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Numa era de crises ambientais, as mulheres mais próximas da destruição devem ser ouvidas | Omaira Bolaños

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Omaira Bolaños

EU aprendi sobre a importância das mulheres em pequenas comunidades com minha mãe. Ela era uma camponesa – uma camponês como dizemos em Colômbia – nas montanhas perto de Cali, onde cresci. Ela procurou comida na floresta e cultivou a terra para cultivar vegetais para alimentar a mim e aos meus quatro irmãos. São mulheres como ela que tento capacitar com o meu trabalho apoiando os direitos coletivos das mulheres indígenas e afrodescendentes na Ásia, África e América Latina.

Numa era de crises ambientais, as pessoas dessas comunidades têm um papel descomunal na prevenção da destruição da natureza e no abrandamento da crise climática. Colômbia, onde a biodiversidade Cop16 foi realizada na semana passada, é o lar de 10% de toda a vida na Terra, estendendo-se desde a densa floresta de manguezais da costa do Pacífico até a floresta amazônica. Muitas das comunidades com as quais trabalho convivem com esta natureza rica e fazem da sua sobrevivência parte da sua cultura, algo cada vez mais reconhecido na conservação. Isto é verdade desde o Círculo Polar Ártico até à floresta indonésia. A minha função é garantir que as mulheres destes locais recebam apoio prático e uma parte justa da crescente assistência financeira.

Existem duas barreiras principais para as mulheres nos locais onde trabalho. Primeiro, as mulheres das comunidades indígenas e afrodescendentes muitas vezes não conseguem organizar-se como entidades jurídicas. Isto significa que muitas vezes não se qualificam quando o financiamento fica disponível, como os 1,7 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de libras) de apoio direto que foi anunciado na Cop26 em Glasgow em 2021. Quando se estabelecem como grupos jurídicos, ajudo-os a navegar pelas extensas candidaturas e pela confusa rede de organizações financiadoras.

pular a promoção do boletim informativo

Em seguida vem a discriminação dentro de suas próprias comunidades. As organizações que representam comunidades indígenas e afrodescendentes são quase sempre lideradas por homens. Se tiverem secções femininas, podem ser criticadas pelo seu próprio movimento. Eles são vistos como competição por recursos limitados. Pode haver tensões quando outros vêem as mulheres a organizarem-se com a sua própria voz e agenda, percebidas como estando separadas das prioridades dos líderes masculinos.

Há muito a ganhar garantindo que as mulheres recebam a sua parte justa. Num evento recente, um colega disse que quando você investe em um homem, você investe em um homem. Mas quando você investe numa mulher, você investe numa comunidade. As mulheres garantem que os seus filhos tenham oportunidades de educação e de vida melhor e, claro, cuidam dos seus parceiros. Com os grupos indígenas e afrodescendentes também há um enorme benefício para a natureza, pois são os detentores do conhecimento ancestral e garantem que ele seja transmitido de geração em geração, protegendo os ecossistemas e suas famílias.

Omaira Bolaños, diretora dos programas para a América Latina e justiça de gênero da Iniciativa Direitos e Recursos. Fotografia: Trineo Comunicaciones para RRI

Durante a pandemia de Covid, as mulheres desempenharam um papel vital nos grupos indígenas e afrodescendentes quando o mundo parou, tornando-se muitas vezes as principais intervenientes na procura de alimentos e na identificação de meios para sustentarem a si mesmas e aos outros.

Exemplos do que está em jogo estavam por toda parte na Cop16. O conflito na Colômbia forçou-me a partir para os EUA para minha segurança. Mas estou de volta à minha cidade natal e estou orgulhoso de que o mundo estivesse aqui.

Um dos principais conquistas da reunião era reconhecer formalmente os grupos afrodescendentes como parte do processo de biodiversidade da ONU, para que tenham voz garantida durante as negociações. O papel das comunidades indígenas também foi elevado. Temos de começar a pôr isto em prática e isso tem de incluir as mulheres.

Como dito a Patrick Greenfield



Leia Mais: The Guardian

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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