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2º turno envolve 30 milhões em 51 cidades; o que saber – 26/10/2024 – Poder

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2º turno envolve 30 milhões em 51 cidades; o que saber - 26/10/2024 - Poder

Ana Gabriela Oliveira Lima

Mais de 30 milhões de eleitores se mobilizam no segundo turno das eleições 2024 para escolher prefeitos e vices. O pleito acontece neste domingo (27), entre 8h e 17h, no horário de Brasília.

Haverá votação em 51 municípios, 15 deles capitais, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

São Paulo é a cidade que tem o maior eleitorado: são mais de 9 milhões aptos a votar. A segunda capital com maior eleitorado nesse grupo é Belo Horizonte, com quase 2 milhões, seguida de Fortaleza, com 1,8 milhão, e Manaus, com 1,4 milhão.

Palmas é a capital com o menor número de eleitores: apenas 209.524 pessoas.

O segundo turno só ocorre em municípios com mais de 200 mil eleitores nos quais nenhum candidato a prefeito tenha conseguido mais da metade dos votos válidos no primeiro turno. Quando isso acontece, os dois postulantes mais bem votados vão para a segunda rodada de votação. Ganha quem tiver a maioria dos votos válidos (sem contar brancos e nulos).

Segundo o TSE, 102 candidatos disputam o cargo de prefeito. Desse total, apenas 15 são mulheres. Já para a vice, o valor entre os gêneros é menos desigual: 42 dos postulantes são mulheres e 60 são homens.

Veja o que é importante saber para votar no segundo turno.

1 – Quem precisa votar e qual é o horário da votação?

Eleitores entre 18 e 70 anos são obrigados a votar segundo a legislação brasileira. Para quem tem 16 ou 17 anos, mais de 70 ou é analfabeto, o voto é facultativo.

Na fila de votação, têm prioridade idosos, grávidas, lactantes, pessoas enfermas, com deficiência, com mobilidade reduzida ou com transtorno do espectro autista.

Candidatos, juízes eleitorais, policiais militares em serviço e funcionários da Justiça Eleitoral também têm acesso preferencial.

A votação começa às 8h e vai até as 17h no horário de Brasília.

2 – Como ver onde eu voto e minha situação eleitoral?

O TSE liberou, desde 3 de setembro, os dados atualizados sobre a seção de votação por meio do aplicativo e-Título ou na internet.

Para fazer a consulta, é necessário entrar na página do tribunal que disponibiliza serviços de autoatendimento, clicar em “título eleitoral” e “onde votar” e inserir número do título eleitoral, CPF ou nome, data de nascimento e nome da mãe. Em seguida, basta clicar em “entrar”.

A página seguinte mostra se a situação do eleitor é regular e o local de votação, com endereço, seção e zona. Há também a informação se o eleitor teve a biometria coletada. É possível ainda acessar informações via e-Título, que é o aplicativo móvel da Justiça Eleitoral.

3 – O que fazer se não tiver biometria?

Quem não tiver cadastrado a biometria pode votar nas eleições 2024. Para isso, é necessário levar no dia de votação documento oficial com foto.

A atenção, entretanto, fica para quem tiver sido convocado para revisão de eleitorado e não compareceu ao cartório. Nesse caso, o título pode estar cancelado.

Para entender se é essa a situação, a Justiça Eleitoral recomenda ir ao site do TSE, no campo “Serviços” — disponível na coluna à direita da página— e clicar em “Situação Eleitoral” a fim de ver o status do título.

4 – Preciso levar o título de eleitor?

Não é necessário levar o título de eleitor, mas documento oficial com foto.

Carteira de identidade, passaporte, certificado de reservista, carteira de trabalho ou profissional reconhecida por lei, CNH (Carteira Nacional de Habilitação) são os documentos aceitos.

Para quem já cadastrou as digitais na Justiça Eleitoral e tem fotografia no documento digital, também é possível usar o aplicativo e-Título.

