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EUA estão envolvidos na perseguição do STF a Marcel van Hattem
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Em abril, o Public e a Gazeta do Povo publicaram os Twitter Files Brasil, que revelaram exigências do Supremo Tribunal Federal (STF) para que jornalistas independentes e legisladores, incluindo o deputado liberal de 38 anos Marcel Van Hattem, fossem banidos não apenas do Twitter, hoje X, mas de todas as plataformas de redes sociais.
O ministro do STF Alexandre de Moraes, o mesmo que baniu temporariamente o X e congelou as contas da Starlink, presidia o Tribunal Superior Eleitoral quando a instituição acusou Van Hattem de espalhar desinformação eleitoral. No entanto, o vídeo em questão não tinha nada a ver com as eleições e havia sido postado no Instagram, e não no X.
Desde então, nenhum membro do Congresso brasileiro fez mais para expor a censura do STF e denunciar a corrupção no governo do presidente Lula do que Van Hattem.
A censura contra Van Hattem e suas denúncias de corrupção o tornaram famoso em todo o país. Ele se tornou um rosto proeminente e popular do movimento pela liberdade de expressão no Brasil. Em uma recente manifestação contra a censura em São Paulo, no 7 de Setembro, centenas de pessoas pediram para tirar selfies com ele. No Instagram e no X, Van Hattem tem, respectivamente, 1,5 milhão e um milhão de seguidores.
Agora, em meio a uma ampla repressão à liberdade de expressão, o governo Lula parece estar retaliando contra Van Hattem. A Polícia Federal está investigando supostos insultos feitos por Van Hattem contra um de seus oficiais. Fazem-no à revelia da proteção constitucional explícita à fala dos membros do Congresso.
“Esta é a primeira vez na história que um juiz brasileiro ordena a investigação de um membro do Congresso por algo que ele disse no plenário,” disse Van Hattem ao Public.
Se o Supremo Tribunal decidir que Van Hattem fez acusações falsas de forma deliberada contra Shor, ele pode enfrentar um processo por difamação ou calúnia.
Isso seria considerado um passo radical no Brasil, porque seus tribunais respeitam a separação de poderes há décadas e tratam a imunidade parlamentar como algo sagrado.
“O Supremo Tribunal já perseguiu políticos antes,” disse Van Hattem, “mas até agora não havia violado o direito sagrado e constitucionalmente protegido dos representantes eleitos pelo povo de falar.”
O relatório da Polícia Federal diz que o discurso de Van Hattem demonstrou “um possível propósito… de constranger, humilhar e ofender o delegado Fábio Shor, tudo isso porque aparentemente discordou de seu desempenho profissional investigativo…”.
Mas a preocupação de Van Hattem não era meramente com o “desempenho”. Em seu discurso de 14 de agosto, Van Hattem acusou o policial federal Fábio Alvarez Shor de ter produzido “vários relatórios absolutamente fraudulentos contra pessoas inocentes,” o que, se for verdade, constitui violações da lei.
Juristas expressaram alarme com a violação da imunidade parlamentar pelo Supremo Tribunal. “A investigação de @MarcelVanHattem é abusiva e inconstitucional,” escreveu o especialista em direito constitucional André Marsiglia, no X.
O jurista citou a linguagem exata do artigo 53: “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.”
Essa ampla proteção, segundo Marsiglia, inclui supostos insultos à polícia.
Assim, o governo Lula e o Supremo Tribunal correm o risco de impulsionar os movimentos anticorrupção e pró-liberdade de expressão e minar sua própria legitimidade aos olhos do público. Por que isso? E, dado que Van Hattem vem denunciando o governo Lula e o Supremo Tribunal há anos, por que decidiram ir atrás dele agora?
A operação-abafa do governo Biden
Van Hattem, descendente trilíngue de imigrantes holandeses que representa o Rio Grande do Sul pelo Partido Novo, alegou que o policial federal Shor violou leis ao encarcerar ilegalmente Filipe Martins, que foi assessor sênior do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Acontece que o caso tem o envolvimento direto do governo Biden.
Em junho, o Wall Street Journal relatou que o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) e seu sub-órgão de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) alegaram falsamente que Martins havia voado do Brasil para a Flórida em dezembro de 2022.
O Supremo Tribunal Federal usou a desinformação do DHS-CBP para declarar Martins em “risco de fuga” e mantê-lo preso.
