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O que está em jogo na eleição deste domingo no Uruguai, onde a extrema-direita não se cria – Mundo – CartaCapital

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O que está em jogo na eleição deste domingo no Uruguai, onde a extrema-direita não se cria – Mundo – CartaCapital

Um ano depois de os sul-americanos roerem as unhas na caótica eleição que levou o ultradireitista Javier Milei à Presidência da Argentina, chegou a vez de os uruguaios irem às urnas – em um cenário muito menos dramático. Ao contrário de seus vizinhos, Montevidéu preza pela estabilidade, uma característica marcante do pleito deste ano.

Mais de 2,7 milhões de eleitores votarão para presidente neste domingo 27, além de definirem 30 cadeiras no Senado e 99 na Câmara dos Deputados.

A se confirmar a tendência, nenhum candidato conquistará mais de 50% dos votos válidos e haverá segundo turno, a ser disputado em 24 de novembro. O vencedor terá um mandato de cinco anos, com posse em 1° de março de 2025.

O atual presidente é Luis Lacalle Pou, um político de centro-direita do Partido Nacional. Apesar de bem avaliado, com uma aprovação na casa dos 50%, seu apadrinhado, Álvaro Delgado, aparece distante de Yamandú Orsi, correligionário de Pepe Mujica.

Eis os candidatos competitivos:

  • Yamandú Orsi, da Frente Ampla (esquerda). É o favorito, segundo as pesquisas. O partido governou por três mandatos seguidos, com Tabaré Vásquez (2005-2010), Mujica (2010-2015) e novamente Vásquez (2015-2020);
  • Álvaro Delgado, do Partido Nacional (centro-direita). É o candidato de Lacalle Pou, mas sofre com problemas na transferência de votos. Aparece longe de Orsi.
  • Andrés Ojeda, do Partido Colorado (direita). Apresenta-se como um outsider e é comparado a Milei em suas estratégias de comunicação. Não se encaixa, porém, na definição de extrema-direita.

Uma pesquisa Factum publicada pela versão uruguaia do jornal El País na quinta-feira 24 apontou a Frente Ampla, de Orsi, com 45,5% das intenções de voto, ante 25,1% do Partido Nacional, de Delgado, e 15% do Partido Colorado, de Ojeda. Nenhuma outra legenda chega a 5%.

A tendência, portanto, é que Orsi dispute o segundo turno contra o candidato governista, mas não se descarta a ascensão de Ojeda.

Álvaro Delgado, candidato a presidente do Uruguai. Foto: Pablo Porciuncula/AFP

Ao contrário do Brasil de Jair Bolsonaro (PL), da Argentina de Milei e do Chile de José Antonio Kast [que chegou ao segundo turno em 2021], o Uruguai não teve de amargar o crescimento da ultradireita. Além disso, Montevidéu tende a rechaçar a entrega de seus setores estratégicos à iniciativa privada, explicou a CartaCapital o uruguaio Lihuen Nocetto, doutor em Ciência Política e professor assistente na Universidade Católica de Temuco, no Chile.

“No Uruguai não funciona nenhum tipo de proposta muito liberal”, resumiu. “A tradição estatista do país está bem enraizada desde o início do século XX, e todos os projetos que tentaram liberalizar fracassaram.”

O sistema político uruguaio não permite reeleições diretas, razão pela qual Lacalle Pou não concorrerá. Ele, porém, pode tentar voltar ao cargo em 2029.

Após o baque da pandemia de Covid-19, o Produto Interno Bruto do Uruguai deve crescer 3,2% neste ano, segundo a projeção do Fundo Monetário Internacional. Para 2025, a expansão tende a ser de 3%.

“Se você vier de fora do Uruguai, não conseguirá encontrar grandes diferenças entre os candidatos, porque também não existem grandes propostas disruptivas”, diz Nocetto. “Há uma ideia de que o Uruguai tem de seguir o rumo, com alguns detalhes.”

Além das eleições, haverá um plebiscito para modificar o sistema de seguridade social, promovido pela central sindical Pit-Cnt, com setores da Frente Ampla como o Partido Comunista e o Partido Socialista. Os candidatos não endossam a emenda constitucional, que tende a ser rejeitada.

