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“Os rentistas estão promovendo a morte da economia no mundo inteiro, em especial no caso brasileiro”. Entrevista especial com Luiz Gonzaga Belluzzo – Instituto Humanitas Unisinos

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As relações entre Estado e mercado estão marcadas por uma “disputa de poder”. É a partir dessa rivalidade de forças que o economista Luiz Gonzaga Belluzzo interpreta os últimos acontecimentos da conjuntura brasileira: a elevação da taxa Selic neste mês, a proposta de ajuste fiscal do governo e a alta recorde do dólar. “No fundo, trata-se de uma disputa de poder: uma hierarquia de instâncias do movimento de capitais, dos mercados futuros e a política econômica do governo. O ministro Haddad tenta apresentar avanços no processo de ajuste fiscal, aumentando impostos, prometendo cortes aqui e ali, mas isso não é suficiente porque já ultrapassou qualquer relação com a proposta do governo de convencer o mercado de que as coisas estão sob controle”, resume, na entrevista concedida por WhatsApp ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
Na avaliação dele, “o governo está, sem dúvida, refém” do mercado financeiro. “O governo está cercado e está mostrando que não há nenhum efeito dizer [ao mercado] que vai reduzir o déficit primário progressivamente até chegarmos ao déficit zero”, sublinha. O efeito manada do mercado contra o governo, sugere, indica que “se trata de uma relação de poder que está ancorada nas concepções e visões que os agentes do mercado têm em relação ao governo Lula”.
Neste ambiente de disputa, as projeções socioeconômicas para o próximo ano não são animadoras. “Não vai ser uma caminhada tranquila, não. Na forma como estão articuladas as relações de poder, a minha impressão é que será difícil o governo ultrapassar as resistência e convicções que estão incrustadas nos mercados. Não precisa ser ‘adivinhão’, como se dizia no meu tempo, para saber que isso não vai terminar agora. Essa visão está incrustada na sociedade brasileira e na relação entre as camadas mais abastadas”, destaca.
Belluzzo em conferência no IHU | Foto: Ricardo Machado
Luiz Gonzaga Belluzzo é graduado em Direito pela Universidade de São Paulo – USP, mestre em Economia Industrial pelo Instituto Latino-Americano e Caribenho de Planejamento Econômico e Social – ILPES/CEPAL e doutor em Economia pela Universidade de Campinas – Unicamp. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. É um dos fundadores das Faculdades de Campinas – Facamp, onde leciona. É autor de Manda quem pode, obedece quem tem prejuízo (Facamp/Contracorrente, 2017), Capital e suas metamorfoses (Unesp, 2013), Os antecedentes da tormenta: origens da crise global (Facamp, 2009), Temporalidade da riqueza: teoria da dinâmica e financeirização do capitalismo (Oficinas Gráficas da Unicamp, 2000), entre outros livros.
Confira a entrevista.
IHU – Ano passado, quando o novo marco fiscal foi sancionado pelo governo Lula, o senhor disse em entrevista ao IHU que, apesar das críticas, o governo Lula estava “tentando contornar a situação de maneira prudente” para apaziguar o mercado financeiro porque se o mercado se convence de “que está tudo errado, começam a subir a taxa de juros”. Mesmo anunciando um ajuste fiscal criticado por setores da área social, a taxa de juros foi elevada a 12,25% neste mês e a expectativa é de que suba para 14,25% até março do próximo ano. O governo não conseguiu apaziguar o mercado com a proposta de ajuste?
Luiz Gonzaga Belluzzo – As relações entre Estado e mercado sempre estiveram presentes na história da economia monetária financeira capitalista e agora estão adquirindo, como já adquiriu em outros momentos, uma dimensão de diferença de poder e de força na construção de um convencimento social. Estou insistindo neste ponto porque estava relendo o livro de György Lukács, Para uma ontologia do ser social. O que estou dizendo é que esses movimentos estão presentes na sociedade e ela é constituída por seres humanos que têm aspirações, convicções, desejos e interesses. Ocultar isso sob a égide de uma questão técnica não é verdade. A economia trata das relações entre homens, entre classes sociais, entre segmentos da sociedade e isso deve prevalecer sobre a observação de que a economia trata de uma coisa aqui, outra ali, uma intervenção no câmbio etc.
