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Obra de Décio Pignatari tem as marcas da dissidência – 25/01/2025 – Ilustríssima

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Claudio Leal

[RESUMO] Reedição cuidadosa oferece uma aproximação ao centro nervoso da criação de Décio Pignatari (1927-2012), autor engajado tanto na poesia de vanguarda quanto em cinema, teatro, desenho industrial e publicidade. A obra de Pignatari, segundo Augusto de Campos, ainda não foi devidamente compreendida em razão do seu temperamento agressivo e do caráter radical dos seus versos.

Doze anos depois da morte de Décio Pignatari e a pouco mais de dois anos do seu centenário, o relançamento de “Poesia Pois É Poesia” recupera a obra poética do concretista indócil, agora sem os ruídos de suas polêmicas. O livro abrange todas as faces da linguagem de Pignatari e demonstra sua destreza nos poemas em versos, antes e depois do surgimento dos manifestos da poesia concreta. Ele apontou a crise do verso, mas, desde jovem, era exímio em seu leito.

“O Carrossel” (1950), livro de estreia, incorporou o poema “O Lobisomem” (1947), cuja estranheza das imagens, do ritmo e do vocabulário despertou o interesse de Augusto de Campos. “Encontrei um cachorro na rua:/ ‘Ó cachorro, me cedes tua pele?’/ E ele, ingênuo, deixando a cadela/ Arrancou a epiderme com sangue/ Toda quente de pelos malhados/ E se foi para os campos de lua.”

Depois de conhecê-lo, Augusto o apresentaria ao irmão Haroldo, em São Paulo. Era a gênese do grupo Noigandres, que sustentou intervenções vanguardistas renovadoras dos horizontes formais (semânticos, sonoros, visuais). O trio ampliou o repertório teórico do debate poético e se empenhou em verter para a língua portuguesa poemas de Rimbaud, Apollinaire, Mallarmé, Paul Valéry, Ezra Pound, Cummings, Emily Dickinson, entre outros, além de elevar Sousândrade, Pedro Kilkerry, Oswald de Andrade e Pagu ao cânone geracional.

Dos três mosqueteiros paulistas, Pignatari tinha a prosa crítica mais beligerante e espinhenta. “decius é o cão/ pignatari – o canil”, escreveu em “Hidrofobia em Canárias”, de 1951, com a força expressiva reincidente nos ensaios. Pelo capricho da reedição, “Poesia Pois É Poesia” tem o potencial de aproximar jovens poetas do centro nervoso da criação de Pignatari, elástico em suas experiências posteriores à fase crucial do movimento.

Seu manifesto de poesia concreta apareceu em novembro de 1956 com a proposta de “uma arte geral da linguagem. propaganda, imprensa, rádio, televisão, cinema. uma arte popular”, apontando para a “transição do verso ao ideograma”. Sua arte poética tem feições variadas e envolve poemas participantes, semióticos e líricos. Na linguagem, a realidade: ele reflete a sociedade de consumo, o autoritarismo, a revolução, as desigualdades, a Guerra do Vietnã e os artifícios da publicidade.

A expressão lírica está no início e no fim de sua caminhada de poeta pactuado com o demônio da dissidência. “Apenas o amor e, em sua ausência, o amor,/ decreta, superposto em ostras de coragem,/ o exílio do exílio à margem da margem”, diz em “Noção de Pátria”, de 1951.

A nova edição aprofunda a presença espacial de “terra” (1956), “LIFE” e “beba coca cola” (1957), um dos mais célebres poemas concretos, “caviar” (1959) e “Cr$isto é a solução” (1967). O poeta e designer André Vallias se inspirou nas publicações dos anos 1950 e utilizou no projeto gráfico a fonte favorita dos concretos, Futura. Além de apresentar o livro, Augusto de Campos dividiu a supervisão editorial com Vallias, que contou com colaborações de Omar Khouri e Walter Silveira.

