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Alzheimer tem primeira fase silenciosa, mostra estudo – 27/10/2024 – Equilíbrio e Saúde

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Alzheimer tem primeira fase silenciosa, mostra estudo - 27/10/2024 - Equilíbrio e Saúde

Acácio Moraes

Uma nova pesquisa dá força à hipótese de que existem duas fases distintas da doença de Alzheimer. A primeira, silenciosa e quase completamente assintomática, é marcada pela ocorrência de danos em células mais vulneráveis e tem início anos antes da segunda, caracterizada pelo surgimento dos sintomas, na qual os danos são mais generalizados e comprometedores.

Segundo os especialistas, esse comportamento da doença representa um dos principais desafios no tratamento dos pacientes. Como os sintomas começam a se manifestar apenas no momento em que a doença já está instalada, quando é diagnosticado o Alzheimer já causou o comprometimento de boa parte do cérebro.

Para Manuella Toledo Matias, geriatra da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), as evidências mostram que a demência pode se instalar até 20 anos antes dos primeiros sintomas, e nesse período é improvável que o paciente manifeste sintomas perceptíveis para a família ou os médicos.

Para chegar nos resultados do novo estudo, os cientistas analisaram dados genéticos de 84 pacientes utilizando técnicas de neuropatologia quantitativa. Os resultados mostraram um aumento progressivo dos danos causados pela doença, sobretudo em termos de morte celular, inflamação e acúmulo de proteínas na forma de placas. Em particular, os pesquisadores deram atenção a uma parte do cérebro ligada à linguagem, memória e visão, chamada giro temporal médio.

Analisando o conjunto de dados clínicos, os especialistas conseguiram definir duas fases características para a doença. Na primeira ocorre o acúmulo lento de placas de proteínas tau e beta-amiloide, ativação do sistema imunológico do cérebro e morte celular, em particular de neurônios inibitórios, responsáveis por enviar sinais calmantes para outras células.

O resultado surpreendeu os pesquisadores. Tradicionalmente, sabe-se que o Alzheimer tem um efeito danoso aos neurônios excitatórios, que enviam sinais ativadores. Os autores do estudo levantam a hipótese de que a perda dos inibitórios pode desencadear a progressão da doença. O estudo foi publicado na revista científica Nature Neuroscience.

Matias explica que a doença tem um circuito lógico, iniciando no hipocampo, região do cérebro responsável pela retenção de memória recente, e se espalhando. Primeiro, atinge a zona temporal-mesial, relacionada com nossa percepção de localização, e depois a parte frontal, afetando o comportamento. No último estágio, a doença toma todo o cérebro, desencadeando a perda generalizada de cognição.

Nos últimos anos, o acúmulo de proteínas tau e beta-amiloide estiveram em destaque entre o meio médico e especializado, especialmente com o surgimento de drogas capazes de remover esses corpos estranhos do cérebro. Conhecidas como antiamiloides, os fármacos Aducanumab e Lecanemab são aprovados desde 2021 pela agência americana de vigilância sanitária, FDA, para o tratamento do Alzheimer.

Embora esses medicamentos não sejam capazes de reverter os danos já causados pelo acúmulo dessas proteínas, eles possibilitaram uma desaceleração do progresso da doença. Em particular, os resultados foram mais proeminentes em pacientes ainda nas primeiras fases, o que aumenta a busca por diagnósticos precoces.

O último medicamento da classe dos antiamiloides aprovados pela FDA foi o donanemab, ainda neste ano. Os resultados dos estudos clínicos da droga foram publicados no ano passado na revista Journal of American Medical Association e mostram uma redução significativa da progressão da doença dentro de 76 semanas. O estudo incluiu 1.700 pacientes diagnosticados precocemente.

Segundo Kátia Omura, professora e pesquisadora da UFPA (Universidade Federal do Pará), após surgirem os sintomas, a evolução do Alzheimer passa por três etapas distintas. Essa é a abordagem adotada pela Associação Internacional do Alzheimer. A primeira destas é a fase de sintomas leves, marcada por perdas da função cognitiva que começam a interferir na realização das atividades diárias.

