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O Brasil luta com Harvard para recuperar o crânio do rebelde africano após 190 anos | África

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O Brasil luta com Harvard para recuperar o crânio do rebelde africano após 190 anos | África

Tiago Rogero in Rio de Janeiro

EUEm janeiro de 1835, vestindo vestes religiosas e carregando amuletos inscritos com orações e passagens do Alcorão, centenas de muçulmanos africanos encenaram a revolta dos escravos urbanos mais significativos nos mais de 350 anos de escravidão em Brasil.

Cerca de 600 Malês – como os muçulmanos de origem iorubá eram conhecidos – tentavam assumir o controle de Salvador, a capital do estado da Bahia e depois a segunda cidade mais importante do país, mas foram derrotados pela polícia, que matou 70 rebeldes.

A revolta de Malê foi uma revolta de africanos muçulmanos que ocorreu em 1835 na Bahia. Um amuleto foi encontrado com um membro da revolta. Fotografia: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB)

Logo depois, o crânio de um dos rebeldes caídos foi levado para os EUA, onde, depois de ser usado em estudos de eugenia que procuravam provar as chamadas teorias racistas “científicas”, acabou no Museu de Arqueologia e Etnologia de Harvard, onde permanece até hoje.

Agora, 190 anos depois, o crânio – que se acredita ser o de um líder não identificado da revolta – pode finalmente retornar ao Brasil.

“Ele é nosso irmão e merece ser enterrado sob ritos islâmicos”, disse o xeque Abdul Hameed Ahmad, 74 anos, líder e fundador do Centro Cultural Islâmico da Bahia. “Não importa se é um crânio, se faz parte de um corpo; Ele é muçulmano e devemos honrá -lo ”, acrescentou.

Ahmad faz parte de um grupo chamado Arakunrin, que significa irmão em Yoruba, que trabalha no repatriamento nos últimos dois anos.

A existência do crânio foi revelada apenas em 2022 em um livro do historiador Christopher de Willoughby e um Artigo no Harvard Crimsonque relatou que a universidade detém os restos humanos de pelo menos 19 indivíduos que provavelmente foram escravizados nos EUA, no Caribe e no Brasil.

Um Harvard Comitê admitiu isso “Os restos esqueléticos foram utilizados para demonstrar diferenças espúrias e racistas para confirmar hierarquias e estruturas sociais existentes”, e recomendou que elas devam ser devolvidas a comunidades descendentes ou repatriadas.

O Pesquisador líder sobre a revolta de MalêO historiador brasileiro João José Reis, entrou em contato com ex -colegas em Harvard, onde ele havia ensinado como professor visitante em 2012. “Mas nos últimos dois anos, o Museu Peabody atrasou sistematicamente as negociações de repatriação”, disse ele.

Reis, Ahmad e os outros pesquisadores do grupo Arakunrin se voltaram para o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que se juntou às negociações com Harvard no final de 2024. “Foi quando as negociações finalmente começaram a avançar”, disse Reis.

Tudo o que se sabe sobre o crânio vem do homem que o removeu de um hospital na Bahia e o levou para Boston: Gideon T Snow.

O amuleto encontrado com um dos membros da revolta leva o texto da Surah al-Qadr, presente no Alcorão. Fotografia: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB)

Em um breve, mas fortemente eugenista, ele escreveu que pertencia a uma “africana genuína, da tribo Nagô (como os iorubás também eram conhecidos na Bahia), estimados acima de todos os outros negros por sua alta estatura, a amplitude de ombros, a simetria e a força do limite, a uma inteligência não encontrada geralmente encontrada entre os negros dos negros, de verdade. Esta foi a tribo que se revoltou aqui em janeiro passado (1835), e esse foi um dos chefes do caso. Ele foi morto após um concurso mais desesperado, a coragem dessa tribo sendo totalmente igual à sua força hercúlea. ”

Segundo o historiador Bruno Veras, também membro de Arakunrin, Snow era um diplomata americano que também estava envolvido no comércio brasileiro de açúcar, que dependia do trabalho escravizado. “Das pistas da documentação, parece que ele roubou a cabeça do homem do hospital enquanto ainda era” fresco “”, disse Veras.

Depois que o crânio é devolvido, os pesquisadores planejam realizar um teste de DNA para verificar se ele era de fato de origem iorubá. “Um ladrão grave dificilmente é uma pessoa moralmente confiável, certo?” disse Reis.

A condição do crânio ainda é desconhecida – se ele tem dentes, por exemplo, o que pode ser útil para o teste de DNA – porque Harvard se recusou a compartilhar imagens com os pesquisadores. Um porta -voz da Universidade disse que não discutiria o repatriamento e que “por uma questão de política, não compartilhamos imagens de nenhum restante”.