“O que diabos está acontecendo no CBP em Orlando?” perguntou Mary O’Grady, do Wall Street Journal. “Sua má gestão do registro de viagem está sendo usada para violar as liberdades civis do Sr. Martins no Brasil.”
Uma porta-voz do CBP se recusou a comentar o caso para o Wall Street Journal, e o CBP não respondeu aos pedidos de comentário do Public.
Pouco mais de um mês depois de o WSJ atrair atenção internacional para o caso Martins, o ministro Moraes tirou Martins da prisão, mas o proibiu de falar com a imprensa ou se comunicar nas redes sociais. O STF também o impede de viajar e o monitora eletronicamente.
Em 14 de agosto, cinco dias após o ministro Moraes libertar Martins, Van Hattem acusou Shor de fabricar as falsas acusações contra Martins.
Nem o governo Biden nem o governo Lula explicaram o que aconteceu. “Ninguém no CBP consegue explicar como, por que ou quando o falso formulário I-94, convenientemente fornecendo a narrativa necessária para o encarceramento, foi criado,” escreveu O’Grady.
Van Hattem, O’Grady e repórteres no Brasil apontam que o DHS-CBP removeu o registro legal de entrada de Martins, o formulário I-94, de seu site, então Moraes se baseou em uma seção diferente do site do CBP, que mostra falsamente uma visita.
Após a advogada de Martins comunicar o erro ao CBP, o CBP insistiu. Em vez de remover a desinformação, o CBP corrigiu um erro de ortografia no nome (“Felipe” em vez de Filipe) e atualizou o número do passaporte de Martins.
Desde então, o CBP responde com evasivas à advogada de Martins. Ela enviou a um oficial do CBP a confirmação anterior de que não havia registro de entrada de Martins no país. Uma semana depois, esse oficial do CBP “disse a ela que não havia nada que ele pudesse fazer,” relatou O’Grady.
“Ela fez uma série de perguntas, incluindo a data em que o falso I-94 foi criado,” escreveu O’Grady. “Ela diz que ele nem sequer explicou o processo de investigação.” Depois disso, o CBP disse a ela para fazer um pedido com base na Lei de Acesso à Informação.
Contra a censura e a corrupção
Assim, o governo Biden pode ter participado do enquadramento e encarceramento ilegal de um dos principais inimigos políticos de seu aliado próximo, o presidente Lula.
“A cronologia dos eventos é curiosa, no mínimo,” observou O’Grady. “O ministro Moraes preside uma investigação de uma suposta conspiração do círculo íntimo do Sr. Bolsonaro contra o Presidente Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva, empossado em 1º de janeiro de 2023. O Sr. Martins foi levado à prisão em 8 de fevereiro.”
“Venho expondo a corrupção e criticando abusos de autoridade há anos sem que qualquer ministro do Supremo Tribunal ou a Polícia Federal me investigassem,” disse Van Hattem. “É notável e preocupante que só depois de eu criticar o mau gerenciamento do caso Martins pelo Tribunal e questionar o envolvimento do governo dos Estados Unidos no caso Martins que o Tribunal e a Polícia Federal abriram uma investigação contra mim.”
No início deste mês, o Public relatou que agências governamentais dos EUA, incluindo o FBI e intermediários conhecidos da CIA, têm financiado a defesa da censura e orientado o governo brasileiro a respeito de como implementar a censura.
A esperança de Van Hattem reside em sua popularidade. Desde 15 de outubro, Van Hattem tem denunciado a perseguição no Congresso e nas redes sociais.
O que importa agora é que o governo Biden investigue o que o CBP fez no caso Martins e denuncie a guerra do governo brasileiro contra a liberdade de expressão.
Um artigo no New York Times desta quarta-feira (16) sobre a repressão à liberdade de expressão no Brasil pode ajudar a motivar a Casa Branca a fazer isso.
“O ministro Moraes também assumiu novos poderes para ordenar invasões nas casas de pessoas que simplesmente criticaram o tribunal na Internet,” observou Jack Nicas para o Times, “forçar organizações de notícias a remover artigos e ordenar que agentes parem de investigar outro ministro e sua esposa.”
À medida que o Brasil reprime ainda mais a liberdade, pode se tornar mais difícil para o governo Biden, ou um futuro governo Kamala Harris, manter o silêncio sobre o caso Martins e ignorar o viés autoritário da maior nação da América do Sul.
©2024 Public. Publicado com permissão. Original em inglês.
