AMAZÔNIA
Perigo na Amazônia: Com 207 mortos, 2017 foi o ano mais letal para ambientalistas, segundo ONG

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5 anos atrásem

Brasil apresentou o pior cenário, com 57 ativistas mortos.
Na foto, Toras apreendidas pelo Ibama no entorno da Terra Indígena Pirititi, em Roraima. – Divulgação.
Ao menos 207 pessoas morreram no mundo em 2017 por terem combatido projetos de mineração, florestais ou agroindustriais. Cerca de 60% das mortes ocorreram na América Latina e especialmente no Brasil, segundo a ONG Global Witness.
Os dados, coletados em 22 países, devem estar ainda abaixo da realidade, segundo o relatório publicado nesta terça (24) pela ONG britânica. O número supera o recorde de 2016, com ao menos 200 mortos.
As vítimas eram líderes locais, responsáveis por proteger a fauna selvagem ou pessoas comuns que defendiam suas terras.
O Brasil registrou o pior cenário em relação ao assunto, com 57 mortos. No país, três massacres foram responsáveis pela morte de 25 pessoas em 2017.
A lista segue com Filipinas (48, recorde para um Estado asiático), Colômbia (24 mortos) e México (15).
A Global Witness alerta sobre o crescimento acentuado de mortes no México —eram 3 em 2006—, onde o “aumento do crime organizado, a impunidade contínua e o fracasso do governo em proteger” ambientalistas levou ao “brutal silenciamento” dos que se opõem à exploração madeireira ou à mineração.
O Peru também registrou um salto significativo, de 2 para 8 mortos em um ano. Em comparação com sua população, a Nicarágua foi o país mais afetado (4).
Em Honduras, o número de mortos baixou de 14 em 2016 para 5 em 2017, mas “a crescente repressão da sociedade civil restringiu o que as pessoas defensoras podem dizer e fazer” nesse país, aponta o relatório, que teve início em 2002.
No total, um em cada quatro homicídios (ao menos 46, o dobro que em 2016), estiveram vinculados à indústria agroalimentar, 40 foram devido a disputas minerais (33 em 2016), 26 relacionados com desmatamento, e um recorde de 23 pessoas, sobretudo guardas florestais africanos, morreram tentando proteger os animais de caçadores.
Também houve um aumento da violência contra quem defende suas terras ante uma agricultura “destrutiva”, segundo a ONG, que critica os governos “negligentes” e as empresas “irresponsáveis” por anteporem os lucros “à vida humana”.
O relatório destaca, entre outras, a morte do colombiano Hernán Bedoya, líder afrodescendente do Chocó (noroeste), assassinado por um grupo paramilitar que atirou nele 14 vezes. O ativista se opunha à palma, às bananeiras e às fazendas de gado que se expandiam no território de sua comunidade e destruíam a floresta.
A ONG adverte, porém, que não ocorrem apenas assassinatos, dando conta de todo um arsenal para calar as pessoas, como ameaças de morte, detenções, perseguições, ciberataques, violência sexual e desaparecimentos.
No Brasil, 22 índios Gamela foram feridos supostamente por fazendeiros armados com machetes e fuzis. Um dos indígenas recebeu golpes de facão nas mãos, o que provocou fraturas expostas e o risco de perda dos membros.
Ninguém foi responsabilizado perante a justiça por este crime, “o que reflete uma grande cultura de impunidade e inação por parte do governo brasileiro para apoiar ambientalistas”, afirma o relatório. Folha SP.
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ACRE
Aumento na temperatura da água pode ter causado morte de peixes em rio no interior do AC, diz estudo

