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Diego Garcia continua sendo um segredo obscuro anglo-americano no Oceano Índico | Opiniões

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Quando os governos das Maurícias e do Reino Unido emitiram uma declaração conjunta no início deste mês de que tinham “alcançado um acordo político histórico sobre o exercício da soberania sobre o Arquipélago de Chagos” após uma longa disputa de meio século e dois anos de negociações diretas, Joe Biden supostamente foi “a ponto de ‘aplaudir’ (o acordo) minutos após o anúncio!”

O presidente dos Estados Unidos tem todos os motivos para estar satisfeito.

Afinal de contas, de acordo com este tão elogiado acordo, o domínio britânico sobre as cerca de 60 ilhas pequenas e desabitadas do arquipélago chegará ao fim, mas não haverá alteração no estatuto da sua ilha principal e mais a sul, Diego Garcia, que está hospedando uma vasta e secreta base da Marinha dos EUA.

Como parte do acordo, as Maurícias, que conquistaram a independência da Grã-Bretanha em 1968 depois de abandonar a sua reivindicação de soberania sobre Chagos, concordaram que permitiria que a base dos EUA continuasse a operar em Diego Garcia durante os próximos 99 anos – renováveis. Ao abrigo do acordo, os chagossianos, que foram exilados do arquipélago nas décadas de 1960 e 1970 para dar lugar à base dos EUA, são autorizados a regressar às ilhas mais pequenas de Chagos – mas ainda não têm permissão para aceder livremente a Diego Garcia ou aí reinstalar-se.

Embora o acordo não satisfaça as Nações Unidas, que há muito apelam à descolonização “completa” do arquipélago, ou os chagossianos, que queriam “regressar a casa” sem quaisquer condições ou exclusões, a Casa Branca está compreensivelmente aliviada por um acordo foi alcançado entre o Reino Unido e as Maurícias que permite aos EUA manter as instalações militares que utilizam há mais de 50 anos.

Diego Garcia está localizado no meio do Oceano Índico, estrategicamente posicionado entre a Ásia e a África. A base pode estar a milhares de quilómetros de Washington, mas está a uma curta distância do Médio Oriente e proporcionou aos EUA uma vantagem importante durante muitas crises que ameaçam os interesses dos EUA naquela região e em torno dela.

Após a revolução islâmica do Irão em 1979, que derrubou o Xá e redesenhou o mapa global de alianças, por exemplo, Diego Garcia sofreu a maior expansão de qualquer localização militar dos EUA desde a Guerra do Vietname. Mas a base tem sido a mais movimentada logo após os ataques da Al-Qaeda em 11 de Setembro de 2001. Poucas semanas após os ataques, a base expandiu-se ainda mais e acolheu mais 2.000 militares da Força Aérea.

Durante a subsequente chamada “guerra ao terror”, centenas de indivíduos foram capturados, transportados por todo o mundo e interrogados em prisões secretas sob os auspícios da CIA, mas sem supervisão legal. Sabemos agora que Diego Garcia também desempenhou um papel neste eufemisticamente denominado “programa de entregas extraordinárias”.

Durante anos, porém, tanto as autoridades americanas como britânicas negaram que a base alguma vez tenha acolhido, mesmo que de passagem, quaisquer detidos da “guerra ao terror”.

Quando questionado por membros do parlamento em 2004, o então secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Jack Straw, afirmou que “as autoridades dos Estados Unidos garantiram-nos repetidamente que nenhum detido passou em qualquer momento em trânsito por Diego Garcia”. Num debate de 2005, afirmou ainda que “a menos que todos comecemos a acreditar em teorias da conspiração (…) simplesmente não há verdade nas alegações de que o Reino Unido esteve envolvido em entregas (…)”.

Contudo, em 2007, Dick Marty, um antigo procurador suíço nomeado perito pelo Conselho da Europa, relatou que tinha “recebido confirmações concordantes de que agências dos Estados Unidos usaram o território insular de Diego Garcia (…) no ‘processamento’ de detidos de alto valor”. Alguns meses mais tarde, o relator especial da ONU sobre a tortura, Manfred Nowak, revelou que ele também tinha provas obtidas que Diego Garcia foi utilizado para a “detenção” de suspeitos de “terrorismo”.

No início de 2008, o antigo director da CIA, Michael Hayden, disse que informações anteriormente “fornecidas de boa fé” ao Reino Unido “revelaram-se erradas”. Os EUA lamentaram este “erro administrativo”. As autoridades britânicas tiveram de admitir que as garantias dadas por Straw eram incorrectas e admitiram que “dois voos tinham reabastecido em Diego Garcia, embora nenhum dos suspeitos tivesse desembarcado”. Mais tarde, porém, tornou-se óbvio que a ilha desempenhava um papel muito mais significativo no programa e que o Reino Unido sabia tudo sobre isso.

Quando o comité de inteligência do Senado dos EUA investigou mais aprofundadamente o envolvimento da base naval da ilha no “programa de entregas extraordinárias”, diplomatas do Reino Unido realizaram mais de 20 reuniões com membros do Senado para fazer lobby para que qualquer papel britânico não fosse divulgado. O relatório confidencial do Senado concluiu, no entanto, que o programa de rapto e tortura dos EUA foi estabelecido com a “total cooperação” de Londres.

Mais tarde, desesperado para evitar qualquer responsabilização sobre o assunto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido alegou que os documentos que expunham o conhecimento britânico das práticas de Diego Garcia tinham sido perdidos devido a “danos causados ​​pela água”. Os Liberais Democratas, um partido de oposição política britânica, no entanto, disseram ter encontrado provas de que o próprio governo destruiu sistematicamente os registos de voo de Diego Garcia. A ONG de ação legal, Reprieve, zombou que “o governo poderia muito bem ter dito que o cachorro comeu o dever de casa”.

Embora o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos tenha condenado vários dos seus países membros por conluio em técnicas de interrogatório reforçadas que envolvem tortura em “locais negros”, nem o sistema de justiça americano nem o britânico processaram um único indivíduo pelas suas ações.

A localização remota única de Diego Garcia permitiu que os EUA e o seu proprietário britânico protegessem as suas operações dos olhos do público global durante décadas. O território, sob a soberania britânica, permaneceu um símbolo do colonialismo contínuo na região. E a base dos EUA ali prejudicou não só os chagossianos, que foram expulsos à força das suas casas para lhe dar lugar, mas todos os que foram afectados pelas acções do Ocidente no rescaldo do 11 de Setembro.

Assim, ao contrário da narrativa oficial, o recente acordo entre o Reino Unido e as Maurícias não defende o “estado de direito internacional” e marca uma vitória para os chagossianos – pelo contrário, permite que o véu do segredo mantenha sem julgamento os erros cometidos durante a “guerra ao terror”. ”. O acordo, independentemente da forma como é vestido e apresentado, corrói ainda mais a credibilidade ocidental e sublinha as deficiências da diplomacia em controlar os excessos das potências predominantes.

As opiniões expressas neste artigo são do próprio autor e não refletem necessariamente a posição editorial da Al Jazeera.



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MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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