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As reformas previdenciárias falidas e a pejotização

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O Direito é Público

A previdência social no Brasil tem sido alvo de reformas incontáveis, todas com a promessa de resolver os problemas estruturais e garantir a sustentabilidade financeira do sistema. No entanto, essas reformas têm falhado na sua essência, concentrando-se principalmente no corte de custos e na diminuição do papel do Estado, enquanto ignoram a necessidade de políticas públicas eficientes para a conscientização de uma educação previdente e a proteção social. O resultado é um sistema previdenciário cada vez mais fragilizado, que falha em cumprir seu papel constitucional.

Reforma chilena

A necessidade de reformas na área da previdência é algo discutido em inúmeros países, tome-se como exemplos a França e o Chile, cujo sistema sofreu privatização no ano de 1981. Todavia, é predominante em diversos países o fato de que a população hipossuficiente e idosa sofre limites para o acesso ao direito de aposentar-se.

A preocupação do Estado com a escassez de recursos é válida, mas muito inflexível para guiar qualquer pretensão transformadora da realidade do sistema previdenciário, em especial para aqueles que não possuem condições mínimas de saúde e sobrevivência, como o caso brasileiro.

Diante dessa realidade, para que se possa garantir acesso mais equânime aos serviços da seguridade social, é necessário que o Estado promova educação previdenciária, o que não acontece na maioria dos países em desenvolvimento.

Portanto, a privatização do sistema deve ser analisada no contexto de uma série de outras mudanças que foram projetadas para transformar a estrutura inteira da economia, o papel do Estado e as relações entre esse e os atores econômicos ao longo de várias dimensões, incluindo educação, saúde e segurança.

Nesse sentido, o propósito da reforma chilena era melhorar o papel do mercado como regulador das relações socioeconômicas e reduzir o papel do Estado nas áreas de política social. Consequentemente, essa nova política atomizou e dividiu a sociedade chilena (BORZUTZKY, Silvia. 2001, p. 294-299) [1].

O desenvolvimento chileno foi, consequentemente, deixado nas mãos do setor privado e o envolvimento do Estado na economia foi percebido como um ataque às liberdades econômicas. Após anos de reforma no sistema previdenciário Chileno notaram-se alguns problemas, como a falta de cobertura efetiva para cerca de 40-50% da população e o aumento do déficit fiscal produzido pela reforma (QUE PASA, 1999) [2].

Pejotização

O tema preeminente de reforma da previdência ou ainda mudança do sistema de seguridade, tanto no cenário brasileiro como no cenário internacional, parte de uma conjectura de que o Estado deve desempenhar um papel subsidiário: a proteção aos riscos sociais, a informação e educação e, consequentemente, os custos estatais podem ser reduzidos.

Um dos temas centrais que permeiam o debate sobre a precarização da previdência é a pejotização — a prática em que as empresas contratam trabalhadores como pessoas jurídicas (PJs), para evitar o vínculo empregatício e, consequentemente, as contribuições trabalhistas e previdenciárias. A pejotização, que tem sido amplamente discutida no STF, especialmente no contexto do Tema 725 e da ADPF 324, levanta importantes questionamentos sobre as fronteiras entre a contratação regular e o desvirtuamento de direitos trabalhistas e previdenciários.

O problema, no entanto, não é simplesmente a pejotização. A realidade é mais complexa. A verdadeira questão é a ausência de políticas públicas eficientes que a adesão dos trabalhadores ao sistema de seguridade social. Há anos o Brasil discute os mesmos problemas — a evasão de contribuições previdenciárias, a fragilização do sistema e a exclusão de milhões de trabalhadores informais. Apesar desta divulgação, pouco tem sido feito para educar a população sobre a importância de contribuir para a previdência e garantir a sustentabilidade do sistema.

Marcela Bocayuva, advogada

No STF e nos discursos políticos, os debates ficam em torno de como diferenciar contratos legítimos de prestação de serviços dos casos em que há fraude na relação de emprego. No entanto, o foco exclusivo nesse aspecto legal pode desviar a atenção de um problema mais profundo: a ausência de uma política pública que promove a educação previdenciária. Não se trata de desconsiderar as implicações da pejotização, mas sim de criar um ambiente onde os trabalhadores, mesmo aqueles que optam por formas de contratação, possam ter os incentivos adequados à proteção de riscos.

A importância da educação previdenciária

A maior lacuna do direito previdenciário e nas reformas previdenciárias estão na assimetria de informação. Vê-se que no Brasil as evoluções legislativas no âmbito dos direitos sociais não minoraram a desigualdade e o suposto déficit previdenciário, pois ocorreram inúmeras mudanças e cada três anos há reformas para se conter o descontrole dos gastos públicos, porém, através da cronologia da evolução legislativa, acentuação da assimetria entre o poder e a massa de pessoas comuns.

Para conferir veracidade para tal afirmação, basta verificar que mesmo após anos de implementação dos direitos sociais no Brasil, os serviços da previdência continuam precários e deixam de atender interesses da sociedade como um todo, principalmente em relação à gestão de políticas públicas, em que elementos como universalização e ampliação de diretos devem ser considerados para além do simples binômio custo-benefício (BOCAYUVA, Marcela. 2020)

O maior obstáculo à seguridade no Brasil é a falta de informação e educação sobre os direitos previdenciários​. O cidadão comum, muitas vezes, não compreende como funcionam as contribuições previdenciárias, quais são os seus direitos e por que é fundamental contribuir para o sistema para que tenham proteção aos riscos inerentes às suas atividades. A pejotização, nesse contexto, torna-se apenas mais um reflexo da precarização dos serviços previdenciário, quando os trabalhadores deixam de contribuir para a previdência por não se sentirem obrigados ou por não entenderem as consequências de suas escolhas.

