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‘Movimento para o topo das montanhas’: a elevação dos mares desloca dezenas de milhares de pessoas em Papua Nova Guiné | Ilhas do Pacífico

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6 meses atrásem
Rebecca Bush in Port Moresby
THá dois anos, o pescador Siri James morava na costa sul de Papua Nova Guinénuma pequena aldeia perto da praia de Pariva. Mas à medida que as marés continuavam a subir, James foi forçado a afastar-se da costa.
“Não é fácil ir para o interior, nasci e cresci à beira-mar, sou pescador. Conheço o fluxo das marés e das correntes, sei quando o vento vai soprar forte e quando vai chover – mas agora não entendo porque é que tudo está a mudar”, diz James, que tem cerca de 40 anos.
Ele diz que as marés “parecem aumentar a cada dia”.
“Eu os ouvi dizer que é o aquecimento global. Saí da escola e fugi para pescar, então agora não sei o que é o aquecimento global, mas as chuvas não chegam quando deveriam, os ventos mudaram”, diz James.
“Talvez tenhamos ofendido os deuses do mar, não sei, mas agora tenho que mudar minha família para o interior”, diz ele.
A praia de Pariva faz parte de Kerema, na província do Golfo de Papua Nova Guiné. Nessa área, a subida do nível do mar e a erosão da areia forçaram cerca de 40 mil pessoas a deslocarem-se para o interior durante a última década, afirma um vereador local, no que um importante activista das alterações climáticas descreve como uma “crise humanitária”.
A vereadora de Kerema, Mai Trevor, afirma que 80 mil pessoas viviam na área local, no entanto, desde 2015, quase metade da população mudou-se para o interior devido às marés altas e à erosão arenosa. Trevor diz que os residentes começaram a mudar-se em 2015, mas nos últimos quatro anos o número de pessoas que partiram aumentou.
Além da pesca, muitos na província ganham a vida com o cultivo de coco e noz de betel. Nos últimos anos, os residentes dizem que as marés têm aumentado e os padrões climáticos mudaram, tornando mais difícil o cultivo ou a pesca nos oceanos e afectando os seus meios de subsistência.
“Muitos estão se mudando para o topo das montanhas na cidade de Kerema, enquanto aqueles que têm terras (mais para o interior, nas proximidades) de Murua se mudaram para lá”, diz Trevor.
“Precisamos de uma contagem adequada da população da área para encontrar uma forma de resolver o problema. Todas as terras são propriedade consuetudinária, por isso as autoridades não podem simplesmente realocar as pessoas”, acrescenta ela. A Papua Nova Guiné está a realizar o seu primeiro censo em muitos anos, o que, segundo os especialistas, pode revelar que a população do país do Pacífico é muito superior às estimativas actuais de cerca de 10 milhões de pessoas.
O principal activista das alterações climáticas da Papua Nova Guiné, Duncan Gabi, também estima que dezenas de milhares de pessoas tenham sido deslocadas da área em redor da praia de Pariva.
“A erosão arenosa na praia de Pariva (está) a deslocar 30.000 a 40.000 pessoas, (é) uma crise humanitária que realça a vulnerabilidade da PNG às alterações climáticas”, diz Gabi.
Ele alerta que uma proposta controversa para iniciar a mineração de areia na parte ocidental da província do Golfo está a alimentar receios de que a situação piore e argumenta que as autoridades devem agir para ajudar as comunidades.
‘Nada está sendo feito’
Kerry Anne Henry mora em um vilarejo de cerca de 500 habitantes perto da praia de Pariva. Ela diz que as pessoas que vivem na sua aldeia começaram a deslocar-se para o interior devido à ameaça da subida do nível do mar e da erosão da areia.
“Algumas pessoas têm terras no interior, no topo das montanhas, e começaram a se mudar para lá”, diz ela.
“Aqueles que não têm terras noutros locais ficam simplesmente presos na costa, observando a erosão lenta da areia e a subida das marés. Os nossos cocos e nozes de betel estão a ser levados pelo mar”, diz o homem de 36 anos.
“As autoridades fecharam os olhos à situação e nada está a ser feito ainda”, diz ela.
A poucos quilômetros da casa da família de Henry fica o aeroporto de Kerema. As marés agora chegam mais perto do aeroporto do que no passado e recentemente destruíram a cerca traseira do aeroporto.
O ministro do ambiente, conservação e alterações climáticas, Simon Kilepa, afirma que o aumento do nível do mar e o impacto nas comunidades é uma questão preocupante que sublinha as vulnerabilidades enfrentadas pelas comunidades costeiras em todo o país.
Kilepa afirma que a autoridade para as alterações climáticas e desenvolvimento (CCDA) está “trabalhando com vários departamentos governamentais e parceiros para melhor resolver a questão”.
A diretora-geral em exercício da CCDA, Debra Sungi, afirma que a agência está “profundamente preocupada com os desafios colocados pela subida do nível do mar”, que já afetou os meios de subsistência, as casas e o património cultural de milhares de habitantes da Papua Nova Guiné.
Ela diz que a agência está a trabalhar em “medidas de criação de resiliência para mitigar estes impactos” e a realizar avaliações de vulnerabilidade nas províncias afectadas, incluindo a província do Golfo, para tomar decisões sobre a alocação de recursos.
“Estamos empenhados em garantir que ninguém fique para trás enquanto enfrentamos estes desafios sem precedentes”, afirma ela.
Ainda assim, Gabi diz que não está a ser feito o suficiente para apoiar as comunidades. Ele também teme o impacto de um plano que está sendo considerado pelas autoridades para iniciar a mineração de areia na Baía de Orokolo, no lado ocidental da província do Golfo.
“O que é frustrante é que, enquanto as pessoas estão a ser deslocadas, os projectos propostos de mineração de areia na Baía de Orokolo, na mesma área, ameaçam agravar a crise”, diz Gabi.
“O nosso governo deveria ter priorizado a adaptação climática e a preparação para catástrofes há muito tempo”, acrescenta.
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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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