“O que sempre afirmei é que o Décio foi o mais inquieto, imprevisível —como acentuou o Haroldo— poeta da minha geração e de muitas outras, além de um grande artífice”, diz Augusto de Campos, 93. “Certamente ainda não foi bem compreendido, porque só se tem acentuado, em geral, a sua poesia da fase concretista, quando a sua competência como artesão do verso, tanto na fase pré como pós-concreta, é menos conhecida.”

“Seu temperamento crítico e agressivo terá contribuído para isso. Mas também a maior dificuldade dos seus textos, dado o caráter radical e complexo de sua poesia.”

Augusto propôs a reedição de Pignatari à Companhia das Letras. Encerra, assim, todo um ciclo de lealdade ao amigo. “Nunca duvidei da alta qualidade de sua poesia. Posso afirmar que foi o poeta brasileiro que mais me influenciou, desde ‘O Lobisomem’, texto que me impressionou assim que publicado na imprensa em 1948 por Sérgio Milliet, como tudo o que construiu ao longo de toda a sua poesia experimental. Era às vezes de difícil convívio, e nem sempre concordamos em tudo.”

“Mas a minha admiração pelo seu trabalho e a sua inteligência nunca se apagou. Para reunir numa só frase John Cage e Thelonious Monk, parecia estar certo mesmo quando estava errado… e a nossa amizade perdurou até os últimos dias.”

Vallias fez um cotejo das edições de 1977, 1986 e 2004, regressou a plaquetes e examinou os poemas tal como surgiram nas revistas Noigandres e Invenção. A complexidade editorial exigiu um restauro de artes e procedimentos visuais adulterados ou deteriorados.

“O poema ‘organismo’ (1960), cuja arte era do importante designer Alexandre Wollner, como o próprio Décio informava nas notas, foi refeito numa fonte digital, que, obviamente, ao ser ampliada, não ‘estourava’ os contornos, perdendo-se assim toda a graça do poema”, conta Vallias, que sugeriu a inclusão de “Noosfera” (1973) e “Oswald Psicografado por Signatari” (1981) na obra reunida.

“O leque de atuações do Décio é impressionante: ele foi, para mim, o primeiro gênio da periferia brasileira (lembrar que a Osasco de sua infância, adolescência e juventude ainda fazia parte de São Paulo)”, acrescenta Vallias. “Engajou-se não só na poesia de vanguarda, mas também no teatro, performance, pintura, desenho industrial, publicidade, crítica de TV, política e futebol. Foi cofundador, a convite de Roman Jakobson, da Sociedade Internacional de Semiótica em Paris, da qual foi um dos cinco vice-presidentes.”

“É esse Décio Total que precisa ser redescoberto pelas novas gerações. Acima de tudo, o que eu gostaria de ver reconhecido e estudado é o Décio educador. Ele largou a publicidade para se dedicar ao magistério. Foi um professor carismático, que levava seus alunos do interior para visitarem a Bienal de São Paulo.”

“Poesia Pois é Poesia”, segundo o poeta Régis Bonvicino, estimula o debate sobre linguagem. “Seu grande embate se deu com a questão do nacional-popular, porque se posicionou no campo internacional e internacional-popular (a antipublicidade). Ele estreou em 1950 com o livro ‘Carrossel’, quando o modernismo de 1922 era ainda recente”, observa.

“Suas posições e o movimento da poesia concreta lhe custaram ataques, boicotes, sabotagens, atravancando a leitura de sua poesia de alto nível. Nas conversas que tive com Décio, ele insistia que era preciso ter ideias, lutar por ideias”, diz Bonvicino.

“O poema se fazia com palavras mas igualmente com ideias. A poesia brasileira é conservadora e retornou, por inércia, ao leito dos versos discursivos, subjetivos, do verso qualquer coisa, e do poema visual mero clichê. Retornou à redundância, o que torna muito dos poetas acordes e concordantes, regidos pelas redes sociais.”

