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Comissão global propõe mudar diagnóstico de obesidade – 14/01/2025 – Equilíbrio e Saúde

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Patrícia Pasquini

Pesquisadores de diversos países, inclusive do Brasil, defendem uma reformulação no diagnóstico da obesidade. Segundo eles, o IMC (índice de massa corporal) não é confiável se for o único parâmetro para definir a doença. A métrica não é uma medida direta de gordura, não reflete sua distribuição ao redor do corpo e nem fornece informações sobre saúde e doença no nível individual, dizem.

A recomendação dos especialistas é que o método seja usado apenas como uma medida substituta de risco à saúde em nível populacional, para estudos epidemiológicos ou fins de triagem. Atualmente, são considerados com sobrepeso aqueles que têm IMC igual ou maior do que 25. Trata-se de obesidade qual o índice é igual ou acima de 30.

Na nova abordagem, além do IMC, deve-se considerar a análise do acúmulo de gordura corporal e componentes clínicos.

O assunto deu origem a um artigo da Comissão sobre Obesidade Clínica, publicado nesta terça (14), na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology.

A Comissão envolveu 58 representantes globais de especialidades como endocrinologia, medicina interna, cirurgia, biologia, nutrição e saúde pública, além de pessoas com obesidade. A discussão é endossada por 75 organizações médicas ao redor do mundo.

Para a análise de medição de gordura corporal e sua distribuição pelo corpo, a comissão recomenda um dos métodos abaixo:

  • Pelo menos uma medição do tamanho corporal (circunferência da cintura, relação cintura-quadril ou cintura-altura) em complemento ao IMC;
  • Ao menos duas medições do tamanho corporal, independentemente do IMC;
  • Medição direta da gordura corporal (por meio de densitometria óssea ou Dexa), independentemente do IMC;
  • Em pessoas com IMC muito alto —por exemplo, maior que 40—, pode-se presumir a presença de adiposidade.

Além disso, o grupo também propõe um novo modelo de diagnóstico de doenças relacionadas à obesidade, em que são utilizadas duas categorias: pré-clínica e clínica.

“Agora, obesidade é definida como o tamanho da pessoa. E o que nós fizemos foi defini-la como doença crônica e progressiva, com sinais e sintomas pertinentes”, diz Ricardo Cohen, coautor da publicação, chefe do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e presidente mundial da IFSO (Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos).

” E obesidade pré-clínica é aquela que não tem os sinais e sintomas. Apesar do IMC mais alto, do excesso de adiposidade, o paciente simplesmente tem um fator de risco [relacionado] à sua doença. E isso faz com que as estratégias para ele mudem. Quem tem obesidade clínica tem que ser tratado imediatamente. Quem tem a pré-clínica precisa passar por estratégias de prevenção, dependendo do seu risco”, afirma Cohen.

Os autores estabelecem 18 critérios de diagnóstico para obesidade clínica em adultos e 13 para crianças e adolescentes (vide abaixo).

Segundo Cohen, a nova metodologia é aplicável em qualquer lugar do mundo, mas os fatores de risco podem ser diferentes a depender da região. “Cada risco dos pacientes, na obesidade pré-clínica, por exemplo, difere de quem mora no Brasil e na Índia. A medicina hoje é de precisão, individualizada”, declara o pesquisador.

“A comissão global oferece um diagnóstico mais refinado e preciso do que significa viver com obesidade. Essa distinção é crucial, pois reconhece que nem todas as pessoas com excesso de gordura corporal possuem uma doença instalada no momento do diagnóstico. No entanto, muitas estão em risco e necessitam de acompanhamento adequado.”

O que dizem os especialistas

Para Paulo Augusto Carvalho Miranda, coordenador da Comissão Internacional da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), a junção de medidas antropométricas com uma análise clínica individualizada humaniza mais o diagnóstico e facilita a implantação de melhores protocolos de tratamento e de alocação de recursos.

“Esse é um documento internacional. Acho que o papel dos especialistas e das entidades governamentais do país seria se debruçar sobre esse tema e discutir mais profundamente para que possamos fazer um documento nacional que se adapte às nossas condições de recurso”, afirma o endocrinologista.

Na opinião de Cynthia Valério, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), a nova abordagem é um avanço.

“Contar apenas com o IMC para definir pessoas com obesidade é insuficiente e com limitações. Você deixa de tratar muitas pessoas e acaba tratando aquelas que não têm tanta indicação assim”, diz a médica.

Sobre os critérios para a definição de obesidade, a especialista propõe que sejam revistos e aprimorados.

“Algumas das definições são mais subjetivas ou, em alguns casos, insuficientes e que vão depender da avaliação clínica. E isso tem a ver também com a visão do médico em relação ao paciente. Enfim, não são critérios tão objetivos”, declara Valério.

IMC

A fórmula para medir o IMC nasceu graças ao matemático, astrônomo e estatístico belga Lambert Adolphe Quetelet, em 1832. Seu interesse não era em obesidade. Quetelet queria entender como as tendências probabilísticas se refletiam nas populações humanas e começou a estudar a relação entre altura e peso. A métrica foi adotada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) nos anos 1970.

