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Brasil pode liderar na economia verde, diz pesquisador – 21/12/2024 – Ambiente

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6 meses atrásem
Giuliana Miranda
Em um momento em que o mundo busca aceleradamente alternativas mais sustentáveis de geração de energia e de produção industrial, o Brasil tem potencial para sair na frente e de se firmar como uma potência nessa nova ordem geopolítica.
A análise é do especialista em política climática Tim Sahay, codiretor do Net Zero Industrial Policy Lab, da Universidade Johns Hopkins nos EUA. A iniciativa tem o apoio da Open Society Foundations, do empresário George Soros.
Sahay é um dos autores de um novo relatório, a ser lançado em janeiro, que analisa as oportunidades e os desafios do Brasil no cenário da atual corrida tecnológica verde.
O documento concluiu que, além de uma matriz energética já com grande presença de renováveis, o país possui outros pontos a seu favor, como os chamados minerais críticos (necessários às baterias e a outros componentes); a experiência com a produção de biocombustíveis; e o potencial de produção de aço verde (feito com energia limpa).
Para tirar proveito de todo esse potencial, contudo, seria preciso afinar a política industrial brasileira, focando nos pontos onde o país pode ter mais sucesso.
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Tim Sahay foi um dos conselheiros da equipe econômica de Joe Biden na elaboração da Lei de Redução da Inflação, (IRA, na sigla em inglês), que previu cerca de US$ 369 bilhões em isenções fiscais e subsídios para tecnologia de energia limpa ao longo da próxima década.
Segundo ele, a chegada de Donald Trump ao poder e a possibilidade de reversão dos incentivos trazidos pelo pacote podem contribuir para gerar oportunidades na economia verde em outros países, como o Brasil.
Por que uma política industrial verde é tão importante para o Brasil?
Jair Bolsonaro removeu a política industrial da agenda de seu governo de 2019 a 2022. No entanto, globalmente, nesses mesmos anos, ela foi intensamente trazida para a discussão política, particularmente desde a pandemia.
Por exemplo, o FMI tem um observatório de política industrial que indica que governos aprovaram mais de 2.500 delas desde janeiro de 2023, principalmente nos setores verde e digital.
Essas políticas ajudam os países a capturar espaço e valor econômicos em um mercado em rápido crescimento. A Agência Internacional de Energia estima que a tecnologia limpa já responde por cerca de 10% do crescimento do PIB global este ano.
Os países em desenvolvimento têm que usar a política industrial para abocanhar uma fatia dessas novas cadeias de valor globais. Esse é o contexto em que o governo brasileiro está tentando desenhar sua política industrial, a NIB (Nova Indústria Brasil).
Nessa nova economia verde, os países em desenvolvimento podem evitar permanecer apenas como fornecedores de matérias-primas?
Os países em desenvolvimento atualmente são em grande parte exportadores líquidos de matérias-primas para cadeias de valor verdes, enquanto a maioria das etapas de valor agregado está sendo feita no Norte [Global].
Como os países em desenvolvimento podem usar inteligentemente as alavancas e os recursos que têm para subir na escala de valor? É aí que nosso relatório entra, mostrando países em desenvolvimento como o Brasil tentando se inserir nesse cenário global altamente competitivo.
Deve-se dizer que o Brasil está correndo atrás de uma posição de relativa fraqueza após três décadas de primarização. A participação da indústria no PIB do Brasil caiu de cerca de 35% em 1985 para menos de 13% atualmente.
O Brasil passou de produtor de aço para exportador de minério de ferro, de processador de óleo de soja para exportador de grãos de soja, de fabricante de roupas para exportador de algodão.
Quando Lula e o governo do PT chegaram, abriram uma grande conversa ‘nacional sobre como a política industrial deve ser feita. O governo iniciou uma nova agenda estratégica de industrialização para desenvolver fortes cadeias produtivas no país.
O que o relatório identificou de potencial para o Brasil?
