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O timing errado no julgamento da ‘Débora do batom’…

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O timing errado no julgamento da ‘Débora do batom’...

Laryssa Borges

Em meio às articulações políticas sobre o projeto de anistia em tramitação no Congresso, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) têm avaliado que a escolha do dia do julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, alçada a símbolo do bolsonarismo na cruzada pela redução de penas dos condenados pelo 8 de janeiro, foi infeliz e acabou por amplificar entre apoiadores do ex-presidente críticas contra um alegado exagero na definição de penas aos condenados e favorecer a cantilena do ex-presidente Jair Bolsonaro de que ele próprio estaria sendo perseguido pelo Judiciário. Débora começou a ser julgada no chamado Plenário Virtual da Primeira Turma no dia 21 de março, às vésperas de o próprio Jair Bolsonaro ter se tornado réu por crimes como golpe e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

A proximidade das datas e o voto do ministro Alexandre de Moraes, que impôs à cabeleireira pena de 14 anos e o pagamento de 30 milhões de reais fixados de multa por danos morais, avaliam magistrados, deram fôlego para que o ex-mandatário criasse uma espécie de “vítima do sistema” e pudesse comparar a rigidez do julgamento de Débora, conhecida do grande público por ter pichado com um batom a estátua da Justiça na frente do tribunal, com o próprio destino no banco dos réus. Segundo um dos ministros, os votos pela condenação de Débora apenas três dias antes da análise da denúncia contra Bolsonaro e militares acusados de tramar uma ruptura democrática no país deram ao ex-presidente “a vítima que eles precisavam”. “Ele usou isso de maneira perfeita”, resumiu.

De acordo com o voto do ministro Alexandre de Moraes, Débora “estava indiscutivelmente alinhada à dinâmica criminosa, como se infere do vídeo divulgado por sites jornalísticos, no qual a acusada vandaliza a escultura ‘A Justiça’ e, após, mostrando as mãos conspurcadas de batom vermelho, comemora, sorrindo em direção à multidão que invadira a Praça dos Três Poderes e outros prédios públicos”. Para o ministro, que recorrentemente rejeita o discurso de bolsonaristas de que o STF estaria condenando inocentes e “velhinhas com a Bíblia na mão”, o enredo daquele dia 8 de janeiro “reforça a conclusão [de culpabilidade da cabeleireira], a demonstrar desprezo para com as instituições republicanas (…) o fato de que a ré apagou e ocultou provas de sua intensa participação nos atos golpistas do dia 8/1/2023”. Flávio Dino também votou pela pena de 14 anos de reclusão à manifestante, mas o ministro Luiz Fux pediu mais tempo para analisar o caso, que volta ao Plenário Virtual no dia 25.

Dias antes, a partir de 22 de abril, a versão física da Primeira Turma vai julgar se transforma em réus o chamado núcleo dois da trama golpista, composto por personagens emblemáticos, como o general Mário Fernandes, acusado de ser o mentor do plano de assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, e o ex-assessor para Assuntos Internacionais Filipe Martins, a quem é atribuída a função de redigir minutas que dessem verniz jurídico para que Bolsonaro promovesse uma virada de mesa nas eleições de 2022.

Por que o STF mandou ‘Débora do Batom’ para prisão domiciliar?

Durante o julgamento que definiu que havia elementos para transformar Jair Bolsonaro em réu por golpe de Estado, Fux afirmou que vê casos de “pena exacerbada” entre os condenados pelo 8 de janeiro e disse que “os juízes têm que refletir sobre erros e acertos”. Com o pedido de vista do magistrado, Moraes decidiu conceder o benefício da prisão domiciliar à cabeleireira por considerar que, presa desde março de 2023, já havia cumprido cerca de 25% do tempo de reclusão que seria exigido caso a condenação se confirmasse e, por isso, poderia progredir em breve para um regime de cumprimento de pena mais flexível. Fora da cadeia, a autora da frase “Perdeu, mané” na estátua da justiça tem de usar tornozeleira eletrônica.



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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go...

Marcela Rahal

Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.

Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.

Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.

O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.



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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg...

Ludmilla de Lima

Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.

Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano. 

A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.

A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.



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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu...

Matheus Leitão

A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.

Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.

Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.

“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.

A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.

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“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana. 

A seguir as cenas dos próximos capítulos…



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