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Acompanhar as eleições americanas requer ansiolítico – 05/11/2024 – Thiago Stivaletti

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Desde a manhã desta terça (5), os canais pagos de jornalismo concentraram sua cobertura nas eleições americanas. Foi preciso tomar uma boa dose de ansiolítico para “aguardar” o início dos fechamentos das urnas e um resultado que não viria ao longo do dia inteiro. Mais fácil esperar Godot, o personagem da peça de Samuel Beckett que nunca chega.

A primeira curiosidade (ou bizarrice) alardeada em vários canais foi a primeira urna apurada em Dixville Notch, New Hampshire, com apenas seis votos: três para Trump e três para Kamala. Uma urna que não quer dizer absolutamente nada sobre o resultado do pleito, mas que ajudou a turbinar a ansiedade geral.

Na Globonews, no final da tarde, dois mapas trouxeram uma comparação bizarra: o estado da Pensilvânia é como Minas Gerais, ou seja, costuma definir eleições; e a Califórnia é como São Paulo, com o maior número de delegados.

Com uma diferença fundamental: no Brasil ficamos sabendo do resultado poucas horas depois do final da votação, enquanto lá… Tem eleitor que precisa votar num papel e depois escaneá-lo. No final da tarde, a CNN relatou que um scanner deu pau na Pensilvânia (justo um dos estados-pêndulo) e já causou polêmica. “Depois dizem que o nosso sistema é que é enrolado”, ironizou o apresentador do Jornal da Band, Eduardo Oinegue, no início da noite.

A CNN optou por uma cobertura de repórteres brasileiros nos EUA um pouco atrapalhada, como a da repórter em Orlando informando que lá houve longas filas para votar, mas entrando ao vivo depois que não havia mais fila nenhuma. No meio-tempo, entravam imagens da CNN americana em tradução simultânea, com pesquisas de boca de urna e entrevistas com cidadãos comuns saindo de seus colégios eleitorais. Um dos entrevistados contou ter votado em Trump pela primeira vez, porque passou as últimas três eleições sem votar, e na última que o fez foi… em Obama. Pois é, as contradições ambulantes não são um privilégio do Brasil.

Quando as coisas já iam do nada a lugar nenhum, às 19h40 a Record News soltou uma previsão de que o resultado final das eleições pode sair apenas… no domingo (!). Haja coração.

A Globo tentou vender que as eleições nos EUA eram sua prioridade, mas, como ocorre cada vez mais, o Jornal Nacional entrou 40 minutos mais cedo por conta do jogo São Paulo x Bahia mais tarde, deixando mais fria a cobertura eleitoral do horário nobre.

Mas o JN fez bonito com a maior equipe do dia: além de William Bonner, mais três repórteres em Washington e correspondentes na Flórida, Geórgia e Pensilvânia. Escaldado pela barulheira da véspera, quando deu o que falar nas redes, Bonner preveniu os espectadores de que poderia haver barulho de música, pregação religiosa e do alto volume de uma colega italiana no puxadinho ao lado do seu. Mas tudo correu bem.

Se a ideia era fazer uma cobertura imparcial, o JN logo pendeu para os democratas, quando Felipe Santana, ao lado de Bonner, disse que “a chama do sonho americano está no imigrante”. Em seguida, ele apresentou uma longa reportagem sobre um imigrante hondurenho que chegou nos EUA em 2021 fugindo da realidade do narcotráfico em seu país. Hoje, o rapaz vive em Chicago consertando telhados e aguarda seu visto de permanência. Para terminar, a reportagem informou que os imigrantes ilegais pagam cerca de US$ 100 bilhões ao ano em impostos ao governo americano, sem ter direitos em contrapartida. Kamala certamente teria curtido.

Com o tempo apertado, Renata Vasconcellos teve que dar conta de um dia atribulado em pequenos tuítes curtos: Netanyahu demite seu Ministro da Defesa; um brasileiro é eleito o novo secretário-geral da Interpol; Bruno Henrique, do Flamengo, é suspeito de manipulação de bets.

Para não deixar cair a peteca da ansiedade, um gráfico mostrava por volta das 20h40 o início das apurações, ainda restritas a três estados, dando 63% dos votos a Trump e 35% a Kamala. “Calma, é só o começo”. Mas como não se apavorar?

Por fim, Bonner entregou a Renata Lo Prete, que prometeu ficar acordada até as 4h da manhã acompanhando as apurações. Ninguém mandou ela reclamar do Jogo da Discórdia do Big Brother, que atrasava o Jornal da Globo em horas e mais horas. A discórdia americana consegue ser ainda mais lenta.

Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Foi repórter na Folha de S.Paulo e colunista do UOL. Como roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Globo) e o TVZ (Multishow).



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Ufac recebe 3 micro-ônibus por emenda do deputado Roberto Duarte — Universidade Federal do Acre

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Ufac recebe 3 micro-ônibus por emenda do deputado Roberto Duarte — Universidade Federal do Acre

A Ufac recebeu três micro-ônibus provenientes de emenda parlamentar no valor de R$ 8 milhões, alocadas pelo deputado federal Roberto Duarte (Republicanos-AC) em 2024. A entrega ocorreu nessa quinta-feira, 13, no estacionamento A do campus-sede. Os veículos foram estacionados em frente ao bloco da Reitoria, dois ficarão no campus-sede e um irá para o campus Floresta, em Cruzeiro do Sul.

“É sem dúvida o melhor momento para a gestão, entregar melhorias para a universidade”, disse a reitora Guida Aquino. “Quero agradecer imensamente ao deputado Roberto Duarte.” Ela ressaltou outros investimentos provindos dessa emenda. “Serão três cursos de graduação na interiorização.”

Duarte disse que este ano alocou mais R$ 2 milhões para a universidade e enfatizou que os micro-ônibus contribuirão para mobilidade dos alunos e professores da instituição. “Também virá uma van, mais cursos que vamos fazer no interior do Estado do Acre, o que vai ajudar muito a população acreana. Estamos muitos felizes, satisfeitos e honrados em poder contribuir e ajudar cada vez mais no desenvolvimento da Universidade Federal do Acre, que só nos dá orgulho.”

 



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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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