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Governo federal discute nova Política Nacional de Inteligência
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4 de dezembro de 2024 Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil
Pouco mais de um ano após reestruturar todo o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), o governo federal agora discute mudanças na Política Nacional de Inteligência, em vigor desde 2016.
Nesta quarta-feira (4), os membros do Conselho Consultivo do Sisbin (Consisbin) aprovaram uma proposta de texto que a Casa Civil encaminhará para que seja analisada por outras instâncias do governo e que, ao final, servirá de subsídio para a elaboração de um decreto presidencial.
“Superada essa etapa [no conselho], a Casa Civil vai fazer os encaminhamentos. Então, o próximo passo será o decreto presidencial”, explicou Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, órgão central do sistema.
Brasília, 04/12/2024 – Diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Luiz Fernando Corrêa, na reunião do Conselho Consultivo do Sistema Brasileiro de Inteligência – Wilson Dias/Agência Brasil
Além da Abin, integram o Consisbin os ministros da Casa Civil (CC), do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e dos ministérios da Defesa; da Justiça e Segurança Pública e das Relações Exteriores. Da reunião desta quarta-feira, a primeira desde a reestruturação do sistema, em setembro do ano passado, participaram, além de Corrêa, o ministro Rui Costa (CCl) e Marcos Antonio Amaro dos Santos (GSI). Os outros foram representados por servidores de alto escalão das respectivas pastas.
Atualização
De acordo com Corrêa, a iniciativa busca atualizar o atual “marco orientador da atividade de inteligência” no Brasil, de forma a “refletir as atuais necessidades” do sistema nacional, composto por 48 órgãos públicos federais. Entre os fundamentos da proposta estão a garantia da soberania nacional, a segurança da sociedade, a defesa do Estado Democrático de Direito e a proteção de informações e estruturas sensíveis.
“Daí a proteção do Estado Democrático de Direito, o combate ao extremismo violento, a desinformação, a definição do papel da inteligência na produção de conhecimento para assessoramento das decisões, a contrainteligência protegendo dados sensíveis e estratégicos do país”, detalhou o diretor-geral da Abin.
A proposta de uma nova política nacional deve ser acompanhada por uma redefinição da Estratégia Nacional de Inteligência. Para isso, o Consisbin também aprovou, nesta quarta-feira, a criação de um grupo de trabalho encarregado de apresentar uma proposta em até 120 dias.
Ainda segundo Corrêa, “fatos recentes” foram determinantes para que o governo federal discutisse uma nova política mais alinhada às garantias do Estado de Direito, com mais controle social e transparência.
“Temos que estar prontos para as demandas do momento. Lógico que isso tem impactos na formação, no direcionamento, na capacitação”, admitiu Correa, reconhecendo que fatos como o ataque aos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), em 8 de Janeiro de 2023, impulsionaram a reformulação de todo o sistema de inteligência e da Abin.
“A agência está toda sendo remodelada. No aspecto de gestão, de produção do conhecimento e de controle interno. Todos os seus atos são transparentes, auditáveis, e, com isso, nós geramos confiança em relação ao que a Abin faz. Além disso, [ficou claro que] o sistema produziu conhecimento durante todo esse momento tenso que vivemos, mas estava desordenado. Então, nós atacamos os pontos onde foram detectadas falhas”, disse Corrêa.
Presente na reunião, o ministro da Casa Civil, Rui Costa destacou a importância de que a Política Nacional de Inteligência seja “reconstruída”. “Temos o desafio de reconstruir instituições e recolocar o nome de algumas delas, como a Abin, no lugar que merecem. Que, mais do que nunca, estas instituições passem a cumprir seu papel [de órgão] de Estado e não o de servir a quem está no governo”, disse Costa, comentando que, nos últimos anos, “a Abin esteve vinculado a ações que não condizem com o Estado Democrático de Direito”.
Brasília, 04/12/2024 – Rui Costa destacou a importância de que a Política Nacional de Inteligência seja “reconstruída” – Wilson Dias/Agência Brasil
“Portanto, este novo sistema, este novo conselho [Consisbin] e este novo [futuro] Plano Nacional garantirão segurança, capilaridade e reafirma o papel [dos órgãos do sistema] como instituições de Estado em defesa da democracia e da lei vigente em nosso país”, finalizou Costa.
