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como o Golfo se tornou um ‘eldorado’ para consultores

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Bloomberg — O caminho notoriamente difícil para obter promoções e o status de partner (sócio) em algumas das maiores empresas de consultoria do mundo pode, atualmente, passar pelo Oriente Médio.

Globalmente, o setor enfrenta uma desaceleração prolongada e cresceu apenas 3% para US$ 250 bilhões em 2023, segundo a Source Global Research, que foca em empresas de médio e grande porte.

No Golfo, a taxa de crescimento foi quatro vezes maior, à medida que os governos gastam trilhões em construção e M&As. Isso tem alimentado expansões de gigantes como McKinsey e Boston Consulting Group (BCG).

Na McKinsey, alguns executivos escolhem deliberadamente posições no Golfo, vendo-as como um trampolim para o avanço na carreira e para chegar ao cargo de sócio, disseram fontes próximas ao assunto ouvidas pela Bloomberg News.

A empresa emprega mais de 1.000 consultores no Oriente Médio, um número bem acima dos anos pré-pandemia, segundo essas pessoas.

No BCG, alguns líderes seniores estão baseados em Dubai, e a empresa conta com o fundo soberano da Arábia Saudita, com patrimônio de US$ 925 bilhões, como um de seus maiores clientes, disseram as fontes.

Leia mais: McKinsey: maior adoção de IA impulsiona consultoria em meio à queda do setor

A corrida para capitalizar sobre a riqueza do petróleo do Golfo, por outro lado, ocorre em um contexto de crescentes hostilidades entre Israel e outros países, como o Irã.

Além disso, os preços do petróleo bruto mantiveram-se em média em cerca de US$ 80 nos últimos dois anos, abaixo do patamar de US$ 100 alcançado em 2022.

Executivos disseram que entidades governamentais na região tornaram-se mais exigentes e começam a pressionar por fees de consultoria mais baixas.

A Arábia Saudita também cortou recentemente as previsões de crescimento e tem reduzido o trabalho em alguns de seus projetos ambiciosos, o que pode diminuir a demanda por consultores em algumas áreas.

Ainda assim, vários executivos seniores entrevistados pela Bloomberg News dizem que a indústria de consultoria é uma das mais resilientes do mundo no Golfo Pérsico.

É um jogo simples: os consultores prosperam ao trabalhar muito de perto com os governos do Oriente Médio, oferecendo conselhos durante os períodos de crescimento e propostas de reestruturação em tempos de retração.

“Por trás de cada grande projeto no Golfo há uma equipe de consultoria”, disse Hagop Panossian, professor na Universidade Americana de Beirute, que observa muitos novos graduados que conseguem empregos bem remunerados no setor.

O modelo de Dubai

Para a McKinsey e o BCG, a região está entre as mais fortes globalmente em receita e rentabilidade, segundo fontes que preferiram não comentar sobre assuntos confidenciais.

O BCG tem nomes influentes, como Saleh Al-Ateeqi, que ingressou na empresa em 2023, vindo da Kuwait Investment Authority, onde liderou o braço de Londres por quatro anos, e Ihab Khalil, com vasta experiência em fundos soberanos e investidores regionais.

O BCG também emprega mais de 1.000 consultores na região, disseram as fontes.

Representantes da McKinsey se recusaram a comentar. O BCG não respondeu a um pedido de comentário.

A demanda continua, com algumas empresas de consultoria alocando funcionários para compor departamentos inteiros em entidades sediadas no Oriente Médio, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

A atividade prossegue apesar do aumento da violência na região. Um executivo disse que o conflito ainda não teve um grande impacto, e as entidades continuam com os planos de investimento, embora uma escalada possa afetar o ambiente de negócios.

Como resultado, a remuneração inicial para consultores nas capitais do Golfo pode superar a de Londres, mesmo sem ajuste para impostos.

Em Riad, uma cidade que expatriados há muito evitam devido às normas sociais rígidas, novos recrutas no BCG podem garantir um salário mensal livre de impostos de cerca de US$ 10.000, superior ao salário base médio listado no Glassdoor para associados nos EUA na mesma empresa, segundo algumas das fontes.