Basicamente, percebemos que essa transição energética vai criar vencedores e perdedores. Os países que se tornarão importantes nessa nova ordem energética têm potencial solar e eólico, têm reservas de minerais críticos, recursos de biomassa, potencial para produzir hidrogênio.
E é aqui que o tamanho e os recursos do Brasil lhe dão o potencial para ser uma potência líder.
O Brasil tem capacidades com forte potencial e já produz e exporta bens manufaturados complexos. Olhamos para a rede [elétrica] limpa do Brasil, que pode fornecer uma base para a indústria intensiva em energia. Também olhamos para o capital humano, que tem um número considerável de patentes de tecnologia net zero.
Nossa principal conclusão é que o Brasil pode ser uma potência de primeira linha nessa nova ordem energética, logo atrás de China, EUA e Rússia. As escolhas que o Brasil fará afetarão o mundo todo.
Na sua avaliação, quais seriam as maiores oportunidades para o Brasil?
Acho que a principal oportunidade está no chamado powershoring. Este é um poderoso argumento desenvolvido por Jorge Abrahão, do CAF [Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe], e Rosana Santos, da E-plus.
Nos últimos 30 anos, a questão era “onde fabricar bem e barato?”. Para a maioria das empresas, a resposta era ir para o leste da Ásia. Mas agora, quando a questão muda para “onde fabricar bem, barato e com as menores emissões de carbono?”, então o país que se destaca é o Brasil, por causa de sua matriz elétrica 90% limpa e de seu enorme potencial limpo nessa nova ordem energética.
Indústrias de todo o mundo podem se realocar para a rede limpa do Brasil, posicionando bem o país para fazer todos os tipos de produtos intensivos em energia, em particular nas etapas de valor agregado que são muito intensivas em energia.
Quais são os maiores desafios que o país enfrenta para desenvolver seu potencial para a indústria verde?
É preciso fazer mais no desenho de política industrial, com avaliação atualizada de cadeias de valor globais altamente competitivas e de como inserir o Brasil nelas.
Por exemplo, o movimento do Brasil para a mineração de lítio tem que ser atualizado tendo em conta o colapso dos preços globais do lítio em 2023. Da mesma forma, os numerosos planos de exportação de hidrogênio verde, que foram severamente prejudicados pela falta de compradores. Assim, o Brasil deve estimular usos domésticos de hidrogênio em aço verde e fertilizantes verdes.
Em segundo lugar, os fundos alocados na Nova Indústria Brasil, totalizando aproximadamente US$ 60 bilhões, provavelmente serão pulverizados por muitas áreas.
Depois, não está claro quais serão os mecanismos de colaboração entre governo, empresas e especialistas independentes.
O que deve mudar com a volta de Donald Trump à Presidência dos EUA?
Trump disse que vai revogar o IRA [Lei de controle da inflação]. Quando a lei foi aprovada, muitos países reclamaram que os EUA estavam roubando empregos e investimentos. Agora, podemos pensar na situação contrária.
Trump é uma máquina de incertezas, o que pode ter um efeito paralisante nos investidores.
Nossa avaliação é que o IRA não será revogado por completo, porque o investimento em energia limpa é basicamente imparável nos EUA. Isso por causa da política, com muitos distritos republicanos se beneficiando desses investimentos.
Mas os EUA produzirão menos bens verdes, embora continuem a comprar e a demandar por eles. Então, isso cria uma grande oportunidade para países como o Brasil venderem peças e componentes.
Raio-X
Tim Sahay, 37
Especialista em política industrial verde, tem um doutorado em física pelo MIT. É co-diretor do Net Zero Industrial Policy Lab, na Universidade Johns Hopkins, e co-editor da newsletter The Polycrisis, sobre economia política climática. Nascido em Mumbai, na Índia, e radicado nos EUA, foi um dos conselheiros da equipe econômica de Joe Biden na elaboração da Lei de Redução da Inflação.
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MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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