PUBLICADO
1 mês atrásem
22 de outubro de 2023
Conforme a Secretaria de Meio Ambiente, levantamento utilizou amostras da água do Rio Amônia e também ouviu moradores da região. As amostras não encontraram presença de metais pesados.
Capa: Morador registrou em vídeo peixes mortos no Rio Amônia — Foto: Reprodução.
O aumento na média de temperaturas das águas do Rio Amônia em Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre, pode ter causado a morte de peixes registrada no final de setembro. Conforme a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), foi feito um estudo que utilizou amostras da água do Rio Amônia e também ouviu moradores da região. As amostras não encontraram presença de metais pesados.
O levantamento, feito pela Sema junto ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) e a Universidade Federal do Acre (Ufac), coletou as amostras no dia 4 de outubro. A área visitada pela equipe técnica abrangeu um trecho de aproximadamente 10 km no Rio Amônia, com pontos de coleta diferentes que se estenderam até o Rio Juruá.
“A equipe técnica conclui que, diante dos resultados das entrevistas com ribeirinhos, reunião com os representantes institucionais e levantamentos bibliográficos, no dia do evento de mortandade de peixes, no Rio Amônia, possa ter ocorrido uma diminuição das concentrações de oxigênio dissolvido, em função da elevação extrema da temperatura da água, associada ao baixo nível da coluna d’água, tornando o ambiente inóspito aos peixes”, afirma o estudo.
A secretária de Meio Ambiente Julie Messias voltou a ressaltar que o problema tem sido registrado em vários estados da região Norte, e afirmou que as possíveis causas continuam sendo debatidas para a definição de soluções.
“Infelizmente, os outros estados da Amazônia também enfrentaram a mesma situação. O laudo da avaliação da qualidade da água que descarta contaminação, acende um outro alerta que é a alta temperatura da água. Estamos dialogando na Sala de Crise da Região Norte, da Agência Nacional de Águas (ANA), a qual a Sema, por meio da Sala de Situação, integra”, disse.
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Estudo utilizou amostras de água do Rio Amônia e não detectou metais pesados — Foto: Arquivo/Sema
Um vídeo feito por um pescador mostra peixes que apareceram mortos no Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre. No vídeo, o morador, identificado como José Mendes, se impressiona, e diz nunca ter visto essa situação.
“Olha aqui nesse balseirinho, como é que está cheio de peixe morto. Creio que é consequência das nossas queimadas. Eu nunca tinha visto, no Amônia, morrer esse tanto de peixe. Isso é aqui no meu porto, só nesse porto, isso tudo de peixe”, diz.
À época, a prefeitura de Marechal Thaumaturgo e a Sema informaram que iriam acompanhar o caso. Um biólogo ouvido pelo g1 na época em que o vídeo do pescador foi divulgado, considerou possível a hipótese de que o aumento na temperatura das águas pode ter causado a mortandade de peixes. Porém, Marllus Rafael Almeida ressaltou que apenas a análise das amostras de água poderiam dar certeza.
“Falar sobre isso, seria muito especulativo, teria que fazer uma análise da água. Não sei se a secretária do meio ambiente foi lá verificar o que é que está acontecendo para ver as possíveis causas disso. A seca extrema que a gente está tendo, os rios estão com a calha bem abaixo do nível normal para essa época. Se for por causa da temperatura, deve estar atingindo acima dos 40 graus na superfície, aí teria essa possibilidade de causar essa mortandade de peixes. Teria que ter é análise, coleta do material biológico de peixe, a salinidade da água, enfim. Há vários parâmetros para ver se não foi alguma coisa que caiu lá. Teria que ter um procedimento científico”, comentou.
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ACRE
Cidades do Acre podem registrar até 40 graus neste domingo (22), aponta Sipam

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1 mês atrásem
22 de outubro de 2023
Veja as temperaturas para todos os municípios acreanos.
De acordo com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), o tempo não muda neste domingo (22) em todo o Acre. O sol e o calor ainda predominam em todo o estado.
A previsão é de céu parcialmente nublado a nublado com pancadas isoladas de chuva e trovoadas entre a tarde e à noite nas cidades do oeste acreano. Já na capital e demais regiões do Acre a previsão é de céu claro a parcialmente nublado com possibilidade de chuva rápida e isolada à tarde.
Confira as temperaturas em todas as regiões:
Alto Acre
Em Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia e Xapuri, as temperaturas oscilam entre a mínima de 23°C e a máxima de 40ºC.
Baixo Acre
Mínima de 24°C e máxima de 39ºC são as temperaturas registradas em Acrelândia, Bujari, Capixaba, Plácido de Castro, Porto Acre, Senador Guiomard e Rio Branco.
Vale do Juruá
Já em Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter e Rodrigues Alves os termômetros ficam entre 24ºC e 33°C.
Vale do Purus
Em Manoel Urbano, Santa Rosa do Purus e Sena Madureira faz entre 24ºC e 38ºC.
Vale do Tarauacá/Envira
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ACRE
Indígena quer criar farmácia viva para preservar conhecimentos ancestrais de cura em aldeia no Acre