Certidão de nascimento ou casamento não são aceitas, bem como carteira de trabalho digital.

5 – O que faço se não conseguir votar?

Quem não conseguir votar deve justificar a ausência junto à Justiça Eleitoral.

Se o eleitor estiver fora do domicílio eleitoral, pode fazer isso em mesas receptoras em locais de votação ou naquelas exclusivamente instaladas para essa finalidade em lugares divulgados pelos cartórios eleitorais e TREs (Tribunais Regionais Eleitorais). Outra opção é justificar via e-Título.

Depois das eleições, a justificativa pode ser apresentada em qualquer zona eleitoral, pelo e-Título ou pelo site do TSE ou TREs.

O prazo para justificar a ausência no segundo turno é 7 de janeiro.

6 – Qual a consequência de votar e não justificar?

O cidadão que tem voto obrigatório, mas não participa nem justifica, recebe multa de 3% a 10% do valor do salário-mínimo da região. Se faz isso em três eleições consecutivas, tem o título cancelado.

Implicações de não votar e não justificar também são ficar impedido de emitir documentos como a carteira de identidade, prestar concurso público e renovar matrícula em estabelecimento de ensino do governo.

7 – Não votei no primeiro turno. Posso votar no segundo?

Cada etapa da eleição é independente. Portanto, não comparecer às urnas na primeira etapa não impede o comparecimento na segunda.

Para votar, no entanto, é preciso estar em dia com a Justiça Eleitoral. A consulta da situação eleitoral pode ser feita por meio do nome ou do número do título de eleitor.

Quem não tiver justificado a falta no primeiro turno no mesmo dia da votação ainda assim pode votar no segundo.

8 – Como uso a urna?

Está disponível online um simulador da Justiça Eleitoral em que o cidadão pode treinar a votação para os cargos em disputa.

Para usar, basta entrar no link e escolher a simulação para o segundo turno das eleições municipais. A página mostra partidos fictícios a partir dos quais se pode escolher os candidatos.

Ao colocar o número do candidato no teclado da urna que consta na página, o eleitor vê como a informação vai aparecer na urna no domingo. Depois, é só clicar “confirma”.

9 – Posso levar o celular para a cabine de votação?

Como o voto é sigiloso, não é permitido ir à cabine de votação com qualquer aparelho que possa registrar a escolha do eleitor, inclusive o celular.

Por isso, também é proibido levar à cabine máquinas fotográficas, filmadoras ou equipamento de radiocomunicação, mesmo que desligados.

Antes de chegar à cabine, o eleitor precisa desligar o aparelho e colocá-lo em local designado pelos mesários.

10 – O que não pode ocorrer no dia das eleições?

Não pode haver aglomeração de pessoas com propaganda que identifique partido, coligação ou federação. Também não é permitido distribuir camisetas ou tentar persuadir outros eleitores.

Alto-falantes, amplificadores de som, comício ou carreata são considerados crimes no dia do pleito.

Já a manifestação individual e silenciosa do eleitor com uso de broches, camisetas e adesivos, por exemplo, é permitida.

Capitais:

Aracaju (SE) — Emília Corrêa (PL) x Luiz Roberto (PDT)

Belém (PA) — Delegado Éder Mauro (PL) x Igor Normando (MDB)

Belo Horizonte (MG) — Fuad Noman (PSD) x Bruno Engler (PL)

Campo Grande (MS) — Adriane Lopes (PP) x Rose Modesto (União)

Cuiabá (MT) — Lúdio (PT) x Abilio Brunini (PL)

Curitiba (PR) — Cristina Graeml (PMB) x Eduardo Pimentel (PSD)

Fortaleza (CE) — Evandro Leitão (PT) x André Fernandes (PL)

Goiânia (GO) — Mabel (União) x Fred Rodrigues (PL)

João Pessoa (PB) — Cícero Lucena (PP) x Marcelo Queiroga (PL)

Manaus (AM) — David Almeida (Avante) x Capitão Alberto Neto (PL)