Para calculá-lo, basta dividir o peso pela altura ao quadrado. Segundo a Abeso, o resultado pode ser classificado da seguinte forma:

Abaixo do normal: menor ou igual a 18,5 kg/m²

Normal: entre 18,6 e 24,9 kg/m²

Sobrepeso: de 25 a 29,9 kg/m²

Obesidade grau 1: 30 a 34,9 kg/m²

Obesidade grau 2: 35 a 39,9 kg/m²

Obesidade grau 3: maior ou igual a 40 kg/m²

Critérios de diagnóstico para obesidade clínica segundo nova publicação

Adultos

  • Sinais de aumento da pressão intracraniana, como perda de visão e/ou dores de cabeça recorrentes;
  • Apneia/hipopneia durante o sono;
  • Falta de ar e/ou chiado;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Fibrilação atrial crônica;
  • Hipertensão arterial pulmonar;
  • Fadiga crônica;
  • Trombose venosa profunda recorrente e/ou doença tromboembólica pulmonar;
  • Aumento da pressão arterial;
  • Altos níveis de triglicerídeos e baixos níveis de colesterol HDL;
  • Esteatose hepática não alcoólica;
  • Microalbuminúria com redução da TFG (taxa de filtração glomerular);
  • Incontinência urinária recorrente/crônica;
  • Ausência de ovulação, alteração do ciclo menstrual e síndrome dos ovários policísticos;
  • Hipogonadismo masculino;
  • Dor crônica e intensa no joelho ou quadril associada à rigidez articular e redução da amplitude de movimento articular;
  • Linfedema nos membros inferiores causando dor crônica e/ou redução da amplitude de movimento;
  • Limitações das atividades do dia a dia.


Crianças e adolescentes

  • Perda de visão e/ou dores de cabeça recorrentes;
  • Apneias/hipopneias durante o sono devido ao aumento da resistência das vias aéreas superiores;
  • Falta de ar e/ou chiado;
  • Aumento da pressão arterial;
  • Conjunto de hiperglicemia/intolerância à glicose com perfil lipídico anormal (níveis elevados de triglicerídeos ou colesterol LDL alto ou colesterol HDL baixo);
  • Aumento das enzimas hepáticas devido à doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica microalbuminúria tenal;
  • Incontinência urinária recorrente/crônica;
  • Síndrome dos ovários policísticos;
  • Dor recorrente/crônica ou tropeçar/cair devido a pé plano ou mau alinhamento das pernas;
  • Dor recorrente/crônica ou limitação de mobilidade devido adistúrbio assimétrico da tíbia que causa deformidade;
  • Dor aguda e/ou recorrente/crônica, ou limitação de mobilidade, ou tropeçar/cair devido a epífise capital femoral escorregada;
  • Limitações das atividades do dia a dia.



Leia Mais: Folha

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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta terça-feira, 21, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, a abertura do Fórum Permanente da Graduação. O evento visa promover a reflexão e o diálogo sobre políticas e diretrizes que fortalecem o ensino de graduação na instituição.

Com o tema “O Compromisso Social da Universidade Pública: Desafios, Práticas e Perspectivas Transformadoras”, a programação reúne conferências, mesas temáticas e fóruns de discussão. A abertura contou com apresentação cultural do Trio Caribe, formado pelos músicos James, Nilton e Eullis, em parceria com a Fundação de Cultura Elias Mansour.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino. Ele destacou o papel da universidade pública diante dos desafios orçamentários e institucionais. “Em 2025, conseguimos destinar R$ 10 milhões de emendas parlamentares para custeio, algo inédito em 61 anos de história.”

Para ele, a curricularização da extensão representa uma oportunidade de aproximar a formação acadêmica das demandas sociais. “A universidade pública tem potencial para ser uma plataforma de políticas públicas”, disse. “Precisamos formar jovens críticos, conscientes do território e dos problemas que enfrentamos.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou que o fórum reúne coordenadores e docentes dos cursos de bacharelado e licenciatura, incluindo representantes do campus de Cruzeiro do Sul. “O encontro trata de temáticas comuns aos cursos, como estágio supervisionado e curricularização da extensão. Queremos sair daqui com propostas de reformulação dos projetos de curso, alinhando a formação às expectativas e realidades dos nossos alunos.”
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Diêgo Madureira de Oliveira, da Universidade de Brasília, que abordou os desafios e as transformações da formação universitária diante das novas demandas sociais. Ao final do fórum, será elaborada uma carta de encaminhamentos à Prograd, que servirá de base para o planejamento acadêmico de 2026.
Também participaram da solenidade de abertura a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; o diretor do CCSD, Carlos Frank Viga Ramos; e o vice-diretor do CMulti, do campus Floresta, Tiago Jorge.



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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou a abertura dos Jogos Interatléticas-2025, na sexta-feira, 17, no hall do Centro de Convenções, campus-sede, e celebrou o espírito esportivo e a integração entre os cursos da instituição. A programação segue nos próximos dias com diversas modalidades esportivas e atividades culturais. A entrega das medalhas e troféus aos vencedores está prevista para o encerramento do evento.

A reitora Guida Aquino destacou a importância do incentivo ao esporte universitário e agradeceu o apoio da deputada Socorro Neri (PP-AC), responsável pela destinação de uma emenda parlamentar de mais de R$ 80 mil, que viabilizou a competição. “Iniciamos os Jogos Interatléticas e eu queria agradecer o apoio da nossa querida deputada Socorro Neri, que acredita na educação e faz o melhor que pode para que o esporte e a cultura sejam realizados em nosso Estado”, disse.

A cerimônia de abertura contou com a participação de estudantes, atletas, servidores, convidados e representantes da comunidade acadêmica. Também estiveram presentes o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, e o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara.

(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)

 



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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

Os kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues aos atletas inscritos nesta quinta-feira, 23, das 9h às 17h, no Centro de Convivência (estacionamento B), campus-sede, em Rio Branco. O kit é obrigatório para participação na corrida e inclui, entre outros itens, camiseta oficial e número de peito. A 2ª Corrida da Ufac é uma iniciativa que visa incentivar a prática esportiva e a qualidade de vida nas comunidades acadêmica e externa.

 



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