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Bolsonaro diz, Temer diz, blog diz, diz Folha – 09/11/2024 – Alexandra Moraes – Ombudsman

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Num espaço de dez dias, a Folha publicou três entrevistas com o ex-presidente Michel Temer. E, em três dias, distribuiu em cinco pedaços uma entrevista com o também ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente inelegível até 2030.

Em um determinado momento, fatias de “diz Bolsonaro” eram intercaladas com camadas de “diz Temer”, e a Folha oferecia ao leitor uma lasanha esquisita após a nova eleição de Donald Trump.

Publicadas com pouco mais de duas horas de intervalo, “Temer diz que não será vice de Bolsonaro pois já saiu da vida pública” e “Não acredito que eleição de Trump influencie o STF, diz Temer sobre caso Bolsonaro” se sucediam nos destaques da Folha. Eram resposta a “Bolsonaro diz que vitória de Trump é ‘passo importantíssimo’ para volta ao Planalto e cita Temer vice” e às especulações do bolsonarismo sobre tornar seu capitão candidato em 2026, que também circulavam pelo site do jornal. E essas declarações de Temer vinham na semana seguinte a uma outra entrevista, em que dizia que o governo Lula “não tem projeto para o país”.

Temer, segundo um dos textos gêmeos, “classifica de ‘brincadeira’ informações que circularam de que ele poderia ser vice de Bolsonaro caso ele revertesse sua inelegibilidade. ‘Achei esquisitíssimo’.”

Não foi só o ex-vice de Dilma que achou esquisitíssimo. Leitores do jornal também acharam —tanto o caso em si quanto a superexposição dele na Folha. A informação, ou especulação, sobre a suposta chapa bolsotemer circulara num blog dias antes e chegava ao jornal praticamente naquele instante contada pelo próprio Bolsonaro, instado a comentar o rumor.

A entrevista de Bolsonaro foi fatiada em cinco títulos e, por isso, ganhou sobrevida ao longo de três dias no site do jornal. O fatiamento de uma reportagem é uma via de mão dupla: se por um lado tem a tarefa pouco nobre mas importante de “render cliques”, por outro também pode facilitar a vida do leitor com textos menos longos e mais segmentados.

Mas o veneno, como sempre, é o excesso. Picado demais, o material soa repetitivo ou incompleto.

Bolsonaro, que desde que deixou o poder passou a falar com a Folha sem a animosidade característica de seu período no Planalto, conseguiu espaço e títulos para se derreter sobre seu “crush” em Donald Trump e reafirmar sua liderança na direita após a passagem do furacão Pablo Marçal. Aproveitou para desafiar o STF a devolver seu passaporte para ir à posse de Trump e para ventilar a fofoca que colocaria seu nome, mesmo inelegível, numa dobradinha para disputar a presidência já em 2026. Ele emenda um “não sei se é verdade ou não, eu não falo sobre esse assunto” para entregar o bilhete: “É o [Michel] Temer [MDB] de vice”.

O “estar na mídia” a que Bolsonaro se referia era o Blog do Esmael, que parece não ser exatamente íntimo dos leitores da Folha. E, até aquele momento, o papo de chapa bolsotemer tampouco havia aparecido no jornal.

A Folha lembrava o papel nada pequeno de Temer ao ter indicado Alexandre de Moraes ao STF e ao ter feito “ponte” com o ministro a favor de Bolsonaro em 2021. Mas teria sido útil um contexto menos sutil sobre os movimentos da mão do emedebista e os recados que Bolsonaro tentava empurrar.

“Essa história de Bolsonaro candidato a presidente e Temer vice é demais. Como dar título a uma história que é morta na origem? Se Bolsonaro não pode ser candidato, como Temer pode ser vice? Por que a Folha atiça esse tipo de coisa?”, pergunta um leitor.

“É lógico que há interesse público em saber como um dos maiores nomes da oposição enxerga o atual momento político. Mas disso para promover o discurso dele, na manchete, sem qualquer ponderação, é completamente absurdo”, diz outra leitora.

O jornal chegou a publicar um outro texto em que contextualizava como a ideia de redenção de Bolsonaro esbarrava em decisões improváveis e quanto ela tinha de pensamento mágico.

Mas, mais uma vez, o fatiamento prejudicava, sobretudo no site, a leitura do material como um todo. Numa história cheia de nuances e esquisitices como essa, seria importante tornar mais claro o contraditório e dosar melhor o pinga-pinga das declarações.

Deixar de noticiar a movimentação e as opiniões dos ex-presidentes, porém, não seria uma opção no jornalismo. No país em que a um dia todo-poderosa Lava Jato virou pó, é saudável não duvidar de nada (e duvidar de tudo).


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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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