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DNA de vítimas do Vesúvio congeladas no tempo desfaz mitos – 09/11/2024 – Ciência

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Reinaldo José Lopes

Análises do DNA de pessoas “congeladas no tempo” pela destruição da cidade romana de Pompeia, no ano 79 d.C., estão desfazendo uma série de mitos sobre a relação entre vítimas da catástrofe, causada pela erupção do vulcão Vesúvio.

O rápido dilúvio de material vulcânico na cidade preservou o corpo de vários habitantes em “moldes” semelhantes ao formato que eles tinham quando vivos. A descoberta de uma criança “no colo” de um adulto, por exemplo, fez com se imaginasse que eram mãe e filho ou filha, enquanto corpos que pareciam de mulheres foram interpretados como duas irmãs.

Os dados genômicos, porém, revelam um retrato bem mais complicado da tragédia, além de trazer pistas sobre a diversidade étnica do mundo romano. É o que mostra o estudo que saiu na última quinta (7) na revista especializada Current Biology, assinado por pesquisadores na Itália, nos Estados Unidos e na Alemanha.

A equipe, liderada por David Caramelli, da Universidade de Florença, David Reich, da Universidade Harvard, e Alissa Mittnik, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionista, trabalhou com os restos mortais de 14 indivíduos, que já tinham sido estudados por meio de tomografia computadorizada. Essas análises anteriores tinham revelado que a aparente conservação exata dos contornos corporais dos mortos de Pompeia não era tão precisa assim.

Quando a cidade começou a ser redescoberta depois de ter ficado esquecida por mais de um milênio e meio, os restos mortais que iam sendo encontrados estavam, muitas vezes, preservados pela deposição de pequenas pedras e cinza vulcânica em cima do corpo, como se fossem bonecos de argila.

No século 19, o arqueólogo Giuseppe Fiorelli criou uma técnica na qual gesso líquido era introduzido dentro desses “bonecos”. A ideia era que o gesso tomaria o lugar dos tecidos moles (já decompostos) do corpo das vítimas, preservando o formato original dos defuntos.

O problema é que a tomografia revelou que, nesse processo, vários ossos dos mortos acabaram sendo removidos. E houve até casos de introdução de barras de metal para “melhorar” o formato do corpo. Não há mais esqueletos completos dentro do gesso moldado, o que complica muito o estudo das vítimas com base apenas nos ossos.

A equipe internacional, apesar de tudo isso, conseguiu obter ao menos parte do DNA de cinco dos indivíduos preservados. Não há dúvida de que o material genético é mesmo deles, porque apresenta um padrão de fragmentação e alterações químicas que só está presente quando o DNA se degrada durante muitos anos após a morte de um organismo.

Todos os cinco indivíduos cujo DNA foi “lido” são do sexo masculino. Três deles vêm da chamada Casa do Bracelete Dourado, dois da Casa do Criptopórtico e um deles da chamada Quinta dos Mistérios (nesse caso, da antiga zona rural próxima a Pompeia, e não da cidade propriamente dita).

É da Casa do Bracelete Dourado que vêm os supostos corpos da mãe com o filho no colo. O indivíduo com a criança usava a joia que empresta seu nome à residência, o que parecia reforçar sua identificação como pertencente ao sexo feminino. Achava-se também que o outro adulto do grupo seria o pai.

A criança, que talvez tivesse uns cinco anos de idade, era um menino, indicou o DNA, assim como a pessoa em cujo colo ela estava. Além disso, o genoma não sugere um parentesco próximo entre nenhuma das pessoas que morreram na casa –ninguém ali chegava a ser nem primo de primeiro grau um do outro.

Já na Casa do Criptopórtico (assim chamada por causa de um corredor subterrâneo que levava a uma espécie de sauna romana), a dupla de vítimas, uma com a cabeça na barriga da outra, costumava ser considerada como duas irmãs, mãe e filha adulta ou um casal. Foi possível demonstrar, porém, que ao menos um dos indivíduos era do sexo masculino. Na Quinta dos Mistérios, que era adornada com pinturas dos rituais sacros (chamados de “mistérios” na Antiguidade) em honra ao deus Baco, o morto também era um homem.

A análise dos genomas mostrou ainda que todos os indivíduos eram, em grande parte, descendentes de pessoas vindas do Mediterrâneo Oriental, a leste da Itália, com destaque para contribuições genéticas da atual Turquia, do Levante (Israel, Palestina, Líbano e Síria de hoje) e, em menor grau, da Grécia e do norte da África.

Nos casos em que foi possível obter dados sobre genes associados à aparência física, os pesquisadores identificaram uma alta probabilidade da presença de olhos e cabelos escuros e, em pelo menos um dos casos, pele relativamente escura também.

“O estudo reforça a natureza diversificada e cosmopolita da população de Pompeia, refletindo padrões mais amplos de mobilidade e trocas culturais dentro do Império Romano”, resumiu Mittnik.

A cidade, localizada no litoral do sul da Itália, recebia tanto comerciantes quanto romanos ricos que ali construíam casas luxuosas de veraneio. Por isso, faz sentido que ela abrigasse tanto endinheirados dos vários cantos do império quanto uma população de escravos e trabalhadores das mais diversas origens.



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Homem salva desconhecida atacada por tubarão; pulou no mar

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O abraço emocionante, que uniu a mãe e a menina que recebeu o coração da filha dela, em Ohio (EUA), misturou amor e gratidão. - Foto: Cleveland Clinic

“Aqui não é notícia quem mata, mas quem salva. Não quem rouba, mas quem é honesto. Não quem agride, mas aquele que faz boas ações. Não noticiamos tragédias, só casos com final feliz. Em vez de preconceito, damos histórias de superação.”