CartaCapital, Lihuen Nocetto apresenta os principais candidatos, explica por que a extrema-direita não prospera no Uruguai e projeta o futuro das relações do país, a terceira economia do Mercosul, com o Brasil, o principal integrante do bloco.

Leia os destaques da entrevista:

CartaCapital: Como definir Yamandú Orsi, em comparação com lideranças progressistas da região, como Lula e Gustavo Petro?

Lihuen Nocetto: Basicamente, Orsi é um candidato de centro-esquerda que vem de um partido com grande disciplina partidária, a Frente Ampla. É uma legenda de centro-esquerda, mas com a ressalva de que está muito mais enraizada no movimento sindical e no movimento social do que, por exemplo, o PT. Lula tem muito mais margem de manobra para trabalhar por fora de suas bases.

A Frente Ampla, como partido, se mantém muito mais vibrante e tem uma militância muito ativa que pode, portanto, restringir os movimentos pragmáticos que os presidentes costumam fazer.

Orsi é um homem moderado, pragmático, mas os seus ajustes programáticos em um contexto, por exemplo, de queda ou de baixo crescimento terão um duro confronto na Frente Ampla e nos setores populares, que pressionarão por uma agenda mais progressista.

Ele, como o pragmático que é, pode ser muito moderado, mas a Frente Ampla está um pouco mais à esquerda, um pouco mais ligada ao movimento popular e às suas demandas.

CC: Por que o partido do governo escolheu Delgado? E por que, apesar de Lacalle Pou ser bem avaliado, seu candidato está longe de Orsi nas pesquisas?

LN: Dada a tendência de longo prazo do país, é bastante evidente que o próximo governo sofrerá de determinantes estruturais difíceis – crise global, basicamente.

Do ponto de vista estratégico, Lacalle Pou quer voltar ao governo em 2029. No fundo, ele nunca quis que o Partido Nacional voltasse ao poder agora, na minha opinião. Esta não foi a primeira opção dele, a primeira opção foi deixar o governo para a Frente Ampla administrar nesta difícil conjuntura internacional e depois voltar sobre “ombros de gigantes”, com os louros das glórias passadas.

Foi mais ou menos o que aconteceu com Tabaré Vázquez (2005-2010). Naquele caso, quando Mujica assumiu (2010-2015), o país continuou a crescer. Portanto, havia boas razões para o mesmo partido continuar a governar.

Por um lado, não creio que Lacalle Pou estivesse muito interessado em que a coligação continuasse no poder. Em segundo lugar, entrega ao seu aliado uma derrota quase certa.

CC: Por que, então, optar por Delgado?

LN: Não há outra liderança no Partido Nacional, depois da morte de alguns políticos, por exemplo Jorge Larrañaga, em 2021. Há um vácuo de liderança.

Lacalle Pou é o líder indiscutível do partido e, já que não pode ser candidato, tiveram de buscar um nome da melhor maneira possível, mas no fundo Delgado não passava de secretário do presidente e tinha uma margem política muito menor que a de um ministro de Estado, por exemplo.

A própria campanha mostrou: houve um momento muito triste na semana passada em que Álvaro Delgado fez um spot dizendo saber que as massas não gostam dele como candidato, mas que isso não significa que será um mau presidente. Isso é muito estranho.

Creio que houve um erro de leitura muito forte de muitos analistas que pensavam que a simpatia pelo presidente era um capital que poderia contagiar o seu secretário. A aprovação do presidente é de cerca de 50% e as intenções de voto no partido do presidente estão em aproximadamente 24%.

A simpatia pelo presidente também não é a simpatia pelo governo como um todo, é uma questão pessoal muito carismática. Lacalle Pou não conseguiu transferir capital político, mas também não quis fazer isso, nunca apareceu com esse candidato. Nunca quis, em termos estratégicos, ser fotografado ao lado da derrota.

