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Como as cidades Maias resistiram por séculos na floresta – 02/11/2024 – Ciência

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Jasmin Fox-Skelly

Quem dirige pelo asfalto da rodovia 269, que corta a península de Yucatán, no sudeste do México, jamais imaginaria sua existência. Uma densa floresta se estende por ambos os lados da estrada em grande parte da sua extensão, com eventuais trechos desmatados para criação de gado. No entanto, depois de uma curva inócua, perto do pequeno povoado de Dos Lagunas, uma cidade inteira se esconde.

Escondida sob um emaranhado de árvores, videiras e outras vegetações, cientistas descobriram uma extensa coleção de casas, praças, pirâmides de templos e até mesmo uma quadra usada para jogos com bola, que possui “características de uma capital política maia clássica”.

Os restos da cidade, a que os pesquisadores deram o nome de Valeriana, estão entre as 6.674 estruturas que eles encontraram espalhadas por todo o Estado de Campeche, no lado oeste da Península de Yucatán. Algumas das maiores plataformas podem até rivalizar com as pirâmides mais famosas de outros sítios arqueológicos maias.

A descoberta —feita por meio de uma técnica de mapeamento a laser chamada Lidar— levantou a perspectiva tentadora de que muitos outros vestígios da antiga civilização maia ainda podem estar à espera de serem encontrados.

Mas também revela algo extraordinário sobre o antigo mundo maia. Apesar do clima tropical úmido e do abraço envolvente da selva, muitas de suas construções ainda estão de pé 1.500 anos depois.

“Se você observar os modelos digitais de terreno produzidos pelo Lidar, pode ver os cômodos individuais das construções em que as abóbadas desabaram”, diz Luke Auld-Thomas, arqueólogo da Universidade Tulane e da Universidade do Norte do Arizona, nos EUA, que liderou a equipe que fez a última descoberta.

“Você pode ver as colunas ao longo da fachada das construções que eram usadas para atividades administrativas e voltadas para o público. Então, elas estão realmente em muito bom estado. Não é possível entrar nelas, mas muitas delas ainda têm paredes de pé e detalhes arquitetônicos muito bem preservados.”

Afinal, qual era o segredo dos antigos maias? Como sua famosa arquitetura resistiu à devastação do tempo?

Pesquisas recentes estão lançando luz sobre as técnicas usadas por seus construtores – e revelando a abordagem inovadora de seus pedreiros. Isso inclui a incorporação de materiais como borracha em argamassas para atuar como adesivo, e cinzas vulcânicas para aumentar sua resistência.

A antiga civilização maia surgiu em algum momento antes de 2000 a.C., em uma área que hoje compreende o sudeste do México, Guatemala, Belize e as partes ocidentais de Honduras e El Salvador.

Durante o Período Clássico da civilização maia, entre 250 e 900 d.C., os maias construíram imponentes templos piramidais, belos palácios e edifícios finamente decorados, adornados com esculturas intrincadas e máscaras esculpidas com ornamentos.

Exemplos notáveis incluem Chichén Itzá, um sítio arqueológico em Yucatán, no México, que ostenta em seu coração uma pirâmide de 30 metros de altura chamada Templo de Kukulcán. Há também o Templo 4, uma pirâmide de 65 metros de altura nas ruínas da antiga cidade maia de Tikal, na Guatemala moderna.

No passado, para descobrir uma cidade maia era preciso atravessar a selva densa, e cortar a vegetação com um facão. No entanto, tecnologias como o Lidar estão ajudando a revelar a extensão real dos vestígios dos antigos assentamentos maias.

Juan Carlos Fernandez-Diaz, engenheiro da Universidade de Houston, nos EUA, que estava envolvido no estudo mais recente, tem mapeado áreas na Mesoamérica —incluindo México, Guatemala, El Salvador e Honduras— com a tecnologia Lidar ao longo dos últimos 15 anos. Ele diz que, praticamente para onde quer que você olhe, é possível ver uma arquitetura maia bem preservada.