Queria chamar atenção para uma questão: existe, neste momento, uma disfunção hierárquica na visão convencional, que está levando à avassaladora opinião destilada pela mídia, de risco fiscal. O que é preciso é estabelecer as hierarquias. Na economia mundial como um todo, hoje o que prevalece são as movimentações dos fluxos de capitais e dos mercados futuros, que são uma espécie de precificação do câmbio dentro da B3 [Bolsa de Valores do Brasil]. A B3 tem um volume de operações, comprados e vendidos em dólar, no mercado futuro, e isso tudo é o que controla a flutuação do câmbio, articulada com a deterioração das condições internas.
Existe uma disfunção hierárquica na visão convencional, que está levando à avassaladora opinião destilada pela mídia, de risco fiscal – Luiz Gonzaga Belluzzo
Vamos observar o desempenho da economia brasileira em termos de emprego, renda etc.: ele é muito satisfatório, melhor do que foi no período do governo Bolsonaro. No entanto, esse desempenho é entendido como uma pressão, como uma espécie de crescimento que pode levar a um aumento da inflação. A inflação está oscilando entre 4,5 e 4,80. Não é nenhum disparate, nenhum absurdo, mas isso está conduzindo o comportamento e as ações do mercado financeiro no exercício do seu poder para provocar o distúrbio da taxa de câmbio e a subida dos juros. Não sei se isso vai se extinguir em algum momento. Estou observando o cenário com muita preocupação.
Mas, no fundo, trata-se de uma disputa de poder: uma hierarquia de instâncias do movimento de capitais, dos mercados futuros e a política econômica do governo. O ministro Haddad tenta apresentar avanços no processo de ajuste fiscal, aumentando impostos, prometendo cortes aqui e ali, mas isso não é suficiente porque já ultrapassou qualquer relação com a proposta do governo de convencer o mercado de que as coisas estão sob controle.
IHU – As justificativas do Banco Central para aumentar os juros não têm sentido? Quais os efeitos desse comportamento para a sociedade e a economia brasileira?
Luiz Gonzaga Belluzzo – O que ocorre é que se toma o risco fiscal como a razão fundamental dessas flutuações do câmbio, mas isso não é verdade. Não há nenhuma razão para isso, considerando o resultado fiscal que estamos obtendo hoje. Os EUA, por exemplo, têm um déficit primário muito elevado. A França está se debatendo com essa questão, assim como a Alemanha também.
O que acontece é um fenômeno que supera a determinação interna da crise fiscal. É preciso olhar para o movimento dessas instâncias de formação de expectativas. Mas olha-se somente o risco fiscal. É quase uma forma de usar um pretexto para especular – o que é constitutivo do capitalismo – e apostar na possibilidade de obter ganhos ou evitar perdas nas suas riquezas. É isso que os mercados financeiros fazem o tempo inteiro. Esse aspecto é predominante. Dentro dessa predominância, está a instância superior, que é a constituição do sistema monetário financeiro internacional, com todas essas práticas, como essa dos mercados futuros. As pessoas ficam dando voltas em torno dessa questão, mas não vejo como o governo ou o Banco Central podem enfrentar isso de maneira convencional. Talvez isso leve a algumas consequências que nem gostaria de mencionar.
O que estou observando é que estão ocorrendo manifestações de grande agressividade contra esse comportamento do mercado financeiro. Uns dizem que é crime, crime contra a pátria e isso pode se transformar em uma bola de neve. Não sabemos exatamente quais podem ser as consequências.
Talvez seja interessante os rapazes do mercado lerem o que aconteceu na Alemanha entre a década de 1920 e a ascensão de Hitler, e como Hjalmar Schacht cuidou dessas questões. Na culminância das medidas tomadas, ele tornou crime contra o Estado alemão o envio de divisas de dólares para fora da Alemanha. Crime. Isso foi feito no estado nazista. Sobre isso, Keynes disse o seguinte: descontando o horror que foi esse regime, Schacht estava certo porque estava segurando um processo que iria, outra vez, causar muitos danos à Alemanha, que tinha saído da hiperinflação em 1923, 1924. Schacht também adotou o Plano Dawes, que era financiamento do banco Morgan para cobrir as necessidades e obrigações impostas pelas reparações e impedir a saída e fuga da moeda alemã para outras moedas, como a libra.
