POLÍTICA
A esquerda no divã | VEJA

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8 meses atrásem
Thomas Traumann
A comparação é implacável: em 2020, com R$ 10 milhões de orçamento e pouca estrutura, Guilherme Boulos teve o mesmo percentual de votos do que no segundo turno deste domingo, quando gastou quase R$ 70 milhões, teve o apoio do presidente da República, tempo de TV e marqueteiro premiado. Boulos, que em 2020 parecia representar uma renovação na esquerda, foi massacrado em 2024 por 60% a 40% por um dos prefeitos menos carismáticos da história de São Paulo, Ricardo Nunes. A radiografia da derrota de Boulos diz muito sobre o péssimo resultado da esquerda, do PT e do governo Lula nas eleições municipais.
A eleição municipal de 2024 teve um grande vencedor, as emendas parlamentares. O índice de reeleição de prefeitos, que nas últimas campanhas não chegava a 60%, ultrapassou os 80%. Dos vinte prefeitos de capitais que disputaram a reeleição, 16 conseguiram. Como a esquerda é francamente minoritária nas prefeituras, a onda de reeleições apenas confirmou a fragilidade que vem desde 2016.
+ Bolsonaro é o maior perdedor do segundo turno
A força do status quo não altera a dimensão dos erros do PT, da esquerda e do governo Lula. Desde as marchas de 2013, dezenas de estudos mostraram a insatisfação latente da parcela da sociedade que alguns batizaram de “nova classe C”, “batalhadores” ou “empreendedores da periferia”. O nome importa menos que a incapacidade do PT e do governo Lula em dialogar com doceiras, entregadores, motoristas de Uber e vendedoras da Avon que não têm (e muitas vezes não querem ter) carteira assinada e estão mais preocupados em como pagar o carrinho de compras do que com discursos sobre a democracia.
Pesquisa qualitativa de 2022 da Fundação Perseu Abramo, o braço acadêmico do PT, mostrou que essa parcela da sociedade é essencialmente conservadora nos costumes, confia apenas em si para resolver seus problemas, acha que os serviços públicos são ruins e enxerga o establishment como símbolo de burocracia e corrupção. “São eleitores pragmáticos, preocupados com as contas a pagar. Se orgulham de se definirem como ‘trabalhadores’, e aqui a palavra não é uma definição de classe, mas um atributo de valor”, disse a professora Isabela Kalil, Fundação Escola de Sociologia e Política (FESP/SP). Os entrevistados têm um a autoimagem (de si e do brasileiro de modo geral) de serem batalhadores, fortes e persistentes. A resiliência, a capacidade de “sou brasileiro não desisto nunca”, é um atributo pessoal e nacional.
O PT não soube usar as informações e dois anos depois, o Ministério do Trabalho do governo Lula segue achando que a sociedade inteira quer viver sob as regras trabalhistas da CLT, pagar taxas sindicais e não ter acesso a empréstimos usando o FGTS como garantia.
A segurança pública é outro assunto tabu nos discursos da esquerda, como se os mais pobres não fossem as maiores vítimas da violência urbana. Há meses o governo Lula segura o lançamento de um projeto para assumir como sendo federal a coordenação do combate às facções criminosas.
Mas a campanha municipal de 2024 mostrou um erro novo, a falta de defesa do governo Lula pela maior parte dos candidatos. Guilherme Boulos fingiu que o ministro Fernando Haddad nunca havia sido prefeito de São Paulo e, no último debate, deixou que Ricardo Nunes desse crédito a si mesmo pelos 2 milhões de empregados criados em São Paulo nos últimos dois anos, como se as ações do governo Lula não existissem. Num momento em que o país tem o melhor momento econômico em dez anos (desemprego abaixo de 8%, PIB crescendo 3%, inflação razoável, gastos sociais federais em níveis máximos e aumentos reais de salário) nenhum candidato a prefeito foi à TV defender Lula ou a política econômica de Haddad.
Os candidatos da esquerda queriam um vídeo com o apoio de Lula, mas era um caminho de uma mão só. A eleição mostrou um isolamento de Lula que reflete o estilo do seu governo. O presidente que só conversa com meia dúzia de ministros, quase todos do PT, está sem diálogo até com quem deveria fazer a sua defesa. Conta-se nos dedos quantas vezes o presidente recebeu empresários, cientistas, acadêmicos ou sindicalistas para ouví-los. No geral, eles só entram no Planalto como plateia dos discursos presidenciais. Mesmo os políticos só são recebidos por Lula quando o governo está à beira do precipício numa votação no Congresso. Lula ouve pouco e o pouco que ouve é sempre dos mesmos interlocutores que, quase sempre, dizem que ele tem razão. Isolado por vontade própria, Lula terá dificuldades para entender o que se passou nas eleições.
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POLÍTICA
CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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2 meses atrásem
5 de maio de 2025
Marcela Rahal
Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.
Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.
Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.
O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.
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POLÍTICA
Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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2 meses atrásem
5 de maio de 2025
Ludmilla de Lima
Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.
Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano.
A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.
A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.
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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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2 meses atrásem
5 de maio de 2025
Matheus Leitão
A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.
Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.
Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.
“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.
A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.
“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana.
A seguir as cenas dos próximos capítulos…
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