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Fora do Mais Médicos, cubanos caem na informalidade para viver no AC: ‘dói encontrar pacientes na rua’

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6 anos atrásem

Mesmo sem poder exercer a medicina após a saída de Cuba do programa Mais Médicos, 53 profissionais cubanos escolheram ficar no Acre. Agora, eles trabalham em diferentes áreas para conseguir sobreviver. A maioria está no trabalho informal.
O Acre perdeu 104 profissionais que atuavam em 20 municípios e dois distritos indígenas. O efetivo representava 63% dos médicos que atuavam pelo programa no estado, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).
Ebert Leon é médico há 10 anos, veio de Havana, capital cubana, em 2016. Ele trabalhou por dois anos e cinco meses no posto de saúde Maria de Fátima Matos da Silva, em uma comunidade carente de Rio Branco, capital do Acre.
Nesse período, ele casou com uma brasileira e comprou um carro que agora usa para trabalhar como motorista de aplicativo. Foi a alternativa que encontrou para se sustentar no país que escolheu para viver.
“A gente tem que se sustentar, não é? Não aparece emprego fixo, aí temos que dar um jeito. Tive essa possibilidade, porque tinha carro e carteira de habilitação e vim trabalhar como motorista de aplicativo”, disse Leon.
São pelo menos 12 horas de trabalho por dia e entre uma corrida e outra ele estuda. Como o edital que ofertaria vagas para médicos formados no exterior sem o registro no Conselho Regional De Medicina (CRM) não saiu, ele se prepara para o Revalida – exame aplicado pelo Ministério da Educação para reconhecer diplomas de médicos formados em outros países.
Parte do dinheiro que ganha como motorista de aplicativo também é direcionad para este projeto. A etapa teórica do Revalida costuma ser realizada nas universidades federais de todo o país, já as etapas práticas não ocorrem em todos os estados. Então, é preciso se programar para viagens. O estado mais próximo do Acre que costuma ter essas etapas é o Amazonas (AM).
“Fazer corrida durante todo o dia é muito cansativo e à noite procuro planejar o que vou querer estudar durante o dia”, afirmou o médico.
Trabalhos informais
O Ebert não é o único nessa situação. Ele reuniu alguns colegas do grupo de 53 médicos cubanos que decidiu morar no Acre. Quase todos tiveram que passar a exercer trabalhos informais para conseguir sobreviver.
Isabel Rodriguez revende peças íntimas. Juan Carlos produtos naturais. Deles, a que se deu melhor foi a médica cubana Yolaida Betancourt. Ela trabalhava em um posto de saúde em Acrelândia, município distante aproximadamente 120 quilômetros de Rio Branco.
Quando Cuba rompeu o acordo com o Brasil, a gestão municipal absorveu ela e outra médica cubana que decidiram ficar. Atualmente, Yolaida integra a equipe de vigilância epidemiológica da cidade.
“Eu fico longe do atendimento médico e isso dói, não é segredo para ninguém. Dói encontrar os pacientes na rua perguntando se a médica está no município, porque não está no posto de saúde. Eles perguntam ‘em que posto a senhora está?, em que hospital e quando que a senhora vai voltar a trabalhar?’. Então, a gente fica sem jeito”, contou a médica.
Assistência aos médicos cubanos
Todos se submeteram a trabalhos informais, mas desejam e até buscam vagas no mercado formal. Eles até procuraram ajuda para isso. Tupinambás Lima é membro do Rotary Club e coordena esse trabalho de assistência aos médicos cubanos.
“Quando a gente fala ‘médicos procurando trabalho de qualquer tipo’, aí as pessoas têm aquele negócio da empatia, mas não da necessidade, mas com relação à condição profissional dele. Então, seria uma forma de a própria pessoa para empregar poderia estar criando constrangimento para si e para os profissionais”, disse Lima.
O objetivo de todos eles agora é conseguir sobreviver no Brasil, o país que eles escolheram para viver. E a esperança maior é de que em algum momento o MEC lance o edital do Revalida.
“Todos temos esperança de voltar em algum momento. Que façam alguma lei para trazer-nos de volta para a medicina no Brasil”, afirmou Isabel Rodriguez.
A última edição do exame foi em setembro de 2017, pouco mais de um ano antes da saída de Cuba do Mais Médicos e eles não participaram. O resultado final desse exame só saiu no início desse mês. Eles não têm ideia de quando um novo edital será aberto, mas seguem com o sonho de voltar a exercer a medicina.
“Eu faço curso pela Universidade de Minas Gerais e outras que dão oportunidade de continuar estudando. Porque meu maior sonho é voltar a trabalhar como médico”, concluiu o médico Juan Carlos.
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Ufac promove ações pelo fim da violência contra a mulher — Universidade Federal do Acre