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Prefeitura do Rio assumirá gestão de dois hospitais federais
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4 de dezembro de 2024 Léo Rodrigues – Repórter da Agência Brasil
O Ministério da Saúde e a prefeitura do Rio de Janeiro chegaram a um acordo para que os hospitais federais do Andaraí (HFA) e Cardoso Fontes (HFCF) sejam administrados pelo município. De acordo com as partes, a mudança resultará na abertura de leitos e na melhoria na qualidade do atendimento prestado à população.
A medida foi anunciada em Brasília, nesta quarta-feira (4), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes. A decisão é alvo de críticas do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Seguridade e Seguro Social (Sindsprev-RJ), que já marcou um protesto para quinta-feira (5).
O acordo prevê que o município receba R$ 610 milhões de Teto MAC, valores a serem empregados no custeio das ações classificadas como de alta e média complexidades em saúde. Além disso, a União fará um repasse de R$ 150 milhões, sendo R$ 100 milhões para o Hospital Federal do Andaraí e R$ 50 milhões para o Hospital Federal Cardoso Fontes. Os recursos, pagos em parcela única ainda neste mês, serão destinados a providências imediatas.
“Os hospitais federais do Rio de Janeiro precisam voltar a ser centros de excelência a serviço da nossa população e estamos aqui em um momento muito importante, caminhando nessa direção. Nossa ideia é aumentar a potência desses hospitais. É muito importante que eles funcionem para a população, abrindo leitos, abrindo serviços”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
De acordo com o presidente Lula, as mudanças ampliarão o acesso da população aos médicos especialistas, que muitas vezes leva tempo.
“Se a gente pudesse, parava o relógio e mandava a doença esperar. Mas a gente não consegue. Então, precisamos garantir que esse povo tenha não só a primeira consulta, como também a segunda consulta. E, ao mesmo tempo, garantir o efeito da segunda consulta. Porque nessa consulta, vem o pedido dos exames, do PET-Scan, da ressonância magnética. E aí demora mais de 10 meses. Então, todo o trabalho que estamos tentando montar é para que a gente, antes de terminar o mandato, possa comunicar ao povo brasileiro que eles vão ter mais especialistas”, disse.
Um conjunto de metas foi estipulada. Para o Hospital Federal do Andaraí, está prevista a abertura de 146 novos leitos, totalizando 450. O município deverá dobrar o número de atendimentos, chegando a 167 mil por ano, e contratar 800 novos trabalhadores, elevando para 3,3 mil o número de empregados.
No Hospital Federal Cardoso Fontes, com a abertura de mais 68 leitos, a quantidade total deverá chegar a 250. O volume de atendimentos também deverá dobrar, alcançando 306 mil por ano. Mais 600 profissionais precisarão ser contratados, aumento a força de trabalho para 2,6 mil pessoas.
As duas unidades também passarão por reformas. “As mudanças fazem parte do Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro, elaborado pela ministra Nísia Trindade. Além do HFA e do HFCF, outras duas unidades já iniciaram seu processo de reestruturação: os hospitais federais de Bonsucesso (HFB) e Servidores do Estado (HFSE)”, registra nota divulgada pelo governo federal.
Protestos
Ao todo, existem seis hospitais federais na capital fluminense. Eles são especializados em tratamentos de alta complexidade para pacientes de todo o país dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa grande concentração de unidades federais, incomum na demais cidades do país, se deve ao fato de o Rio de Janeiro ter sido capital do país. Elas continuaram sob a gestão do Ministério da Saúde mesmo após a construção de Brasília.
Embora considerados hospitais de excelência no passado, as unidades enfrentam um processo de precarização que se arrasta há mais de uma década. Nos últimos anos, houve registros de problemas variados que incluem desabastecimento de insumos, alagamentos em períodos de chuva e falta de equipamentos.
Em 2020, um incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso causou a morte de três pacientes que estavam internados e paralisou serviços de referência como o de transplantes de córnea e o de transplantes renais.
Sem concurso público desde 2010, os problemas envolvendo a falta de recursos humanos é um dos principais gargalos. Para suprir as necessidades de profissionais, tem se recorrido aos contratos temporários, o que resulta em alta rotatividade, já que médicos, enfermeiros e outros trabalhadores da saúde não têm garantia de estabilidade.
Nos últimos anos, houve diversas crises às vésperas dos vencimentos dos contratos. Atualmente, essas unidades federais possuem cerca de 7 mil profissionais efetivos e 4 mil temporários.
Mobilizados pelo Sindsprev-RJ, os servidores têm realizado protestos contra o que consideram ser um fatiamento e um desmantelamento da gestão da rede de hospitais federais. Eles chegaram a realizar uma greve no primeiro semestre desse ano, cobrando medidas de enfrentamento ao sucateamento das unidades ao longo dos últimos anos, bem como recomposição salarial e realização de concurso público.
