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Oscar: A Verdadeira Dor mira Holocausto e dor moderna – 29/01/2025 – Ilustrada
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11 meses atrásem
Alessandra Monterastelli
Em uma cena de “A Verdadeira Dor”, dois primos americanos viajam na primeira classe de um trem na Polônia, indo em direção a Lublin, cidade com forte tradição judaica. Até que Benji, um deles, exige ir para a ala econômica, e brada para o resto do grupo turístico que não pode apreciar a vista confortavelmente quando, há 80 anos, seus antepassados percorriam os mesmos trilhos rumo à morte.
É em abrir as feridas da terceira geração dos sobreviventes do Holocausto que se concentra o segundo longa-metragem de Jesse Eisenberg, até agora mais conhecido por protagonizar filmes como “Para Roma, com Amor” e “Café Society”, de Woody Allen, e por viver Mark Zuckerberg, dono da Meta, no biográfico “A Rede Social”.
Eisenberg, que dirigiu Julianne Moore em seu primeiro filme, “When You Finish Saving the World”, dessa vez conduz o excêntrico Kieran Culkin, que vive Benji, e a si próprio —ele interpreta David, o primo ansioso e introspectivo que não consegue se conectar às tradições e traumas de seus antepassados como faz Benji.
Culkin levou o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante pela performance, e concorre ao Oscar na mesma categoria. Mas o processo não foi fácil, conta Eisenberg, que ficou frustrado com a dupla, que se recusava a acatar ordens de posição ou ouvir sobre as cenas antes de filmá-las. “Mas ele é tão talentoso que ficou ótimo”, diz Eisenberg, por videochamada. “Acho que ele [Culkin] estava vivendo no personagem. Ele não estava dormindo à noite, estava morando em uma sala, mas nunca queria falar sobre isso.”
Na trama, David e Benji viajam para a Polônia a pedido da avó, que antes de morrer deixou dinheiro para os netos conhecerem a cidade onde ela nasceu e cresceu —antes de ser deportada para um campo de concentração nazista, sobreviver e migrar para os Estados Unidos.
A jornada dos primos não revela só uma herança familiar traumática, como também joga luz sobre batalhas modernas. Benji, carismático e agitado, se acomodou na asa dos pais de classe média e, sem carreira ou perspectivas, tentou o suicídio. David, por outro lado, construiu uma família longe da vida caótica do primo, mas toma remédios para controlar seu transtorno obsessivo compulsivo e não pensar muito sobre seu emprego.
De certa forma, Eisenberg parece interpretar a si próprio. Seus avós, judeus poloneses, migraram aos Estados Unidos antes da Segunda Guerra, mas o resto de sua família morreu em campos nazistas. Ele conta que, quando criança, não parava de chorar e se sentir péssimo —sinais adiantados de condições psiquiátricas com as quais lida até hoje.
“Sempre me perguntei por que tantas pessoas da minha geração estão deprimidas, enquanto a geração de nossos avós sobreviveu ao horror. Como é possível que descendentes de sobreviventes de um genocídio se sintam miseráveis”, diz ele, um pouco sem jeito.
Enquanto muitos sobreviventes do Holocausto quiseram transmitir os fatos do que aconteceu para que houvesse registro histórico do genocídio, outros não falaram sobre o assunto para não reviver o trauma, diz Eisenberg. A geração de seus pais, então —os filhos dos sobreviventes—, não compreendia completamente o Holocausto, mas, ao mesmo tempo, não tinham referência de uma vida que antecedesse dos campos de extermínio.
A terceira geração, da qual o diretor faz parte, está distante o suficiente do evento para analisá-lo de forma mais filtrada e autoconsciente. “Podemos nos engajar com isso de uma maneira menos difícil, falar sobre essa história de um jeito novo”, diz o diretor.
No caso de “A Verdadeira Dor”, a peregrinação de David e Benji pela Polônia é invadida por um humor ácido e absurdo à la Woody Allen, de quem Eisenberg é admirador declarado. Outro exemplo recente no cinema é “Zona de Interesse“, de Jonathan Glazer, que reascendeu o debate sobre como Hollywood ajudou a mitificar o Holocausto ao tentar representá-lo na tela em prol do entretenimento e, ao mesmo tempo, simplificar a complexidade dos acontecimentos históricos.
Em seu discurso no Oscar, onde recebeu a estatueta de melhor som, Glazer ainda fez um apelo pelo cessar-fogo na Faixa de Gaza, comparando a desumanização perpetrada pelos nazistas àquela do Estado israelense sobre os palestinos. “Estamos aqui como pessoas que refutam que o seu judaísmo e o Holocausto sejam sequestrados por uma ocupação que levou muitas pessoas inocentes ao conflito”, disse.
