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Yara está grata por estar na Austrália. Mas não é Natal enquanto familiares e amigos sofrem em Gaza | Plestia Alaqad

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EUé quase Natal, e sempre gosto de ser o primeiro a desejar um feliz Natal à minha melhor amiga, Yara, pois ela é sempre a primeira a me desejar um feliz Eid no Eid al-Adha e no Eid al-Adh. Mas será apropriado fazer isso quando ainda há um genocídio no Gaza e seus primos e amigos estão presos em uma igreja lá?

Como estávamos na 4ª série, eu costumava ir até a casa de Yara na cidade de Gaza, pedir comida – provavelmente no restaurante Al-Taboon – decorar a árvore, dançar músicas da YMCA e depois beber chocolate quente enquanto assistia a um filme. Tivemos esse ritual acontecendo por quase uma década.

Enquanto crescia, uma das tradições favoritas de Yara era assistir ao culto de véspera de Natal na igreja de São Porfírio com sua família. Era mais do que apenas um local de culto; é uma das igrejas mais antigas do mundo e uma pedra angular da sua comunidade, onde gerações se reuniram para celebrar a fé e a comunhão. A atmosfera seria eletrizante de expectativa enquanto as famílias vestiam suas melhores roupas, trocando saudações calorosas e desejos sinceros.

Isso foi até 19 de outubro de 2023, quando um ataque aéreo israelense danificou seus muros sagrados e ceifou a vida de pelo menos 18 civis palestinos. “Israel não apenas mata nosso povo, mas também nos faz viver com medo constante de quem será o próximo, deixando-nos sem tempo nem para lamentar”, disse-me Yara, com a voz trêmula de emoção.

A igreja que antes ecoava hinos alegres e risos tornou-se uma lembrança assustadora de perda e desespero. Para Yara, cada canto daquela igreja guardava agora lembranças dolorosas – de orações interrompidas por sirenes, de celebrações transformadas em luto.

De repente, o Natal de Yara mudou de uma casa aconchegante e acolhedora para um deslocamento em uma igreja fria. Desde bebidas quentes e reconfortantes até desejar que a água potável esteja menos poluída hoje; desde uma grande mesa de jantar familiar feita com amor até uma comida enlatada vencida que você tem sorte de ter. “Um lugar que antes era cheio de alegria tornou-se um lugar cheio de medo. A igreja onde rezei tornou-se um lugar onde estou deslocado.”

Agora na Austrália, Yara diz que está “grata por estar segura na Austrália e vagar pelas ruas de Melbourne deixa minha criança interior feliz, mas a felicidade é incompleta enquanto meu povo em casa ainda está em perigo”. Além disso, “observar as pessoas fazendo filas para comprar presentes apenas me lembra de estar na fila na mesma época do ano passado para comprar pão”. O que facilita a transição para ela é o ambiente acolhedor que encontrou na Austrália.

O que dá esperança a Yara, apesar de viver em um mundo injusto, é lembrar as palavras do padre no ano passado. Enquanto estavam presos em uma igreja com um céu cheio de bombas, o padre lembrou-lhes que Jesus tem tudo a ver com espalhar amor e esperança. Ele enfatizou que, como comunidade cristã, eles não deveriam perder de vista essa mensagem, mesmo nos tempos mais sombrios.

Este ano, porém, não há celebração de Natal na Palestina. As festividades habituais foram substituídas pelo silêncio e pela tristeza enquanto as famílias lamentam a perda de entes queridos e a destruição das suas casas. Yara se apega à crença de que o espírito do Natal ainda pode brilhar na escuridão, lembrando à sua comunidade que o amor e a esperança podem perdurar mesmo quando tudo o mais parece perdido.

Para Yara, tudo o que ela pede ao Papai Noel este ano é um mundo onde todos possamos viver em paz.



Leia Mais: The Guardian

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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