Andrés Ojeda, candidato a presidente do Uruguai. Foto: Pablo Porciuncula/AFP

CC: Andrés Ojeda disse ter “pontos em comum” com Javier Milei. Em que parte do espectro político ele está?

LN: Ojeda não tem quase nada a ver com Milei, além do fato de ser algo de outsider e de usar uma estratégia midiática bem pós-moderna, por assim dizer.

Em termos ideológicos, uma vez que ele é um outsider, é difícil defini-lo como esquerda ou direita, Estado ou mercado, porque focou sua campanha em falar de bem-estar animal e saúde mental, evitando justamente entrar nas questões mais ideológicas.

Por outro lado, a campanha eleitoral deste ano no Uruguai foi muito morna, ninguém discutiu muito as questões ideológicas. Então, ele é alguém cuja posição ideológica não conhecemos, embora o Partido Colorado supostamente venha da direita. Ele é pragmático, não falou especificamente sobre coisas polêmicas em termos econômicos, de política social.

No Uruguai não funciona nenhum tipo de proposta muito liberal. A tradição estatista do país está bem enraizada desde o início do século XX, e todos os projetos que tentaram liberalizar fracassaram, como foi o governo do pai de Lacalle Pou, Lacalle Herrera (1990 a 1995).

Lacalle Pou se define como liberal, mas não fez nenhuma grande transformação na relação entre o Estado e o mercado. Não fez qualquer grande privatização.

Todos os políticos sabem que se quiserem conquistar votos não podem nem sugerir a privatização de qualquer coisa ou a desregulamentação das diferentes áreas da economia, do preço do combustível ao preço do leite.

CC: Também por isso, ao contrário de outros países da região, o Uruguai não sofreu a ascensão da extrema-direita?

LN: Correto. Não há no espectro político do Uruguai qualquer candidato que se designe ou que mobilize a extrema-direita, nem em termos de populismo, nem em termos de nacionalismo. Todos os candidatos buscam o centro político, com exceção de um candidato [Gustavo Salle] que é “antissistema”, um personagem que anda com um megafone pelas praças dizendo que todos são corruptos. É um personagem maluco, para falar claramente. Ele provavelmente terá o voto antissistema, de pessoas que não acreditam no sistema democrático, e isso representará 2% ou 3%.

Mas em termos do que pode ser observado em comparação com outros países, com incentivos a discursos violentos ou ultranacionalistas, não há qualquer candidato.

Se você vier de fora do Uruguai, não conseguirá encontrar grandes diferenças entre os candidatos, porque também não existem grandes propostas disruptivas, como existiam modelos de país em debate há 15 anos.

Agora estão todos muito medianos, “mais ou menos temos que continuar como estamos”. Não estamos debatendo dois projetos de país ou dois modelos. Há uma ideia de que o Uruguai tem de seguir o rumo, com alguns detalhes — detalhes que não vêm do lado político-partidário, mas do movimento sindical em particular, que quer fazer uma reforma do sistema de aposentadoria. Aí há um pouco mais de conflito, mas provavelmente não será aprovada.

CC: O estado de saúde de Pepe Mujica é delicado. Qual é o clima no país em relação a ele e qual foi sua participação na campanha?

LN: É um político que tem um carisma raramente visto na história política nacional, entre os que votam nele e entre os que não votam.

Como pessoa, é massivamente querido. Sua figura é muito importante para capitalizar qualquer partido político. Em segundo lugar, todos os partidos políticos o reconhecem como um líder do país. Por isso Lacalle Pou, quando foi visitar Lula, foi com Mujica.

Ele não participou da campanha, foi diagnosticado com câncer um pouco antes das eleições internas. Mas foi ao último evento de seu campo político no último sábado e lá proferiu um discurso muito emocionado, despedindo-se do povo.

As imagens mostram as pessoas presentes muito emocionadas, tristes. Já se sabe que esse câncer em algum momento o levará, e esse momento será muito doloroso para muitas pessoas no Uruguai e na região.

Hoje em dia, o seu campo político capitaliza sua figura e seu carisma, e fica uma grande pergunta: como funcionarão a Frente Ampla e seu campo depois que Mujica, o “Velho Pepe”, não estiver mais aqui?

