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Para especialistas, Bolsonaro adota visual simples como tática

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Pronunciamentos transmitidos na internet têm improviso e estética que reforçam apelo popular.
O brasileiro nunca havia visto um presidente da República em cenas tão prosaicas. Ao longo da campanha eleitoral, Jair Bolsonaro (PSL) se expôs em fotos e vídeos com uma informalidade incomum para um postulante ao comando do Executivo.
A vitória em 28 de outubro, pelo menos até o momento, não alterou o estilo do capitão reformado do Exército.
Nas redes sociais pode-se ver o presidente eleito preparando café em meio a uma pilha de louça suja ou comendo pão com leite condensado no café da manhã, sem prato ou toalha de mesa. Em frente ao varal de sua casa, no Rio, gravou o inflamado discurso transmitido num telão na avenida Paulista antes do segundo turno. Numa entrevista para TV viam-se ao fundo dois baldes, um botijão de gás e uma mangueira enrolada.
Após o atentado que sofreu em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro, Bolsonaro fez todo o resto da campanha dentro de sua casa. Postava, quase diariamente, vídeos para se comunicar com os eleitores.
O cenário, com raras exceções, era sempre o mesmo: Bolsonaro sentado numa mesa na sala de sua casa, tendo de um lado uma tradutora de libras e de outro alguém de seu grupo político ou de sua família. No fundo, no que se tornou uma marca registrada de suas aparições, uma bandeira do Brasil, colada em posição torta na parede com fita adesiva.
Dias antes do segundo turno, uma raquete de matar mosquito aparecia sobre a mesa. No pronunciamento após ser eleito, em 28 de outubro, também compunham o quadro um copo de plástico com água e uma jarra de vidro vazia. Ao lado de sua mulher, Michelle, via-se uma parte de um prato, cheio de farelos.
Algumas vezes a iluminação se apagava por segundos durante a gravação. Em outras, um celular tocava no meio dos discursos.
Bolsonaro parece ter feito de sua campanha uma ode ao improviso, mas o estilo desleixado, quando não tosco, é resultado de uma sofisticada estratégia, afirmam especialistas em política e campanhas eleitorais.
“É uma estética pensada para atingir uma classe média que ascendeu no governo Lula e agora tem receio de cair novamente. Então Bolsonaro se apresenta como uma pessoa de hábitos simples, alguém do meio popular que chegou longe na política. Esse apelo foi muito bem construído, é muito sofisticado”, diz a historiadora Heloisa Starling, professora de história da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Tudo foi muito bem calculado, ressalta a historiadora: os vídeos caseiros, de produção barata, sem qualquer recurso técnico, passavam ao eleitor a impressão de uma campanha autêntica, sem caixa dois, feita por voluntários.
“No entanto algumas coisas acabam soando artificiais. Você, sendo um candidato à Presidência, não mostraria uma foto sua comendo pão numa mesa bagunçada ou colocaria uma prancha para apoiar os microfones das emissoras de TV”, diz, em referência à entrevista coletiva na casa do presidente eleito.
O cientista político Juliano Domingues, pesquisador de mídia e política, também percebe na estética Bolsonaro uma maneira de se afirmar como político antissistema. “Isso inclui negar o tratamento estético e a linguagem típicos da comunicação política mainstream para transparecer como um político verdadeiro e autêntico, um cidadão comum”, avalia.
Para Starling, o presidente que mais se assemelha a Bolsonaro nesse aspecto é Jânio Quadros. “Jânio também se esforçava para parecer um homem comum, também investia num visual propositalmente desleixado. Usava termos puídos, gravatas tortas, passava talco na roupa para parecer caspa, tirava um pão de dentro do terno, fingia desmaiar nos comícios”, enumera ela.
Fora a estratégia visual, ambos compartilham o conservadorismo no campo dos costumes e a pauta de combate à corrupção.
Lula também, com seu destacado talento para discursos e suas recorrentes metáforas futebolísticas, foi um presidente de estilo mais informal. Tornou-se icônica a fotografia do ex-presidente, numa praia na Bahia, carregando uma caixa de isopor na cabeça.
Starling e Domingues, contudo, apontam diferenças em relação ao petista e ao capitão reformado nesse aspecto.
“Aquela foto do isopor foi um flagra, não algo deliberado em busca de visibilidade. No caso de Lula, havia uma preocupação com a imagem, fruto de uma necessidade de se enquadrar na estética esperada de um chefe de Estado. Era uma forma de ele superar as críticas que tinham como fundo o preconceito de classe”, diz Domingues.
“No caso de Bolsonaro, linguagem estética é fundamental na disputa. Trata-se de um marketing do populista. Beira ao tosco em se tratando dos protocolos e formalidades que envolvem uma aparição pública de um presidente da República.”
O consultor político Felipe Soutello identifica nas imagens do presidente eleito uma “estética da realidade”, semelhante a um reality show da TV. Destaca a “evidente inteligência” da campanha de Bolsonaro, exemplo de maior sucesso de um político brasileiro nas redes sociais.
“No começo parecia ter sido uma coisa mais intuitiva, mas, a partir do momento em que se mostrou eficiente, passou a ser trabalhada como estratégia de comunicação, com o objetivo de trazer uma imagem do brasileiro real. Ele canalizou um sentimento de indignação de parcela da população que não se sentia representada e deu voz a esse sentimento. Isso encantou as pessoas e criou um vínculo com o eleitor muito difícil de ser quebrado.” Marco Rodrigo Almeida. Folha SP.
Veja o vídeo de registros feitos pela assessoria do presidente eleito, neste domingo (11), no Rio.
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Presidente do STF e CNJ cumpre agenda no Acre nesta quarta-feira, 24