A dependência de conhecimento externo tem sido uma característica da transformação da região há anos. O exemplo mais proeminente talvez seja Dubai, o centro de negócios do Oriente Médio.

Leia mais: De júnior a sócio: gigantes da consultoria usam IA para acelerar a carreira até o topo

A cidade contou com consultores para desenvolver projetos como a icônica ilha artificial Palm Jumeirah, disse Jim Krane, pesquisador do Baker Institute for Public Policy da Universidade Rice, em Houston.

A Palm agora está no centro do boom imobiliário de luxo da cidade, atraindo bilionários de todo o mundo. Quando o emirado reviveu um projeto semelhante anos depois de ser suspenso, compradores fizeram fila por casas de milhões de dólares.

Embora Dubai tenha iniciado sua transformação décadas atrás, a Arábia Saudita está no meio de seu próprio ciclo de mudanças econômicas e sociais.

Outras cidades nos Emirados Árabes Unidos também estão ampliando planos ambiciosos, o que pode significar mais negócios para as empresas de consultoria.

Transição econômica

Um objetivo estratégico é o avanço em inteligência artificial. Emirados Árabes e Arábia Saudita estão investindo bilhões para desenvolver expertise em semicondutores, IA e gestão de dados.

Algumas dessas ambições têm atraído atenção nos EUA, onde autoridades estão preocupadas com os laços da região com a China.

Ainda assim, as empresas de consultoria estão ampliando suas operações em tecnologia.

Por exemplo, o chefe da Oliver Wyman Quotient — lançado em junho como uma oferta global que combina a expertise e ferramentas de IA da empresa — está sediado no Oriente Médio.

“Para nós, essa região é uma das nossas mais fortes globalmente”, disse Nick Studer, CEO da Oliver Wyman, em uma entrevista. No entanto, a empresa é “cuidadosa com os trabalhos que assumimos, então, em uma região que pode ser contenciosa, avançamos com cautela”, afirmou ele.

Consultoras menores como a AT Kearney e Roland Berger também têm aumentado suas atividades no Golfo.

O clima na região contrasta com a retração pós-pandemia em outras partes do mundo, onde empresas agora têm de cortar funcionários devido à falta de transações.

Embora a receita de consultoria no Oriente Médio ainda represente uma fração do total global, a Source Global Research estima que o mercado de US$ 5,4 bilhões expandiu 13% no ano passado.

“Um dos principais motivos pelos quais essas organizações estão em alta no Oriente Médio é que ainda existem muitos projetos especulativos em andamento como parte da transformação econômica do Golfo para além do petróleo”, disse Ryan Bohl, analista sênior do Oriente Médio e Norte da África na consultoria Rane Network.

Governos com trilhões de dólares em fundos soberanos estão contando com consultores para traçar estratégias econômicas para a era pós-petróleo.

Eles contrataram empresas para aconselhar sobre os planos para o projeto de US$ 1,5 trilhão no deserto, Neom, e ajudaram a moldar a turnê de golfe LIV Golf, apoiada por Riad.

Conforme as empresas buscam a região, elas competem por uma fatia do mesmo mercado. Algumas estão até mesmo realizando trabalhos de curto prazo gratuitamente, na esperança de que isso leve a projetos mais longos, disse uma fonte.

Os consultores também receberam críticas mistas localmente por seu trabalho. “Embora tenham ajudado a melhorar a imagem dos países do Golfo, alguns ajudaram a conceber escolhas excessivamente exuberantes”, disse Krane da Universidade Rice.

Ainda assim, muitos apostam que as agências governamentais no Golfo agora dependem tanto dos consultores que as empresas continuarão a ver negócios sendo direcionados a elas.

Com foco em seus orçamentos, Riad já está discutindo um novo plano de transformação econômica chamado Vision 2040.

“Ainda que haja rumores de que a Arábia Saudita pretende reduzir alguns desses projetos, o imperativo estratégico permanece”, segundo Bohl, da Rane Network. “Acredito que seria um erro para essas organizações não levarem a sério seus planos aspiracionais.”

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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MUNDO

Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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