Pepe Mujica em alto pró-Orsi em 19 de outubro de 2024. Foto: Pablo Porciuncula/AFP

CC: Como foram as relações de Lacalle Pou com Lula e o que é possível esperar de um próximo governo, seja da Frente Ampla ou do Partido Nacional?

LN: Sempre foram amistosas. Ele [Lacalle Pou] conseguiu ficar bastante fora das questões ideológicas. Foi um homem de Estado, moderando o que constitui as suas posições mais ideológicas.

No que se refere à prática presidencial, mostrou-se um chefe de Estado moderado, mas que tem suas convicções, em particular sobre um grande drama para o Uruguai há muitos anos: a abertura do Mercosul. Essa é a questão que está sempre em discussão, porque o Mercosul, no fundo, não está sendo benéfico para o Uruguai.

Não prevejo grandes mudanças nas relações bilaterais entre o Brasil e o Uruguai, não importa quem ocupará o governo. Até porque Lula não é o mesmo de 2003. Naquele momento da “onda vermelha” havia mais dinheiro, mais investimentos fluíram do Brasil para o Uruguai.

Agora, o contexto econômico faz com que nem mesmo Lula possa fazer uma agenda externa muito ativa em termos de financiamento. Mas, no fundo, as relações com o Brasil sempre foram super estáveis ​​ao longo da história do Uruguai, muito mais estáveis do que com a Argentina, onde sempre há algum problema devido aos seus próprios altos e baixos.

***

Saiba mais sobre os candidatos

– Yamandú Orsi (Frente Ampla), 57 anos. Cresceu na pequena cidade de Canelones. Lecionou História em escolas de ensino médio do interior até 2005, quando deu seu pontapé inicial no governo de Canelones, do qual foi secretário-geral por dez anos. Também foi prefeito por dois mandatos.

Renunciou ao cargo para disputar as eleições internas da Frente Ampla e venceu com folga a ex-prefeita de Montevidéu Carolina Cosse, a preferida de socialistas e comunistas. Agora, são companheiros de chapa.

Orsi recebeu contestações ao longo da campanha por não participar de debates nem conceder entrevistas a muitos veículos de comunicação.


– Álvaro Delgado
(Partido Nacional), 55 anos. Poucos dias após a assumir o cargo de secretário da Presidência de Lacalle Pou, em 2020, estourou a pandemia da Covid-19.

Também já foi inspetor-geral do Trabalho, deputado por Montevidéu e senador.

Nascido em Montevidéu, iniciou a vida na política após trabalhar como produtor rural e veterinário, área na qual se formou em 1995.

Delgado foi chamado de “homem das cavernas” e “cafona” na campanha por se referir a sua candidata a vice-presidente, Valeria Ripoll, como”bombom”. Depois, disse ter sido uma “brincadeira infeliz”.

Andrés Ojeda (Partido Colorado), 40 anos. Natural de Montevidéu, tornou-se conhecido por comentar temas jurídicos na televisão, após ser advogado de defesa, em 2015, de Héctor Amodio Pérez, ex-líder da guerrilha Tupamaros.

Surpreendeu ao vencer as primárias do Colorado, partido pelo qual foi vereador em Montevidéu entre 2010 e 2015.

Incisivo sobre saúde mental e bem-estar animal, apresenta-se como expressão difusa da “nova política”. Daí vêm algumas comparações com Javier Milei.

Ojeda cursou pós-graduação na Argentina e nos Estados Unidos.