Pioneiro das teorias da comunicação no Brasil, Pignatari, que foi colunista da Folha na década de 1980, era antinacionalista e formulou a ideia de guerrilha artística, sempre móvel em seus combates bem-humorados. Ele seria chamado de “Oswald magro” por Augusto, numa alusão ao espírito fustigador de Oswald de Andrade.

Pignatari, os irmãos Campos e Ferreira Gullar, rompido com os paulistas em 1957, exerceram a mais vasta influência sobre a poesia pós-João Cabral de Melo Neto, com desdobramentos nas artes plásticas, na música popular, no teatro e no cinema.

As ideias de Pignatari eclodiram na letra de “Geleia Geral” (1968), de Torquato Neto, com música de Gilberto Gil. Antes de chegar à “Invenção” e ao grupo tropicalista, a expressão aparecera numa conversa do poeta com Cassiano Ricardo, que escrevia na revista concretista e, em 1964, numa bigamia estética, publicou na Praxis, de Mario Chamie.

Numa reunião com o grupo de “Invenção”, ao justificar a ida para o campo adversário, Cassiano cobrou uma postura menos radical. “O arco não pode permanecer tenso o tempo todo”, disse o veterano modernista. “Na geleia geral brasileira alguém tem de fazer a função de medula e osso”, reagiu Pignatari. Torquato pôs a imagem da geleia geral na canção e no título de sua coluna na Última Hora.

Medula e osso das vanguardas, Pignatari participou da criação da capa do álbum “Todos os Olhos” (1973), de Tom Zé, e inspirou o “avesso do avesso do avesso do avesso” da canção “Sampa” (1978), de Caetano Veloso, que levaria o poema “organismo” para “O Cinema Falado” (1986), seu único filme. Caetano também é um entusiasta de sua poesia lírica.

O compositor Tom Zé reconhece os estímulos múltiplos. “Todas aquelas obras do Décio dos anos 1970 eu vivia mastigando para lá e para cá, com prazer enorme. Cada descoberta, cada desalinhavo. Ó, que coisa maravilhosa! Nossa senhora. Agora que eu não posso ler muito, porque a cabeça não aguenta ler, uma das minhas grandes saudades é Décio Pignatari”, lamenta o tropicalista.

Sem desprezar o futebol na leitura da vida brasileira, o poeta abriu um manual de poesia com uma epígrafe do jogador Ademir da Guia e introduziu crônicas esportivas no jorro de uma coletânea de textos frondosos sobre linguagem. Em “Contracomunicação”, traduziu Pelé: “Sua noção perfeita de posição nasce do fato de não só saber perfeitamente onde está (e onde os demais estão) a cada momento — mesmo em lances agudos e ultra-rápidos — como de saber também onde está provavelmente (e onde os demais estarão) no lance imediatamente seguinte”.

Com o cineasta e fotógrafo Ivan Cardoso, desenvolveu sua parceria mais fecunda no cinema, ao narrar “H.O.” (1979), documentário sobre o artista plástico Hélio Oiticica, e “Bo Cage” (2012). Ainda articulou voz e roteiro em “A Marca do Terrir” (2005) e “O Universo de Mojica Marins” (1978), no qual radiografa Zé do Caixão: “Um Antonio Conselheiro de subúrbio, que fez do cinema o seu Canudos”.

O curta “Dr Dyonélio” (1978), retrato de Dyonelio Machado, autor do romance “Os Ratos”, veio de sua cabeça. Na filmagem, fumou seu primeiro baseado, oferecido por Cardoso. “Esse filme teve o envolvimento completo do Décio, que apresentou ‘Os Ratos’ ao Ivan e ao Brasil todo”, diz Julio Bressane, que o convidaria a viver Dante no longa “O Gigante da América” (1978).