Depois, o paciente pode mostrar dificuldades na realização de tarefas essenciais, como tomar banho ou se alimentar, passando a necessitar de supervisão. Na etapa final da doença, a pessoa apresenta alto grau de comprometimento e dependência.

Uma forma de garantir um diagnóstico precoce é mantendo um acompanhamento médico regular. Um estudo publicado neste ano na revista científica Journal of American Medical Association, feito entre mais de meio milhão de beneficiários de planos de saúde americanos, constatou que ao menos uma visita anual ao profissional de saúde pode aumentar em 21% as chances de identificar antecipadamente alguma demência, e em 4% dos casos de Alzheimer e doenças relacionadas.

A pesquisa, feita nos Estados Unidos, também mostra o perfil de quem busca ter um acompanhamento clínico regular. São, sobretudo, mulheres brancas com maior nível de instrução, que moram em regiões metropolitanas e com comorbidades.

O tratamento farmacológico do Alzheimer deve ser aplicado desde o primeiro momento. Já no final da doença, inclusive, ele perde o sentido, segundo Omura. Em pacientes avançados é comum que os médicos retirem a medicação e busquem tratar com prioridade os sintomas colaterais para garantir qualidade de vida para o paciente.

O tratamento não farmacológico também é essencial. Psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos são fundamentais para prevenir o avanço da doença.





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Jogadores do Manchester City podem precisar passar por barreira de dor, alerta Guardiola | Pep Guardiola

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Jogadores do Manchester City podem precisar passar por barreira de dor, alerta Guardiola | Pep Guardiola

Jamie Jackson

Pep Guardiola afirmou que os membros do elenco do Manchester City terão que continuar jogando mesmo com dores devido à crescente crise de lesões.

Rodri, Oscar Bobb e Kevin De Bruyne têm problemas de longa data e Jack Grealish, Jérémy Doku e Kyle Walker podem não retornar antes da pausa internacional. Josko Gvardiol, Savinho e Manuel Akanji são dúvidas para a viagem do City ao Bournemouth no sábado

Este é um total de nove jogadores da linha de frente que o técnico pode não ter. O City joga contra o Sporting na terça-feira pela Liga dos Campeões e depois contra o Brighton no próximo sábado pela Premier League pela última partida antes do intervalo.

Guardiola foi questionado sobre o quanto os jogadores disponíveis podem ser pressionados. “Eles estão acostumados a brincar com alguma dor”, disse ele. “Podem ser pequenos problemas – hoje quase todos os jogadores jogam com dor. Há momentos em que lesões são lesões e é preciso ter cuidado, mas às vezes, se tiver problemas, é preciso jogar.

“Rafa Nadal jogou toda a sua carreira com dor. Ele jogou e ganhou não sei quantos Grand Slams. Você tem que lidar com isso no futebol moderno ou não conseguirá sustentar jogos a cada três dias em um clube de ponta. Vamos nos adaptar amanhã e nos próximos jogos. Temos um grupo incrível de jogadores com uma mentalidade forte em momentos difíceis. Esta semana é muito importante.”

Guardiola atualizou De Bruyne: “Ele está melhorando. Nos últimos dois, três dias o médico me disse que deu um passo à frente em termos de dor.”

Rúben Amorin foi confirmado como novo treinador do Manchester United na sexta-feira, mas só assumirá o cargo a 11 de Novembro, o que significa que comandará o Sporting frente ao City.

pular a promoção do boletim informativo

“Espero o melhor do Sporting”, disse Guardiola. “O melhor conselho é que os adversários tenham sempre o melhor desempenho – tenho a certeza que o farão. É a Liga dos Campeões contra o Manchester City. Mas é preciso compreender que a minha preocupação não é o Sporting (neste momento).”