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Pode-se confiar nos magnatas bilionários da mídia na América de Trump? | Emily Bell

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Pode-se confiar nos magnatas bilionários da mídia na América de Trump? | Emily Bell

Emily Bell

EUSe quisermos saber como serão as organizações noticiosas sob a segunda administração Trump na América, bem, estamos a começar a ter uma ideia. Na conferência Dealbook em Nova York na semana passada, Jeff Bezos, proprietário do Washington Post e fundador multibilionário da Amazon, fez um discurso muito avaliação favorável do próximo segundo mandato de Donald Trump. “Estou muito esperançoso… ele parece ter muita energia para reduzir a regulamentação”, disse Bezos. Foi surpreendente, então, que o Washington Post não tenha apoiado Trump no seu editorial pré-eleitoral. Em vez disso, os escritores elaboraram um endosso à candidata democrata Kamala Harris, que Bezos matou, em seu primeiro ato de flagrante interferência editorial desde que comprou o título em 2013. Em uma postagem artigo Bezos racionalizou a sua decisão como sendo uma tentativa de restaurar a confiança na imprensa com o que chamou de “independência” – um tipo de independência que claramente não se estende à redução da lisonja pública. A manchete, publicada com a aprovação de Bezos, era “A dura verdade: por que os americanos não confiam na mídia noticiosa”. Bezos invocou o passado da imprensa americana, o seu histórico não endosso de candidatos e um regresso a alguma noção passada de “objectividade” como sendo uma solução para os problemas da sua organização noticiosa.

Patrick Soon-Shiong, o bilionário proprietário do Los Angeles Times, já havia imitado Bezos ao parando o conselho editorial do LA Times de executar um endosso presidencial. Soon-Shiong, aparecendo no programa de rádio do comentarista republicano Scott Jennings, disse que estava trabalhando em um “medidor de polarização” alimentado por IA que aparecerá em artigos do LA Times a partir de janeiro. A motivação foi que o bilionário da tecnologia médica disse que começou a ver o seu próprio título de notícias como “uma câmara de eco e não uma fonte confiável”.

Bezos e Soon-Shiong são bilionários de empresas de tecnologia, que construíram enormes fortunas em atividades onde a confiança do público é baixa. Os menos confiáveis ​​entre eles chegam a ser classificados abaixo da imprensa, segundo um estudo Confiança em 2021 pesquisa que também mostrou que os níveis de confiança da Amazon caíram mais dramaticamente do que qualquer outra instituição pesquisada. Mas a questão não é a métrica ou a calibração. A questão é reforçar as opiniões dos próprios proprietários numa altura em que alinhar-se mais com a direita é muito mais politicamente conveniente para as suas empresas mais lucrativas e não confiáveis.

Recorrer à IA para fabricar “objetividade” é por si só revelador. A professora de psicologia de Princeton, Molly Crockett, estudou e escreveu extensivamente sobre como os sistemas tecnológicos e o comportamento humano interagem para impactar a sociedade. Ela diz: “O medidor de polarização da IA ​​é um ótimo exemplo do ‘Oráculo da IA’. Não é fundamentado na ciência e não temos a capacidade da IA ​​de detectar preconceitos no nível do artigo. Isso não existe”. No início deste ano Crockett junto com sua co-autora Lisa Messeri produziu um papel descrevendo as falhas no uso de sistemas de IA para criar suposta objetividade e aumentar a produtividade na pesquisa científica. As conclusões apontam directamente para a utilização pouco inteligente da IA ​​nas redações, que está a tornar-se generalizada – nomeadamente que corremos o risco de “produzir mais e compreender menos”.

Exatamente os mesmos tipos de limitações se aplicam ao uso indevido de IA em artigos de notícias. “Isso reforça uma noção particular de verdade objetiva”, diz Crockett. “A noção de que existe uma verdade com T maiúsculo que podemos acessar na ciência é muito frágil. Isso apenas fornece uma ilusão de objetividade.” Mark Hansen, estatístico e diretor do Brown Institute for Media Innovation da Columbia Journalism School (e, portanto, um dos meus colegas) é igualmente cético quanto à ideia de um detector de preconceitos. “De certa forma, seria ótimo se TODOS tentassem construir seu próprio detector de preconceito com IA e realmente se envolvessem com a complexidade do que isso significa”, diz ele. “Então eles descobririam o quão difícil isso é.”