Natal (RN) — Paulinho Freire (União) x Natália Bonavides (PT)

Palmas (TO) — Eduardo Siqueira Campos (Podemos) x Janad Valcari (PL)

Porto Alegre (RS) — Sebastião Melo (MDB) x Maria do Rosário (PT)

Porto Velho (RO) — Léo (Podemos) x Mariana Carvalho (União)

São Paulo (SP) — Ricardo Nunes (MDB) x Guilherme Boulos (PSOL)

Outros municípios com 2º turno:

Anápolis (GO) — Antonio Gomide (PT) x Márcio Corrêa (PL)

Aparecida de Goiânia (GO) — Professor Alcides (PL) x Leandro Vilela (MDB)

Barueri (SP) — Gil Arantes (União) x Beto Piteri (Republicanos)

Camaçari (BA) — Caetano (PT) x Flávio (União)

Campina Grande (PB) — Dr. Jhony (PSB) x Bruno Cunha Lima (União)

Canoas (RS) — Jairo Jorge (PSD) x Airton Souza (PL)

Caucaia (CE) — Naumi Amorim (PSD) x Catanho (PT)

Caxias do Sul (RS) — Adiló (PSDB) x Maurício Scalco (PL)

Diadema (SP) — Filippi (PT) x Taka Yamauchi (MDB)

Franca (SP) — João Rocha (PL) x Alexandre Ferreira (MDB)

Guarujá (SP) — Farid Madi (Podemos) x Raphael Vitiello (PP)

Guarulhos (SP) — Elói Pietá (Solidariedade) x Lucas Sanches (PL)

Imperatriz (MA) — Rildo Amaral (PP) x Mariana Carvalho (Republicanos)

Jundiaí (SP) — Parimoschi (PL) x Gustavo Martinelli (União)

Limeira (SP) — Murilo Félix (Podemos) x Betinho Neves (MDB)

Londrina (PR) — Professora Maria Tereza (PP) x Tiago Amaral (PSD)

Mauá (SP) — Marcelo Oliveira (PT) x Atila (União)

Niterói (RJ) — Rodrigo Neves (PDT) x Carlos Jordy (PL)

Olinda (PE) — Mirella (PSD) x Vinicius Castello (PT)

Paulista (PE) — Ramos (PSDB) x Junior Matuto (PSB)

Pelotas (RS) — Marroni (PT) x Marciano Perondi (PL)

Petrópolis (RJ) — Hingo Hammes (PP) x Yuri (PSOL)

Piracicaba (SP) — Barjas Negri (PSDB) x Helinho Zanatta (PSD)

Ponta Grossa (PR) — Elizabeth Schmidt (União) x Mabel Canto (PSDB)

Ribeirão Preto (SP) — Marco Aurélio (Novo) x Ricardo Silva (PSD)

Santa Maria (RS) — Valdeci Oliveira (PT) x Rodrigo Decimo (PSDB)

Santarém (PA) — Zé Maria Tapajós (MDB) x JK do Povão (PL)

Santos (SP) — Rogério Santos (Republicanos) x Rosana Valle (PL)

São Bernardo do Campo (SP) — Alex Manente (Cidadania) x Marcelo Lima (Podemos)

São José do Rio Preto (SP) — Itamar (MDB) x Coronel Fábio Candido (PL)

São José dos Campos (SP) — Eduardo Cury (PL) x Anderson (PSD)

Serra (ES) — Weverson Meireles (PDT) x Pablo Muribeca (Republicanos)

Sumaré (SP) — Henrique do Paraíso (Republicanos) x Willian Souza (PT)

Taboão da Serra (SP) — Aprígio (Podemos) x Engenheiro Daniel (União)

Taubaté (SP) — Ortiz Junior (Republicanos) x Sérgio Victor (Novo)

Uberaba (MG) — Tony Carlos (MDB) x Elisa Araújo (PSD)





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Jovem que morou nas ruas se torna milionário; preto mais influente do Reino Unido

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Na foto Jacob Bell é tratado por inalação de fumaça, após salvar um idoso que estava preso num carro pegando fogo. O homem que ficou 20 anos na cadeia agora é chamado de herói. - Foto: NBC5

Jovem que morou nas ruas se torna milionário; preto mais influente do Reino Unido

Esse homem, que foi um jovem sem-teto duas vezes, se torna agora o preto mais influente do Reino Unido. Hoje, Dean Forbes é milionário. Olha que virada!

