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2 milhões em risco de morrer de fome no estado de Mianmar em meio ao ‘colapso econômico total’ | Mianmar
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Rebecca Ratcliffe South-east Asia correspondent
Dois milhões de pessoas no estado de Rakhine, em Mianmar, poderão enfrentar a fome dentro de meses, porque conflitos ferozes e bloqueios comerciais levaram a um “colapso económico total” e ao risco iminente de fome, alertou um alto funcionário da ONU.
O estado de Rakhine, que faz fronteira com o Bangladesh a oeste, está à beira do desastre, à medida que a cratera dos rendimentos das pessoas, o cultivo de arroz despenca e as restrições comerciais impostas pelos militares levam a uma grave escassez de alimentos e à hiperinflação, de acordo com uma investigação futura do Nações Unidas Desenvolvimento (PNUD), que acusa os militares de infligir “castigos colectivos” a civis.
Algumas pessoas recorreram ao consumo de farelo de arroz, normalmente usado como ração animal, para matar a fome.
Kanni Wignaraja, secretário-geral adjunto da ONU e diretor regional do PNUD, disse ao Guardian que a situação não tem precedentes em Mianmar. “Nós não vimos isso (antes) – uma situação tão total … colapso económico.
“Se isso for projetado para 2025, o que parece muito provável, então veremos cerca de 2 milhões de pessoas passando fome”, disse ela. “Muitos dos agregados familiares que inquirimos estão agora a reduzir as rações para uma única refeição por dia – alguns até menos.”
Também houve um aumento no endividamento, disse ela, embora mesmo os agiotas tenham pouco para emprestar.
A pesquisa do PNUD sugere que mais de metade das famílias em Rakhine, cerca de 1,4 milhões de pessoas, terão visto o seu rendimento mensal cair de 66.600 kyat (31,70 dólares) para cerca de 46.620 kyat (22,21 dólares) após a escalada dos combates no final do ano passado.. Isto mal é suficiente para cobrir o custo do arroz, sem sequer considerar outros produtos alimentares ou despesas relacionadas com o aluguer ou abrigo, transporte ou necessidades de saúde.
Preços dos alimentos disparam dez vezes
Mianmar tem sido assolado por um conflito crescente e por uma crise económica desde o militares tomaram o poder em fevereiro de 2021. O golpe encontrou resistência determinada por parte do público e muitos pegaram em armas para lutar pelo regresso da democracia. Os grupos armados étnicos mais antigos, que há muito procuram maior autonomia, também lutou contra a junta, por vezes em coordenação com grupos mais recentes.
O conflito no estado de Rakhine, na fronteira de Myanmar com o Bangladesh, reacendeu no final do ano passado, e o estado continua assolado por intensos combates entre os militares e o Exército Arakan, um grupo étnico de Rakhine que pretende um Estado autónomo.
O relatório do PNUD afirma que as restrições impostas pelos militares visavam “claramente isolar Rakhine do resto do país e impor ‘punições colectivas’ a uma população já vulnerável”.
O chefe da Junta, Min Aung Hlaing, já rejeitou as acusações, culpando, em vez disso, o Exército Arakan por “destruir a vida socioeconómica dos residentes, a educação e o sector da saúde”. O Ministério do Interior foi contatado para mais comentários.
A situação é especialmente desesperadora para as 511 mil pessoas deslocadas em Rakhine, incluindo Rohingya, que dependem da ajuda de agências humanitárias e da comunidade.
O acesso foi “severamente limitado” para as agências humanitárias, disse Wignaraja, dificultado por obstáculos burocráticos impostos pelos militares, tais como requisitos para licenças especiais, bem como pela intensidade do conflito.
Os programas básicos de saúde, como as campanhas de imunização, foram interrompidos e os pacientes com VIH não têm acesso aos medicamentos anti-retrovirais.
Em Julho, foi confirmado que mais de três dezenas de crianças morreram durante um surto de diarreia, segundo o PNUD. O número real de mortes pode ser maior.
Mesmo o paracetamol é essencialmente impossível de obter porque é muito caro. Um único blister – uma tira de 12 cápsulas – é vendido entre 6.000 e 7.000 kyat (US$ 2,86-3,33).
O conflito paralisou o sector da construção, uma importante fonte de emprego, e expulsou centenas de milhares de pessoas das suas casas.
Ao mesmo tempo, o custo dos alimentos essenciais, como o arroz e o óleo de cozinha, disparou quase dez vezes nas zonas mais atingidas, segundo o PNUD.