Entre as descobertas recentes, está a mais antiga e maior estrutura cerimonial maia, que foi descoberta no sítio arqueológico de Aguada Fénix, em Tabasco, no México, em 2020. A longa plataforma retangular elevada mede 1.400 metros de comprimento —e tem de 10 a 15 metros de altura. Ela foi construída com argila e terra entre 1.000 e 800 a.C., e provavelmente era usada para rituais cerimoniais.

Uma equipe separada usou a tecnologia Lidar para descobrir um enorme sítio arqueológico maia que se estende por aproximadamente 1.700 km² no norte da Guatemala. Os cientistas identificaram 1.000 assentamentos conectados por estradas que os maias provavelmente percorriam a pé.

“À medida que mapeamos cada vez mais Yucatán, sabemos basicamente que se você jogar um dardo no mapa, onde quer que o dardo caia, haverá algum tipo de infraestrutura maia”, diz Fernandez-Diaz.

Parte da razão pela qual estas descobertas estão de pé é que os antigos maias usavam pedras nas construções, material que não apodrece como a madeira. Mas eles também eram particularmente bons em fazer argamassa para evitar que suas estruturas de pedra se desintegrassem em pilhas de entulho.

Estudos mostraram que os antigos construtores maias usavam uma variedade de materiais naturais, como sangue, ovos e borracha natural obtida de árvores locais ao preparar a argamassa.

Por exemplo, em 2018, quando pesquisadores analisaram a argamassa retirada de pedras da pirâmide principal do sítio arqueológico de Witzinah, perto de Yucatán, no México, eles encontraram traços de gorduras saturadas típicas de borracha natural degradada.

Os pesquisadores acreditam que os pedreiros maias obtinham a borracha a partir de árvores locais, e a usavam como um aglutinante junto a uma argila de textura fina para criar uma argamassa durável para unir as pedras.

Um estudo separado, realizado em 2014, analisou amostras de argamassa do sítio arqueológico de Río Bec, no sudeste de Campeche, encontrando evidências de que os pedreiros maias adicionaram cinzas vulcânicas à mistura para reforçá-la.

Talvez ainda mais surpreendente do que suas estruturas de pedra, no entanto, seja a preservação de rebocos decorados que também foram descobertos em alguns locais.

Os cientistas sabem há algum tempo que os antigos maias sabiam como fazer gesso de cal, que eles usavam para revestir e proteger pisos internos ou superfícies de paredes, unir pedras e cobrir e decorar a superfície de construções de pedra.

Exemplos de construções revestidas de gesso com decorações intrincadas ainda podem ser vistas em Tikal e Copan, um antigo sítio arqueológico maia em Honduras, atualmente.

Em 2023, Carlos Rodriguez-Navarro, mineralogista da Universidade de Granada, na Espanha, decidiu descobrir como as esculturas e templos ornamentados revestidos com gesso de cal em Copan permaneceram em excelente forma, apesar de terem sido expostos a um ambiente tropical quente e úmido por mais de 1.000 anos.

Como parte do estudo, a equipe de Rodriguez-Navarro se encontrou com pedreiros locais da região —e perguntou sobre as técnicas que eles usavam para preparar argamassa de cal.

Os pedreiros, que são descendentes diretos dos antigos maias, contaram que costumam usar extratos de plantas e, principalmente, a seiva das árvores Chucúm e Jiote (Chaká) em sua mistura de cal.

Na sequência, os pesquisadores analisaram o gesso antigo do sítio arqueológico de Honduras – e prepararam uma réplica dele.

O processo de fabricação do gesso envolve a calcinação (decomposição por meio do aquecimento) de um material de rocha carbonática, como o calcário, usando altas temperaturas, antes de adicionar água à cal virgem resultante, formando uma pasta de cal que é misturada com areia. À medida que o material endurece, ele absorve dióxido de carbono do ar, retendo-o no cimento de calcita.

Os pesquisadores também seguiram o conselho dos pedreiros —e adicionaram seiva da casca das árvores Chucúm e Jiote à mistura. Eles descobriram que o gesso resultante era especialmente resistente e durável.

“Nós conseguimos replicar exatamente a estrutura, textura e propriedades mecânicas do material antigo”, diz Rodriguez-Navarro.

Os cientistas analisaram então o gesso original usando difração de raios X de alta resolução, uma técnica que permitiu que eles visualizassem o material em escala atômica.