Nascido no sudeste de Londres, Dean veio de uma família com mãe solo, que enfrentava sérias dificuldades financeiras. Enquanto crescia, chegou a morar na rua por dois momentos.

Mesmo assim, o filho sempre levou os estudos a sério e depois da carreira como jogador de futebol dar errado, ele se reinventou. Com um emprego em uma empresa de telefonia Dean começou a crescer e mudar de vida. Hoje, aos 46 anos, é CEO de várias companhias e tem fortuna estimada em mais de R$ 14 bilhões de reais.

Infância vulnerável

A infância do garoto foi vulnerável. Mas a mãe sempre animava os filhos para nunca desistirem.

Aos 17 anos, jogando por um time local, teve o contrato rescindido depois de uma lesão.

As coisas ficaram ainda mais delicadas e ele precisava arrumar um outro trabalho urgente. A mudança de vida começou na empresa de telefonia móvel Motorola. Cheio de dívidas, ele aceitou o trabalho no televendas da empresa.

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De dívidas ao império

Com dedicação, ele foi sendo notado pelos superiores e acabou sendo indicado para uma outra empresa de tecnologia.

Aos 29, trabalhando na Primavera, empresa de software dos EUA, ele conseguiu fazer com que a companhia fosse vendida por US$ 500 milhões.

O destino continuava sorrindo e tudo parecia estar dando certo.

Dave virou CEO de várias empresas e, agora, aos 46 anos, ele é presidente-executivo da Forterro e sócio da Corten Capital. Juntas, elas valem bilhões.

Pessoa influente

E todo o esforço dele foi reconhecido. Em uma importante lista britânica, que premia as pessoas pretas mais importantes, Dean ficou em primeiro lugar.

Ele ficou na frente de pessoas como Bernard Mensah, do Bank of America, e Afua Kyei, do Banco da Inglaterra.

Além disso, o empresário e a esposa criaram a Forbes Family Group (FFG), uma organização sem fins lucrativos que apoia uma ampla gama de instituições de caridade e causas.

Inspirar para ajudar

Hoje, quando olha para o passado, Dean vê sua história inspiradora e espera que possa servir de exemplo para outros jovens.

“Minha jornada foi moldada por aqueles que acreditaram em mim e abriram portas, e agora estou determinado a retribuir”, disse ele ao iNews.

Danielle e Dean Forbes criaram uma fundação que apoia diversas causas no mundo todo. – Foto: Dave Benett/Getty



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Joel Embiid, do 76ers, empurra colunista da Filadélfia após artigo mencionando falecido irmão | Filadélfia 76ers

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Joel Embiid, do 76ers, empurra colunista da Filadélfia após artigo mencionando falecido irmão | Filadélfia 76ers

Agencies

Joel Embiid, visivelmente irritado, gritou e acabou empurrando um colunista de um jornal da Filadélfia em uma briga no vestiário depois que o 76ers perdeu para o Memphis Grizzlies na noite de sábado.

O NBA rapidamente disse que abriu uma investigação sobre o assunto.

Embiid discordou do colunista do Philadelphia Inquirer, Marcus Hayes, que mencionou o falecido irmão do centro All-Star e seu filho – ambos chamados Arthur – em colunas questionando o profissionalismo e o esforço de Embiid depois de jogar nas Olimpíadas de Paris. Embiid ainda não jogou pelo 76ers nesta temporada.

Quando os repórteres entraram no vestiário para conversar com os jogadores, Embiid se levantou e confrontou Hayes.