Prevê-se que apenas 97 mil toneladas de arroz serão produzidas este ano, o suficiente para cobrir apenas 20% das necessidades da população. Isto representa uma queda em relação às 282 mil toneladas do ano passado, que mesmo assim atendiam apenas 60% da necessidade.
O número de rotas comerciais que transportam suprimentos para Rakhine caiu para duas, das 8 a 10 rotas que existiam antes de outubro de 2023. Wignaraja disse que esta queda se deveu a uma combinação de fatores, incluindo restrições impostas pelos militares, a intensidade do conflito, o colapso procurada à medida que os rendimentos desapareceram e ao crescimento das actividades económicas ilegais.
‘Isso é muito maior que uma fome’
Para evitar o pior cenário, o PNUD apelou ao levantamento de todas as restrições para que os bens comerciais possam entrar e sair de Rakhine, incluindo através das fronteiras de Mianmar com a Índia e o Bangladesh, e para o acesso desimpedido dos trabalhadores humanitários. O financiamento era necessário urgentemente para permitir a expansão das operações, afirma o relatório do PNUD.
No entanto, Wignaraja disse que a crise em Myanmar atingiu um ponto em que o trabalho diário de ajuda humanitária não poderia fazer mais do que “afastar a fome, talvez até ao dia seguinte”.
“Isso também é muito maior do que uma fome. É um desastre político e um colapso”, acrescentou. “É necessário um acordo totalmente mediado politicamente – que tem de ser o resto do mundo unido, (que) poderia ser liderado pelos actores regionais imediatos e pela Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), com o apoio da ONU.”
A falta de atenção internacional dada a Myanmar, disse ela, é “muito, muito preocupante, dada a intensidade do que está a acontecer”.
O número de Rohingya que fizeram perigosas viagens de barco para tentar chegar à Indonésia no mês passado aumentou acentuadamente em comparação com o mesmo período do ano passado. Pelo menos 395 refugiados Rohingya, incluindo 173 crianças, chegaram à Indonésia de barco em Outubro, em comparação com 49 registados no mesmo mês em 2023, segundo dados da ONU citados pela Save the Children.
Wignaraja disse que a situação dos Rohingya no estado de Rakhine era “absolutamente desesperadora”. “Tudo o que a população em geral enfrenta pode ser estendido 10 vezes ou mais à população Rohingya”, disse ela.
“Quando as pessoas estão desesperadas, elas tentam de tudo”, disse Wignaraja. “Depois que você coloca seus filhos em um barco, você sabe que perdeu todas as outras esperanças”, disse ela.
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Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre
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29 de novembro de 2025As escolas da rede municipal realizam visitas guiadas aos espaços temáticos montados especialmente para o evento. A programação inclui dois planetários, salas ambientadas, mostras de esqueletos de animais, estudos de células, exposição de animais de fazenda, jogos educativos e outras atividades voltadas à popularização da ciência.
A pró-reitora de Inovação e Tecnologia, Almecina Balbino, acompanhou o evento. “O Universo VET evidencia três pilares fundamentais: pesquisa, que é a base do que fazemos; extensão, que leva o conhecimento para além dos muros da Ufac; e inovação, essencial para o avanço das áreas científicas”, afirmou. “Tecnologias como robótica e inteligência artificial mostram como a inovação transforma nossa capacidade de pesquisa e ensino.”
A coordenadora do Universo VET, professora Tamyres Izarelly, destacou o caráter formativo e extensionista da iniciativa. “Estamos na quarta edição e conseguimos atender à comunidade interna e externa, que está bastante engajada no projeto”, afirmou. “Todo o curso de Medicina Veterinária participa, além de colaboradores da Química, Engenharia Elétrica e outras áreas que abraçaram o projeto para complementá-lo.”
Ela também reforçou o compromisso da universidade com a democratização do conhecimento. “Nosso objetivo é proporcionar um dia diferente, com aprendizado, diversão, jogos e experiências que muitos estudantes não têm a oportunidade de vivenciar em sala de aula”, disse. “A extensão é um dos pilares da universidade, e é ela que move nossas ações aqui.”
A programação do Universo VET segue ao longo do dia, com atividades interativas para estudantes e visitantes.
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Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre
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27 de novembro de 2025Doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Rede Bionorte) apresentaram, na última quarta-feira, 19, propostas para o primeiro Plano de Prevenção e Ações de Combate a Incêndios voltado ao campus sede e ao Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac). A atividade foi realizada na sala ambiente do PZ, como resultado da disciplina “Fundamentos de Geoinformação e Representação Gráfica para a Análise Ambiental”, ministrada pelo professor Rodrigo Serrano.