O crânio de Malê não é o único brasileiro na posse da universidade: ainda se sabe menos sobre um segundo – apenas que consiste em “restos humanos cranianos de um indivíduo … exumado das ‘ruas do Rio de Janeiro’”, segundo o Comitê de Harvard.

Nas reuniões, a universidade declarou que pretende enviar os dois crânios juntos sob o Lei de Proteção e Repatriação de Graves Americanos Nativos. Para isso, Harvard solicitou esclarecimentos sobre qual comunidade descendente legítima receberá os restos mortais – algo claro no caso Malê, mas não para o outro crânio. Como resultado, não há cronograma para quando os repatriações podem ocorrer.

No entanto, os membros do Grupo Arakunrin continuam otimistas de que os crânios serão devolvidos este ano, coincidindo com o 190º aniversário da revolta.

“A revolta de Malê é importante não apenas para os muçulmanos ou para o Brasil, mas para o mundo, porque é uma história de resistência à escravidão”, disse o xeque Ahmad, que é de origem iorubá, nascido na Nigéria e morando na Bahia desde 1992.

Hannah Romã Bellini Sarno, pesquisador da identidade muçulmana e outro membro de Arakunrin argumenta que há um simbolismo muito maior em dar ao crânio de Malê um funeral religioso.

“Durante o período da escravidão, os rituais funerários foram negados não apenas a ele, mas a tantos outros africanos que estavam no Brasil e morreram sem os cuidados espirituais que mereciam”, disse ela.



Leia Mais: The Guardian

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Antártida está se recuperando! Camada de gelo cresce pela 1ª vez em décadas

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A criança autista encontrada correndo em uma rodovia movimentada nos EUA, foi salva graças a rápida ação policial. - Foto: San Diego Sheriff

Notícia boa para o todo o planeta. A camada de gelo da Antártida está se recuperando pela primeira vez em décadas. De 2021 a 2023, essas geleiras registraram ganhos significativos, de acordo com os dados levantados por cientistas. E isso, aos poucos, contribui para o nível global do mar, afirmaram especialistas.

Para os pesquisadores, essa recuperação, publicada na Science China Earth Sciences, se deve ao aumento incomum na precipitação, que levou ao acúmulo de neve e gelo. E isso tem relação direta com a redução na emissão de gases do efeito estufa.

E é fácil entender a importância dessa notícia. A camada de gelo da Antártida, que contém mais da metade da água doce do mundo, desempenha um papel fundamental na elevação do nível do mar global.

Água doce do mundo

O derretimento contribui para com a perda de gelo da Groenlândia e a expansão térmica dos mares em aquecimento, segundo o SCI Tech Daily.

Para chegar a essa informação, os pesquisadores analisaram dados das missões Grace (Gravity Recovery and Climate Experiment) e Grace-FO (GRACE Follow-On).

Esses dados medem mudanças no campo gravitacional da Terra para rastrear flutuações na massa de gelo.

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As constatações dos cientistas

Quatro grandes bacias glaciais na região WL-QML: Totten, Universidade de Moscou, Denman e Baía de Vincennes estavam perdendo mais massa, com a descarga de gelo e o derretimento da superfície responsáveis ​​por grande parte da perda.

Porém, os cientistas avisam que esse aumento ainda não pode ser interpretado como uma tendência de longo prazo.

Por isso, é preciso manter as medidas de proteção climática que vários países estão adotando para a redução na emissão de gases do efeito estufa.

Entre elas estão:

  • reduzir o consumo de combustíveis fósseis,
  • adotar formas de energias renováveis e limpas, e
  • proteger e restaurar as florestas

Que cada país faça a lição de casa!

O fato de a Antártida estar se recuperando do derretimento da camada de gelo não significa que há efeitos futuros expressivos, alertam os cientistas. Foto: Universidade de Leeds O fato de a Antártida estar se recuperando do derretimento da camada de gelo é positivo, mas não significa que há efeitos futuros expressivos, alertam os cientistas. Foto: Universidade de Leeds



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Veja como Europa conseguiu reduzir lixo nas praias em 40% desde 2015

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A criança autista encontrada correndo em uma rodovia movimentada nos EUA, foi salva graças a rápida ação policial. - Foto: San Diego Sheriff

A Europa começa 2025 com uma notícia boa e uma grande conquista ambiental: as praias do continente tiveram uma redução total de 30% do lixo. Tudo isso foi possível graças à população!

Um novo relatório europeu confirmou a notícia boa e o destaque da queda foi para o lixo plástico descartável, com redução de 40%. A mudança é resultado de políticas públicas bem aplicadas e participação direta da sociedade.

Além das leis rigorosas e campanhas de conscientização, o continente implementou hábitos diários. Separar o lixo em casa, por exemplo, deixou de ser apenas um incômodo e se tornou um ato de impacto real. É possível chegar lá!

Medidas efetivas

Entre as medidas tomadas, estão as metas como a Poluição Zero até 2030, além da aplicação da Diretiva-Quadro Estratégia Marinha, que cobra dos países um “bom estado ambiental” para os mares.