“Da próxima vez que você mencionar meu irmão morto e meu filho novamente, você verá o que farei com você e terei que… viver com as consequências”, disse Embiid a Hayes .

Embiid continuou, com vários exemplos de palavrões nas frases seguintes. Hayes pediu desculpas, o que Embiid não quis. “Essa não é a primeira vez”, disse Embiid.

Embiid disse mais tarde que não se importa com o que os repórteres dizem. “Mas você sabe”, respondeu Hayes.

Embiid pareceu falar mais alto naquele momento e, pouco depois, empurrou Hayes no ombro enquanto o chefe de relações públicas da equipe se interpunha entre eles. Outro relações públicas transferiu a entrevista de Tyrese Maxey para o corredor do lado de fora do vestiário, tentando afastar os repórteres da cena.

Ao mesmo tempo, um membro da equipe de segurança pediu à mídia que não informasse o ocorrido. Embiid gritou para o segurança.

“Eles podem fazer o que quiserem”, disse Embiid. “Eu não dou a mínima.”

Embiid convocou Hayes em uma entrevista coletiva após o treino de sexta-feira, referindo-se a ele como “Marcus, seja qual for o nome dele” e questionando os críticos sobre sua ausência prolongada.

Hayes escreveu recentemente uma história dizendo que Embiid desrespeita o 76ers e o jogo, e que o time deveria considerar reembolsar os fãs quando Embiid não joga.

“Eu fiz muito para que esta… cidade fosse tratada assim, fiz muito… muito”, disse Embiid na sexta-feira. “Eu gostaria de ter a mesma sorte que os outros, mas isso não significa que não estou tentando e não estou fazendo o que for preciso para estar lá, e estarei aqui em breve.”

Hayes não esteve no treino de sexta-feira. Ainda não está claro quando Embiid jogará, e a investigação da NBA determinará se uma ação disciplinar é justificada.



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A colônia de cupins mais antiga do mundo guarda segredos – do passado e do futuro | Notícias ambientais

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A colônia de cupins mais antiga do mundo guarda segredos – do passado e do futuro | Notícias ambientais

Numa manhã sem nuvens de setembro em Buffelsrivier, um canto desolado de Namaqualand, cerca de 530 km (329 milhas) ao norte da Cidade do Cabo, a Universidade de Stellenbosch cientistas do solo Cathy Clarke e Michele Francis observam enquanto uma escavadeira Volvo gigante rasga a terra ocre seca. Durante as cinco horas seguintes, a escavadora trabalha arduamente para cavar uma trincheira, com 60 m (197 pés) de comprimento e 3 m (10 pés) de profundidade, no coração de um monte gigante e baixo, conhecido localmente como heuweltjie ou “pequena colina”. Tudo faz parte de um projeto universitário para entender por que as águas subterrâneas da região são tão salgadas.

Assim que o escavador retorna à cidade vizinha de Springbok, com população de 12.790 habitantes, Clarke, Francis e um bando de estudantes de pós-graduação começam a explorar a trincheira. Começam pelas extremidades, o que Francisco descreve como “pedaços chatos”, tateando o solo e procurando sinais de vida. À medida que avançam para dentro, eles começam a notar pequenos conglomerados de desnorteados cupins colhedores do sul (Microhodotermes viator) tentando furiosamente reparar os danos causados ​​​​à sua casa.

No centro da trincheira, dois metros abaixo do nível do solo, eles encontram “este enorme ninho que parece um alienígena gigante”, disse Francis à Al Jazeera. Clarke concorda com a cabeça: “No momento em que vi, soube que estávamos testemunhando algo especial. Era tão obviamente antigo… E vivo.”

