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Na reta final do Enem, alunos participam de aulões e tentam relaxar

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Na reta final do Enem, alunos participam de aulões e tentam relaxar

Daniella Almeida – Repórter da Agência Brasil*

A dois dias da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, candidatos e professores de várias partes do país participam de aulões coletivos de revisão do conteúdo nesta sexta-feira (1º).

Mais de 4,3 milhões de inscritos confirmados vão testar os conhecimentos em 45 questões de múltipla escolha de linguagens (língua portuguesa, literatura, língua estrangeira, artes, educação física e tecnologias da informação e comunicação) no próximo domingo (3) e outras 45 questões de ciências humanas (história, geografia, filosofia e sociologia), além da prova de redação, que deve ter entre sete e 30 linhas.

Em Brasília, o Colégio Sigma reuniu, nesta tarde, mais de 400 estudantes e professores na quadra esportiva da instituição. O professor de geografia Flávio Bueno, que subiu no palco montado para o aulão, destacou que a preparação do último dia de estudo é direcionada às questões com mais chances de cair no Enem.

“Agora é a hora de fazer o ajuste fino e mostrar que todo o trabalho que esses alunos tiveram durante todo esse período foi bacana. E nós, professores, estamos aqui para evidenciar o que foi feito de bom, deixar o que não foi legal para trás e fazer tudo para pisar no acelerador rumo à vitória.”


Brasília (DF) 01/11/2024 Aulão preparativo para o ENEM no Colégio SIGMA. Foto  José Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF) 01/11/2024 Aulão preparativo para o ENEM no Colégio SIGMA. Foto  José Cruz/Agência Brasil

Brasília (DF) 1º/11/2024 – Aulão preparativo antes das provas do Enem 2024. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Na reta final, a aula coletiva de quatro horas serviu para esclarecer dúvidas, dar dicas de estudo, resolver questões de provas de edições anteriores do Enem, em um simulado ao vivo, e, ainda, repassar instruções sobre o exame, como horário de fechamento dos portões nos cerca de 10 mil locais de provas, e duração das provas, que no primeiro dia terá 5 horas e 30 minutos.

Descontração

Fora das quatro paredes das salas de aula, os docentes prepararam aulas dinâmicas, com gincanas, interação pessoal e estratégias para otimizar o desempenho, mas promover também momentos de distração dos candidatos. Houve momentos de cantoria coletiva, dança, uso de fantasia de Cosplay e Halloween (dia das bruxas), celebrado nesta semana.


Brasília (DF) 01/11/2024 Aulão preparativo para o ENEM no Colégio SIGMA. ( Tiago Diana) Foto José Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF) 01/11/2024 Aulão preparativo para o ENEM no Colégio SIGMA. ( Tiago Diana) Foto José Cruz/Agência Brasil

Brasília (DF) 01/11/2024 – Professor Tiago Diana dá dicas aos alunos antes do Enem 2024. Foto: José Cruz/Agência Brasil

O professor de história e sociologia, Tiago Diana, conversou com os alunos do chamado terceirão (terceiro ano do ensino médio) para desacelerar após meses de estudo de grande volume de conteúdo.

“Tem muitas dicas importantes que são faladas aqui. Hoje, por esse momento ser simbólico e marcante, eles vão lembrar na hora da prova”, disse Tiago Diana.

E justamente para aliviar tensões e revisitar lições que o estudante Vitor Rocha Menezes, de 17 anos, decidiu participar da grande aula. Vitor quer cursar física no ensino superior e, apesar de se sentir confiante com a preparação realizada nos três anos do ensino médio, somada ao apoio dos familiares e professores, tem uma inquietação.

“Nesta reta final, a gente fica muito ansioso pelo o que vai acontecer na hora da prova, qual vai ser o tema da redação e nem dorme direito. A gente pode se frustrar e, por isso, é importante relaxar”.

Historiadora há dez anos, Keilla Vila Flor é professora de uma matéria intitulada projetos de vida, que aborda o empreendedorismo, a convivência social e a formação cidadã. Keilla é defensora dos aulões motivadores como estratégia para reduzir a ansiedade dos estudantes. “É importante para aliviar a pressão que sentem durante todo o ensino médio. Aqui, eles podem ver que outras pessoas estão na mesma condição e, juntos, também podem se acalmar, descontrair, ficarem bem tranquilos para brilharem na prova.”