“‘O Gigante’ era uma conversa paródica com a ‘Divina Comédia’. Um espírito atravessava o inferno, o purgatório e o paraíso. No início ele encontra com o Dante, que indica o caminho a seguir na selva escura. Chamei o Décio para ser Dante. Foi uma participação breve, mas sobretudo simbólica, por ele ser um indicador de caminhos.”

Bressane destaca a profundidade analítica do poeta. “Em 1973, quando fiz ‘O Rei do Baralho’, com Grande Otelo, Décio escreveu um texto importante, ‘História sem história’, com duas observações muito fortes”, lembra o cineasta. “Décio viu muito bem um fotograma prolongado no tempo. Ou seja, você vê naquela imagem alguma coisa que não veria se estivesse em velocidade. Isso é o que se chama de inconsciente ótico. Ele nota que, com a imagem do Otelo, você podia reconstituir o cinema brasileiro inteiro.”

“Décio podia mudar de opinião só para discutir com você”, sorri Ivan Cardoso, que perambulou com o amigo por Nova York em 1976. Certo dia, o artista plástico Hélio Oiticica apresentou a pintura de um verso de Rimbaud no teto de seu apartamento. Pignatari a olhou e fez uma cara de decepção.

“Ele brigou muito com Hélio. Ele achava uma merda aquela serigrafia ‘Mangue Bangú'”, conta Cardoso. “Décio era designer industrial, então achava um absurdo Hélio morar em Nova York e fazer uma serigrafia do tipo brasileira. Achava malfeita. Hélio ficou uma arara. Décio me aconselhou: ‘Volte para o Rio correndo! Você não vai arrumar nada com esse cara em Nova York, e a polícia ainda vai te prender’. Eu voltei”.

Em 1980, na morte de Oiticica, pegando a contramão de si mesmo, Pignatari fez um belo necrológio, “Hélio e a arte do agora”, aberto com a cena do enterro, descrevendo o caixão como uma “abominável obra de arte penetrável”.

Oráculo da crise da poesia, Pignatari esgrimiu e também dialogou com Ferreira Gullar. “Confundiu poesia com verso (A luta corporal): a poesia acabou. A poesia concreta veio mostrar que o que se acabara fora apenas o verso”, criticou em entrevista.

Em 2010, afetado pela doença de Alzheimer, ele desabafou em uma conversa telefônica com Ivan Cardoso: “Você se esqueceu que a arte acabou ainda no século passado? Está aí um bom título de filme que você tanto quer fazer sobre mim: a morte da poesia, um mundo que não existe mais”.

Nessa época, Augusto ouviu do amigo o vaticínio de que “a poesia acabou”. “Sim, a poesia sempre acaba. E tem que ser reinventada. Não é mais problema meu”, diz Augusto, hoje. “Cortei relações com ela (a minha poesia), no meu último livro a ser publicado, sob a denominação ‘PÓS poesia’, em fevereiro. Que o descrédito da poesia é grande, é, mas sempre foi. ‘Non multa sed multum’ [não muitas coisas, mas muito]?. Na minha idade, só entro em jogo de várzea… agora é com vocês.”

O poema “Interessere”, da década de 1980, enfeixa a duradoura arte do avesso de Décio Pignatari. “Na flor interessa o que não é flor/ Em Joyce interessa o que não é Joyce/ No concretismo interessa o que não é concretismo.”

“É verdade, o ‘concretismo é frio e desumano…’. Haroldo traduziu Homero. Décio, Dante. E eu, Arnaut Daniel. Ninguém se definiu melhor do que o próprio Décio: um ‘designer da linguagem’. O resto é poesia”, diz Augusto de Campos.