Depois de terem dedicado algum tempo para simplesmente se maravilharem com o trabalho realizado por essas criaturas de 1 cm (0,4 polegada) de comprimento, eles passaram para o trabalho em questão: coletar amostras de solo. “Delegei a tarefa a um jovem estudante com uma picareta”, ri Clarke. “Mas ele não conseguiu fazer a lâmina de aço penetrar nas laterais da trincheira.” O solo era muito duro, segundo John Midgley – um entomologista do Museu KwaZulu-Natal que não esteve envolvido no projeto – porque fazia parte de um “antigo monte” criado por térmitas ao longo de milhares de anos. Por fim, depois de muito bufar, o estudante de pós-graduação conseguiu obter uma amostra do tamanho de uma bola de futebol, que foi enviada para teste.

Este tipo de desafio faz parte do trabalho diário dos cientistas do solo, diz Clarke, que descreve a sua disciplina como “uma mistura divertida de tudo, desde ciência de baldes até técnicas de raios X de alta precisão”.

Francis me conta que quando eles voltaram para o hotel em Springbok, no final do dia, a faxineira os relatou ao gerente: “Ela pensou que éramos zama zamas (gíria sul-africana para mineiros ilegais) porque nossos quartos eram revestidos de pó de laranja”, diz ela, acrescentando: “Acho que ela (a faxineira) tinha razão”.

Picareta presa na lateral do cupinzeiro gigante. O solo é extremamente duro porque o monte é muito antigo, construído por cupins ao longo de milhares de anos (Cortesia de Teneille Nel)

Quantos anos tem?

Os cientistas do solo sabiam instintivamente que haviam desenterrado um ninho de cupins muito antigo. Mas nenhum deles estava preparado para a idade que teria. Eles enviaram amostras para datação por radiocarbono dos ninhos e solos de locais ao longo do monte gigante. Esses testes analisaram o carbono orgânico do solo (matéria orgânica decomposta arrastada para os ninhos pelos cupins) e a calcita mineral do solo (carbono inorgânico na forma de carbonato de cálcio) para dar uma imagem completa da idade do monte.

Os testes mostraram que a matéria orgânica arrastada para o ninho pelos cupins estava lá há pelo menos 19 mil anos. O mineral calcita nos ninhos, também resultado da atividade dos cupins, era ainda mais antigo: já existia há 34 mil anos, desde antes da última Idade do Gelo.

Francisco é rápido em salientar que “isto não significa que as térmitas viviam no gelo”. Como ela explica, nas partes áridas do mundo, a Idade do Gelo foi, na verdade, uma época de abundância: “A Namaqualand recebeu chuvas abundantes e foi um íman para animais de todos os tipos”.

Cupins
Os cupins colhedores do sul – conhecidos como stokkiesdraers (portadores de paus) ou houtkappers (cortadores de lenha) em africâner – se alimentam principalmente de gravetos e galhos, que carregam para seus ninhos (Nick Dall/Al Jazeera)

Embora o entomologista Midgley não tenha dúvidas de que os cupins estão ativos na área há pelo menos 30 mil anos (ninhos fossilizados foram encontrados pela primeira vez na área na década de 1930), ele diz que não há como provar que o ninho tenha sido continuamente habitado durante todo esse tempo. “Há uma grande densidade de ninhos na área. A recolonização parece inevitável, se não necessariamente intencional”, explica Midgley.

De qualquer forma, a pesquisa de Clarke e Francis esclarece o papel que esses insetos incompreendidos desempenham como engenheiros de ecossistemas. Pelo menos 165 espécies de térmitas, de 54 géneros, são encontradas na África Austral. Embora existam grandes diferenças entre géneros, todos são caracterizados por um elevado grau de organização social, com cada espécie contendo várias “castas” distintas. Dependendo da sua casta – reprodutiva (rei e rainha), soldado ou trabalhador – cupins da mesma espécie podem ter aparência e comportamento completamente diferentes.

Os cupins colhedores do sul se alimentam principalmente de gravetos e galhos, que carregam para seus ninhos: em africâner, eles são chamados portadores de bastão (porta-paletes) ou lenhadores (lenhadores). Além desses apelidos, a maioria das pessoas sabe muito pouco sobre eles – na verdade, são frequentemente confundidos com formigas. A única ocasião em que normalmente se fala em cupins é quando os agricultores reclamam da destruição que causam nas pastagens. O uso de pesticidas para matar cupins continua sendo uma prática comum.

