filho de um imã. Além da escolaridade regular, ele recebeu educação islâmica e já atuava como pregador aos 18 anos.

Em 1962, ele co-fundou a Associação de Combate ao Comunismo em sua cidade natal, deixando clara sua posição durante a Guerra fria era. Na altura existiam várias associações com o mesmo nome em todo o país, todas com uma postura pró-EUA e uma ideologia nacionalista.

A partir de 1966, Gulen começou a construir sua futura “marca”. Depois de se mudar para o oeste, para Izmir, por motivos profissionais, ele fundou sua primeira Casa da Luz – um protótipo para seu movimento nos anos seguintes. Ele também começou a estabelecer escolas e associações.

Apoiantes pró-Erdogan, mulheres com lenços pretos, participam num comício, em frente a uma bandeira turca agitada
O objectivo de Gülen era usar uma interpretação liberal do Islão para promover um diálogo entre diferentes religiões.Imagem: Aris Messins/AFP/Getty Images

Seu movimento Hizmet (que significa “serviço” em turco), muitas vezes referido simplesmente como “movimento Gülen”, teve suas raízes em Izmir, mas se espalhou pelo mundo. Acredita-se que tenha gerado mais de 2.000 escolas, tecnicamente independentes do movimento, em cerca de 160 países. Em muitos países da Ásia Central, as escolas Gülen são consideradas entre as melhores e são frequentadas por crianças das classes de elite.

O Hizmet, que se autodenomina um “movimento de educação civil”, é caracterizado pelo status educado dos apoiadores de Gulen, que são muito influentes nos negócios, na pesquisa, na polícia, nas autoridades de segurança, no judiciário, na mídia e no Estado. Gülen usou sua influência política para colocar pessoas que ele treinou em instituições importantes e em altos cargos.

Num discurso de 1999, Gülen disse aos seus apoiantes: “Até que tenham todo o poder no sistema constitucional do Estado turco do seu lado, cada passo será um passo demasiado cedo.” Disse que era necessário esperar o momento certo para impor a sua agenda: uma Turquia governada de acordo com os princípios islâmicos.

Na altura, o Estado secular turco considerava os movimentos islâmicos uma ameaça — incluindo a ascensão ao poder do então presidente da Câmara de Istambul, Recep Tayyip Erdogan.

Gülen manteve uma influência considerável mesmo antes do governo de Erdogan AKP chegou ao poder em 2002. Na década de 1990, ele cultivou boas relações com vários políticos – incluindo Erdogan. Apesar disso, em 1999 comprou uma passagem só de ida para os EUA.

Isto ocorreu no momento em que um relatório interno da polícia turca afirmava que Gulen era o líder de uma organização que estava se infiltrando na força policial. Ele foi acusado de querer “substituir o sistema constitucional da Turquia por um Estado teocrático”. Dias depois, em 21 de março de 1999, ele voou para os EUA, alegando problemas de saúde.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, fala após uma reunião de gabinete, em Ancara, Turquia, segunda-feira, 23 de maio de 2022
Na década de 1990, Gülen cultivou boas relações com vários políticos – incluindo ErdoganImagem: Presidência turca/AP/aliança fotográfica

Aliado a Erdogan

Gülen nunca mais regressou à Turquia, mas ainda manteve a sua influência política no país. Quando o AKP, que também tinha uma agenda conservadora e islâmica, entrou no governo, Gülen tornou-se tão poderoso que foi capaz de exercer mais influência na política turca do que qualquer outro actor externo. Durante anos, Erdogan e Gülen estavam em conluio: Erdogan beneficiou da influência social institucionalizada de Gülen, enquanto Gülen beneficiou do poder político e do carisma de Erdogan.

Após o seu sucesso no referendo constitucional de 2010, Erdogan agradeceu publicamente a Gulen, dizendo: “Muito obrigado ao outro lado do oceano.” Em 2012, ele fez um apelo televisivo a Gülen para “deixar esse anseio acabar” – um convite ao clérigo para retornar à Turquia.

No entanto, um ano antes, a equipa de Gülen já tinha escrito no seu site oficial: “Ele não vai voltar porque não quer desencadear uma discussão política na Turquia”.

De amigo a inimigo

Apesar deste desejo declarado, Gülen ainda provocou muita discussão no seu país natal. As muitas diferenças entre Erdogan e Gülen que surgiram por razões desconhecidas a partir de 2012 levaram rapidamente a uma guerra institucionalizada entre os dois campos.

Em 17 de dezembro de 2013, muitos políticos do AKP foram presos sob acusações de corrupção, algo que foi atribuído a burocratas afiliados a Gülen. Dias depois, em 25 de dezembro, foram abertas investigações sobre o filho de Erdogan, Bilal.

Pessoas em pé sobre um tanque do exército turco
A tentativa de golpe de 2016 levou a uma repressão generalizada aos apoiantes de Gülen, tanto reais como alegados.Imagem: Reuters/T. Berkin

A partir de então, o AKP de Erdogan chamou ao movimento de Gülen uma “estrutura estatal paralela” cuja força dentro do Estado o tornou ilegal. As coisas chegaram ao auge no verão de 2016, quando Gulen foi responsabilizado pela tentativa de golpe de 15 de julho.

Embora o movimento de Gülen rejeitasse repetidamente a acusação, o governo turco continuou a sustentar que os seus apoiantes entre os militares tinham planeado a acção. A partir de 2016, Ancara apelou várias vezes aos EUA para extraditarem Gulen, mas em vão.

Gülen foi objecto de um mandado de detenção na Turquia até a sua morte, acusado de liderar “uma organização terrorista”. Hoje, o governo turco chama o movimento Gülen de FETO – um acrônimo turco para Organização Terrorista Fethullah.

Gulen deixa para trás um movimento forte que está ativo em todo o mundo – não nomeado em sua homenagem, mas baseado em suas ideias. Quem assumir agora as rédeas terá muito que administrar.

Observadores disseram que há atualmente uma luta interna pelo poder no movimento entre dois apoiadores de alto escalão de Gulen do seu círculo íntimo. A opinião predominante é que será muito difícil substituir Gülen e que as lutas internas poderão causar uma divisão no movimento.

Este artigo foi escrito originalmente em turco.



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MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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