Há anos que os novos guardiões na forma de plataformas tecnológicas têm sido financiamento de pesquisa na noção de “confiança” nos meios de comunicação social, pelo menos em parte como forma de distrair as pessoas das suas próprias deficiências. Esta pesquisa convenientemente nunca aborda os efeitos de décadas de políticos e bilionários utilizar as redes sociais para lançar uma campanha incansável contra a “confiança” nos meios de comunicação social, ou quais os efeitos que este tipo de campanha de propaganda padrão pode ter. Jornalistas como a laureada com o Nobel Maria Ressa trabalham em regimes que efetivamente eliminaram a confiança nos meios de comunicação independentes através de campanhas de desinformação. Ressa tem tem sido vocal sobre os perigos da pesquisa sobre “confiança na mídia” ser transformada em arma. Agora temos dois dos mais proeminentes proprietários de organizações de notícias na América seguindo um manual semelhante. Os empresários de outros sectores podem não compreender bem os meios de comunicação social, ou mesmo as organizações noticiosas que possuem. Mas eles entendem que é um mau negócio jogar fora a sua própria moeda em público.

Isto não quer dizer que não haja problemas com a fiabilidade, integridade e credibilidade de alguns ou de todos os meios de comunicação na maior parte do tempo. Como mecanismo de responsabilização, merece tanto escrutínio quanto as estruturas de poder que procura responsabilizar.

Rupert Murdoch, o modelo para todos os proprietários de meios de comunicação que aspiram influenciar os governos, foi brigando no tribunal esta semana (até agora sem sucesso) para tentar garantir que os seus meios de comunicação permanecem ideologicamente alinhados com a direita, mesmo do além-túmulo. Pelo menos há um humano envolvido aqui e uma honestidade brutal sobre a posição de Murdoch. Mas a utilização da “confiança” como uma falha fundamental na imprensa dos EUA e a abordagem do “preconceito” como forma de a corrigir é muito ingénua ou abertamente cínica. Mover uma publicação e a sua linha editorial para a direita é um processo simples e é isso que está a acontecer com o Washington Post e o LA Times. Para que os interesses comerciais dos seus proprietários floresçam, eles precisam de se mover para a direita; Donald Trump é inerentemente hostil às organizações que o desafiam ou informam sobre ele a partir de qualquer coisa que não seja uma posição favorável.

A primeira lição do livro On Tyranny do historiador Timothy Snyder é “Não obedeça antecipadamente”. Por outras palavras, não antecipe os desejos dos poderosos fazendo mudanças negativas. É mais improvável que a classe proprietária de notícias na América preste atenção a esta lição agora. E você pode verificar isso em relação ao seu medidor de verdade alimentado por IA.



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Veja restaurantes que servem ceia e almoço de Natal em SP – 12/12/2024 – Restaurantes

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Veja restaurantes que servem ceia e almoço de Natal em SP - 12/12/2024 - Restaurantes

Nathalia Durval

Celebrar as festas à mesa de restaurantes também pode ser uma tradição de Natal. Veja, a seguir, uma seleção de endereços que prepararam refeições especiais para a ceia do dia 24 e almoço do dia 25, com menu fechado ou sistema de bufê. A reserva é recomendada —e, em alguns casos, obrigatória.

Cantaloup

A ceia para a data inclui receitas como salada de bacalhau, peru recheado com castanhas, acompanhado de arroz basmati e farofa, e pernil com risoto de castanha-de-caju e frutas secas. Custa R$ 550 para adultos e R$ 170 para as crianças.

R. Manuel Guedes, 474, Itaim Bibi, região oeste, tel. (11) 3165-3445, @cantalouprestaurante. Dia 24, a partir das 19h


Casa Rios

O chef Rodrigo Aguiar prepara uma ceia de sete tempos cheia de brasilidades por R$ 420. A refeição tem sugestões como tender de porco preto defumado e assado, acompanhado de purê de pupunha, cavolo nero e demi-glace de jerez e, para sobremesa, baklava de castanha-do-pará com mel.

R. Itapurá, 1,327, Tatuapé, região leste, @casariosrestaurante. Dia 24, a partir das 20h. É necessário fazer reserva pelo tel. (11) 2091-7323


Cosí

O menu do restaurante italiano tem quatro tempos, por R$ 590, ou R$ 830 com harmonização de espumante e vinhos. Começa com terrine de frutos do mar, seguido por receitas como lasanheta de coxa de peru com cogumelos, fonduta de parmesão e molho do assado trufado.