PUBLICADO
2 meses atrásem
16 de outubro de 2023
Andressa Runi Shanenawa é formada em enfermagem e quer criar espaço para preservar conhecimentos. ‘Quero unir medicina do indígena e não indígena’, diz.
Foto: Indígena quer criar floresta viva para preservar conhecimento ancestrais de cura em aldeia no Acre — Foto: Arquivo pessoal.
Para preservar os conhecimentos ancestrais de cura de sua vó Runi, uma pajé de 85 anos, a indígena Andressa Runi Shanenawa criou um projeto que quer arrecadar recursos para implantar uma farmácia viva com viveiro de plantas medicinais na aldeia Mora Nova, que fica às margens do Rio Envira, em Feijó, interior do estado.
Andressa nasceu e se criou na aldeia, saindo apenas para estudar enfermagem, curso em que é formada. A aldeia fica a seis horas de Rio Branco. Ao conhecer a medicina dos não indígenas, ela passou a avaliar que seus ancestrais poderiam contribuir no processo de cura, como já fazem com rituais dentro das aldeias.
Ela pensa em criar uma casa de saúde na floresta para oferecer atendimento e medicamentos feitos a partir de plantas medicinais, o local se chamaria Centro de Medicina Indígena Shanenawa Runi. Com isso, os 700 moradores das 12 aldeias, que têm dificuldade de acesso a atendimento médico, seriam beneficiados.
“Tenho há muito tempo esse sonho de poder ter uma farmácia dentro da comunidade, mas não uma farmácia só com medicamentos não indígenas, mas também com a medicina da floresta, que também cura. Até o contato com os portugueses, nosso povo usava as folhas para a cura”, relembra.
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Andressa é formada em enfermagem e quer unir conhecimentos em centro na aldeia — Foto: Arquivo pessoal
Neta de uma pajé medicinal, ela foi alertada pela avó sobre o risco de o conhecimento se perder com o passar dos anos, caso não existisse uma perpetuação.
“Minha vó sempre dizia: ‘Andressa, me pesquisa porque quando eu morrer ninguém vai saber os conhecimentos’. E isso ficou sempre dentro de mim. Como sou formada em enfermagem, pensei que essas duas medicinas podem trabalhar juntas. Se for caso de ser curado com medicina da floresta, a gente vai curar. Se não for, a gente vai encaminhar para o médico. Então, seria um hospital dentro da aldeia em que a gente vai estar trabalhando o fortalecimento de medicinas naturais”, explica.
Alguns desses medicamentos são as tradicionais garrafadas e defumação, por exemplo. “Minha avó tem 85 anos e ela trabalha com a medicina indígena curando enfermos com a medicina da floresta dentro da aldeia e também pessoas não indígenas”, conta.
Na aldeia, são três pajés que trabalham com cura, pois há também o pajé espiritual. “Precisamos repassar a medicina espiritual, então vai ser um local também para uma formação dos jovens que querem aprender a medicina sagrada do nosso povo Shanenawa.”
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Os 700 moradores das 12 aldeias, que têm dificuldade de acesso à atendimento médico, seriam beneficiados com centro — Foto: Arquivo pessoal
Andressa conta ainda que esse sempre foi um sonho do povo dela, mas que não há recursos para a estrutura e por isso encabeçou o projeto para tentar conseguir levantar o dinheiro para a construção.
“A gente precisa de algumas coisas pra gente poder erguer essa farmácia viva na comunidade. Precisamos dos não indígenas, a gente sempre precisa um do outro, e iniciamos essa campanha para montarmos esse centro de medicina e quem sabe ampliar isso para outras comunidades e povos indígenas”, finaliza.
Filha do cacique Carlos Brandão e de Flaviana Melo, ela explica que essa etnia foi escravizada no atual local da aldeia, trabalhando em um seringal e tendo que abdicar de seus conhecimentos e costumes para poder permanecer no local.
Com o passar dos anos, adquiriram direitos sobre a terra, mas parte de sua cultura não foi passada para as novas gerações. O conhecimento ficou todo com as pajés, atuais lideranças femininas, que têm pouco tempo para passar isso para a frente, devido à idade avançada. Então essa campanha é também uma tentativa de resgate e preservação da cultura ancestral Shanenawa.
Após montar o centro, será realizado um trabalho de identificação, classificação e descrição de todas as espécies que estarão no viveiro e na farmácia, assim como a elaboração de uma apostila para uso dos moradores das 12 aldeias. de cientistas – biólogos, botânicos e taxônomos – contratados da Universidade Federal do Acre (Ufac).
Foi criada então uma página de financiamento coletivo para tentar arrecadar R$ 95 mil.
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Ideia é repassar conhecimentos de geração para geração — Foto: Arquivo pessoal
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