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Redesignação vocal eleva autoestima de pessoas trans – 28/12/2024 – Equilíbrio
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Mayala Fernandes
A voz é um dos pilares da identidade. Para muitas pessoas trans, ajustar o tom vocal ao gênero com o qual se identificam é parte importante do processo de transição. Procedimentos como a glotoplastia e a tireoplastia tipo 3 têm transformado a vida de mulheres e homens trans, promovendo maior qualidade de vida, integração social e satisfação pessoal.
“A glotoplastia é indicada para mulheres trans. O procedimento, realizado por via intraoral, encurta a área de vibração das pregas vocais, o que produz uma voz mais aguda e feminina”, explica o médico otorrinolaringologista Guilherme Catani, pioneiro nas cirurgias de redesignação vocal no Brasil. Ele ressalta que o método não deixa cicatrizes externas, dura cerca de 90 minutos e exige repouso vocal de aproximadamente 15 dias.
Já a tireoplastia tipo 3, indicada para homens trans, modifica as cartilagens da laringe por meio de uma pequena incisão no pescoço. A cirurgia torna a voz mais grave, especialmente em pacientes que não obtiveram resultados satisfatórios apenas com a terapia hormonal. “São abordagens diferentes: para agudizar a voz, a glotoplastia é a mais eficaz; para torná-la mais grave, optamos pela tireoplastia tipo 3”, diz Catani.
A terapia hormonal também pode influenciar a voz, mas seus efeitos variam. Em mulheres trans, as pregas vocais já expostas à testosterona durante a puberdade não respondem ao estrogênio e aos bloqueadores de testosterona. Nesses casos, a cirurgia é mais eficaz. Para homens trans, a testosterona promove alterações significativas no tom vocal.
Victoria Gropen, 22, viveu a angústia de uma voz que não correspondia à sua identidade. “Ao longo da adolescência fui ficando muda, não queria que as pessoas ouvissem a voz de um homem porque eu sou uma mulher. Fiquei muda de 2018 a 2022”, relata. Ela se comunicava através de mensagens pelo celular. “Muitas vezes eu conversava e pedia informações apenas por texto, escrevia ‘oi, sou muda, pode me ajudar?’”.
Como engenheira de áudio, Victoria encontrava muitos desafios na profissão e na vida pessoal, até realizar a glotoplastia no IPO (Hospital Paranaense de Otorrinolaringologia), em Curitiba (PR), um centro de referência para o procedimento na América Latina. No último ano, a instituição realizou mais de 130 procedimentos semelhantes. “Hoje, posso conversar com as pessoas. Isso mudou minha vida. Se não fosse a cirurgia, eu estaria muda até hoje”, relata.
A adaptação da voz à identidade de gênero é um passo importante para muitas mulheres trans, pois ajuda a reduzir a sensação de desconforto ou angústia causada pela diferença entre identidade de gênero, sexo atribuído ao nascimento ou características físicas relacionadas ao sexo —condição conhecida como disforia de gênero.
“A melhora na autoestima é bastante significativa. As mulheres se sentem mais confiantes para falar em público, atender telefonemas ou enviar áudios, coisas que antes evitavam. Recebo muitos relatos positivos no consultório”, afirma Catani, autor do livro Guia de Readequação Vocal para Pessoas Trans.
Além das cirurgias, o acompanhamento fonoaudiológico é importante para alcançar resultados satisfatórios. A terapia ajuda a ajustar o tom, a entonação e os padrões de comunicação não verbal. “A fonoterapia é de máxima importância para que a pessoa aprenda a usar a nova voz de uma forma funcional e natural”, explica Catani.
O custo da cirurgia varia de acordo com cada tipo e dificuldade do caso, em torno de R$ 15 a R$ 20 mil.
Procedimento no SUS
O procedimento pode ser realizado, inclusive, pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Este ano, Ceará e Bahia realizam as primeiras cirurgias de feminização da voz pela rede pública.
O processo começa na atenção básica. A pessoa interessada deve procurar uma unidade de saúde e solicitar encaminhamento a um ambulatório especializado. Após passar por avaliação e acompanhamento fonoaudiológico, o paciente será encaminhado para a cirurgia caso a terapia não seja suficiente para a mudança desejada.
