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Vistas pouco claras de Beuys sobre o regime nazista – DW – 04/04/2025

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Vistas pouco claras de Beuys sobre o regime nazista - DW - 04/04/2025

Joseph Beuys‘Obras de arte e performances já foram celebradas durante sua vida (1921-1986)-mas ele também era uma figura controversa.

Ele usou materiais incomuns em suas obras de arte, como feltro e gordura. Ele explorou rituais naturais de cura e xamânicos. Suas espetaculares performances e idéias moldaram a cena artística das décadas de 1960 a 1980. Seu conceito de que “todo mundo é um artista” permanece amplamente atraente.

Parte da controvérsia se estende além de suas atividades artísticas, no entanto, como Beuys foi acusado de nunca se distanciar claramente do regime nazista e do papel que ele desempenhou durante a Segunda Guerra Mundial. Ele foi um piloto de caça da Luftwaffe durante a Segunda Guerra Mundial, tendo se oferecendo para o Serviço Militar em 1941, aos 20 anos.

Alguns de seus usos posteriores da palavra Auschwitz também foram vistos como banalizando o Holocausto.

Com o projeto “Joseph Beuys e Socialismo Nacional – um espaço de laboratório“A Moyland Castle Museum Foundation pretende abordar a questão através dos trabalhos e documentos em sua coleção.

Joseph Beuys em 1942 usando o uniforme da Luftwaffe.
Joseph Beuys em 1942 usando o uniforme da LuftwaffeImagem: Archiv Robert Lebeck

Beuys e socialismo nacional

A Moyland Castle Museum Foundation, localizada em Bedburg-Hau, na Alemanha Ocidental, na fronteira com a Holanda, possui a maior coleção mundial de obras de Joseph Beuys-cerca de 6.000 deles, incluindo desenhos e desenhos para um memorial no campo de extermínio nazista Auschwitz-Birkenau.

“Beuys se envolveu repetidamente com os temas da Segunda Guerra Mundial e Auschwitz de uma maneira muito intensiva e sofisticada, que é algo que muitas pessoas nem sequer estão cientes”, diz o curador Alexander Grönert.

Mas seu legado não é claro, e o tópico permanece divisivo. Em 2021, no 100º aniversário do nascimento de Beuys, painéis de discussão sobre Beuys e nacional -socialismo quase se transformaram em violência física, lembra Grönert.

Em seu livro “Taken Toun Word”, o historiador de arte Ron Manheimm, também o ex -vice -diretor do Museu do Castelo de Moyland, acusa Beuys de nunca lidar criticamente com a história do regime nazista e seu tempo como soldado.

O biógrafo de Beuys, Peter Riegel, descreve o artista alemão como um “eterno juventude de Hitler” que continuou a se mover em círculos dos ex -nazistas, mesmo após a guerra.

“Percebemos que o tópico é altamente controverso, mas também que sua arte não desempenha nenhum papel nas discussões”. Na exposição “Auschwitz e a Segunda Guerra Mundial na obra de Joseph Beuys”, que acompanha o projeto espacial de laboratório, Grönert pretende deixar a arte de Beuys falar por si.

Cruzas vermelhas baseiam -se na fotocópia dos planos de jardins de Auschwitz.
Auschwitz foi um motivo recorrente no trabalho de Beuys, como neste desenho de 1963 que integra planos do complexoImagem: Maurice Dorren/Foundation Museum Schloss Moyland

Beuys e sua arte em Auschwitz

Em exibição estão 90 obras da coleção da fundação, incluindo imagens pintadas de aviões de caça, colagens e esboços de sepulturas em massa, além de designs de Bueys para o memorial de Auschwitz. “Beuys só começou a se distanciar do regime nazista por meios artísticos após a guerra”, diz Grönert.

Depois de estudar escultura na Düsseldorf Art Academy, Joseph Beuys participou de muitas competições de arte e exige inscrições na década de 1950.

Entre outras coisas, ele se inscreveu para criar um memorial no campo de extermínio nazista Auschwitz-Birkenau.

Desenhos parte da proposta de Joseph Beuys para um memorial no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, de 1957.
Desenhos parte da proposta de Joseph Beuys para um memorial no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, de 1957Imagem: Maurice Dorren/Foundation Museum Schloss Moyland

Auschwitz nunca deixou a mente de Beuys após esta competição, diz Grönert.

Em agosto de 1981, Beuys partiu em uma caravana para Lodz, Polônia, e doou 700 de suas próprias obras para um museu. Concebido como uma ação artística, Beuys intitulada o projeto “Polentransport 1981”. Grönert vê essa ação como o confronto de Beuys com as deportações dos judeus europeus para campos de extermínio nazista alemão, como Auschwitz, na Polônia.

Uma coleção de solidariedade para uma cidade tcheca destruída pelos nazistas

Joseph Beuys também expressou sua consciência da raiva destrutiva dos nazistas em suas ações artísticas.

Em 1942, o exército de Hitler arrasou a cidade de Lidice, localizada a 20 quilômetros a oeste de Praga, e matou quase todos os seus habitantes. Isso foi retaliação à tentativa de assassinato sobre o vice -protetor da Bohemia e Morávia dos nazistas, que ajudaram a controlar as duas províncias que haviam sido anexadas da então Tchecoslováquia.

Em 1967-na época, Beuys já era conhecida como professora e artista-ele respondeu ao apelo de um médico britânico por doações de obras de arte para apoiar o estabelecimento de um museu em Lidice, que contribuiria para a reconstrução da cidade destruída.

Ao contribuir para a coleção solitária, a Beuys reconheceu “culpa alemã pelas atrocidades cometidas pelos nacionais socialistas, pelo Wehrmacht e pela SS”, diz Grönert. Para ele, as ações de Beuys na República Tcheca e na Polônia são exemplos do artista distanciando -se do socialismo nacional por meio de sua arte.

Cartazes para a ação 'Polentransport 1981': Joseph Beuys segurando uma obra de arte embalada.
Cartazes para a ação ‘Polentransport 1981’Imagem: Maurice Dorren/Foundation Museum Schloss Moyland

A atitude de Beuys em relação à era nazista permanece controversa

Mas uma leitura definitiva de Beuys permanece ilusória. Além de suas ações artísticas na República Tcheca e na Polônia, algumas de suas declarações continuam irritantes e chocantes.

Por exemplo, “por nenhum motivo específico, Beuys começou a dizer a seus alunos que ele se divertiu na escola em sua juventude e que os livros escolares valiam muito naquela época” – sem oferecer nenhuma reflexão sobre o contexto histórico, aponta Grönert, acrescentando que as opiniões e motivações de Beuys ainda precisam ser examinadas criticamente.

No espaço de laboratório estabelecido pelo museu, os visitantes são incentivados a formar suas próprias opiniões. Lá, eles podem consultar os documentos do museu e conduzir sua própria pesquisa.

A voluntária de pesquisa Angela Steffen entrevistou acadêmicos e ex -alunos sobre a Beuys em vídeos para capturar suas opiniões controversas. “Seus alunos disseram: ‘Sabíamos disso, mas não é um problema para nós.’ Para nós, Beuys foi um ótimo e excelente professor nas décadas de 1960 e 1970 na Academia de Arte “, diz o curador Alexander Grönert.

O espaço de laboratório permanecerá no museu além da exposição. “Está localizado no centro da exposição. É como um espinho na carne, destinado a estimular o envolvimento com o tópico”.

Este artigo foi originalmente escrito em alemão.



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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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