O que vejo neste momento é uma coisa muito parecida, com a agressividade que está surgindo de muitos lados, inclusive dos movimentos sociais. Isso pode deflagrar uma ação um pouco mais dolorosa em relação aos mercados. Francamente, não é uma coisa que desejo porque, às vezes, as consequências não são muito agradáveis.
IHU – Do ponto de vista político, há outros arranjos possíveis ou o governo está refém do mercado e, ao mesmo tempo, não consegue apaziguá-lo?
Luiz Gonzaga Belluzzo – O governo está, sem dúvida, refém. Claramente. Essa percepção é generalizada: está refém. Agora, o encaminhamento da solução que estou observando é que como o mercado é movido por seres humanos que têm convicções; eu diria que há um enorme efeito manada. Ou seja, uma concatenação de opiniões determinada pela existência de um cartel que tem mais poder – alguns bancos, no Brasil, claramente têm mais poder. As declarações dos bancos internacionais falando do Brasil – à exceção de Mohamed A. El-Erian, que escreveu um artigo dizendo que é um exagero o que está acontecendo – forma essa convicção e ela vai se manifestando. Então o governo está cercado e está mostrando que não há nenhum efeito dizer [ao mercado] que vai reduzir o déficit primário progressivamente até chegarmos ao déficit zero.
Quem já assistiu vários episódios de ajuste fiscal, como aqueles de 2015 e 2016, sabe que isso não vai ser feito de maneira indolor para a sociedade, para os trabalhadores, para o desempenho das empresas etc. O que quero dizer é que estamos vivendo um momento muito preocupante e crucial, que é muito difícil. Como trata-se de uma relação de poder, uma disputa de forças, fico na dúvida se isso poderá ser resolvido de uma maneira pacífica.
Quem já assistiu vários episódios de ajuste fiscal, como aqueles de 2015 e 2016, sabe que isso não vai ser feito de maneira indolor para a sociedade, para os trabalhadores, para o desempenho das empresas etc. – Luiz Gonzaga Belluzzo
IHU – Que efeitos esse cenário poderá gerar nas próximas eleições presidenciais?
Luiz Gonzaga Belluzzo – Este é um ponto importantíssimo. Em última instância, estamos falando de relações de poder. Uma pesquisa recente, que tomou a opinião de muitos operadores do mercado, mostrou que 90% deles manifestaram inconformidade com o governo Lula. Essa dimensão está por trás das relações de poder. O mercado não admite e não pode admitir um governo como o de Lula, que declara sua intenção de melhorar a vida dos menos favorecidos. Isso é uma tradição da chamada “elite” brasileira. Os interesses da “elite” estão muito arraigados e voltam sempre, como vimos na sucessão de episódios no tempo de Getúlio, de Juscelino. O que quero dizer é que é essencial entendermos que se trata de uma relação de poder que está ancorada nas concepções e visões que os agentes do mercado têm em relação ao governo Lula. Isso é fundamental.
Há uma conexão entre a extrema-direita e o extremo liberalismo econômico, o ataque ao liberalismo político e a defesa do liberalismo econômico. Paulo Guedes tentou fazer isto: privatizações à vontade, abertura comercial, possibilidade de abrir contas em dólar no país. Não tenho nenhuma dúvida de que o mercado apoia o bolsonarismo. Aliás, o bolsonarismo constitui a opinião do mercado. O bolsonarismo não é causado por Bolsonaro; Bolsonaro é que é produzido pelo bolsonarismo que está na sociedade.
O mercado apoia o bolsonarismo. Aliás, o bolsonarismo constitui a opinião do mercado – Luiz Gonzaga Belluzzo
IHU – Em vez de cortes nos gastos primários, alguns auditores fiscais e economistas têm defendido que o ajuste no gasto público poderia ser feito a partir de ajustes na área tributária e nos juros da dívida pública. Essas propostas são viáveis e operacionais? Seriam uma alternativa ao ajuste fiscal?