O esforço para colocar o genocídio em uma perspectiva universal e filosófica é, também, uma particularidade dos novos artistas judeus que abordam o tema. Para Eisenberg, o conforto da vida moderna leva a inquietude e aumenta a necessidade de entender eventos trágicos.
“Quando há um problema real, eu não me sinto ansioso, eu me sinto confiante para lidar com ele. Mas quando o mundo está fácil para mim, sou invadido por um senso de ansiedade constante. Acho que a falta de um significado, de um desafio, cria problemas inteligíveis de saúde mental.”
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Nota da Andifes sobre os cortes no orçamento aprovado pelo Congresso Nacional para as Universidades Federais — Universidade Federal do Acre
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1 semana atrásem
23 de dezembro de 2025Notícias
publicado:
23/12/2025 07h31,
última modificação:
23/12/2025 07h32
Confira a nota na integra no link: Nota Andifes
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Ufac entrega equipamentos ao Centro de Referência Paralímpico — Universidade Federal do Acre
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2 semanas atrásem
18 de dezembro de 2025A Ufac, a Associação Paradesportiva Acreana (APA) e a Secretaria Extraordinária de Esporte e Lazer realizaram, nessa quarta-feira, 17, a entrega dos equipamentos de halterofilismo e musculação no Centro de Referência Paralímpico, localizado no bloco de Educação Física, campus-sede. A iniciativa fortalece as ações voltadas ao esporte paraolímpico e amplia as condições de treinamento e preparação dos atletas atendidos pelo centro, contribuindo para o desenvolvimento esportivo e a inclusão de pessoas com deficiência.
Os equipamentos foram adquiridos por meio de emenda parlamentar do deputado estadual Eduardo Ribeiro (PSD), em parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro, com o objetivo de fortalecer a preparação esportiva e garantir melhores condições de treino aos atletas do Centro de Referência Paralímpico da Ufac.
Durante a solenidade, a reitora da Ufac, Guida Aquino, destacou a importância da atuação conjunta entre as instituições. “Sozinho não fazemos nada, mas juntos somos mais fortes. É por isso que esse centro está dando certo.”
A presidente da APA, Rakel Thompson Abud, relembrou a trajetória de construção do projeto. “Estamos dentro da Ufac realizando esse trabalho há muitos anos e hoje vemos esse resultado, que é o Centro de Referência Paralímpico.”
O coordenador do centro e do curso de Educação Física, Jader Bezerra, ressaltou o compromisso das instituições envolvidas. “Este momento é de agradecimento. Tudo o que fizemos é em prol dessa comunidade. Agradeço a todas as instituições envolvidas e reforço que estaremos sempre aqui para receber os atletas com a melhor estrutura possível.”

O atleta paralímpico Mazinho Silva, representando os demais atletas, agradeceu o apoio recebido. “Hoje é um momento de gratidão a todos os envolvidos. Precisamos avançar cada vez mais e somos muito gratos por tudo o que está sendo feito.”
A vice-governadora do Estado do Acre, Mailza Assis da Silva, também destacou o trabalho desenvolvido no centro e o talento dos atletas. “Estou reconhecendo o excelente trabalho de toda a equipe, mas, acima de tudo, o talento de cada um de nossos atletas.”
Já o assessor do deputado estadual Eduardo Ribeiro, Jeferson Barroso, enfatizou a finalidade social da emenda. “O deputado Eduardo fica muito feliz em ver que o recurso está sendo bem gerenciado, garantindo direitos, igualdade e representatividade.”
Também compuseram o dispositivo de honra a pró-reitora de Inovação, Almecina Balbino, e um dos coordenadores do Centro de Referência Paralímpico, Antônio Clodoaldo Melo de Castro.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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Orquestra de Câmara da Ufac apresenta-se no campus-sede — Universidade Federal do Acre
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18 de dezembro de 2025A Orquestra de Câmara da Ufac realizou, nesta quarta-feira, 17, uma apresentação musical no auditório do E-Amazônia, no campus-sede. Sob a coordenação e regência do professor Romualdo Medeiros, o concerto integrou a programação cultural da instituição e evidenciou a importância da música instrumental na formação artística, cultural e acadêmica da comunidade universitária.
A reitora Guida Aquino ressaltou a relevância da iniciativa. “Fico encantada. A cultura e a arte são fundamentais para a nossa universidade.” Durante o evento, o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, destacou o papel social da arte. “Sem arte, sem cultura e sem música, a sociedade sofre mais. A arte, a cultura e a música são direitos humanos.”
Também compôs o dispositivo de honra a professora Lya Januária Vasconcelos.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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