Rinaldo de Oliveira; Fundador do SóNotíciaBoa



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Relacionamentos dão mais felicidade que dinheiro, fama ou conquistas profissionais, revela pesquisa

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A noive, usando um vestido, se casou a 2.400 de altura nos Alpes Franceses. Que lindo! - Foto: SWNS

Depois de quase 80 anos acompanhando centenas de pessoas, pesquisadores de Harvard chegaram a uma conclusão surpreendente: o segredo da felicidade não está no dinheiro nem no sucesso, mas sim em manter relacionamentos ao longo da vida.

Esse é o principal achado do Estudo de Desenvolvimento Adulto de Harvard, a pesquisa mais longa já feita sobre felicidade e saúde mental. Os participantes que mantiveram vínculos fortes com amigos, familiares e parceiros não só foram mais felizes, como também viveram mais.

“A mensagem mais clara que obtemos deste estudo de 75 anos é esta: Bons relacionamentos nos mantêm mais felizes e saudáveis. Ponto final”, disse Robert Waldinger, autor do estudo, em uma entrevista divulgada pelo The New York Times na semana passada.

Estudo longo

Iniciado em 1938, o Estudo de Harvard acompanhou centenas de voluntários ao longo de décadas.

Muitos envelheceram, alguns partiram, mas o que permaneceu foi o padrão entre eles: a importância de se relacionar bem com alguém.

Aqueles com relacionamentos saudáveis, sejam amorosos, familiares ou de amizade, tinham um maior bem-estar físico e emocional.

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Felicidade nas pequenas coisas

Para a cientista Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia, o segredo está nas relações humanas.

Os estudos de Sonja, assim como os de Robert, apontam que pequenos gestos de gratidão ou generosidade podem fazer a diferença.

“Quando escrevo uma carta de gratidão para minha mãe, isso me faz sentir mais conectada a ela. Quando pratico um ato de gentileza, isso me faz sentir mais conectada à pessoa que estou ajudando, ou simplesmente à humanidade como um todo. Sim, você poderia correr, e isso te deixaria mais feliz … Mas eu diria que 95% das coisas que são eficazes para fazer as pessoas felizes e que se mostraram verdadeiras por meio de intervenções para a felicidade são porque elas fazem as pessoas se sentirem mais conectadas umas às outras.”

Pequenas trocas, grandes impactos

Mesmo interações rápidas com desconhecidos, como trocar palavras com alguém no ponto de ônibus ou na fila do mercado, são capazes de melhorar o humor.

Segundo uma pesquisa da Universidade de Chicago, não se pode subestimar o poder dos pequenos momentos.

De acordo com os cientistas, pequenas trocas podem gerar grandes impactos.

Outro dado interessante vem da psicóloga Julia Roher, do Instituto Max Planck.

As pesquisas dela apontam que quem coloca como meta passar mais tempo com amigos e família, têm aumento maior na satisfação com a vida do que aquelas focadas em carreira ou dinheiro.

Pense nisso!

Se você quer ser mais feliz, passe a cultivar relacionamentos. – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil



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Vovó de 82 anos quebra recorde mundial e entra no Guinness: 5 minutos de prancha abdominal; vídeo

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A noive, usando um vestido, se casou a 2.400 de altura nos Alpes Franceses. Que lindo! - Foto: SWNS

Quero chegar aos 82 anos assim. Essa vovó entrou para o Guinness Book após bater o recorde mundial de prancha abdominal. Ela segurou incríveis 5 minutos e 20 segundo na manobra, coisa que muito jovem não consegue fazer.

Sarah Blackman é dos Estados Unidos, moradora de Massachusetts. Ela conta que começou a se exercitar apenas para ter um tempo dedicado a si mesma e ficou impressionada com a habilidade que desenvolveu.

“Estou impressionada comigo mesma e foi algo que eu não esperava”, disse ela, “mas acho que estou mais confiante.” O recorde anterior era de Annie Judis, de 80 anos, que ficou na prancha por 3 minutos.

O começo de tudo

Sarah começou a se exercitar e fazer prancha apenas para fortalecer os músculos, manter a atividade física e sentir-se bem.

A vovó procurou um personal trainer para orientá-la e, desde então, apaixonou-se pelos exercícios físicos, principalmente a abdominal na prancha.

“Meu neto também tenta fazer prancha, felizmente ainda consigo vencê-lo”, brincou a idosa.

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Rotina de exercícios

Sarah treina há dois anos e procurou a atividade física depois que o marido, Arthur Wade Blackman Jr., morreu.

Como ela aprendeu? “Vince (personal trainer) me apresentou à prancha e ele fazia isso ao mesmo tempo do que eu”, afirmou a vovó, segundo o Guinnness Records.

Segundo Sarah, após um tempo fazendo exercícios físicos, nem o preparador dela acreditou nos resultados.

“Quando chegou a hora de eu fazer por quatro minutos, ele decidiu que ou havia algo errado com ele ou talvez eu fosse melhor do que ele pensava.”

Sarah Blackman, uma vovó de 82 anos dos EUA, bate o recorde mundial de abdominal na prancha ao fazer o exercício físico por mais de 5 minutos. Já está no Guinness Book! Foto: Guinness Records Sarah Blackman, uma vovó de 82 anos dos EUA, bate o recorde mundial de abdominal na prancha ao fazer o exercício físico por mais de 5 minutos. Já está no Guinness Book! Foto: Guinness Records

Veja o vídeo da vovó que faz 5 minutos de prancha abdominal:



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