Luiz Gonzaga Belluzzo – Isso é discutível. Em primeiro lugar, a receita fiscal, sim, depende da estrutura tributária que é imposta à economia: como se definem os impostos de renda, impostos sobre mercadorias, as tarifas alfandegárias etc. Mas isso é uma espécie de receptáculo porque o dinheiro não está lá. O dinheiro depende da circulação monetária financeira. Essa é uma questão ontológica que tem a ver com a definição de uma economia capitalista de mercado, cujo funcionamento depende da circulação monetária. O trabalhador recebe o salário da empresa, que tem uma renda derivada do gasto de outra pessoa e assim sucessivamente. As empresas pagam salários aos trabalhadores porque imaginam vender as mercadorias delas. Os trabalhadores, por sua vez, recebem o salário e gastam. Só existe este circuito da renda, que acaba redundando na coleta de impostos. É o circuito da renda que gera isso não só através da cobrança sobre mercadorias, mas também sobre o imposto de renda. Ou seja, ninguém paga imposto de renda se não tem renda. Em geral, neste ponto, o imposto de renda é muito desigual.
Precisamos olhar a determinação. Como ela é? É da estrutura fiscal para a circulação da renda ou da circulação da renda para a estrutura fiscal? Estou de acordo que é preciso cuidar da dívida pública, mas a dívida pública é riqueza privada. Conversando com vários amigos do mercado, eles dizem que 70% das carteiras das instituições financeiras, sobretudo aquelas que não são propriamente bancárias, que são fintech e outras instituições, são compostas de LFTs (Letra Financeira do Tesouro), porque este é o título que tem maior liquidez e sobre o qual se tem maior facilidade de negociar, comprar e vender. Aliás, o Banco Central não faz o que deveria fazer, que é operar na curva de compra e venda para estabilizar os juros mais longos que afetam o crédito. Isso é feito em quase todos os países, mas aqui o Banco Central está bloqueado e não pode fazer essa operação de regulação da liquidez dos mercados.
Do jeito que as coisas estão, a solução é muito difícil – Luiz Gonzaga Belluzzo
Sempre se mexe nas relações mais aparentes e superficiais da vida econômica, mas temos que olhar para o fundamento desses movimentos. Tenho respeito pela Receita Federal, que tem essa visão, mas diria que não é a que corresponde à constituição desses movimentos. Como será possível reduzir os juros sendo que o consenso é que tem que aumentar os juros para segurar a inflação? Essas soluções binárias não ajudam a compreensão. Do jeito que as coisas estão, a solução é muito difícil.
IHU – O ajuste fiscal é criticado em três pontos principais: os critérios para o reajuste do salário mínimo, as condições de acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a redução do abono salarial. Considerando os gastos primários, este foi o melhor arranjo? Como avalia esses pontos do ajuste?
Luiz Gonzaga Belluzzo – Não vejo nenhuma inconveniência em fazer uma investigação e apuração do BPC, mas isso é lateral. Em relação às outras duas propostas, estamos percebendo que o ajuste proposto é sempre para reduzir a capacidade de atendimento dos elementos que formam a renda dos mais pobres. Para mim, isso é muito claro e revela outra dimensão dessa “superforça” da qual estava ministrando. É possível fazer uma investigação para saber das irregularidades que acontecem no Bolsa Família, por exemplo, mas isso não é o fundamental.
Nos anos 1930, Keynes escreveu um livro chamado Teoria Geral do emprego, do juro e da moeda. Ele falou de algumas coisas que ainda são atuais. A primeira delas é uma estrutura tributária que seja redistributiva para preservar a capacidade de gasto das pessoas que estão empregadas. A segunda era uma medida agressiva: diminuir o poder do rentista – a eutanásia do rentista. Sobre a política fiscal, ele pedia a separação entre duas instâncias orçamentárias: os gastos correntes e os de investimento. Hoje, os gastos de investimentos são apresentados como os gastos discricionários. O que ele quer dizer é que se deve, sim, buscar o equilíbrio nos gastos correntes, mas usar a capacidade de regular os gastos de investimento para impedir que a economia ou fique superaquecida ou tenha um desgaste deflacionário. Keynes tinha toda razão; falou das três dimensões importantes: quem paga imposto e recebe, quem se beneficia de uma situação como esta que estamos observando de superioridade da opinião rentista, e o Estado, que teria que se mover nessa direção que estou apontando.