Os cupins podem ter uma má reputação, mas a pesquisa de Clarke e Francis destaca um dos benefícios a longo prazo de comerem gravetos. Ao longo de milénios, a sua redistribuição da matéria orgânica altera drasticamente a composição do solo, criando efectivamente dois habitats diferentes no mesmo bioma. Algumas espécies de plantas adoram o solo rico em minerais dos heuweltjies, enquanto outras plantas se adaptaram ao crescimento em solos não habitados por cupins.

Colinas Roxas (Alastair Potts)
Flores roxas crescendo no solo rico em minerais das heuweltjies (pequenas colinas) em Namaqualand, África do Sul (Cortesia de Alastair Potts)

“Os cupins são uma das razões da incrível biodiversidade de Namaqualand”, diz Clarke. O bioma, conhecido oficialmente como Succulent Karoo, é considerado “a região desértica com maior biodiversidade do mundo“.

Mas esta não é a única forma de beneficiarem o planeta.

Uma descoberta acidental

Os heuweltjies formados pelas térmitas ceifeiras do sul são bastante diferentes dos pináculos dramáticos construídos por outras espécies em África, Austrália e América do Sul. Mas isso não os torna menos fascinantes. Medindo até 40 metros (132 pés) de diâmetro, esses montes elevados contendo intrincadas redes de túneis e ninhos de cupins cobrem até 27% da superfície de Namaqualand. Os cientistas estão divididos sobre se os cupins realmente constroem os heuweltjies – mas até mesmo os céticos admitir que os cupins desempenham um papel crítico na sua formação.

O cupim colhedor do sul tem uma ampla área de distribuição, mas os heuweltjies – que são o resultado do acúmulo de material fino do solo, carbono e sais ao longo dos séculos – só se formam em regiões semidesérticas. A térmita colheitadeira do sul também é comum em Stellenbosch e arredores (a pitoresca cidade universitária de Winelands, cerca de 50 km a leste da Cidade do Cabo, onde Clarke está sediada), mas as fortes chuvas de inverno e a vegetação densa impedem a formação de montículos. Aqui, a presença dos cupins é destacada por grandes aglomerados de arbustos nos fynbos (vegetação nativa) e em manchas ricas em nutrientes em vinhedos e pomares.

Buffelsrivier, que recebe cerca de quatro vezes menos chuva que Stellenbosch, é uma história diferente. Heuweltjies enormes e densos pontilham a paisagem até onde a vista alcança. Na primavera, eles são especialmente fáceis de detectar, pois os heuweltjies são rodeados por halos de flores.

Clarke e Francis começaram a investigar os heuweltjies de Buffelsrivier numa tentativa de compreender porque é que as águas subterrâneas nas proximidades eram tão salgadas – as térmitas eram apenas um espectáculo secundário. “O objetivo era datar as águas subterrâneas”, explica Francis. “Era muito antigo? Ou estava sendo recarregado toda vez que chovia?”

Ao datar a água, eles tiveram que datar os sedimentos ao seu redor. Esse processo não levou apenas à descoberta acidental de alguns ninhos de cupins muito antigos. Também confirmou que os sais e outros minerais nas águas subterrâneas eram o resultado direto da atividade das térmitas. Quando chove, explica Francisco, “o sais acumulados nos montes ao longo de milhares de anos são despejados no sistema de águas subterrâneas através de caminhos de fluxo criados pela ação dos túneis dos cupins, empurrando os minerais dissolvidos cada vez mais fundo.”

Um sumidouro de carbono esquecido

Embora isto tenha fornecido uma explicação definitiva para as águas subterrâneas hipersalinas da região, também levou os cientistas a pensar sobre o papel que as térmitas poderiam desempenhar no combate às alterações climáticas – algo que nunca tinha sido considerado para esta espécie.

