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Dentro do último hospital em funcionamento em Cartum, Norte do Sudão | Notícias da guerra no Sudão

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Longe dos corredores movimentados do Hospital Bahri, o único hospital em funcionamento que resta na cidade de Cartum Norte, no Sudão, Alsuna Issa está sentada na beira de uma pequena cama ao lado de seu filho pequeno em um quarto de paciente.

O menino, Jaber, vestido com jeans surrados e uma camiseta do Homem-Aranha que roça sua barriga dilatada, está desnutrido.

Sob o zumbido dos ventiladores do hospital, pacientes em situações semelhantes aguardam sua vez, na esperança de serem atendidos em tempo hábil. um país cambaleando de mais de 18 meses de luta entre o exército e os paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF).

Alsuna Issa levou seu filho Jaber ao hospital depois que ele sofreu febre e diarréia durante dias e ela não conseguiu encontrar um hospital funcionando perto de sua casa (Screengrab/Al Jazeera)

O único hospital que resta em Cartum Norte

O hospital fica na parte norte da cidade, recentemente retirado do controlo da RSF pelo exército sudanês no final de Setembro – que o capturou nos primeiros meses da guerra no ano passado – numa das três cidades que constituem a capital nacional do Sudão. região de Cartum.

Devido aos repetidos ataques a instalações de saúde durante o conflito no Sudão, é o único hospital que resta na cidade depois de mais de 100 ataques a instalações de saúde desde Abril do ano passado, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Issa levou seu filho Jaber ao hospital depois que ele sofreu febre e diarréia durante dias e ela não conseguiu encontrar um hospital em funcionamento perto de sua casa.

“Ele está vomitando e seu estômago está distendido. Fizeram-lhe exames e descobriram que tem malária e uma infecção estomacal… mas não há hospitais perto de mim. Então eu o trouxe aqui e ele foi internado”, disse a jovem mãe perturbada à Al Jazeera.

Os médicos dizem que centenas de pacientes chegam diariamente, inclusive de áreas controladas pela RSF na cidade, com necessidades que vão desde cirurgias até cuidados nutricionais para crianças.

Mas chegar a este hospital não é fácil.

“Moramos longe, voltar para casa é difícil. Às vezes há combates ou bombardeios de artilharia, então temos que nos esconder na casa mais próxima.

“Às vezes o hospital fica muito lotado, então temos que voltar no dia seguinte”, disse um paciente, Iqbal Ali, à Al Jazeera.

Outro paciente, Karima Ikram Ahmed Adam, disse: “Quando alguém fica doente… eles vêm carregando-o num carrinho de mão ou num burro, se possível”.

A deterioração da situação de segurança forçou mais de 11 milhões de pessoas a abandonarem as suas casas, segundo o governo do Sudão.

Esta deslocação afetou os profissionais de saúde, levando à escassez de pessoal médico e contribuindo para o encerramento de hospitais.

Karima Ikram Ahmed Adam pede ajuda internacional
Karima Ikram Ahmed Adam pede ajuda internacional (Screengrab/Al Jazeera)

‘As pessoas estão simplesmente morrendo e morrendo’

De acordo com o Dr. Hadeel Malik, diretor de emergência de saúde do Hospital Bahri, a disponibilidade de recursos médicos também foi criticamente baixa durante a guerra.

“A questão dos abastecimentos tem sido um problema desde o início do conflito. Este ainda é o caso nas áreas sob o controlo da RSF. Às vezes, os suprimentos médicos desaparecem antes de chegar aos nossos hospitais”, disse Malik à Al Jazeera.

“Tememos pela segurança dos nossos trabalhadores porque a RSF deteve, no passado, profissionais de saúde”, acrescentou.

Mailk acrescentou que sob o controlo da RSF durante o último ano e meio, as condições de saúde na área eram “muito, muito más”, mas a situação está muito melhor agora, mesmo que ainda crítica.

“O que encontramos foi muita devastação, destruição severa e grandes roubos em todos os centros e instalações de saúde”, disse Malik.

Dr. Hadeel Malik, diretor de saúde de emergência do Hospital Bahri
Dr. Hadeel Malik, diretor de saúde de emergência do Hospital Bahri (Screengrab/Al Jazeera)

Malik fez parte de uma equipe que criou mais de 23 centros de saúde em Cartum Norte em resposta ao ano passado.

Para Adam, o paciente do hospital, ter o apoio da comunidade tem sido essencial para compensar cuidados de saúde inadequados.

“Por Deus, se há alguém no nosso bairro que está doente, todos, as pessoas e os vizinhos, unem-se e apoiam-se uns aos outros”, disse ela.

“Não é possível administrar a menos que toda a vizinhança se reúna porque… a situação é crítica.”

Hospital Bahri (Screengrab/Al Jazeera)
Hospital Bahri (Screengrab/Al Jazeera)

Adam instou a comunidade internacional a enviar ajuda em meio à terrível situação do país.

“As pessoas estão simplesmente morrendo e morrendo, e nenhuma ajuda chegou até nós até agora”, disse ela.

“Por isso, peço que a ajuda chegue até nós, que os medicamentos cheguem até nós, porque o número de crianças doentes é esmagador.”

Hospital Bahri (Screengrab/Al Jazeera)
Hospital Bahri (Screengrab/Al Jazeera)



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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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