O rentismo não é só juros; ele tem outras dimensões importantes, inclusive a fuga de moeda estrangeira. Tudo isso faz parte da acumulação de riqueza puramente monetária, sem movimentar a economia – Luiz Gonzaga Belluzzo
Ele, analisando, a partir da concepção dele de como o capitalismo funciona, dizia que era preciso tratar dessas três questões. Só que o que está acontecendo, em vez da eutanásia do rentista, é que os rentistas estão promovendo a morte da economia no mundo inteiro, em especial no caso brasileiro. E o rentismo não é só juros; ele tem outras dimensões importantes, inclusive a fuga de moeda estrangeira. Tudo isso faz parte da acumulação de riqueza puramente monetária, sem movimentar a economia.
IHU – Como avalia o anúncio da conclusão das negociações do Acordo de Parceria entre o Mercosul e a União Europeia, que tem recebido muitas críticas? Para o Brasil, ele significará o reforço da política agroexportadora ou possibilitará novas alternativas de desenvolvimento?
Luiz Gonzaga Belluzzo – Também tenho várias restrições ao acordo, ademais há muitos países europeus que não vão assiná-lo. Ocorreu uma reunião com a [Ursula Gertrud] von der Leyen, porém, Itália e França manifestaram restrições ao acordo. Sobretudo porque o veem como uma ameaça à agricultura desses países. Dificilmente esse acordo será encaminhado da maneira que foi formulado inicialmente e será discutido em um momento em que haverá recrudescimento do protecionismo, particularmente nos EUA, mas também na Europa. A própria von der Leyen, que celebrou o acordo, disse que não poderia admitir o ingresso dos carros elétricos chineses na Europa a um preço tão baixo. Então, talvez o acordo não avance por causa das circunstâncias globais.
O acordo com a China, por outro lado, pode ter coisas interessantes porque os chineses estão em uma fase de expansão muito peculiar, com um avanço na África impressionante, com construção de redes ferroviárias etc. Não posso fazer nenhuma afirmação a priori sobre o acordo com o Brasil, porque precisa desdobrar os pontos, mas, provavelmente, os chineses vão caminhar dando um pontapé inicial com uma iniciativa monetária financeira.
IHU – Quais são as perspectivas socioeconômicas para o país no próximo ano?
Luiz Gonzaga Belluzzo – Não vai ser uma caminhada tranquila, não. Na forma como estão articuladas as relações de poder, a minha impressão é que será difícil o governo ultrapassar as resistência e convicções que estão incrustadas nos mercados. Não precisa ser “adivinhão”, como se dizia no meu tempo, para saber que isso não vai terminar agora. Essa visão está incrustada na sociedade brasileira e na relação entre as camadas mais abastadas. Também tem uma rejeição muito grande ao governo Lula por parte dos mercados, como mencionei. Uma avaliação do futuro está muito sujeita a trepidações.
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Os protestos continuam na Eslováquia contra a postura pró-Rússia do PM Fico | Notícias de protestos

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7 de fevereiro de 2025
Grandes multidões pedem que o FICO renuncie após a visita a Moscou.
Dezenas de milhares de pessoas encheram ruas da Eslováquia, pedindo a renúncia do primeiro -ministro Robert Fico, citando uma mudança de política para laços mais próximos com a Rússia.
Manifestantes de todo o país cantaram na sexta -feira, “renunciar, resignar”, “Eslováquia é Europa” e “agente russo” com uma multidão de 42.000 a 45.000 pessoas relatadas na Freedom Square na capital, Bratislava.
“Nós defendemos a democracia e a liberdade e os direitos humanos, como percebidos pela UE e consagrados em nossa Constituição. Estamos aqui para mantê-lo dessa maneira ”, disse Barbora Kabinova, de 39 anos, afirmando pela agência de notícias da AFP.