A metodologia de monitoramento unificada conseguiu consolidar os dados e orientar políticas públicas mais universais, mas sem deixar de levar em conta as especificidades de cada país.

O relatório europeu analisou dados de praias entre 2015 e 2021.

Foram observadas quedas significativas: 30% no lixo total, 40% em plástico de uso único e 20% em itens relacionados à pesca e sacolas plásticas.

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Leis e educação ambiental

Outro ponto importante é a atuação dos próprios cidadãos.

Separar o lixo corretamente, participar de mutirões de limpeza e pressionar por políticas públicas mais sustentáveis têm sido atitudes comuns em muitas regiões da Europa.

Além disso, o continente intensificou o ensino de conscientização ambiental nas escolas, desde as séries mais novas até os anos finais.

Novo regulamento

Um dos maiores avanços recentes veio com a aprovação, neste ano, do Regulamento Europeu para Prevenir a Perda de Pellets de Plástico.

A nova regra tem como objetivo “perda zero de pellets”, e obriga empresas de médio e grande porte a adotarem medidas rígidas de prevenção, contenção e limpeza de derramamentos.

Além disso, a regulamentação prevê equipamentos e treinamentos obrigatórios para manuseio de pellets, auditorias independentes para empresas e regras para toda a cadeia de produção, transporte e armazenamento.

Desafios seguem

O que aconteceu na Europa é fruto de vontade política, pensamento popular e regras claras.

Agora, os especialistas veem um desafio: manter o ritmo.

Para isso, estudam a aplicação de novas leis com firmeza.

A meta para a Poluição Zero da União Europeia é reduzir o lixo plástico no mar em 50% até 2030.

Para 2030, o continente que aumentar ainda mais os resultados positivos. – Foto: Unsplash



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“Ele pediu ajuda a Deus. 5 minutos depois, ela apareceu”: gentileza transforma vida homem que morava na rua

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A criança autista encontrada correndo em uma rodovia movimentada nos EUA, foi salva graças a rápida ação policial. - Foto: San Diego Sheriff

A gentileza de Hilary, da Austrália, mudou a vida de Daniel, um homem em situação de rua. – Foto: @hilaryholmesmakeup

Um pedido emocionado a Deus e um gesto de gentileza mudaram o destino de Daniel, um homem que vivia em situação de rua há 18 anos. Na última Páscoa, ele conheceu de perto o amor.

Enquanto muitos celebravam a ressurreição de Cristo com a família, Hilary Holmes, uma maquiadora de Melbourne, na Austrália, resolveu fazer uma boa ação. Ela viu um homem sentado, Daniel, sozinho na rua carregando os pertences dele em sacos de lixo.

A cena a tocou. A mulher buscou uma sacola de lanches e algo ainda mais valioso: tempo e atenção. No dia anterior, Daniel havia feito um pedido especial a Deus: queria ser encontrado no meio do caminho por alguém. Que forte!

Reencontro com a esperança

Daniel voltou para Melbourne com alguma esperança, mas logo quando chegou foi roubado.

Além disso, o homem tem vários problemas de saúde: é diabético, tem duas hérnias e três tumores.

Mas, na última Páscoa, o destino dele mudou.

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Sopro de vida

A conversa com Hilary naquele ponto de bonde foi como um sopro de vida para Daniel.

Ele contou sobre como tem fé e o pedido que havia feito a Deus no dia anterior.

Tocada pela coincidência, Hilary decidiu que não poderia simplesmente voltar para casa e esquecer tudo aquilo.

Corrente do bem

A maquiadora criou uma campanha no GoFundMe para ajudar Daniel a dar os primeiros passos rumo à estabilidade.

A resposta foi incrível. Em poucos dias, mais de A$ 30.000, aproximadamente R$ 109 mil, foram arrecadados.

As doações permitiram que Daniel conseguisse comprar itens básicos, cuidasse da saúde e, pela primeira vez em muito tempo, se sentisse acolhido.

“Você sabe mesmo o que mudou a minha vida?”, perguntou ele à moça. “Não, Hilary, você e seus amigos mudaram a minha vida.”

Já para a maquiadora, ela apenas fez o que todo ser humano deveria fazer.

“O poder de nós, o poder do amor.”

‘Hollywood’

E a vida mudou tanto para Daniel que ele até ganhou um novo apelido.

Na igreja onde frequenta, o homem é chamado de “Hollywood”, graças ao novo visual elegante e a retomada da autoestima.

O passo agora é ajudar o homem a conseguir um lar. E eles estão focados nisso!

Daniel, com o dinheiro arrecadado, conseguiu comprar óculos novos! - Foto: @hilaryholmesmakeup

Daniel, com o dinheiro arrecadado, conseguiu comprar óculos novos! – Foto: @hilaryholmesmakeup



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