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Pastores do Chade enfrentam seca e devastação por enchentes – DW – 23/10/2024

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Ao longo da sua vida, Fadoul Saleh seguiu a tradição dos pastores nómadas, acompanhando as estações em busca de pastagens para o seu gado.

Em janeiro, o homem de 73 anos tinha mais de 100 vacas. Mas hoje, a sua vida foi perturbada por eventos climáticos extremos em Chade.

“Só este ano, a seca fez-me perder 70 cabeças de gado”, disse ele, sentado à sombra de um arbusto nos arredores da capital do país, N’Djamena, com o rosto marcado pelo cansaço.

As primeiras chuvas da estação – que deveriam ter trazido alguma esperança e alívio aos pastores – transformaram-se num pesadelo. Inundações devastadoras varreu suas últimas 35 vacas, que representavam tudo o que ele possuía.

Um homem atravessa uma rua inundada em N'Djamena, Chade (foto de arquivo)
As inundações mortais foram provocadas por chuvas torrenciais e pelo aumento da água no rio Chari, que atravessa a capital do Chade, N’Djamena.Imagem: Denis Sassou Gueipeur/AFP

O Chade, tal como o resto da África Região do Sahelenfrenta chuvas torrenciais que causaram inundações prolongadas.

Desde Julho, as inundações mataram pelo menos 576 pessoas e afectaram mais de 1,9 milhões, segundo o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários – mais de 10% da população do Chade.

“É uma devastação total”, murmurou Saleh. “Era de manhã cedo, ainda escuro. As enchentes levaram embora o resto dos meus animais e até na minha família perdemos entes queridos. As águas levaram tudo, desde caminhões até árvores.”

Extremos climáticos ameaçam a subsistência dos pastores

O pai de cinco filhos agora não tem meios de sobreviver. Ele mora nos arredores de N’Djamena, ganhando a vida ajudando outras pessoas que vêm vender seus animais.

Saleh lembrou que os períodos de calor intenso eram frequentemente seguidos de chuvas torrenciais. Mas este ano foi excepcional, disse ele.

Entre Fevereiro e Abril, temperaturas que ultrapassaram os 45 graus Celsius (113 Fahrenheit) dizimaram os já escassos recursos naturais.

Quais são as principais lições retiradas das inundações na África Oriental?

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Saleh disse à DW que não é o único pastor que luta para sobreviver num ambiente onde a água e as pastagens se tornam cada vez mais escassas.

“As nossas áreas pastoris são vastas, mas estão degradadas e há uma grave falta de água. Somos obrigados a deslocar-nos constantemente”, explicou.

A pressão sobre os recursos está a intensificar-se, com a população de gado a crescer significativamente nas últimas três décadas, conduzindo a uma competição feroz por pastagens.

“Para os pastores que dependem diretamente do seu gado para sobreviver, se o gado for arrastado, será um desastre e cortará o seu sustento. É uma tragédia, isso está claro”, disse. Lucas Ferrinique supervisiona o programa pastoral da agência alemã de desenvolvimento GIZ, uma agência estatal sem fins lucrativos.

Conflitos com agricultores, novos pastores

O calor, a seca e agora as inundações estão a exacerbar os conflitos entre agricultores e pastores. Os rebanhos, em busca de pastagens, aventuram-se frequentemente em terras cultivadas, provocando tensões por vezes violentas com os agricultores.

“Estamos constantemente em conflito com eles”, disse Saleh. “Há muita pressão, muito gado para recursos limitados”.

Saleh sempre foi um homem resiliente, dando continuidade a um modo de vida ancestral. Mas hoje, ele é forçado a admitir que pastores como ele estão presos num ciclo vicioso.

“Com as alterações climáticas, tudo está a tornar-se mais difícil”, disse ele, acrescentando que a chegada de pastores ricos que monopolizam a terra e os recursos hídricos ameaça o seu modo de vida, e que pequenos pastores como ele “têm de sobreviver com parcos meios”.

Confrontado com um ambiente cada vez mais hostil, Saleh, tal como muitos outros pastores, encontra-se à beira de um precipício. Não é apenas o clima que está a mudar, mas também o seu modo de vida.

Para muitos, o movimento sazonal de gado já não é viável. As estradas são perigosas devido à presença de grupos armados e as pastagens estão a tornar-se mais difíceis de alcançar.

“Temos de lidar com tudo isto sozinhos – sem qualquer apoio das nossas autoridades”, disse Saleh.

A situação de Saleh é partilhada por milhares de pastores chadianos, confrontados com a dura realidade do mudanças climáticas e uma flagrante falta de apoio.

Eles estão fazendo o possível para se adaptar, mas não sabem quanto tempo mais poderão aguentar.

Editado por: Keith Walker

Correção, 23 de outubro de 2024: uma versão anterior deste artigo escreveu incorretamente o nome de Lucas Ferrini. DW pede desculpas pelo erro.



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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