Lançamento de “Poesia Pois É Poesia”

Leitura de poemas de Pignatari e depoimentos sobre o autor, com participação de Augusto de Campos (em vídeo), André Vallias, Lenora de Barros, Arnaldo Antunes, Cid Campos, Omar Khouri, João Bandeira, Raquel Campos e Walter Silveira. Ter. (28) às 19h na Megafauna Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, República, São Paulo)



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SUS vai distribuir vacina contra herpes-zóster, afirma ministro da Saúde; vídeo

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Em breve, os brasileiros poderão se imunizar de graça contra uma doença silenciosa, muito dolorida, que atinge principalmente, quem tem mais de 50 anos. O SUS (Sistema Único de Saúde) vai incluir a vacina contra herpes-zóster na lista de prioridades. A notícia boa foi dada esta semana pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Atualmente, a vacina é oferecida apenas nas unidades privadas – em duas doses –  e custa, em média, R$ 800. O pedido para a inclusão da vacina foi feito diretamente ao ministro durante audiência na Comissão de Saúde na Câmara, por uma deputada que teve a doença.

“É uma prioridade nossa, enquanto ministro da Saúde, que essa vacina possa estar no Sistema Único de Saúde. A gente pode fazer grandes campanhas de vacinação para as pessoas que têm indicação de receber essa vacina. Pode contar conosco”, afirmou Padilha.

Experiência dolorosa pessoal

O apelo partiu da deputada federal Adriana Accorsi (PT-GO), que ficou cinco dias internada em Goiânia, por uma crise causada pelo vírus que provoca herpes-zóster. Com dores pelo corpo, sentindo a pele queimar, ela disse que foi uma experiência muito dolorosa.

“Passei por essa doença recentemente e senti na pele o quanto ela é dolorosa, perigosa e pode deixar sequelas graves. Por isso, sei o quanto é fundamental garantir acesso à prevenção e à informação, especialmente para quem mais precisa”, afirmou a parlamentar.

As sequelas mais graves da doença podem provocar lesões na pele, cegueira, surdez e paralisia cerebral, por exemplo. Estudos indicam que os casos aumentaram 35% após a pandemia de Covid-19

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A doença herpes-zóster

Só em 2023, mais de 2,6 mil pessoas foram internadas com o diagnóstico da doença no Brasil.

O herpes- zóster, chamado popularmente como “cobreiro”, é infeccioso. A doença é causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo que causa a catapora.

A crise gera erupções na pele, febre, mal-estar e dor intensa fortes nos nervos.

Em geral as pessoas com baixa imunidade estão mais propensas.

Vai SUS!

A vacina contra herpes-zóster deve ser incluída na lista de prioridades, de acordo com o ministro Alexandre Padilha. Foto: Ministério da Saúde A vacina contra herpes-zóster deve ser incluída na lista de prioridades, de acordo com o ministro Alexandre Padilha. Foto: Ministério da Saúde

A promessa do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi registrada:



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Anvisa aprova medicamento que pode retardar Alzheimer

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Anvisa aprovou o Kinsula, primeiro medicamento que pode retardar a progressão do Alzheimer. Já provado nos EUA, ele é da farmacêutica Eli Lilly. – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma notícia boa para renovar a esperança de milhares de brasileiros. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo medicamento internacional para tratar o Alzheimer.

Indicado para o estágio inicial da doença, o Kisunla (donanemabe) é fruto de mais de três décadas de pesquisa. Em testes, o medicamento retardou em até 35% o avanço da doença em pacientes com sintomas leves.

Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o donanemabe foi aprovado nos Estados Unidos em julho de 2024. No Brasil, a aprovação foi divulgada nesta terça-feira (22). O Kisunla é injetável e deve ser administrado uma vez por mês.

Como funciona

A principal função do fármaco é remover as chamadas placas amiloides, os acúmulos anormais de proteínas no cérebro.

São esses acúmulos que atrapalham a comunicação entre os neurônios e estão associados ao surgimento e à progressão da doença.

Nos testes clínicos, o remédio conseguiu eliminar até 75% das placas após 18 meses de tratamento.