Os protestos semanais chegaram logo após uma recente viagem a Moscou por Fico, um dos poucos líderes de um país da União Europeia (UE) para visitar a Rússia desde o início de sua invasão em grande escala da Ucrânia há três anos.
Os protestos são os maiores da Eslováquia, desde o assassinato de um repórter investigativo em 2018, trouxeram dezenas de milhares de pessoas para as ruas, levando ao colapso do governo então, como agora, dirigido por Fico.
Fico, que sobreviveu a um Tente em sua vida Em maio, acusou os manifestantes de colaborar com estrangeiros e Ucrânia em um esforço para derrubar o governo, uma alegação pela qual ele forneceu poucas evidências.
Um manifestante de 70 anos chamado Juraj Kadlec recuou contra essas acusações, dizendo que as manifestações “não eram um golpe”.
“Espero que nossos representantes descubram e mudem suas ações ou decidam renunciar”, disse ele.
O líder nacionalista de esquerda pediu o fim do apoio da Eslováquia à Ucrânia, criticou as sanções da UE visando a Rússia e disse que não permitiria que a Ucrânia se juntasse à OTAN, a aliança de defesa da qual muitos estados europeus são membros, mas cuja expansão foi vista há muito tempo com raiva da Rússia.
O FICO também foi acusado de reprimir grupos da sociedade civil e apoiar os direitos LGBTQ.
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O que os cortes da USAID significam para a ajuda ao desenvolvimento? – DW – 02/07/2025

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7 de fevereiro de 2025
A decisão do presidente dos EUA Donald Trump para suspender o auxílio ao desenvolvimento Tirou projetos financiados nos EUA em cerca de 130 países parados. Isso teve consequências dramáticas para milhões de pessoas e trabalhadores humanitários em todo o mundo.
Trump acusou a agência de desenvolvimento USAID de desperdício. Em 6 de fevereiro, ele escreveu em sua plataforma “Social” da verdade “parece que bilhões de dólares foram roubados na USAID”. Ele não forneceu nenhuma evidência.
Os políticos da oposição nos EUA acusaram Trump de comprometer a luta global contra a fome, a doença e o conflito. “Não se trata de caridade”, disse Andy Kim, senador democrata dos EUA em Nova Jersey, na CNN. “Isso é sobre nós neste ambiente global muito perigoso no momento.
“A USAID é uma das nossas melhores ferramentas para combater a influência financeira e econômica de China. “
O que desmontagem da USAID significa para as pessoas mais pobres do mundo
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‘China também é um bom amigo’
As duas superpotências também usam ajuda externa em sua concorrência pela supremacia global. Essa rivalidade é particularmente evidente no Indo-Pacífico, por exemplo, em Bangladesh. O país é de importância estratégica para a China e, com uma população de mais de 170 milhões, é um grande mercado para bens chineses.
A China não divulga seus números de ajuda externa, mas os pesquisadores da Faculdade de William e Mary, no Estado da Virgínia, da Virgínia, estimam que a China financiou 138 projetos de desenvolvimento em Bangladesh desde 2000, no valor de US $ 21 bilhões (20,2 bilhões de euros).
Até agora, os EUA estão se mantendo contra isso: somente em 2024, concedeu ao país do sul da Ásia US $ 393 milhões em ajuda.
“Bangladesh está em uma parceria muito boa com a USAID e o governo dos EUA há muito tempo”, disse ao DW DW em uma entrevista por telefone.
Sua associação reúne mais de 1000 organizações não-governamentais. Os EUA, ele disse, “estão nos financiando desde o início de nossa independência em 1971”.
Uddin disse que a parada na ajuda dos EUA está agora causando problemas significativos para o país, com milhares de funcionários já redundantes.
“É um problema muito grande para nós agora. Isso enfraquecerá a sociedade civil em Bangladesh. A instabilidade social pode vir com mais riscos à saúde e maior pobreza. Tudo isso será alimentado”, disse Uddin, sugerindo que seu governo agora procure ativamente o novo doadores.