Quem embarcou na coreografia ao som de axé, foi a jovem Giulia Costa Nascimento, 18 anos, que já se vê como aluna do curso de Psicologia na Universidade de Brasília (UnB). “Estou calma porque eu sei que eu estudei suficientemente para isso durante três anos. Não tenho que ficar com ansiedade, pois sei que eu vou fazer bem, o que eu nasci para fazer e o que eu quero fazer”, diz, decidida.

Treineiros

A estudante Cecília Guerra Macedo, de 16 anos, vai encarar os dias de provas do Enem, na condição de treineira, pela primeira vez. A aluna do segundo ano do ensino médio acredita que, desta forma, vai conhecer melhor a dinâmica da prova para quando tiver que prestar o exame para valer poderá ser mais tranquilo.


Brasília (DF) 01/11/2024 Aulão preparativo para o ENEM no Colégio SIGMA. ( Cecília Guerra Macedo) Foto José Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF) 01/11/2024 Aulão preparativo para o ENEM no Colégio SIGMA. ( Cecília Guerra Macedo) Foto José Cruz/Agência Brasil

Brasília (DF) 01/11/2024  – Aula Cecília Guerra Macedo fará Enem como treineira. Foto: José Cruz/Agência Brasil

“O ambiente do Enem é muito novo, tem muita gente diferente junta. Então, para quem chega pela primeira vez, parece que a pressão é muito maior. No ano que vem, estarei mais preparada para aquilo e acredito que a pressão estará mais leve.”

Quem está na mesma condição é o jovem Thiago Araújo da Silva, 17 anos. A edição deste ano é a estreia dele no Enem. “Quero treinar para o Enem para buscar a melhor nota possível agora e para, no ano que vem, quando for o Enem oficial, eu conseguir passar de primeira”.

Último dia

Após o aulão no penúltimo dia antes do primeiro dia de provas do Enem, os professores foram unânimes: os estudantes devem evitar revisar os conteúdos no sábado e descansar.

A professora de língua portuguesa, literatura e redação, Cléa Maduro, destaca que é “importante ter momentos de descontração para esses alunos que passam por uma pressão muito grande”. “O principal é fazê-los perceber que têm sentimentos parecidos [de insegurança] e que estejam alegres, sem ficar construindo aquele monstro que é o medo da prova do Enem”.

E mesmo vendo um filme ou ouvindo uma música, a professora enxerga a oportunidade de o candidato aumentar seu repertório sociocultural. “Sempre falo aos estudantes o que forem fazer, que seja de forma tranquila. Procurem ouvir uma música, assistir a um documentário, um videozinho, um filminho que componha o repertório deles.”

Além de atividades relaxantes, o dia antes do Enem deve ser de preparação física e emocional para a prova: dormir bem; manter uma alimentação saudável e fazer refeições leves e nutritivas. É muito importante organizar o vestuário e o material que será levado ao local de prova, incluindo documentos de identificação, caneta preta de material transparente, lanche e água, sem esquecer de conferir o local de prova na página do estudante, por meio do login e senha do site Gov.br.  

Enem 2024

A edição deste ano tem 4.325.960 de inscritos, dos quais 1,6 milhão é concluinte do ensino médio. Os dados são autodeclaratórios.

Entre os inscritos, a maior parte é de participantes que já terminaram o ensino médio (1,8 milhão). Além disso, outras 841.546 (19,4%) inscrições são de estudantes do primeiro ou segundo ano e 24.723 (0,6%), de pessoas que não cursam nem completaram o ensino médio, mas farão o Enem como treineiros.


Brasília (DF) 01/11/2024 Aulão preparativo para o ENEM no Colégio SIGMA. Foto  José Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF) 01/11/2024 Aulão preparativo para o ENEM no Colégio SIGMA. Foto  José Cruz/Agência Brasil

Brasília (DF) 1º/11/2024 Aulão na reta final do Enem. Foto: José Cruz/Agência Brasil

As mulheres são maioria entre os inscritos – equivalem a 60,59%, enquanto os homens representam 39,41%. Com relação à declaração de raça e/ou cor dos candidatos, a maioria se reconhece na cor parda (1.860.766), seguida da branca (1.788.622) e preta (533.861). Outros 62.288 se consideram da cor amarela e 29.891 se declararam indígenas.

O estado com o maior número de inscrições é São Paulo, com 645.849, seguido de Minas Gerais (393.007) e Bahia (376.352).

* Colaboração de Ana Carolina Alli, estagiária sob supervisão de Marcelo Brandão



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Revisitado: O assassinato de JFK deu início ao movimento da teoria da conspiração? |

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Revisitado: O assassinato de JFK deu início ao movimento da teoria da conspiração? |

Guardian Staff

Esse episódio executado originalmente na sexta-feira, 24 de novembro de 2023.