R. Haddock Lobo, 1.589, Cerqueira César, região oeste, @restaurantecosi. Dia 24, a partir das 19h. Reservas pelo tel. (11) 3061-9543


Emiliano

Para a data, a chef Vivi Gonçalves apresenta um menu-degustação que começa com couvert de pães de fermentação natural e segue com etapas como vieiras com purê de abóbora, salpicão de frango defumado com açafrão e maçã verde e peru assado com batatas, mini cenouras e farofa de amêndoas. Custa R$ 720 e os clientes ganham uma taça de espumante. No dia 25, a casa prepara um brunch natalino, com quatro etapas, por R$ 540.

R. Oscar Freire, 384, Jardim Paulista, região oeste, @gastronomiaemiliano


Fogo de Chão

Além do seu rodízio tradicional, com cortes como picanha e costela, a churrascaria acrescenta receitas temáticas para a ocasião.São servidos, por exemplo, chester, salada de tender com abacaxi, farofa doce, arroz à grega e lentilha. A refeição, à vontade, custa R$ 329 por adulto. Bebidas e sobremesas são cobradas à parte.

Travessa Casalbuono, 120, Vila Guilherme, região norte, tel. (11) 2089-1736, @fogodechaobr. Dia 24, a partir das 20h. Não é obrigatório fazer reserva


Jacarandá

O menu é fechado e harmonizado com espumante, vinhos brancos e tinto, cerveja e bebidas não alcoólicas. A ceia começa com antepastos, seguida por principais como barriga de filé de leitãozinho assado com abóbora e espinafre ou carré de cordeiro com cuscuz marroquino. No dia 25, há bufê de brunch, com música ao vivo. Ambos custam R$ 750.

R. Alves Guimarães, 153, Pinheiros, região oeste, @jacarandabr. Dia 24, a partir das 19h. Dia 25, das 11h às 16h. É necessário fazer reserva pelo tel. (11) 3083-3003


La Casserole

O restaurante tradicionalo prepara uma ceia de sotaque francês com duas opções de menu fechado, de quatro etapas (R$ 395) ou seis (R$ 560), assinados pela chef Dani França Pinto. O primeiro é composto por receitas como tartare de tomates, coquetel de camarão, braseado de cordeiro com musseline de batata e couve cale, e panacota de frutas amarelas com praliné ao gengibre e coco. O segundo traz pratos como roulade (tipo de rocambole) de foie gras com uva assada e balsâmico, haddock com aspargos frescos ao molho champanhe com telha crocante de arroz negro, cenouras com cogumelos, batatas e chalota caramelizada, e brut francês.

Largo do Arouche, 346, Centro, @lacasserole1954. Dia 24, a partir das 19h. Reservas pelo site lacasserole.com.br/event-details/ceias2024


L´Hotel PortoBay

O hotel oferece uma ceia em sistema de bufê, num salão com decoração especial, embalado por música ao vivo. Custa R$ 690 e inclui água, refrigerantes e sucos. Prova-se à vontade de pratos como salada de bacalhau, terrine de pato, gravlax de lagosta, paleta de cordeiro e torta musse de cupuaçu com chocolate branco.

Al. Campinas, 266, Jardim Paulista, região oeste, @lhotelportobay. Dia 24, a partir das 20h. É necessário fazer reserva pelo tel. (11) 2183-0505 ou email reservas@portobay.com.br


Lido – Amici di Amici

Oferece menu de três etapas (R$ 181) ou quatro (R$ 242) de inspiração italiana no jantar do dia 24 e almoço do dia 25. De principal, serve massas como a lasanha de frutos do mar e o pansoti de ricota com lascas de trufa, e carnes como coelho cozido com azeitonas e pinhões. Um dos doces para finalizar a ceia é o cannolo com creme de ricota, frutas cristalizadas e pistache.

