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Rumo a uma nova Lava-Jato?

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Murillo Aragão

A partir do segundo semestre de 2024, observou-se um aumento expressivo nas operações da Polícia Federal relacionadas a investigações envolvendo políticos e o uso indevido de recursos públicos. Um levantamento preliminar aponta que, nos últimos meses, foram deflagradas cerca de quinze operações de grande relevância, incluindo a apreensão de expressivas quantias em dinheiro. Esses desdobramentos demonstram o protagonismo da corporação no combate à corrupção e na preservação das instituições democráticas.

Além das operações voltadas para a repressão de conspirações golpistas, há uma série de outras investigações que mantêm o cenário político em alerta. Entre elas, destacam-se ações contra deputados federais por suspeitas de desvio de recursos públicos. As apurações identificaram a criação de organizações fictícias e contratos fraudulentos, indicando a fragilidade dos mecanismos de controle sobre as verbas parlamentares e expondo práticas sistemáticas de corrupção.

Outro foco das operações da Polícia Federal tem sido o combate à corrupção eleitoral e à compra de votos, com casos de destaque registrados no Maranhão, Paraná e Paraíba. Essas investigações revelaram uma cultura enraizada de manipulação eleitoral, na qual recursos públicos desviados são utilizados para influenciar o resultado das eleições. Operações como a “Cangaço Eleitoral” e a “Mamon do Sertão” exemplificam essa dinâmica, ao identificar o uso de dinheiro público para aliciar eleitores e ameaçá-los caso não apoiassem os candidatos indicados pelo esquema.

A Operação Overclean, que apurou desvios de até R$ 1,4 bilhão em contratos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), reforça o papel da PF na fiscalização de contratos públicos e na repressão de esquemas ilícitos. Esse caso, que envolveu políticos influentes, alarmou setores do Congresso Nacional, que temem uma nova onda de investigações nos moldes da Operação Lava Jato. A polêmica sobre as emendas parlamentares também contribui para a tensão política, levantando dúvidas sobre a transparência na aplicação de recursos públicos.

As ações da Polícia Federal, ao alcançar figuras do alto escalão do Executivo, Legislativo e das Forças Armadas, ampliaram os conflitos institucionais em curso. A prisão de ex-ministros e militares de alta patente, como o general Walter Braga Netto, apontado como líder de um esquema golpista, reflete a capacidade da corporação de atuar com independência, mesmo diante de pressões políticas significativas. Contudo, esse protagonismo também demanda vigilância, para evitar que investigações sejam instrumentalizadas ou extrapolem os limites constitucionais.

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As operações da Polícia Federal representam um avanço no combate à corrupção e ao abuso de poder no Brasil, mas também evidenciam desafios institucionais que precisam ser enfrentados. A supervisão constante da atuação da corporação é essencial para garantir que suas ações permaneçam alinhadas aos princípios democráticos, evitando excessos e fortalecendo as instituições republicanas.

Ao mesmo tempo, o ambiente político precisa absorver as lições dessa conjuntura, promovendo reformas que assegurem maior transparência, controle sobre recursos públicos e aprimoramento dos mecanismos de fiscalização. O objetivo deve ser construir um sistema político menos suscetível a práticas ilícitas e mais comprometido com os valores democráticos.

Já o avanço inevitável das investigações – que não tardaram a chegar no STF – não devem repetir os erros observados na extinta Operação Lava Jato. Porém, o fato é que, em meio a uma crise de relacionamento entre as instituições, existe um manto de desconfiança sobre como os recursos públicos estão sendo geridos: ora apropriados pelo corporativismo, ora por um ideologismo pueril, ora pela corrupção pura e simples, sempre em desfavor da cidadania.



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POLÍTICA

CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go...

Marcela Rahal

Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.

Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.

Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.

O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.



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POLÍTICA

Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg...

Ludmilla de Lima

Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.

Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano. 

A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.

A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.



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POLÍTICA

Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu...

Matheus Leitão

A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.

Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.

Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.

“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.

A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.

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“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana. 

A seguir as cenas dos próximos capítulos…



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