O presidente John F. Kennedy foi morto a tiros há 61 anos, enquanto viajava na traseira de um carro pelas ruas de Dallas, Texas. A partir do momento em que a notícia foi divulgada, as pessoas tiveram suas teorias sobre o que aconteceu.

Então porque é que o assassinato de JFK gerou dezenas de teorias da conspiração que persistiram durante décadas? Existe uma razão pela qual os americanos acreditam rapidamente que o seu governo está a encobrir alguma coisa? E apesar dos vários exemplos de quando as conspirações se tornam perigosas, estarão os políticos de hoje, incluindo o próprio sobrinho de Kennedy, a usar teorias da conspiração para obter ganhos políticos?

Arquivo: CBS, USA Today, CNN

Fotografia: Keystone-França/Gamma-Keystone/Getty Images



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Por que um projeto de lei sobre seminários religiosos é o último ponto crítico do Paquistão | Notícias sobre religião

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Por que um projeto de lei sobre seminários religiosos é o último ponto crítico do Paquistão | Notícias sobre religião

Islamabad, Paquistão – Depois de rechaçar os protestos do partido de oposição Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI), o governo paquistanês enfrenta agora um novo desafio – uma potencial agitação liderada por Fazal-ur-Rehman, líder do grupo religioso Jamiat Ulema-e-Islam-Fazl (JUIF) festa.

Rehman, um político veterano e parte da coligação governante que governou o Paquistão de Abril de 2022 a Agosto de 2023, insta o governo a aprovar um projecto de lei apresentado em Outubro para alterar o processo de registo de seminários religiosos.

Em Outubro, a legislação foi aprovada juntamente com o controversa 26ª emenda – movidos pelo governo, e para os quais eles precisava do apoio dos legisladores do JUIF – que dá ao parlamento supervisão sobre as nomeações judiciais.

No entanto, quando o projecto de lei lhe chegou para aprovação final, o Presidente Asif Ali Zardari levantou “objecções técnicas” e enviou-o de volta ao parlamento para posterior deliberação. Desde então, o governo do primeiro-ministro Shehbaz Sharif indicou que também tem preocupações sobre o projecto de lei – provocando um impasse.

Desde então, Rehman iniciou um diálogo com funcionários do governo, incluindo Sharif, argumentando que a atual lei que rege os seminários religiosos mina a sua autonomia.

Na semana passada, ele alertou que a reversão dos compromissos assumidos com o seu partido poderia desestabilizar ainda mais o já volátil cenário político do Paquistão.

“Queremos criar uma atmosfera de confiança. É responsabilidade do governo melhorar a situação, mas parece estar a empurrar as pessoas para o extremismo e o protesto”, disse Rehman em Peshawar.

Então, o que diz a lei atual e o que o novo projeto de lei faria? Quais são as preocupações que Zardari e outros levantaram? E o que vem a seguir, para o projeto de lei e para o sistema político fraturado do Paquistão?

Como os seminários foram governados historicamente?

O debate sobre o registo de seminários religiosos, também conhecidos como madrassas, tem sido há muito controverso no Paquistão.

Historicamente, os seminários foram registados ao abrigo da Lei de Registo de Sociedades da era colonial de 1860 a nível distrital. Este sistema descentralizado deixou o governo com pouco controlo sobre os currículos, actividades ou financiamento do seminário.

Em particular, as autoridades educativas estaduais ou federais não tinham qualquer escrutínio sobre os seminários, que lidavam apenas com burocratas locais.

Com o tempo, aumentaram as preocupações com a ausência de qualquer monitorização eficaz do currículo, das finanças ou das actividades destas escolas.

Por que começou uma regulamentação mais rigorosa?

O ponto de viragem foi o ataque de 11 de Setembro e o lançamento da chamada “guerra ao terror” pelos Estados Unidos. O Paquistão, sob o comando do líder militar General Pervez Musharraf, procurou reformar os seminários.

Muitos dos homens que se juntaram a grupos armados como a Al-Qaeda, ou aqueles que mais tarde fundaram o Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), revelaram-se como ex-alunos de seminários no Paquistão, o que levou o governo a declarar as reformas propostas “indispensáveis”. para a segurança nacional.