“Precisamos diversificar nosso financiamento. A China também é um bom amigo de Bangladesh”, disse ele, esperando que a China agora possa expandir seu apoio para incluir ajuda humanitária e apoio a projetos sociais, que os EUA estão financiando agora.
China com foco em projetos em larga escala
Enquanto a USAID trabalha principalmente com organizações locais, a China Aid, fundada em 2018, concentra -se em empréstimos e grandes projetos de infraestrutura. No entanto, ambas as agências buscam objetivos semelhantes: garantir a influência de seus governos nos principais países parceiros.
Com seu Iniciativa de cinto e estrada (BRI)A China está atualmente tentando unir mais de 145 países através de grandes projetos conjuntos, como pontes, estradas e portos.
UM Relatório publicado pelo Ministério das Relações Exteriores da China Em 2024, descreveram o auxílio ao desenvolvimento dos EUA como “ser egoísta, arrogante, hipócrita e feia e interferindo arbitralmente nos assuntos internos de outros países por seus próprios benefícios. Ajuda externa dos EUA traz impactos seriamente negativos na paz e desenvolvimento mundial”.
No entanto, a batalha pela influência entre os EUA e a China não é um jogo de soma zero, onde um ganha o que o outro perde, disse Evan Cooper, que chefia o “Reimaginando a diplomacia dos EUA“Projeto no The Stimson Center Think Tank, em Washington.
“Não acho que o colapso da USAID, a remoção de financiamento e disparo dos funcionários provavelmente nos leve a rivais de repente a ganhar uma enorme quantidade de influência no mundo”, disse ele à DW por telefone.
O congelamento de fundos provavelmente levará ao colapso da indústria de ajuda ao desenvolvimento. “Mas isso não levará a China para encher a lacuna”, disse ele.
A Europa pode acompanhar a diplomacia ferroviária da China?
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A Alemanha poderia intervir?
“Nada melhor poderia acontecer com os chineses do que uma retirada americana”, disse Volkmar Klein, porta -voz do grupo parlamentar de cooperação e desenvolvimento econômico do bloco conservador da Alemanha de Democratas cristãos e União Social Cristã (CDU/CSU). “Pequim está tentando garantir os mercados de vendas, criar dependências e usar esse suporte para garantir vantagens nas negociações internacionais”.
Isso fortaleceria a posição da China e corroeria a confiança nos Estados Unidos, disse Klein.
Depois dos EUA, a Alemanha é o maior doador do mundo. Que impacto os últimos movimentos poderiam ter sobre a política de desenvolvimento na Alemanha? “Eu não acho que isso afetará a confiança em cooperação conosco. Pelo contrário, somos vistos como um parceiro confiável e esse deve permanecer o caso”, disse Klein.
Ministro do Desenvolvimento Alemão Svenja Schulze, da Centro-Libera Social -democratas (SPD) recentemente fez uma declaração semelhante sobre a emissora pública RBB. A Europa agora deve ver o que pode ser alcançado juntos, disse ela. “Seríamos aconselhados a fortalecer ainda mais nossa cooperação para o desenvolvimento, não cortá -la”, disse ela.
Os conservadores de Klein são Liderando pesquisas de opinião. Deveriam emergir como o partido mais forte e construir um novo governo alemão depois a eleição federal em 23 de fevereiroKlein quer pressionar por assumir mais responsabilidade internacional.
“Mas não podíamos compensar os déficits americanos”, alertou. “Os americanos pagam cerca de seis vezes mais em cooperação no desenvolvimento do que a Alemanha. Portanto, é uma ilusão completa pensar em fazer a diferença”.
Que papel a USAID está desempenhando globalmente?
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Quase todos os funcionários da USAID demitidos
Segundo o analista de pesquisa Cooper, a preocupação agora é que o súbito colapso dos programas de desenvolvimento possa levar a mais conflitos e migração mundialmente.
“Vimos como o aumento dos fluxos de migração pode levar à instabilidade e à ascensão do populismo, e acho que isso pode ser desestabilizador para os Estados Unidos a médio a longo prazo”, alertou.