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Quem se beneficia

O tratamento é indicado apenas para pacientes com comprometimento cognitivo leve e demência leve.

Por outro lado, o Kisunla não é recomendado para quem usa anticoagulantes ou sofre de uma condição chamada angiopatia amiloide cerebral.

Também há restrições para pacientes que não possuem uma variante específica do gene ApoE ε4.

Em comunicado à imprensa, Luiz Magno, diretor médico sênior da Lilly do Brasil, comemorou a aprovação pela Anvisa:

“Estamos vivendo um momento único na história da neurociência. Depois de mais de trinta e cinco anos de pesquisa da Lilly, finalmente temos o primeiro tratamento que modifica a história natural da doença de Alzheimer aprovado no Brasil. Claro, esse é um marco para nós como companhia e para a ciência, mas principalmente para as pessoas que vivem com a doença de Alzheimer e seus familiares – que há anos buscam por mais esperança. Essa é nossa missão, transformar vidas.”

Estudo clínico

A avaliação para a aprovação foi feita a partir de um estudo clínico de 2023. Ao todo, a pesquisa envolveu 1.736 pacientes de 8 países com Alzheimer em estágio inicial.

Aqueles que receberam o Kisunla tiveram uma progressão clínica da doença menor em comparação aos pacientes tratados com o placebo.

Segundo a Anvisa, assim como qualquer outro remédio, o medicamento vai continuar sendo monitorado.

Disponível em breve

Apesar da aprovação, o Kisunla ainda não está disponível nas farmácias.

Para isso, é preciso esperar o medicamento passar pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

O processo pode levar semanas ou até meses.

Nos Estados Unidos, o tratamento com o fármaco custa por volta de US$ 12.522 por 6 meses e US$32.000 por 12 meses, aproximadamente R$ 183.192 na cotação atual.

O medicamento é injetável e deve ser administrado uma vez por mês. - Foto: Getty Images/Science Photo Libra

O medicamento é injetável e deve ser administrado uma vez por mês. – Foto: Getty Images/Science Photo Libra



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China lança banda larga 10G; a primeira e mais rápida do mundo

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Na vanguarda sempre, os chineses surpreendem mais uma vez. A China lança a primeira banda larga 10G do mundo. A expectativa é oferecer velocidades de download de até 9.834 Mbps, velocidades de upload de 1.008 Mbps e latência de 3 milissegundos, muito maiores do que as usadas atualmente.

Com o 10G vai ser possível baixar em apenas 20 segundos um filme completo em 4K (com cerca de 20 GB), que normalmente leva de 7 a 10 minutos em uma conexão de 1 Gbps.

A tecnologia de Rede Óptica Passiva (PON) 50G, que abastece a rede 10G, melhora a transmissão de dados pela infraestrutura – de fibra óptica atual.

Trabalho em parceria

A inovação foi anunciada, no Condado de Sunan, província de Hebei. O lançamento é resultado de um trabalho colaborativo da Huawei e da China Unicom.

Essa tecnologia permitirá, por exemplo, o uso de nuvem, realidade virtual e aumentada, streaming de vídeo 8K e integração de dispositivos domésticos inteligentes, tudo de uma só vez.

Com essa iniciativa, a China supera a banda larga comercial em países, como Emirados Árabes e Catar, de acordo com o Times of India.

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Expectativas de aplicações sociais

A implementação da banda larga 10G deve facilitar avanços em setores sociais, como saúde, educação e agricultura por intermédio da transmissão de dados mais rápida e confiável.

De acordo com os engenheiros e pesquisadores envolvidos, essa tecnologia será usada em aplicados “exigentes” de alta velocidade.

Com a banda larga 10G, a China se coloca à frente dos Emirados Árabes e do Catar em tecnologia comercial. Foto: Freepik Com a banda larga 10G, a China se coloca à frente dos Emirados Árabes e do Catar em tecnologia comercial. Foto: Freepik



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