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Clínica de reabilitação: o relato da minha internação – 28/10/2024 – Vida de Alcoólatra

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Alice S.

Você quer entrar ou conversar aqui junto com seus pais? Quero entrar. Sozinha. Não aguentava mais ver a cara de decepção dos dois. Dei um abraço, todos choramos e entrei na clínica. Fui direto para a enfermaria. Tire toda a roupa, garota. Ninguém foi muito simpático. A moça perguntou meu peso: está muito abaixo do que você disse.

Saí de lá de camisola. Todos os meus pertences foram guardados para uma revista posterior. Entrei no quarto que me foi designado e comecei a chorar. Me vi sozinha sem ninguém para me amparar. As janelas eram gradeadas e o chuveiro tinha um sensor para detectar a presença de algum fio ou cordinha.

Do quarto, escutei uma voz doce cantando uma música da Marisa Monte. Aquilo me intrigou e fui para a grade tentar descobrir de onde vinha e quem cantava. Nesse instante a porta se abriu e um enfermeiro entrou trazendo uma trouxa com minhas coisas. Tinha toda minha roupa. Meu sapato estava sem cadarço. Por precaução, né? Eles não querem que ninguém se mate. Ele veio me chamar porque ia ter início uma sessão do grupo de apoio.

Vesti a roupa que dava, peguei meu sapato com esparadrapo no lugar do cadarço e fui. O moço estava apressado, a atividade já ia começar.

Quando entrei, descobri de onde vinha o canto: era uma menina loira que vou chamar de Márcia. Ela me viu chorando e veio cantarolando em volta de mim: Por que você está chorando? O que está acontecendo? Depois percebi que ela estava em mania bipolar e não tinha ideia de onde estava e muito menos o que estava fazendo ali. Aceitei seus carinhos e continuei a chorar.

Ao contrário de Márcia, eu sabia exatamente onde estava e o que tinha acontecido comigo. Eu só pensava na minha família e nas pessoas que procuraram evitar que eu chegasse onde cheguei, a fim de não ser preciso entrar naquela clínica. Mas tudo foi em vão, eu estava na ativa total. Nada me parava, então não tinha jeito.

Clínicas são sempre um desafio. Desde os funcionários até os donos. É preciso muita empatia com a situação e nem sempre isso acontece. Acredito que por isso há tanta resistência dos familiares em deixar os doentes ness es lugares. Eu mesma presenciei situações chatas que não deveriam acontecer.

Nessa primeira internação, eu ainda tinha uma reserva de dinheiro e podia pagar. Depois de uma semana, achei que estavam tentando me trancafiar mais um pouco para poder lucrar, afinal as diárias custam muito caro. Fiquei furiosa, uma emoção que evidentemente uma paciente em recuperação não deveria experimentar.

Só consegui sair de lá graças a um médico que me deu um remédio chamado popularmente de antietanol. Com ele, é impossível beber. Na verdade até dá, mas a pessoa passa muito mal e muita gente vai parar no hospital. Isso porque o remédio não metaboliza o álcool.

Aquela clínica já fechou. Não sei o que aconteceu com o dono nem com os funcionários, mas me deu um alívio saber que aquele lugar não existe mais. Clínicas são importantes e ajudam muito, mas tem que ter cautela e pedir orientação médica para que sejam boas, que realmente ajudem. No meu caso, depois dessa, fui internada mais cinco vezes e todas elas foram boas.

Ainda bem. Nada pior do que estar em um estado de tristeza profunda e ainda cair nas mãos de pessoas que não te ajudam.


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Ufac recebe 3 micro-ônibus por emenda do deputado Roberto Duarte — Universidade Federal do Acre

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Ufac recebe 3 micro-ônibus por emenda do deputado Roberto Duarte — Universidade Federal do Acre

A Ufac recebeu três micro-ônibus provenientes de emenda parlamentar no valor de R$ 8 milhões, alocadas pelo deputado federal Roberto Duarte (Republicanos-AC) em 2024. A entrega ocorreu nessa quinta-feira, 13, no estacionamento A do campus-sede. Os veículos foram estacionados em frente ao bloco da Reitoria, dois ficarão no campus-sede e um irá para o campus Floresta, em Cruzeiro do Sul.

“É sem dúvida o melhor momento para a gestão, entregar melhorias para a universidade”, disse a reitora Guida Aquino. “Quero agradecer imensamente ao deputado Roberto Duarte.” Ela ressaltou outros investimentos provindos dessa emenda. “Serão três cursos de graduação na interiorização.”

Duarte disse que este ano alocou mais R$ 2 milhões para a universidade e enfatizou que os micro-ônibus contribuirão para mobilidade dos alunos e professores da instituição. “Também virá uma van, mais cursos que vamos fazer no interior do Estado do Acre, o que vai ajudar muito a população acreana. Estamos muitos felizes, satisfeitos e honrados em poder contribuir e ajudar cada vez mais no desenvolvimento da Universidade Federal do Acre, que só nos dá orgulho.”

 



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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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