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Mais feminina e menos branca, nova Câmara de SP tem domínio da direita e tensão para disputas de poder

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A composição de correntes ideológicas da Câmara Municipal de São Paulo segue com a dominância dos partidos mais à direita, com novas figuras em ascensão no bolsonarismo. A casa ganhou mais mulheres e pessoas pardas, mas ainda está longe de um cenário igualitário de representatividade.

Entre os 55 vereadores eleitos, 20 são caras novas no legislativo paulistano, ou 36% do total. Os cinco mais votados nas eleições deste ano são novatos na casa: Lucas Pavanato (PL), Ana Carolina Oliveira (Pode), Dr. Murillo Lima (PP), Sargento Nantes (PP) e Amanda Paschoal (PSOL).

Pavanato é um expoente das redes sociais da direita bolsonarista enquanto Ana Carolina é mãe de Isabela Nardoni, que morreu assassinada em 2008. Murillo Lima é veterinário e irmão mais novo do deputado federal Bruno Lima, ambos com pautas em defesa dos animais. Nantes é policial militar há 20 anos e era apoiador de Pablo Marçal, eleito com um discurso contra o comunismo. Amanda Paschoal é apadrinhada por Erika Hilton (PSOL), de quem foi assessora.

As mulheres obtiveram sete cadeiras a mais do que na legislatura anterior, pulando de 13 para 20 assentos: 40% delas estão em partidos de direita, 35% na esquerda e 25% no centro.

Na composição ideológica, foram 18 cadeiras para os partidos mais identificados com a esquerda contra 37 para os partidos mais próximos do centro e da direita. Uma leve melhora para a esquerda, que ganhou um assento extra nessa eleição com a vereadora Marina Bragante, a primeira a ser eleita pela Rede na capital paulista.

As maiores bancada voltam a ser a do PT, com oito vereadores, e MDB, União e PL, empatados em segundo lugar, com sete cada um. Veja no gráfico a seguir:

Com o segundo turno ainda em andamento, os cenários para gestões de Ricardo Nunes (MDB) ou Guilherme Boulos (PSOL) são completamente diferentes. O atual prefeito é apoiado por 67% dos partidos representados na Câmara, incluindo o Novo, que já manifestou apoio à candidatura de Nunes após a candidata Marina Helena cair no primeiro turno.

Boulos teria apenas 32% das cadeiras com suas legendas aliadas e teria que abrir amplo espaço ao centrão para melhorar a margem na Câmara. A reeleita Luna Zarattini, do PT, é otimista, apesar dos números não serem favoráveis ao psolista.

— Acredito que a gente puxa o Centro para a nossa base política. Existe diálogo com partidos e parlamentares (do Centro) que poderiam tranquilamente vir para esse debate — avalia Zarattini, que foi a mais votada do PT, com cerca de 100.000 votos, e é sobrinha do deputado federal Carlos Zarattini.

O veterano Rodrigo Goulart (PSD), apoiador de Nunes, faz uma avaliação diferente. — A diferença é que com um tem governabilidade (com o atual prefeito), o outro não (com Boulos). Mas não tem nenhuma possibilidade (de Boulos ganhar) — diz Goulart.

A vida pode não ser, no entanto, mil maravilhas para Nunes. O MDB, a legenda do prefeito, perdeu quatro cadeiras em comparação a 2020: uma foi para a esquerda e outras três para partidos que estão mais à direita do espectro político que o MDB. É esperado então que, assim como na campanha eleitoral, caso reeleito, o prefeito adote uma postura mais à direita do que na legislatura atual, para angariar o apoio das novas vozes do bolsonarismo.

O vereador mais votado da Câmara e do país, Lucas Pavanato, é um dos que prometem trabalhar por uma guinada conservadora. Bolsonarista de carteirinha, foi eleito com ênfase especial na pauta de costumes. Fez ruído na campanha defendendo, por exemplo, a proibição de mulheres trans em banheiros femininos.

Formado em administração e com 26 anos, foi apadrinhado pelo atual vereador Fernando Holiday (PL), que não buscou reeleição. Pavanato diz querer levar partidos da direita que estão mais próximos do centro, como o União, para o lado dos conservadores.

— Avalio que o Rubinho Nunes (reeleito), com essa votação que teve no União (mais de 100.000 eleitores) tem força suficiente para me ajudar no trabalho de trazer o partido dele mais para a direita e construimos uma bancada forte na Câmara — diz o vereador eleito, que mantém uma relação de proximidade com o futuro colega.

Pavanato diz que sua maior rival na Câmara deve ser Amanda Paschoal, a vereadora mais votada da esquerda, com cerca de 108.000 votos pelo PSOL. Ela é da mesma opinião de Pavanato e também o elege como o maior antagonista.

– O candidato mais bem votado se elegeu com pautas anti-pessoas trans, contra pessoas como eu, anti-LGBT. Se não todas, a grande maioria (das propostas dele) são inconstitucionais ou não são de competência municipal – diz ela sobre Pavanato, antevendo que debates acalorados devem surgir entre os dois.

Entre as bandeiras de Amanda aparecem a destinação de mais recursos para o Fundo Municipal de Combate à Fome, marca de Erika Hilton, e um programa de formação sobre a diversidade nas escolas, com foco no combate a problemas como a LGBTfobia e o racismo.

Dentro das portas da Câmara dos Vereadores, a diversidade está longe do equilíbrio, apesar de algumas mudanças na atual composição da casa. O legislativo paulistano tinha apenas uma representante indígena, a atual deputada federal Juliana Cardoso (PT), e não elegeu nenhuma outra para 2025. O número de brancos, porém, caiu de 41 para 38, enquanto os vereadores que se declararam pardos dobrou, indo de 5 para 10.