A Previdência Social e a Educação constam no rol de direitos fundamentais de natureza social da Constituição de 1988, os quais possuem aplicabilidade imediata. Assim, por meio da educação, prestigia-se a formação humana integral dos cidadãos, inclusive quanto à relevância da Previdência Social para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Constitui, portanto, dever de todos, do Estado, da família e da sociedade, a cooperação para o desenvolvimento completo da pessoa, sua preparação para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, por meio da promoção da educação.

“Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Daí se percebe a imprescindibilidade de uma Educação Previdenciária de qualidade, no sentido de realmente fornecer subsídios à população para a compreensão dos impactos resultantes da falta da consciência previdenciária na sociedade e a relevância de sua adoção.

As reformas previdenciárias, como a Emenda à Constituição 103 de 2019, falharam em abordar essa questão central. Concentraram-se na contenção de gastos e na sustentabilidade financeira a curto prazo, mas ignoraram a necessidade de uma política pública robusta que promove a educação previdenciária e incentiva a adesão voluntária ao sistema. Isso cria um círculo vicioso, onde reformas são inovadoras sem uma mudança real no comportamento dos trabalhadores e funcionários, resultando em uma evasão contínua de contribuições​.

No debate sobre a pejotização, é essencial considerar que essa prática reflete um problema sistêmico. A informalidade, que inclui tanto o trabalho sem registro quanto a pejotização, não é causa de crise previdenciária, mas sim uma consequência da ausência de políticas públicas eficazes. Enquanto o Estado não educa a população sobre a importância da previdência e não cria incentivos reais para a formalização, as reformas continuarão a ser paliativas, e o sistema seguirá enfraquecido.

A experiência de outros países, como o Chile, mostra que as reformas previdenciárias focadas apenas na contenção de despesas e na privatização do sistema resultaram em um aprofundamento das desigualdades sociais. No caso chileno, a privatização do sistema previdenciário gerou um déficit fiscal crescente e deixou cerca de 50% da população desprotegida​. O Brasil corre o risco de seguir pelo mesmo caminho, a menos que adote políticas que promovam a inclusão social e a conscientização sobre os direitos previdenciários.

Portanto, a pejotização, em si, não é o problema central. O verdadeiro desafio é a falta de uma política pública que ofereça educação previdenciária de qualidade e incentivo à formalização do trabalho. É urgente que o Estado assuma um papel ativo na promoção da proteção social, garantindo que todos os trabalhadores — sejam eles CLT ou PJs — compreendam a importância de contribuir para a previdência e tenham condições de fazê-lo. Só assim poderemos construir um sistema previdenciário sustentável, que de fato promova a redução das assimetrias.

É evidente, portanto, que a efetiva educação previdenciária, especialmente desde a juventude, é elemento fundamental para a sustentabilidade do regime geral de previdência social. A consequência desse tipo de investimento seria cada vez menos necessidade de ajustes, reformas legislativas no setor, uma vez que quanto mais contribuintes conscientes de seus direitos, mais eficiente e eficaz a sustentabilidade do sistema.

Quando se há uma noção básica acerca de seus próprios direitos, a demanda por intervenção governamental não se torna tão necessária, ao passo que, havendo limitações de consciência por parte dos cidadãos, tal situação exige um Estado mais forte e interventor para corrigir essa deficiência, por meio de reformas e outras atualizações na legislação previdenciária.

Assim, diante da vulnerabilidade e das flutuações naturais da vida e da saúde, é imperioso que o Estado se comprometa, antes de tudo, em fornecer informações relevantes e práticas sobre esse processo, que confiram capacidade aos cidadãos para realizarem cálculos complexos sobre economia a longo prazo. (TAFNER, P.; GIAMBIAGI, F. 2007, p. 52).

Os direitos sociais são de observância obrigatória em um Estado Democrático de Direito, cuja finalidade é a melhoria das condições de vida dos hipossuficientes, para a possibilitar a igualdade social. Portanto, a educação previdenciária deve ser compreendida como um direito-dever que antecede o exercício do direito previdenciário em si, e demanda uma postura bilateral (Estado e cidadão). (MORAES, 2007. p. 428)

No fim, o STF deve continuar discutindo a legalidade da pejotização, mas o foco do debate precisa ir além das questões legais e entrar no campo da política pública. Sem uma estratégia abrangente de educação e conscientização, o Brasil continuará enfrentando o mesmo dilema: reformas que fracassam porque atacam os sintomas, mas ignoram a causa real da crise previdenciária​.

 


[1] BORZUTZKY, Silvia. Chile: has social security privatisation fostered economic development? Int J Soc Welfare 2001: 10: 294–299 ß Blackwell, 2001.

[2] Que Pasa, Agosto 28, 1999: 62.Superintendencia de Administradoras de Fondos de Pensiones (SAFP). Boletı´n estadıstico mensual, Noviembre 1987;Diciembre 1998.



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MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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MUNDO

Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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