Ao arrastar gravetos e galhos para o subsolo, os cupins adicionam novas reservas de carbono orgânico ao solo em profundidades superiores a um metro (três pés). Este armazenamento profundo de carbono orgânico, explica Clarke, “reduz a probabilidade de o carbono ser libertado de volta para a atmosfera e significa que o monte actua como um sumidouro de carbono a longo prazo”. A colheita contínua de matéria vegetal também aumenta o estado de fertilidade destes montes. Daí os halos das flores da primavera.

Mas os poderes de sequestro dos cupins não param por aí. A decomposição biológica dos excrementos de cupins (conhecidos como excrementos) desencadeia uma cascata de reações biológicas, que resulta na formação de carbonato de cálcio – o material de que é feito o calcário. Este carbonato de cálcio é uma forma muito estável de carbono que fica presa no solo por milhares de anos. Parte deste carbono é lixiviado para as águas subterrâneas, onde pode permanecer durante séculos.

“Este é o tipo de método de armazenamento de carbono a longo prazo (14,6 toneladas métricas) que as empresas de armazenamento de carbono estão a tentar replicar”, diz Clarke. “Mas os cupins fazem isso há milhares de anos.

“É hora de pararmos de ver os cupins como pragas e começarmos a ver o importante papel que eles podem desempenhar no combate ao aquecimento global.”

Midgley, o entomologista, concorda: “Os cupins são criaturas fascinantes que promovem a biodiversidade de maneiras variadas e inesperadas. Por exemplo, encontramos um espécie de hoverfly que depende de excrementos de cupins como habitat larval… sem cupins, seria extinto. Quanto mais exploramos, mais aspectos fascinantes da vida dos cupins surgirão.”

Clarke e Francis acreditam que “a atividade das térmitas deve ser incorporada nos modelos de carbono”. Estes modelos centram-se atualmente principalmente nas florestas e nos oceanos, pelo que “a inclusão de cupinzeiros poderia ajudar a fornecer uma compreensão mais abrangente da dinâmica global do carbono”.

Colinas Amarelas (Alastair Potts)
Flores amarelas pontilham os heuweltjies em Namaqualand, África do Sul (Cortesia de Alastair Potts)

Apenas arranhando a superfície

Até a descoberta de Clarke e Francis, a matéria orgânica mais antiga encontrada em uma colônia de cupins vinha de uma galinha de 4 mil anos no Brasil. Dito isto, muito poucos estudos utilizaram maquinaria pesada para penetrar na crosta dura formada pelos insectos, por isso há uma boa probabilidade de existirem colónias ainda mais antigas por aí – seja em Namaqualand ou noutro local.

Apesar de ser um cientista do solo e não um entomologista, Francis admite ter se apaixonado pelos insetos cor de mel e pelas suas sociedades complexas. “Sei que não devemos atribuir qualidades humanas aos insetos”, diz ela. “Mas não consigo evitar. Se eu tivesse tempo e financiamento ilimitados, adoraria escavar cupinzeiros em todo o mundo.”

Por enquanto, porém, ela terá que se contentar com um projeto de acompanhamento que analise mais profundamente os mecanismos de sequestro de carbono nas heuweltjies de Namaqualand. A Universidade de Stellenbosch iniciou o projecto, mas graças a uma subvenção multinacional financiada pela National Science Foundation (EUA) e pela National Research Foundation (África do Sul), o projecto conta agora com uma equipa de microbiologistas, ecologistas e geoquímicos dos EUA e cientistas sul-africanos. .

Finalmente, estes pequenos engenheiros de ecossistemas estão a receber a atenção que merecem.

Pesquisadores na frente do ninho” (Michele Francis)
Pesquisadores posam em frente a uma seção do ninho gigante de cupins de 34 mil anos encontrado em Buffelsrivier, África do Sul (Cortesia de Michele Francis)



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