Os resultados mostraram que moléculas do material orgânico da casca haviam sido incorporadas à estrutura molecular do gesso de cal durante o processo de endurecimento. De acordo com Rodriguez-Navarro, isso torna o material muito durável e resistente ao intemperismo físico e químico.

“É muito difícil quebrar o material, porque é um composto de materiais orgânicos e inorgânicos”, ele explica.

“Se você tentar quebrar a calcita puramente inorgânica, é muito simples – ela é frágil, você simplesmente bate nela, e ela entra em colapso. Mas se você incorporar os átomos orgânicos da seiva da árvore, você torna o material mais resistente. Então, a energia que você precisa gastar para quebrar esse material é muito, muito alta.”

A incorporação de matéria orgânica vegetal também torna o material mais insolúvel, o que impede que ele se dissolva na chuva —uma característica importante em áreas de clima tropical, que são frequentemente atingidas por furacões que trazem chuvas fortes.

Outros estudos em sítios arqueológicos como Ek’Balam, em Yucatán, no México, também descobriram que extratos de outra árvore —a Guazuma ulmfiolia— ajudaram a agir como um fixador para preservar as camadas de cor usadas no gesso de cal.

Existe, é claro, outra razão pela qual as ruínas de cidades maias abandonadas podem ter durado tanto tempo – a própria selva. Embora as árvores tenham dificultado a localização das ruínas, elas também as protegeram de serem saqueadas e de construírem sobre elas.

“Há partes do mundo onde as pessoas demoliram pirâmides para usar como aterro para estradas, ou porque elas estão no caminho de onde querem criar gado”, diz Auld-Thomas.

“No entanto, é difícil fazer isso quando há um zilhão de árvores no caminho.”

Os maias também transformaram a paisagem ao redor de seus assentamentos para ajudar a protegê-los da devastação da água. Auld-Thomas viu evidências disso no sítio arqueológico de Valeriana que ele ajudou a descobrir.

“Também fica em uma área amplamente modificada para a agricultura”, diz ele.

“A região é bastante montanhosa e, basicamente, todas as superfícies inclinadas que estão acima do nível das inundações sazonais são esculpidas em terraços, e completamente reformuladas para que as pessoas possam usá-las para cultivar alimentos e manter os pés secos durante a estação chuvosa.”

Será então que as sociedades modernas poderiam aprender alguma coisa com esses antigos construtores maias quando se trata de criar cidades que sejam resilientes às mudanças climáticas?

“O caso dos maias realmente mostra que é possível gerenciar a paisagem de forma a permitir que ela sobreviva e prospere por um milênio, mesmo em ambientes bastante extremos, onde não chove durante metade do ano, mas chove todos os dias na outra metade do ano”, diz Auld-Thomas.

Também poderíamos aprender com a escolha de materiais dos maias. O concreto armado encontrado na maioria dos edifícios modernos é forte o suficiente para sustentar arranha-céus enormes, mas eles não são construídos para durar.

A vida útil da maioria dos edifícios de concreto armado com aço é de cerca de 50 a 100 anos. Ao mesmo tempo, a produção de cimento é responsável atualmente por 8% das emissões globais de carbono – muito mais do que a aviação.

Alguns pesquisadores estão buscando alternativas à base de cal para o cimento. Atualmente, a produção de cal é uma grande fonte de emissões de dióxido de carbono, mas alguns cientistas estão pesquisando como obtê-la a partir de outras fontes, como subprodutos da indústria de papel, por exemplo, o que pode tornar o processo mais sustentável.

Usar o conhecimento dos antigos maias como fonte de inspiração pode ajudar a tornar esses materiais mais duráveis, diz Rodriguez-Navarro.

As argamassas de cal também podem atuar como um sumidouro de carbono, absorvendo dióxido de carbono do ar à medida que se remineralizam e endurecem em calcário.

“A cal está atraindo muita atenção como um possível material sustentável para a construção moderna”, acrescenta Rodriguez-Navarro.

“Além de absorver o CO2 durante a carbonatação, você obtém um material muito durável se acrescentar os aditivos orgânicos adequados.”



Leia Mais: Folha

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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