Leia Mais: The Guardian



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Que problemas os americanos enfrentam nesta eleição? | Política

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Que problemas os americanos enfrentam nesta eleição? | Política

Exploraremos as próximas eleições nos EUA e examinaremos os principais fatores que influenciam as decisões dos eleitores.

As eleições nos EUA estão chegando e mais de 41 milhões de americanos da Geração Z estão elegíveis para votar. Juntamente com os Millennials, eles representam agora o maior bloco eleitoral da história dos EUA. Esta geração é caracterizada por uma abordagem de votação mais orientada para questões específicas, muitas vezes dando prioridade a tópicos específicos em detrimento da lealdade partidária. Nesta discussão, exploraremos as questões-chave que moldam as suas decisões, o impacto do apoio de celebridades e como a guerra em Gaza pode influenciar os seus votos.

Apresentadora: Anelise Borges

Convidados:
Allie O’Brien – criadora de conteúdo político
George Lee – Educador e criador de conteúdo
Youssef Chouhoud – Universidade Christopher Newport
Allyson Shortle – Universidade de Oklahoma



Leia Mais: Aljazeera



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Devemos salvar a bolha espaço-tempo NRJ12?

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Devemos salvar a bolha espaço-tempo NRJ12?

CProvavelmente não é o melhor que a televisão tem a oferecer, mas está longe de ser o pior. Então, por que NRJ12? Na sua decisão de 24 de julho, a Entidade Reguladora da Comunicação Audiovisual e Digital (Arcom) não justificou a sua vontade de não renovar a autorização de transmissão do canal do grupo NRJao mesmo tempo que a do C8, que também deverá desaparecer da oferta gratuita de televisão digital terrestre (TDT). Se a escolha é compreensível para o canal do grupo Bolloré, que acumulou 7,6 milhões de euros em multas devido aos deslizes do seu apresentador estrela, Cyril Hanouna, continua mais nebulosa para o seu vizinho do canal 12.

A hipótese mais provável seria que o regulador audiovisual não estivesse convencido da viabilidade económica do canal, com as suas baixas audiências e a sua programação centrada em retransmissões. Nove episódios consecutivos de séries americanas da década de 2010 ocuparão a manhã (Imagem: Divulgação)Lúcifer, Inesquecível), seguido por alguns números do programa francês Uma temporada no zoológicoantes de um novo túnel de sitcoms um tanto desatualizados (A Teoria do Big Bang, Meu tio Charlie…): este é realmente o decorrer de um dia clássico no NRJ12. É ainda pior no fim de semana, às vezes com até dezessete episódios seguindo a mesma série, misturados com raras produções francesas um pouco mais prestigiadas, como a série Dez por cento.

Há algo de quase hipnotizante em seguir estes programas que se sucedem indefinidamente, que nos transportam para outra dimensão espaço-temporal onde perdemos toda a noção de tempo e tempo, deixando-nos embalar pela música dos créditos que voltam, uma e outra vez . Só no início da noite é que o ciclo se rompe para dar lugar a outro tipo de reciclagem, com compilações de erros de gravação, um pouco de reality shows importados ou, mais raramente, filmes de ação medianos.

Campanha de apoio total

Não é o que fazemos de melhor para nutrir a mente, mesmo que se deva reconhecer que o canal desistiu ao reduzir drasticamente a participação dos reality shows, que eram sua marca registrada, com suas principais produções como “Os Anjos da Reality TV” ou “So True”, que destacou pessoas anônimas com histórias supostamente extraordinárias.

Hoje, o canal se orgulha de ser aquele que “a maior proporção de pessoas entre 15 e 49 anos” em sua audiência, conforme defendeu o presidente e CEO do grupo NRJ, Jean-Paul Baudecroux, durante sua audiência perante a Arcom em julho e, em 10 de outubro, com o Fígaro. “Todo mundo reclama que a televisão está ficando velha! E optamos por dispensar um dos únicos canais que consegue falar (para jovens) »lamentou nas colunas do diário.

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