NOSSAS REDES

MUNDO

O arrogante Kim Jong-un está aumentando as apostas nucleares. É hora de a Coreia do Sul seguir o exemplo? | Simon Tisdal

PUBLICADO

em

Simon Tisdall

Sos chamados conflitos congelados podem subitamente esquentar sem aviso prévio. Veja-se a Ucrânia, a Síria ou a Arménia-Azerbaijão. Será que a Coreia será a próxima? Durante quase três quartos de século, um armistício – e não um tratado de paz – impediu velhos inimigos, a Coreia do Norte e Coréia do Sul destruindo um ao outro. Os seus respectivos apoiantes, a China e os EUA, subscreveram um status quo de guerra fria.

Agora, momentaneamente, o gelo está rachando. Mas não é um degelo político. A hostilidade mútua não diminuiu. Não é porque o empobrecido reino eremita de Kim Jong-un esteja implodindo, como muitas vezes se prevê. Pelo contrário, é porque a Coreia do Norte, impulsionada por novos amigos em altos escalões, está em alta, enquanto a Coreia do Sul sofre um colapso muito público. Em suma, as coisas estão esquentando.

Por que isso é importante para o mundo em geral? Em uma palavra: armas nucleares. Desafiando décadas de sanções, Kim construiu um formidável arsenal de mísseis e ogivas nucleares. Encorajado por uma nova aliança de segurança com a Rússia e pelos laços com o Irão, tolerado e auxiliado pela China, e preparado para explorar a falta de noção que é marca registada de Donald Trump, o regime dissidente da Coreia do Norte, contra todas as probabilidades, é no pé da frente.

O ditador Kim – o suposto “rei louco” da Ásia – sempre foi perigoso. Agora ele está ficando totalmente otimista. Na semana passada, ele afirmou que os EUA, a Coreia do Sul e o Japão estavam a planear um ataque nuclear e proclamou um ataque agressivo. Contra-estratégia “mais difícil” de sempre. Pyongyang recentemente testou um novo míssil balístico intercontinental capaz de atingir qualquer cidade dos EUA.

Kim redesignou a Coreia do Sul como um “Estado hostil”, destruindo qualquer esperança remanescente de uma reunificação pacífica.

“Kim tem sido um beneficiário distinto do crescente antagonismo entre os EUA e a China e a Rússia”, escreveu o analista regional Andrei Lankov. “Perversamente, mesmo que a Coreia do Norte se torne mais ameaçadora para o seu vizinho do sul e represente um maior desafio militar para o Ocidente, ganhou mais estabilidade económica e tornou-se menos vulnerável à pressão externa.”

Durante o segundo mandato de Trump, os programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte poderão tornar-se ainda mais provocativos, sugeriu Lankov. Em seu primeiro mandato, Trump oscilou impulsivamente entre oferecer acordos amorosos e ameaçar chover “fogo e fúria” sobre o regime. Cenouras e castigos são menos eficazes agora e mais perigosos, à medida que o arsenal de Kim se expande.

“Como a Coreia do Norte está muito ultrapassada em termos militares convencionais, e porque qualquer conflito sério levanta riscos existenciais para as elites do regime, é muito mais provável do que qualquer outro estado com armas nucleares utilizar efectivamente as suas armas”, afirmam os analistas Robert E. Kelly e Min- hyung Kim avisou. “Isso representa uma ameaça nuclear única.”

As razões para o retorno coreano de Kim são várias. O seu fornecimento de granadas de artilharia da era soviética, munições e milhares de soldados para ajudar Vladimir Putin a combater a sua guerra ilegal na Ucrânia é recompensado com dinheiro, petróleo, ajuda alimentar e alegada assistência tecnológica com satélites e armamento. Kim não se importa nem um pouco com isso centenas de seus soldados estão morrendo. O seu cálculo geoestratégico a sangue frio é claro.