Entre os produtos apresentados estão o Mapa de Risco de Fogo, com análise de vegetação, áreas urbanas e tráfego humano, e o Mapa de Rotas e Pontos de Água, com trilhas de evacuação e açudes úteis no combate ao fogo.
O Parque Zoobotânico abriga 345 espécies florestais e 402 de fauna silvestre. As medidas visam garantir a segurança da área, que integra o patrimônio ambiental da universidade.
“É importante registrar essa iniciativa acadêmica voltada à proteção do Campus Sede e do PZ”, disse Harley Araújo da Silva, coordenador do Parque Zoobotânico. Ele destacou “a sensibilidade do professor Rodrigo Serrano ao propor o desenvolvimento do trabalho em uma área da própria universidade, permitindo que os doutorandos apliquem conhecimentos técnicos de forma concreta e contribuam diretamente para a gestão e segurança” do espaço.
Participaram da atividade os doutorandos Alessandro, Francisco Bezerra, Moisés, Norma, Daniela Silva Tamwing Aguilar, David Pedroza Guimarães, Luana Alencar de Lima, Richarlly da Costa Silva e Rodrigo da Gama de Santana. A equipe contou com apoio dos servidores Nilson Alves Brilhante, Plínio Carlos Mitoso e Francisco Félix Amaral.
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Ufac sedia 10ª edição do Seminário de Integração do PGEDA — Universidade Federal do Acre
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27 de novembro de 2025Coordenadora geral da Rede Educanorte, a professora Fátima Matos, da Universidade Federal do Pará (UFPA), destacou que o seminário tem como objetivo avaliar as atividades realizadas no semestre e planejar os próximos passos. “A cada semestre, realizamos o seminário em um dos polos do programa. Aqui em Rio Branco, estamos conhecendo de perto a dinâmica do polo da Ufac, aproximando a gestão da Rede da reitoria local e permitindo que professores, coordenadores e alunos compartilhem experiências”, explicou. Para ela, cada edição contribui para consolidar o programa. “É uma forma de dizer à sociedade que temos um doutorado potente em Educação. Cada visita fortalece os polos e amplia o impacto do programa em nossas cidades e na região Norte.”
Durante a cerimônia, o professor Mark Clark Assen de Carvalho, coordenador do polo Rio Branco, reforçou o papel da Ufac na Rede. “Em 2022, nos credenciamos com sete docentes e passamos a ser um polo. Hoje somos dez professores, sendo dois do Campus Floresta, e temos 27 doutorandos em andamento e mais 13 aprovados no edital de 2025. Isso representa um avanço importante na qualificação de pesquisadores da região”, afirmou.
Mark Clark explicou ainda que o seminário é um espaço estratégico. “Esse encontro é uma prática da Rede, realizado semestralmente, para avaliação das atividades e planejamento do que será desenvolvido no próximo quadriênio. A nossa expectativa é ampliar o conceito na Avaliação Quadrienal da Capes, pois esse modelo de doutorado em rede é único no país e tem impacto relevante na formação docente da região norte”, pontuou.
Representando a reitora Guida Aquino, o diretor de pós-graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg), Lisandro Juno Soares, destacou o compromisso institucional com os programas em rede. “A Ufac tem se esforçado para estruturar tanto seus programas próprios quanto os consorciados. O Educanorte mostra que é possível, mesmo com limitações orçamentárias, fortalecer a pós-graduação, utilizando estratégias como captação de recursos por emendas parlamentares e parcerias com agências de fomento”, disse.
Lisandro também ressaltou os impactos sociais do programa. “Esses doutores e doutoras retornam às suas comunidades, fortalecem redes de ensino e inspiram novas gerações a seguir na pesquisa. É uma formação que também gera impacto social e econômico.”
A coordenadora regional da Rede Educanorte, professora Ney Cristina Monteiro, da Universidade Federal do Pará (UFPA), lembrou o esforço coletivo na criação do programa e reforçou o protagonismo da região norte. “O PGEDA é hoje o maior programa de pós-graduação da UFPA em número de docentes e discentes. Desde 2020, já formamos mais de 100 doutores. É um orgulho fazer parte dessa rede, que nasceu de uma mobilização conjunta das universidades amazônicas e que precisa ser fortalecida com melhores condições de funcionamento”, afirmou.
Participou também da mesa de abertura o vice-reitor da Ufac, Josimar Batista Ferreira.
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