Há, por parte dos servidores, temor de que a municipalização seja uma etapa preliminar para se avançar em um processo de privatização. Eles apontam que, na gestão da saúde municipal, tem sido frequente a entrega das unidades de saúde para organizações sociais e para realização de parcerias público-privadas (PPPs).
Por esta razão, o Sindisprev-RJ convocou novos protestos para esta quinta-feira (5) no Hospital Federal do Andaraí e para segunda-feira (10) no Hospital Federal Cardoso Fontes. Ambas as manifestações estão marcadas para as 10h.
Em outubro, um outro protesto ocorreu no Hospital Federal de Bonsucesso contra o repasse da gestão da unidade para o Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Trata-se de uma empresa pública vinculada ao Ministério da Saúde que administra hospitais públicos federais no sul do país.
Na manifestação, os servidores consideraram que a mudança culminaria no desmonte da unidade e que o governo tomou a decisão sem diálogo. De acordo com eles, os problemas precisam ser enfrentados com investimentos e não com um fatiamento na gestão, o que colocaria em risco a continuidade de um modelo 100% público.
Reestruturação
Durante o anúncio da municipalização, o acordo foi defendido pelo prefeito Eduardo Paes. “Não é porque a prefeitura é mais competente que o governo federal. Não se trata disso. Se trata do simples fato de que a prefeitura está mais próximo das pessoas e, portanto, para conduzir hospitais com essas características, ela é melhor. Vai ter mais dedicação e um a olhar mais atento”, disse.
Ele destacou que uma parte do recurso será destinada para investir em obras nas duas unidades.
“Estou assumindo o compromisso que o presidente Lula, em um ano, vai reinaugurar esses hospitais totalmente recuperados. São estruturas que estão muito destruídas e é muito mais difícil fazer obra em um governo federal do que em uma prefeitura. Existem os órgãos de controle e as complexidades do governo federal. Por isso, o presidente Lula trabalha de maneira tão federativa e com essa parceria constante com os municípios e estados. Tenho certeza que é para que se dê essa agilidade.”.
Mudanças na gestão dos hospitais federais do Rio de Janeiro começaram a ser anunciadas pelo Ministério da Saúde no início do ano, após virem à tona denúncias de nomeações sem critérios técnicos e de irregularidades em contratação de serviços continuados.
Na ocasião, foi criado um Comitê Gestor para assumir temporariamente a administração das unidades e, posteriormente, foi anunciada que uma reestruturação da rede seria coordenada junto a duas empresas públicas – a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e GHC – e à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Na época, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, negou que houvesse intenção de repassar a gestão das unidades. “Não existe distribuição dos hospitais. O governo não abrirá mão de coordenar o programa de reconstrução dos hospitais e fará isso dentro da visão do SUS. Um modelo de gestão definitivo será detalhado dentro desse programa após toda uma fase de análise e de diálogos que precisam ser feitos com todos os entes”, disse.
De acordo com a nota divulga pelo governo federal, a reestruturação em curso garante todos os direitos dos servidores das seis unidades e há um canal de atendimento para tirar dúvidas.
“Haverá um processo de movimentação voluntária dos profissionais, que respeitará a opção dos servidores por outros locais de trabalho. O ministério criou um canal de atendimento para tirar dúvidas de servidores sobre o plano”, registra o texto.
O governo federal acrescenta ainda que vem realizando investimentos importantes nas unidades, citando o investimento de R$ 13,2 milhões para instalação de um acelerador linear no Hospital Federal do Andaraí, visando ampliar o tratamento oncológico. “A previsão de funcionamento é ainda em dezembro de 2024. O serviço conta com apoio do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e ocorreu por meio do Plano de Expansão da Radioterapia (PER-SUS)”, indica a nota.
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É muito cedo para reabrir a catedral de Paris? – DW – 12/04/2024
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4 de dezembro de 2024Mais do que apenas uma bela casa de culto, Nossa Senhora é um Francês tesouro nacional.
Portanto, foi apropriado que o Presidente Emmanuel Macron dirigiu-se à nação um dia após o incêndio que danificou significativamente a catedral em 15 de abril de 2019.
Ele prometeu que em apenas cinco anos a catedral gótica seria renovada e reconstruída “mais bonita do que antes”.