A parceria da Rússia protege Coréia do Norte de uma acção punitiva renovada no Conselho de Segurança da ONU. Ter o selo de aprovação do criminoso de guerra Putin – uma honra duvidosa – mitiga o extremo isolamento diplomático e económico do país. Entretanto, as tropas de Kim, ou aqueles que sobrevivem aos horrores da frente de Kursk, estão a adquirir conhecimentos no campo de batalha sobre as tácticas e armas ocidentais.

A ligação ao Kremlin serve outro propósito valioso: lembrar à China, aliada de longa data e por vezes autoritária da Coreia do Norte, que Pyongyang tem outras opções. Anteriormente, Pequim opôs-se à construção nuclear de Kim, vendo-a como um factor desestabilizador que convidava à interferência regional dos EUA. Mas hoje em dia morde o lábio e aumentou a ajuda para maximizar a alavancagem. Até a China se pergunta e se preocupa com o que é excitável e incontrolável Kim pode fazer o próximo.

Estas preocupações são ainda mais sentidas na Coreia do Sul, alvo frequente das ameaças nucleares de Pyongyang. O país está a passar por um momento difícil, envolvido numa crise democrática e constitucional em grande escala após a declaração fracassada da lei marcial pelo Presidente Yoon Suk Yeol no mês passado. Embora acusado e desonrado, Yoon ainda está em seu palácio resistindo à prisão. Cega à ironia, a Coreia do Norte disse que as acções “insanas” de Yoon eram as de uma “ditadura fascista” que vitimiza o seu próprio povo.

pular a promoção do boletim informativo

Entretanto, a aversão de Trump ao envolvimento em conflitos estrangeiros, expressa mais recentemente sobre a Síria, está a intensificar o debate da Coreia do Sul sobre se o guarda-chuva nuclear dos EUA, erguido em 1953, ainda existe na realidade. Dado que poucos acreditam que Trump arriscaria o Armagedão para salvar Seul, tal como não para salvar Kiev, o caso para o Sul adquirir a sua própria dissuasão nuclear fica mais forte.

Trump não é confiável. Ele ameaçou fechar bases dos EUA na Coreia do Sul. E ele está em conflito com Kim depois de Hanói em 2019 Desastre da “cimeira da paz”. Ele irá bombardeá-lo ou abraçá-lo? É provável que qualquer acordo futuro entre Trump e Kim abandone a desnuclearização, permitindo ao Norte reter algumas ogivas. Más notícias para Seul. Em qualquer caso, Washington está distraído pelo comércio entre a Ucrânia, Israel-Palestina, a China e o renascimento do terror do Estado Islâmico.

As pesquisas sugerem que a maioria dos sul-coreanos é a favor da construção da bomba para proteger seu país. Se isso acontecesse, Kim veria isso como uma provocação existencial. O Irão enfrenta um dilema semelhante, vis-à-vis Israel, conforme discutido aqui no mês passado. O impacto nos esforços globais de não proliferação nuclear, caso a Coreia do Sul se torne nuclear, poderá ser desastroso. O Japão e outros países podem seguir o exemplo.

No entanto, dito isso, o que você faria? Arrogante Kim, apoiado por Rússia e a China, torna-se cada vez mais descaradamente ameaçador e imprevisível. A América de Trump não é uma amiga confiável. E ninguém mais vai ajudar. Quem salvará a Coreia do Sul da chantagem nuclear, da intimidação ou pior do Norte, se não se salvar a si próprio? Isto não é algum tipo de ficção nuclear de pesadelo. É uma escolha em tempo real.

As grandes potências têm de voltar a levar a sério a controle multilateral de armas – ou o novo ano poderá em breve ter um novo slogan: desbanir a bomba.

Simon Tisdall é o comentarista de relações exteriores do Observer



Leia Mais: The Guardian

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO

em

O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

Leia mais notícia boa

Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

PUBLICADO

em

Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

Leia mais notícia boa

A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

PUBLICADO

em

O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

Leia mais notícia boa

Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

//www.instagram.com/embed.js



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MAIS LIDAS