Após o ataque mortal do TTP à Escola Pública do Exército, uma escola gerida pelo exército, em Dezembro de 2014 em Peshawar, o governo paquistanês introduziu o Plano de Acção Nacional, um documento abrangente que procurava, entre outras propostas, supervisionar o registo de religiosos seminários.

Entre 2018 e 2022, o Força-Tarefa de Ação Financeira (GAFI), um órgão intergovernamental de vigilância do branqueamento de capitais e do financiamento criado pelo G7 em 1989, colocou o Paquistão na sua “lista cinzenta” de países que não cumprem integralmente os seus regulamentos. Os países da lista cinzenta correm o risco de perder investimento estrangeiro crítico.

Uma das exigências do GAFI antes de retirar o nome do Paquistão da lista era que o governo colocasse os seminários religiosos sob o seu controlo, para garantir a transparência nas suas operações financeiras.

Em 2019, sob o governo PTI do ex-primeiro-ministro Imran Khan, os seminários foram reclassificados como instituições educacionais e colocados sob a tutela do Ministério da Educação.

Isto levou à criação da Direcção Geral de Ensino Religioso (DGRE), que é actualmente chefiada por Ghulam Qamar, um general reformado de duas estrelas que também é especialista em contraterrorismo.

A DGRE exigiu auditorias anuais e expandiu os currículos do seminário para incluir disciplinas como matemática e ciências.

Desde a sua criação, mais de 18.000 seminários e dois milhões de estudantes foram registrados.

No entanto, muitos seminários, incluindo aqueles afiliados ao JUIF, recusaram-se a aderir ao sistema e continuaram a operar ao abrigo da Lei de Registo de Sociedades.

O que está na legislação proposta pelo JUIF?

A alteração da JUIF à Lei de Registo de Sociedades transfere as responsabilidades de registo do seminário de volta para os vice-comissários distritais, eliminando a supervisão do Ministério da Educação.

O projeto de lei também propõe que os seminários com vários campi sejam autorizados a registar-se como uma entidade única, uma medida que a JUIF argumenta que reduzirá a interferência governamental e protegerá a autonomia destas instituições.

Quais são as objeções do governo?

O ministro dos Assuntos Religiosos, Chaudhry Salik Hussain, defendeu a resistência do governo em aprovar o projeto de lei JUIF.

Hussain, num comunicado divulgado pelo Ministério dos Assuntos Religiosos na semana passada, disse que o governo quer que as questões relacionadas com a educação permaneçam sob a alçada do Ministério da Educação, incluindo o registo de seminários.

A Al Jazeera contactou Hussain, bem como o Ministro da Informação, Attaullah Tarar, para obter comentários sobre a controvérsia e por que razão os legisladores dos partidos do governo apoiaram o projecto de lei no parlamento com uma maioria esmagadora, em primeiro lugar, se tivessem reservas. Nenhum dos dois respondeu.

Contudo, numa conferência recente em Islamabad no início desta semana, funcionários do governo e líderes religiosos expressaram preocupações sobre as alterações propostas pela JUIF. O Ministro da Informação, Tarar, afirmou que havia “complicações jurídicas” no projeto de lei – sem explicitá-las – e apelou a novas consultas.

O Ministro Federal da Educação, Khalid Maqbool Siddiqui, também acrescentou que a anulação do mecanismo de registo existente estava fora de questão, enfatizando que tal medida não serviria os interesses da nação.

“As reformas dos seminários também têm sido um problema sério em termos de segurança nacional”, disse ele.

O que isso significa para a política do Paquistão?

O governo de Sharif poderá não precisar mais urgentemente do apoio político do JUIF após a aprovação da 26ª emenda. Mas o seu fracasso em manter o seu compromisso com um partido que o ajudou a aprovar uma controversa alteração constitucional – que o PTI do antigo primeiro-ministro Imran Khan argumenta que enfraqueceria a independência do poder judicial – levanta questões sobre a credibilidade do governo.

“Seria melhor se o governo resolvesse esta questão sem criar mais confusão”, disse Shahzad Iqbal, analista político e âncora de notícias baseado em Islamabad, à Al Jazeera.

Mas isso não será fácil. O governo, disse Iqbal, parecia estar sob “pressão de outros quadrantes” por causa do projeto de lei.

Em Julho, o Tenente-General Ahmed Sharif Chaudhry, chefe da ala de comunicação social do exército paquistanês, o Inter-Services Public Relations (ISPR), tinha mencionado durante uma conferência de imprensa que mais de metade dos seminários religiosos do país não estavam registados e os seus detalhes, incluindo a fonte do seu financiamento, eram desconhecidos.