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Segundo o Ministério da Saúde, 21 ambulatórios e hospitais estão habilitados para atender a população trans. Apenas cinco hospitais, todos universitários, realizam as cirurgias de redesignação vocal no país. “É preciso ampliar essa rede. O desafio é formar equipes multidisciplinares, que incluam endocrinologistas, psicólogos, psiquiatras, otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos”, diz o médico Agrício Crespo, presidente do Instituto de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Apesar das limitações, Rodrigo Dornelas, médico no ambulatório Transidentidade da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), vê avanços. “O SUS tem incorporado questões de saúde das pessoas trans, mas ainda não é suficiente e existem barreiras burocráticas que precisam ser superadas”, afirma.
Segundo ele, o ambulatório da UERJ tem uma fila de espera de mil pessoas que aguardam atendimento integrado, desde a inauguração da unidade já foram realizados 400 atendimentos, o que demonstra a procura por serviços semelhantes.
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Curso de Letras/Libras da Ufac realiza sua 8ª Semana Acadêmica — Universidade Federal do Acre
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4 de novembro de 2025O curso de Letras/Libras da Ufac realizou, nessa segunda-feira, 3, a abertura de sua 8ª Semana Acadêmica, com o tema “Povo Surdo: Entrelaçamentos entre Línguas e Culturas”. A programação continua até quarta-feira, 5, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, com palestras, minicursos e mesas-redondas que abordam o bilinguismo, a educação inclusiva e as práticas pedagógicas voltadas à comunidade surda.
“A Semana de Letras/Libras é um momento importante para o curso e para a universidade”, disse a pró-reitora de Graduação, Edinaceli Damasceno. “Reúne alunos, professores e a comunidade surda em torno de um diálogo sobre educação, cultura e inclusão. Ainda enfrentamos desafios, mas o curso tem se consolidado como um dos mais importantes da Ufac.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou que o evento representa um espaço de transformação institucional. “A semana provoca uma reflexão sobre a necessidade de acolher o povo surdo e integrar essa diversidade. A inclusão não é mais uma escolha, é uma necessidade. As universidades precisam se mobilizar para acompanhar as mudanças sociais e culturais, e o curso de Libras tem um papel fundamental nesse processo.”

A organizadora da semana, Karlene Souza, destacou que o evento celebra os 11 anos do curso e marca um momento de fortalecimento da extensão universitária. “Essa é uma oportunidade de promover discussões sobre bilinguismo e educação de surdos com nossos alunos, egressos e a comunidade externa. Convidamos pesquisadores e professores surdos para compartilhar experiências e ampliar o debate sobre as políticas públicas de educação bilíngue.”
A palestra de abertura foi ministrada pela professora da Universidade Federal do Paraná, Sueli Fernandes, referência nacional nos estudos sobre bilinguismo e ensino de português como segunda língua para surdos.
O evento também conta com a participação de representantes da Secretaria de Estado de Educação e Cultura, da Secretaria Municipal de Educação, do Centro de Apoio ao Surdo e de profissionais que atuam na gestão da educação especial.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
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A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) comunica que estão abertas as inscrições até esta segunda-feira, 3, para o mestrado profissional em Administração Pública (Profiap). São oferecidas oito vagas para servidores da Ufac, duas para instituições de ensino federais e quatro para ampla concorrência.
Confira mais informações e o QR code na imagem abaixo:
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Atlética Sinistra conquista 5º título em disputa de baterias em RO — Universidade Federal do Acre
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31 de outubro de 2025A atlética Sinistra, do curso de Medicina da Ufac, participou, entre os dias 22 e 26 de outubro, do 10º Intermed Rondônia-Acre, sediado pela atlética Marreta, em Porto Velho. O evento reuniu estudantes de diferentes instituições dos dois Estados em competições esportivas e culturais, com destaque para a tradicional disputa de baterias universitárias.
Na competição musical, a bateria da atlética Sinistra conquistou o pentacampeonato do Intermed (2018, 2019, 2023, 2024 e 2025), tornando-se a mais premiada da história do evento. O grupo superou sete concorrentes do Acre e de Rondônia, com uma apresentação que se destacou pela técnica, criatividade e entrosamento.
Além do título principal, a bateria levou quase todos os prêmios individuais da disputa, incluindo melhor estandarte, chocalho, tamborim, mestre de bateria, surdos de marcação e surdos de terceira.
Nas modalidades esportivas, a Sinistra obteve o terceiro lugar geral, sendo a única equipe fora de Porto Velho a subir no pódio, por uma diferença mínima de pontos do segundo colocado.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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