De acordo com vários meios de comunicação americanos, apenas cerca de 300 dos 10.000 funcionários da USAID têm permissão para continuar seu trabalho. Não está claro quantos projetos de desenvolvimento Trump permitirá reiniciar após a revisão de 90 dias.
Faz muito tempo que a cooperação no desenvolvimento foi discutida tão acalorada quanto agora – nos EUA e além.
USAID também provavelmente será um tópico no Conferência de Segurança de Muniqueque vai de 14 a 16 de fevereiro. Representantes da China, vice -presidente dos EUA JD Vance E o secretário de Estado Marco Rubio deve comparecer.
Este artigo foi originalmente escrito em alemão.
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Somos cruéis ao extremo conosco em momentos de frustração – 07/02/2025 – Marina Izidro

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7 de fevereiro de 2025
Não tenho simpatia pelo tenista alemão Alexander Zverev.
Em 2022, em um torneio no México, ele xingou o juiz de “idiota de m…” por discordar de uma decisão e golpeou várias vezes a cadeira do árbitro com a raquete em um acesso de fúria. Foi expulso, multado, mas ficou por isso mesmo. Foi no ano em que Roger Federer se aposentou e o mundo do tênis debatia quem seriam os ídolos da próxima geração. Não seria Zverev. Até porque ele foi acusado de algo bem pior do que um chilique: agressão contra duas ex-namoradas. Em um dos casos houve acordo na Justiça; o outro, a ATP investigou e arquivou.
Isto posto, como falta de simpatia não significa ausência de empatia, este texto é sobre ele. Por um desabafo do alemão há alguns dias –sem relação com os fatos acima–, sinto que há um pouco de Zverev em muitos de nós.
Na final do Aberto do Austrália, ele foi derrotado para o número 1 do mundo, Jannik Sinner. O italiano domina o circuito, tem sido quase imbatível. Mesmo assim, na entrevista pós-jogo, com ar de desolação, Zverev, que é o número 2 do ranking, disse: “Eu simplesmente não sou bom o suficiente”.
Há muito por trás dessa resposta. Aos 27 anos, foi a terceira derrota dele em finais de Grand Slam. Sinner, 23 anos, já ganhou três, e Carlos Alcaraz, 21, quatro. Claro que, logo depois de perder, a raiva é compreensível.
Mas atletas profissionais, acostumados com pressão, raramente demonstram fraqueza física ou mental. Deixar transparecer lesão ou medo é dar munição ao adversário. Por isso, Zverev compartilhar com o mundo que não se considera bom o bastante me fez refletir sobre como temos a capacidade de sermos cruéis ao extremo com nós mesmos em momentos de frustração.
Também me interessei pelo tema porque sempre me orgulhei em dizer que “perfeccionismo” era uma das minhas principais qualidades. Uma amostra de ambição positiva e comprometimento. Sermos exigentes com nossa performance profissional é importante, significa que queremos fazer o melhor. Mas, se temos um dia ruim, o que eventualmente acontece, corremos o risco de autoboicote, sem percebermos.
Há estudos de renomados neurocientistas e psicólogos sobre como nosso cérebro é programado para a autopunição e sobre o efeito negativo em nossa saúde.
Conheci recentemente o trabalho da norte-americana Kristin Neff, professora do Departamento de Psicologia da Universidade do Texas. Ela diz que a autocrítica é quase um mecanismo de defesa. Nos atacamos tentando nos convencer de que precisamos seguir em frente, sem reclamar, e assim estaríamos ajudando a nós mesmos. Mas isso aumenta níveis de estresse e inflamação no corpo, afeta a autoestima e acaba nos deixando inseguros.
Não ajuda as redes sociais tentarem nos fazer acreditar que é preciso alcançar níveis de perfeccionismo impossíveis. Nos comparamos a desconhecidos, imaginando uma vida perfeita que é, na verdade, impecavelmente fabricada.
Mas existem técnicas para reprogramar o cérebro e transformar autopunição em autocompaixão. A doutora Neff explica que a mudança de atitude não tem nada a ver com acomodação, com termos pena de nós mesmos ou com fraqueza, mas, sim, transformar erros em aprendizado.
No fim, não tira nossa motivação; ao contrário, viramos pessoas ainda mais confiantes.
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