Muito dinheiro foi investido no que foi declarado um projecto nacional e muitos obstáculos burocráticos foram eliminados. Como resultado, o trabalho ocorreu dentro do prazo – pelo menos oficialmente.
Notre Dame deverá reabrir com uma cerimónia festiva no dia 8 de dezembro. O Presidente Macron deverá fazer um discurso no pátio na presença de vários chefes de estado e de governo. No dia seguinte, o Arcebispo Laurent Ulrich celebrará a missa pela primeira vez desde o incêndio; o novo altar também será consagrado.
Notre Dame em números
Aqueles que visitaram Notre Dame antes do incêndio ficarão surpresos ao ver que as paredes da catedral foram limpas de fuligem e sujeira centenárias. Mais luz agora brilha através das janelas recém-limpas, fazendo brilhar as cores frescas e as folhas douradas dos murais.
Notre Dame 2.300 estátuas e 8.000 tubos de órgãos também foram recentemente limpos e 1.500 novas cadeiras foram instaladas, mas não sem antes serem abençoadas.
Todo o empreendimento contou com a montagem e desmontagem de 2 mil toneladas de andaimes, além do envolvimento de quase 250 empresas e estúdios.
A catedral, construída entre 1163 e 1345, tornou-se mais uma vez “o canteiro de obras do século”, segundo a mídia francesa.
Cerca de 840 milhões de euros (880 milhões de dólares) foram arrecadados para financiar o projeto. Cerca de 700 milhões de euros cobriram os custos de construção, enquanto o restante irá para a restauração da abside intacta e dos contrafortes durante os próximos três anos – trabalho que teria sido necessário mesmo sem os danos do incêndio.
‘O milagre de Notre Dame’
Há cinco anos, ocorreu um incêndio no sótão sob o telhado da catedral. Mais de 400 bombeiros trabalharam durante quatro horas até conseguirem confinar o incêndio à estrutura de madeira do telhado.
A extensão da destruição não foi tão grande como se temia inicialmente. Embora a torre de madeira tenha desabado, a estátua gótica da Virgem Maria que estava ao lado dela permaneceu intacta.
“O milagre de Notre Dame” é o que diz o especialista alemão em catedrais Bárbara Schock-Werner chamou isso em uma entrevista à DW na época.
“Havia um grande perigo de que toda a igreja desabasse”, lembra ela agora. “Bastaria uma tempestade e os danos teriam sido imensos.”
Ainda outro problema mais sério surgiu. Lençóis caíram do telhado de chumbo da Notre Dame e outras peças derreteram. A poeira tóxica de chumbo cobriu tudo, o que dificultou a construção.
“Esses foram desafios muito grandes”, diz Schock-Werner, um ex-mestre construtor do Catedral de Colônia.
É muito cedo para reabrir?
Schock-Werner coordenou a ajuda da Alemanha juntamente com o então representante cultural franco-alemão Armin Laschet.
Os trabalhadores removeram o pó de chumbo de quatro janelas do clerestório da basílica e os reparou na oficina da Catedral de Colônia.
Enquanto isso, os badalos dos sinos foram fornecidos por uma empresa familiar em Anzenkirchen, Baviera.
Como a Catedral de Colônia está restaurando as janelas de Notre Dame
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Embora Schock-Werner admire a rápida restauração de Notre Dame, ela alerta que a combinação de pressões de tempo e dinheiro também tem seu lado negativo.
“Na verdade, o prédio ainda está muito úmido”, diz ela. “Você só pode esperar que o gesso da parede se mantenha no interior.”
Ela também acredita que a madeira de carvalho usada no telhado precisava de mais tempo para secar. “Normalmente você deixa o carvalho até secar e só então você o usa. Mas isso foi devido à pressão do tempo. E você só pode esperar que corra bem”, diz Schock-Werner.
Não está claro como Paris pretende lidar com as esperadas massas de visitantes de Notre Dame.
A ministra da Cultura francesa, Rachida Dati, quer cobrar uma taxa de entrada, mas a Igreja Católica rejeita essa ideia. A cidade também está considerando transformar o estacionamento subterrâneo em frente à catedral em um centro de visitantes.
Ainda assim, nenhuma destas questões restantes impediu Macron, que está lutando internamente em termos de popularidadede saudar a reconstrução de Notre Dame como uma genuína “história de sucesso francesa”.
Este artigo foi escrito originalmente em alemão.
Catedral de Notre Dame mostra nova face para o mundo
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