Esta, de acordo com o analista Majid Nizami, baseado em Lahore, é a razão pela qual o debate em curso sobre os seminários religiosos e o seu controlo poderá, em última análise, resumir-se – “directa ou indirectamente” – ao que o poderoso establishment militar do Paquistão pretende.

“A DGRE é liderada por um ex-major-general com uma longa história de experiência em contraterrorismo”, disse Nizami à Al Jazeera. “Quando e se um establishment militar der qualquer aprovação, só então os partidos políticos agirão de acordo. Não é uma preocupação política; é uma preocupação militar.”



Leia Mais: Aljazeera

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Alta da Selic fez Anfavea virar a noite revendo previsões – 12/12/2024 – Mercado

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Alta da Selic fez Anfavea virar a noite revendo previsões - 12/12/2024 - Mercado

Eduardo Sodré

A Anfavea (associação das montadoras) havia preparado um anúncio otimista para esta quinta-feira (12). Em sua coletiva mensal, a entidade iria prever que a venda de veículos novos chegaria a 3 milhões de unidades em 2025. Mas antes havia a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a taxa básica de juros do país.

“Viramos a noite revendo as projeções”, disse Márcio de Lima Leite, presidente da associação. O problema não foi a alta de 1 ponto percentual —que levou a taxa a 12,25% ao ano—, mas, sim, a expectativa de mais duas elevações no mesmo patamar nas próximas reuniões do comitê.

Ao mesmo tempo em que revisava os números, a diretoria da Anfavea tinha uma preocupação: após um ano de crescimento das vendas (2024 registra alta de 15% entre janeiro e novembro na comparação com 2023), era preciso manter o tom de celebração para preservar o bom relacionamento com o governo federal, que tem se mostrado simpático às causas defendidas pelas montadoras.

Após muitos cálculos, a associação projetou uma elevação de 5,6% nos emplacamentos em 2025, chegando a um total de 2,802 milhões de unidades comercializadas. O número inclui carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.

A previsão não foi consenso entre as associadas, sendo que algumas montadoras enxergam riscos de retração. Há preocupação com o impacto da Selic na concessão de crédito por parte dos bancos, o que pode reverter a tendência de melhora nesse ramo financeiro.

Leite, contudo, afirmou que houve melhora na liberação de financiamentos nos últimos meses, o que deve fazer a comercialização no mercado automotivo crescer 32% entre o primeiro e o segundo semestres deste ano. A Anfavea acredita que, ao longo de 2025, as vendas a prazo responderão por 50% dos negócios. Hoje, estão em cerca de 45%.

Há um claro esforço em apoiar as políticas do governo para a indústria, explícito em um mosaico de fotos apresentado na coletiva. As imagens mostram encontros animados de representantes da Anfavea com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).

Em relação à produção, a Anfavea prevê alta de 6,8%, com 2,749 milhões de veículos leves e pesados fabricados no país em 2025. O número já considera as futuras linhas das montadoras chinesas BYD e GWM, que começarão a operar no primeiro semestre do próximo ano.

Neste ano, já foram produzidas 2,359 milhões de unidades, uma alta de 9,6% em relação aos 11 primeiros meses de 2023. A expectativa é encerrar o ano com 2,574 milhões de veículos leves e pesados fabricados no país.


Os chineses ainda estão entre os temas principais das reuniões das montadoras. De acordo com a associação, as importações a partir desse país passaram de 32.180 unidades entre os meses de janeiro e maio de 2023 para 105.763 no mesmo período de 2024, o que representa uma alta de 229%.

No acumulado deste ano, 26% dos carros estrangeiros vendidos no Brasil vieram da China —que também tem presença forte em outros mercados da américa do Sul, o que prejudica as exportações da indústria automotiva nacional.

A Anfavea confirmou que há cerca de 70 mil carros de marcas como BYD e GWM em estoque no Brasil. Segundo a agência Bloomberg, esses veículos congestionam os portos do país e têm gerado problemas para as próprias empresas importadoras.

Fatores como esse também trazem dúvidas sobre o potencial de expansão da produção local de automóvel, já que há muitos carros disponíveis à pronta entrega. Apesar disso, a Anfavea reforça os pontos positivos do ano.

De acordo com a associação das montadoras, o país é o que mais cresce no segmento automotivo entre os dez maiores mercados do mundo. A associação diz ainda que o ciclo atual de investimentos, calculado em R$ 180 milhões, levou à criação de 100 mil empregos diretos e indiretos no setor.





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