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23 de julho de 2024Nesta quarta-feira, 24, ministro Luís Roberto Barroso visita o Acre, onde realizará diálogo com estudantes da rede pública e será homenageado com a Ordem do Mérito do Poder Judiciário do Acre
O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, cumpre agenda nesta quarta-feira (24/7), em Rio Branco (AC).
A programação inicia com uma palestra na Escola Armando Nogueira, que será proferida por ele, com o tema “Como fazer diferença para si próprio, para o Brasil e para o mundo”, onde terá a oportunidade de interagir e compartilhar conhecimentos com os jovens estudantes, incentivando a importância da educação e cidadania.
Além disso, Luís Roberto Barroso participará de um diálogo com magistradas e magistrados acreanos, promovendo a troca de experiências e conhecimentos, e fortalecendo os laços entre a mais alta Corte do país e a magistratura acreana.
Em seguida, o ministro Barroso será agraciado com a maior honraria da Justiça do Acre, a insígnia da Ordem do Mérito Judiciário, durante a sessão solene no Pleno, no Tribunal de Justiça do Acre (TJAC). Instituída pela Resolução nº. 283/2022, essa distinção é concedida por decisão unânime dos membros do Conselho da Ordem do Mérito Judiciário acreano em diferentes graus, reconhecendo assim a excelência e relevância do trabalho do ministro para o Judiciário brasileiro.
Agenda Ministro
- 9h30 – Palestra na escola Armando Nogueira
- 11h – Sessão Solene de Outorga da Ordem do Mérito Judiciário do Poder Judiciário do Acre, no TJAC
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Inscrições para o Prouni começam nesta terça-feira

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11 meses atrásem
23 de julho de 2024As inscrições para o processo seletivo do Programa Universidade para Todos (Prouni) do segundo semestre de 2024 começam nesta terça-feira. Os interessados terão até sexta-feira (26) para participar do processo seletivo. Para isso, basta acessar o Portal Único de Acesso ao Ensino Superior e concorrer a uma das 243.850 bolsas oferecidas nesta edição.
As inscrições são gratuitas, e a previsão é que os resultados da 1ª e 2ª chamadas sejam anunciados nos dias 31 de julho e 20 de agosto, respectivamente. O prazo para manifestação de interesse na lista de espera vai do dia 9 ao dia 10 de setembro; e o resultado da lista de espera sairá em 13 de setembro.
“Para participar do processo seletivo, é necessário que o candidato tenha participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nas edições de 2022 ou 2023, obtendo nota mínima de 450 pontos na média das cinco provas e nota acima de zero na redação”, informa o Ministério da Educação (MEC).
É também necessário que o candidato se enquadre nos critérios socioeconômicos – incluindo renda familiar per capita que não exceda um salário-mínimo e meio para bolsas integrais e três salários-mínimos para bolsas parciais – e esteja cadastrado no login Único do governo federal que pode ser feito no portal gov.br.
“No momento da inscrição, é preciso: informar endereço de e-mail e número de telefone válidos; preencher dados cadastrais próprios e referentes ao grupo familiar; e selecionar, por ordem de preferência, até duas opções de instituição, local de oferta, curso, turno, tipo de bolsa e modalidade de concorrência dentre as disponíveis, conforme a renda familiar bruta mensal per capita do candidato e a adequação aos critérios da Portaria Normativa MEC nº 1, de 2015”, explicou MEC.
Segundo o ministério, a escolha pelos cursos e instituições pode ser feita por ordem de preferência. Informações mais detalhadas sobre oferta de bolsas (curso, turno, instituição e local de oferta) podem ser acessadas na página do Prouni.
Edição: Aécio Amado/EBC
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