R. Fradique Coutinho, 282, Pinheiros, região oeste, @lido_amici_di_amici. Dia 24, a partir das 18h30. Dia 25, das 12h às 17h. Reserva não é obrigatória, mas pode ser feita pelo WhatsApp (11) 99023-9890


Loup

Em três tempos, a ceia custa R$ 525 e inclui pratos como salpicão de salmão, paleta de cordeiro com purê de lentilha e legumes tostados e pavlova de amora com creme de frutas vermelhas. O espaço terá decoração natalina na ocasião e, para beber, há um carta de vinhos com 150 rótulos.

R. Dr. Mário Ferraz, 528, Jardim Paulistano, região oeste, @louprestaurante. Dia 24, a partir das 19h. É necessário fazer reserva pelo tel. (11) 3078-1089 ou WhatsApp (11) 95852-0133


Parigi

O restaurante elegante combina as culinárias italiana e francesa, que dão o toque para a ceia. Entre as receitas à la carte, estão caçarola de frutos do mar gratinados (R$ 155) e o peru com arroz e frutas secas ao molho de vinho tinto e cerejas (R$ 199). Para encerrar, panetone Fasano com zabaione ao vinho porto (R$ 70).

R. Amauri, 275, Itaim Bibi, região oeste. Dia 24, a partir das 19h. Reserva pelo tel. (11) 3167-1575, WhatsApp (11) 3167-1575 ou email parigi@fasano.com.br


Reserva Rooftop

Num salão com vista para a cidade embalado por música ao vivo, a ceia é open food e open bar. Por R$ 300, os clientes se servem à vontade de pratos como peito de peru ao molho de ervas e vinho, medalhão de filé-mignon ao molho de cogumelos e rabanada.

R. Marc Chagall, s/nº, Jardim das Perdizes, região oeste, tel. (11) 4280-3345, @reserva.rooftop. Dia 24, a partir das 20h. Ingressos à venda em Ingresse


Ruella Bistrô

Um menu com pratos frios e sobremesas em formato de bufê e prato principal servido à mesa é preparado pela chef Danielle Dahoui para a ceia. Entre as receitas, arroz de bacalhau, confit de pato e risoto de camarão ou de beterraba. Custa R$ 480 e inclui chá, café e drinque de boas-vindas.

R. João Cachoeira, 1.507, Vila Olímpia, região sul, @bistrosruella. Dia 24, a partir das 19h. Reservas pelo WhatsApp e email eventono@ruella.com.br


Varanda Grill

O restaurante de carnes prepara um menu natalino (R$ 450) que inclui uma seleção de pães e charcutarias como couvert, seguida por chester empanado com molho de mostarda e mel e peito de peru ao molho de cassis e mirtilos com purê de palmito pupunha nas opções de principais. A sobremesa fica à escolha do cliente.

R. General Mena Barreto, 793, Jardim Paulista, região oeste, @varandagrill. Dia 24, a partir das 19h. Dia 25, das 12h às 16h. Necessário fazer reserva pelo tel. (11) 3887-8870 ou (11) 99967-6497



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“Silêncio”, “Gigantes”, “Hora dos Sonhos”…

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“Silêncio”, “Gigantes”, “Hora dos Sonhos”…

A LISTA DA MANHÃ

À medida que se aproximam as férias de Natal, selecionamos cinco exposições científicas para todos os gostos e idades. Todos poderão satisfazer a sua curiosidade descobrindo a exploração dos sonhos pela neurociência, dos locais de habitação de animais ou plantas, ou passeando ao lado da Titanoboa, uma terrível cobra de 15 metros que viveu há 60 milhões de anos. .

Todas as sombras do silêncio, até o absoluto opressivo

Vista da exposição “Silêncio” na Cité des sciences et de l’industrie, em Paris, 3 de dezembro de 2024.

Recebido na primeira sala por uma floresta calma filmada no inverno, o visitante com fones de ouvido pode discernir o barulho de passos na neve, o farfalhar dos flocos de neve caindo nos galhos, o latido abafado de um cachorro ao longe. Abaixo, um silêncio felpudo. A cena pode ser apreciada sentado em bancos semelhantes aos das cabanas nas montanhas.

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