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A morte de Yoji Kuri, figura de destaque da animação japonesa independente
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Na história da animação japonesa, Yoji Kuri desempenhou um papel único e essencial, ao revelar ao mundo, a partir da década de 1960, a existência, no Japão, de uma forma de cartoon diferente da proposta por esta indústria emergente. Publicado pela sua família em meados de dezembro, o anúncio da sua morte, domingo, 24 de novembro, marca o fim de um ideal criativo feito de autoprodução minimalista, escárnio iconoclasta e erotismo solar.
Nascido em 1928, no departamento de Fukui, Kuri encontrou sua vocação nos desenhos do satirista Taizo Yokoyama (1917-2007), com quem trabalhou desde 1950. De 1954 a 1956, estudou arte na academia Bunka Gakuin, em Tóquio. , antes de iniciar a carreira como cartunista de imprensa, pagava preços miseráveis pelo desenho. Em 1958, fundou o Atelier Kuri de mangá experimental. Iniciativa rara na época, a autopublicação de uma coleção dos seus desenhos valeu-lhe no mesmo ano o Prémio BD da Bungeishunju Editions, que o revelou ao grande público.
Deslumbrado com os filmes de Norman McLaren (1914-1987), começou a trabalhar em filmes de animação em formato 8 mm como autodidata. Em 1959, foi um dos jovens talentos reunidos pelo cineasta Susumu Hani para uma série de programas de televisão em forma de carta branca: lá exibiu seus primeiros filmes e conheceu o ilustrador Hiroshi Manabe (1932-2000) e o gráfico designer Ryohei Yanagihara, com quem fundou no ano seguinte o “Trio de animação”, nomeado em homenagem a artistas de jazz que se apresentam coletivamente.
Forte senso do absurdo
No Sogetsu Art Center, que os acolheu em 1960, 1962 e 1963 (antes de o programa se abrir a outros criadores, para se tornar um festival efémero), Kuri e os seus amigos brandiram o termo inglês como padrão animação afirmar-se como um movimento de vanguarda – nos antípodas das lógicas então reinantes na produção animada – e explorar vários caminhos. Assim Kuri baseia-se em textos do poeta Shuntaro Tanikawa (1931-2024), nas vozes da atriz Kyoko Kishida (1930-2006) ou Yoko Ono, na música concreta ou jazz – Toru Takemitsu (1930-1996), Hikaru Hayashi (1931-2012)…
Seus filmes se destacam da produção de seus contemporâneos pelo minimalismo caricaturado, pela obscenidade assumida e pelo desespero existencial equilibrado por um humor agudo e um senso feroz do absurdo.
Primeiro diretor japonês premiado no Festival de Annecy, com menção especial recebida em 1963 por seu curta-metragem Zoológico humano (1962), foi membro do júri na edição seguinte, em 1965, e em muitos outros festivais estrangeiros. Na verdade, revelado no Ocidente por uma chuva de distinções (em Veneza, Oberhausen, Vancouver, São Francisco, Cracóvia, Locarno, Mamaia, Chicago, Montreal, Tours, Barcelona, Nova Iorque…), influente e reverenciado pelos seus pares por Devido ao radicalismo de seus filmes, Kuri logo faz parte do conselho de diretores da International Animated Film Association (Asifa). Ele se torna assim o primeiro artista japonês a representar seu país nesta comunidade.
Mil filmes produzidos
Entre seus filmes mais notáveis: Moda (1960), Dois peixes grelhados (1960 e 1968), Amor (1963), A cadeira (1964), AOS (1964), Para o tolo! (1965 e 1967), Parasitas da meia-noite (1972), Mangá (1977), mas também a transposição animada de 35 canções, de 1960 a 1975, para o emblemático programa musical “Nossas canções para todos” da NHK…
Depois de deixar de lado a animação para se dedicar à pintura, regressou a ela nos anos 2000, nomeadamente com Gramofone (2008)… Se os 3.000 filmes que conseguiu reivindicar formam um total exagerado, ele conseguiu a façanha de ter produzido quase mil (incluindo cerca de 800 segmentos transmitidos semanalmente durante dezoito anos em um programa noturno de TV, “11PM”). O Festival de Annecy concedeu-lhe um prêmio pelo conjunto da obra em 1993, e o Festival de Zagreb em 2012.
Figura truculenta e alegremente transgressora, Yoji Kuri encarnou quase sozinho um grande ponto de viragem para o cinema de animação no seu país: a afirmação da curta-metragem como forma em si e da liberdade fundamental à disposição de cada criador.
Yoji Kuri em algumas datas
9 de abril de 1928 Nascimento em Tóquio
1963 Menção especial no festival de Annecy pelo seu curta-metragem Zoológico humano
1993 O festival de Annecy lhe concede um prêmio por toda a sua carreira
24 de novembro de 2024 Morte em Tóquio
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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre
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12 de novembro de 2025A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.
Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.”
A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”
Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.”
Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”
A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde.
Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.
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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.
Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria.
“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”
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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.
Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.
O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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