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23 horas atrásem
25 de agosto de 2025
A Ufac realizou ações de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, em alusão à campanha Agosto Lilás. A programação, que ocorreu nesta segunda-feira, 25, incluiu distribuição de adesivos na entrada principal do campus-sede, às 7h, com a participação de pró-reitores, membros da administração superior e servidores, que entregaram mais de 2 mil adesivos da campanha às pessoas que acessavam a instituição. Outro adesivaço foi realizado no Restaurante Universitário (RU), às 11h.
“É uma alegria imensa a Ufac abraçar essa causa tão importante, que é a não violência contra a mulher”, disse a reitora Guida Aquino. “Como mulher, como mãe, como gestora, como cidadã, eu defendo o nosso gênero. Precisamos de mais carinho, mais afeto, mais amor e não violência. Não à violência contra a mulher, sigamos firmes e fortes.”
Até 12h, o estacionamento do RU recebeu o Ônibus Lilás, da Secretaria de Estado da Mulher, oferecendo atendimento psicológico, jurídico e outras orientações voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher.
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Evento no PZ para estudantes do Ifac difunde espécies botânicas — Universidade Federal do Acre

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6 dias atrásem
20 de agosto de 2025
A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da Ufac realizou a abertura do Floresta em Evidência, nesta quarta-feira, 20, no auditório da Associação dos Docentes (Adufac). O projeto de extensão segue até quinta-feira, 21, desenvolvido pelo Herbário do Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac em parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A iniciativa tem como público-alvo estudantes do campus Transacreana do Ifac.
O projeto busca difundir conhecimentos teóricos e práticos sobre coleta, identificação e preservação de espécies botânicas, contribuindo para valorização da biodiversidade amazônica e fortalecimento da pesquisa científica na região.
Representando a Proex, a professora Keiti Roseani Mendes Pereira enfatizou a importância da extensão universitária como espaço de democratização do conhecimento. “A extensão nos permite sair dos muros da universidade e alcançar a sociedade.”
O coordenador do PZ, Harley Araújo, destacou a contribuição do parque para a conservação ambiental e a formação de profissionais. “A documentação botânica está diretamente ligada à conservação. O PZ é uma unidade integradora da universidade que abriga mais de 400 espécies de animais e mais de 340 espécies florestais nativas.”
A professora do Ifac, Rosana Cavalcante, lembrou que a articulação entre instituições é fundamental para consolidar a pesquisa no Acre. “Ninguém faz ciência sozinho. Esse curso é fruto de parcerias e amizades acadêmicas que nos permitem avançar. Para mim, voltar à Ufac nesse contexto é motivo de grande emoção.”
A pesquisadora Viviane Stern ressaltou a relevância da etnobotânica como campo de estudo voltado para a interação entre pessoas e plantas. “A Amazônia é enorme e diversa; conhecer essa relação entre comunidades e a floresta é essencial para compreender e preservar. Estou muito feliz com a recepção e em poder colaborar com esse trabalho em parceria com a Ufac e o Ifac.”
O evento contou ainda com a palestra da professora Andréa Rocha (Ufac), que abordou o tema “Justiça Climática e Produção Acadêmica na Amazônia”.
Nesta quarta-feira, à tarde, no PZ, ocorre a parte teórica do minicurso “Coleta e Herborização: Apoiando a Documentação da Sociobiodiversidade na Amazônia”. Na quinta-feira, 21, será realizada a etapa prática do curso, também no PZ, encerrando o evento.
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Ufac recebe deputado Tadeu Hassem e vereadores de Capixaba para tratar de cursos e transporte estudantil — Universidade Federal do Acre

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1 semana atrásem
19 de agosto de 2025
A reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Guida Aquino, recebeu, na manhã desta segunda-feira, 18, no gabinete da reitoria, a visita do deputado estadual Tadeu Hassem (Republicanos) e de vereadores do município de Capixaba. A pauta do encontro envolveu a possibilidade de oferta de cursos de graduação no município e apoio ao transporte de estudantes daquele município que frequentam a instituição em Rio Branco.
A reitora Guida Aquino destacou que a interiorização do ensino superior é um compromisso da universidade, mas depende de emendas parlamentares para custeio e viabilização dos cursos. “O meu partido é a educação, e a universidade tem sido o caminho de transformação para jovens do interior. É por meio de parcerias e recursos destinados por parlamentares que conseguimos levar cursos fora da sede. Precisamos estar juntos para garantir essas oportunidades”, afirmou.
Atualmente, 32 alunos de Capixaba estudam na Ufac. A demanda apresentada pelos parlamentares inclui parcerias com o governo estadual para garantir transporte adequado, além da implantação de cursos a distância por meio do polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em parceria com a prefeitura.
O deputado Tadeu Hassem reforçou o pedido de apoio e colocou seu mandato à disposição para buscar soluções junto ao governo estadual. “Estamos tratando de um tema fundamental para Capixaba. Queremos viabilizar transporte aos estudantes e também novas possibilidades de cursos, seja de forma presencial ou a distância. Esse é um compromisso que assumimos com a população”, declarou.
A vereadora Dra. Ângela Paula (PL) ressaltou a transformação pessoal que viveu ao ingressar na universidade e defendeu a importância de ampliar esse acesso para jovens de Capixaba. “A universidade mudou minha vida e pode mudar a vida de muitas outras pessoas. Hoje, nossos alunos têm dificuldades para se deslocar e muitos desistem do sonho. Precisamos de sensibilidade para garantir oportunidades de estudo também no nosso município”, disse.
Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Abreu Damasceno; o presidente da Câmara Municipal de Capixaba, Diego Paulista (PP); e o advogado Amós D’Ávila de Paulo, representante legal do Legislativo municipal.