A incógnita maior do legislativo paulistano neste ano, no entanto, será a presidência da Câmara, cargo que ficou os últimos quatro mandatos com Milton Leite (União), que está na casa desde 1997. Leite elegeu como sucessores dois candidatos do mesmo partido, que acabaram eleitos: Silvio Antonio, o Silvão, e Silvio Ricardo, o Silvinho. A dupla recebeu volumes generosos da sigla, com R$3,7 milhões cada um.

– Milton Leite é insubstituível. A próxima Câmara trabalhará ao lado do prefeito Ricardo Nunes, que com toda certeza será reeleito – avalia Silvão. Entre os atuais vereadores, especula-se que, se Nunes for eleito, MDB, PL e União devem lançar candidatos. Os três partidos têm o mesmo número de parlamentares, portanto entendem que qualquer um teria prerrogativa de lançar um nome.

*Estagiária sob supervisão de Mauricio Xavier

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Seminário do mestrado em Geografia da Ufac ocorre de 24 a 26/11 — Universidade Federal do Acre

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Projeto Político Curricular — Universidade Federal do Acre

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Projeto Político Curricular — Universidade Federal do Acre

  Projeto Pedagógico do Curso Nutrição.pdf 

 _____________________________________________________________

PORTARIA Nº 879, DE 04 DE MARÇO DE 2024 

Dispõe sobre a alteração da Portaria nº 1499, de 08 de junho de 2022, que designou a Comissão de Reformulação do Projeto Político Curricular do Curso de Bacharelado em Nutrição. 

A PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE, no uso das atribuições conferidas pelo art. 80, Incisos III e XIII, do Regimento Geral da Ufac, mediante delegação por competência, através da Portaria nº 1.002/2022, publicada no Boletim de Serviço Eletrônico desta IFES em 29/04/2022, e o que consta no processo administrativo n° 23107.005787/2024-99, resolve: 

Art. 1º ALTERAR a composição da Comissão de Revisão/Reformulação do Projeto Político Curricular (PPC) do Curso de Bacharelado em Nutrição, que passa a ter a seguinte composição:

Matrícula

 Nome 

Função

3141203

Camyla Rocha de Carvalho Guedine

Presidente

2039783

Fernanda Andrade Martins

Secretária

2986499

Alanderson Alves Ramalho

Membro

3153676

César Arruda Meschiari

Membro

2171427

Flávia Santos Batista Dias

Membro

2327924

Jader de Andrade Bezerra

Membro

2131630

Rafaela Ester Galisteu da Silva

Membro 

1204973

Tamires Alcântara Dourado Gomes Machado

Membro

 

Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação no Boletim de Serviço Eletrônico desta IFES.

 

Assinado Eletronicamente

EDNACELÍ ABREU DAMASCENO

Pró-Reitora de Graduação



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Almecina Balbino é empossada pró-reitora de Inovação e Tecnologia — Universidade Federal do Acre

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Almecina Balbino é empossada pró-reitora de Inovação e Tecnologia — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, entregou a portaria com termo de posse à professora Almecina Balbino Ferreira, que passa a chefiar a Pró-Reitoria de Inovação e Tecnologia (Proint), cuja aprovação ocorreu em 10 de novembro, acompanhando orientação do Novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (lei n.º 13.243/2016). Durante o evento, que ocorreu na sexta-feira, 14, no auditório Manuel Alves, no Centro de Convenções, Almecina fez uma apresentação da Proint.

Guida destacou a importância simbólica e administrativa da criação da oitava pró-reitoria da Ufac. Para ela, a posse representa o fortalecimento da gestão feminina na universidade. “Este dia é um momento muito feliz para a nossa universidade, celebrar a posse de uma guerreira, mais uma pró-reitora, mais uma mulher no comando”, disse. “E não é fácil; quem está na gestão sabe o quanto é difícil provar para a sociedade que é possível ter resultado quando a mulher está no comando.”

Em seu discurso, Almecina agradeceu a confiança e ressaltou o papel transformador da educação em sua trajetória. “Através da educação, hoje estou aqui. A educação salva vidas.” A Proint foi criada com o objetivo de promover um ambiente mais favorável a parcerias, incentivar pesquisadores, reduzir burocracias e ampliar ações de inovação e transferência de tecnologia na Ufac. A nova pró-reitoria também terá entre suas missões fomentar iniciativas de empreendedorismo, apoiar startups, assegurar a proteção de propriedade intelectual e facilitar a aproximação entre ciência e mercado.

Segundo a apresentação institucional, a Proint atuará inicialmente na retirada de barreiras administrativas, na agilização de processos internos e na estruturação de políticas de inovação voltadas ao desenvolvimento sustentável e social da Amazônia Ocidental.

A pró-reitoria foi estruturada em três frentes: Secretaria Administrativa, que organiza os processos internos; Diretoria de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia, responsável por proteger as criações da Ufac e formalizar contratos e licenças; e Diretoria de Desenvolvimento e Ambientes de Inovação, voltada ao fortalecimento de incubadoras, startups e iniciativas de bioeconomia.

Estiverem presentes na cerimônia pró-reitores, demais membros da administração superior, coordenadores de centros, professores, técnico-administrativos, estudantes e comunidade externa.

4º Seminário Healthtech

Na ocasião, foi anunciado o 4º Seminário Healthtech, que ocorrerá na segunda-feira, 24, às 18h, no Teatro Universitário, campus-sede, com a participação de gestores do Hospital de Amor: Guilherme Sanchez (gerente de inovação), Luis Romagnolo (diretor de inovação) e Gulherme Balthazar (coordenador de projetos).

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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