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Saudade de ser anoréxica? – 30/01/2025 – Tati Bernardi
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Gostaria de oferecer a vocês, nesta data de hoje, a crônica de uma mulher madura, vivida e letrada. Mas vou cometer um texto vexatório e contar que encontrei uma foto minha, de vinte anos atrás, e senti saudade de um corpo esquelético, assustado e fraco. Naquela época, eu pesava 44 quilos, tinha parado de menstruar e não aguentava nem subir uma escada sem me sentir mal. Eu chegava a sentir medo de sair sozinha na rua e desmaiar.
Recentemente, depois de pelo menos uma década sentindo dores infernais pelo corpo, descobri que tenho sarcopenia e osteopenia. Agora preciso correr contra o tempo e fortalecer músculos e ossos para não me tornar uma senhora entrevada daqui a duas décadas. Investigando com médicos como cheguei a esse ponto, sendo que me alimento bem e faço exercícios com frequência, olhamos para os meus vinte anos, sobretudo para as sequelas desse tempo.
Fiquei absolutamente escandalizada com o meu pensamento ao ver a foto antiga. Aquela mulher magérrima nunca mais voltaria, e eu sofri. Por um dia inteiro a palavra “beleza” não me saiu da cabeça. O vestido tamanho PP soltinho nas ancas. O braço tão fino que me fazia parecer ainda mais nova. O rosto fino, quase uma falta de rosto. Que saudade. Eu juro que pensei isso. QUE SAUDADE. Que mulher linda! Mas onde estava a mulher? Eu era uma criança espichada à força, apavorada com o corpo que insistia em crescer e envelhecer. Aquela garota não tinha ideia de como ter uma profissão, um relacionamento, uma filha, uma casa. Eu nem sequer tinha um corpo.
Eu vivia tão angustiada e ansiosa que uma azeitona passava pela minha goela como se fosse um leitão à pururuca. A sensação constante de queda livre me deixava enjoada (e, como sempre fui fóbica com ânsia de vômito, preferia não comer para não ter que vomitar). Um pensamento intrusivo me dizia o tempo todo que as comidas me fariam mal porque eram temperadas demais para o meu “estômago sensível”, ou estavam sujas e envenenadas.
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Às vezes eu checava tanto a validade de um queijo que ele vencia antes da minha obsessão passar. Eu tinha tanto nojo do que eu chamava de “bicho morto” (carnes, ovos, derivados de leite) que eu não conseguia olhar para a comida do prato ao lado. Até uma inocente massa poderia me fazer mal, porque elas “pesam”. Um dia a fobia atingiu também folhas, verduras e legumes, depois que li, apavorada, sobre parasitoses e salmonela. Então eu comia o mínimo, pensando que, se algo desse errado, daria só um pouco errado.
Vinte anos atrás eu não encontrava o menor prazer nas refeições. Sempre que me chamavam para jantar, era certo que eu passaria vergonha. Enfiava meia colherada de arroz na boca e já sentia o corpo retrair. Alguns namorados da época, quando me olhavam deitada de lado na cama, pelada, diziam que o desenho da minha silhueta era a coisa mais bonita que já tinham visto. Passavam a mão se divertindo com a descida, o buraco profundo que separava meu seio da minha bunda. Muitas mulheres sentiam raiva ao me ver comer sem vontade, sem vida. “Queria ser assim.” E os caras vibravam com a minha fraqueza, os quase desmaios –isso tinha algum charme para eles.
Hoje peso 55 quilos. Quando chega a hora do almoço, começo a cantarolar instantaneamente. O prazer que sinto em comer! Aquela chama na boca do estômago, a libido inteirinha ali, pronta pra devorar um belo bife. Adoro dizer “belo bife”. Procuro por doces com o foco e a dignidade de uma guerreira de filme épico. Meus braços aguentam subir uma escada com minha filha de 22 quilos no colo. Me tornei uma mulher, deu certo. Só que olhei minha foto anoréxica e senti saudade daquele corpo inexistente. É muito pesada e assustadora a merda que fizeram com a cabeça das mulheres. Mas meu corpo, esse que tenho hoje, não é uma foto, e sim esse que escreve.
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Ufac promove ação de autocuidado para servidoras e terceirizadas — Universidade Federal do Acre
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23 de outubro de 2025A Coordenadoria de Vigilância à Saúde do Servidor (CVSS) da Ufac realizou, nesta quinta-feira, 23, o evento “Cuidar de Si É um Ato de Amor”, em alusão à Campanha Outubro Rosa. A atividade ocorreu no Setor Médico Pericial e teve como público-alvo servidoras técnico-administrativas, docentes e trabalhadoras terceirizadas.
A ação buscou reforçar a importância do autocuidado e da atenção integral à saúde da mulher, indo além da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do colo do útero. O objetivo foi promover um momento de acolhimento e bem-estar, integrando ações de valorização e promoção da saúde no ambiente de trabalho.
“O mês de outubro não deve ser apenas um momento de lembrar dos exames preventivos, mas também de refletir sobre o cuidado com a saúde como um todo”, disse a coordenadora da CVSS, Priscila Oliveira de Miranda. Ela ressaltou que muitas mulheres acabam se sobrecarregando com as demandas da casa, da família e do trabalho e acabam deixando o autocuidado em segundo plano.
Priscila também explicou que a iniciativa buscou proporcionar um espaço de pausa e acolhimento no ambiente de trabalho. “Nem sempre é fácil parar para se cuidar ou ter acesso a ações de relaxamento e promoção da saúde. Por isso, organizamos esse momento para que as servidoras possam respirar e se dedicar a si mesmas.”
O setor mantém atividades contínuas, como consultas com clínico-geral, nutricionista e fonoaudióloga, além de grupos de caminhada e ações voltadas à saúde mental. “Essas iniciativas estão sempre disponíveis. É importante que as mulheres participem e mantenham o compromisso com o próprio bem-estar”, completou.
A programação contou com acolhimento, roda de conversa mediada pela assistente social Kayla Monique, lanche compartilhado e o momento “Cuidando de Si”, com acupuntura, auriculoterapia, reflexologia podal, ventosaterapia e orientações de cuidados com a pele. A ação teve parceria da Liga Acadêmica de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e da especialista em bem-estar Marciane Villeme.
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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre
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22 de outubro de 2025A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta terça-feira, 21, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, a abertura do Fórum Permanente da Graduação. O evento visa promover a reflexão e o diálogo sobre políticas e diretrizes que fortalecem o ensino de graduação na instituição.
Com o tema “O Compromisso Social da Universidade Pública: Desafios, Práticas e Perspectivas Transformadoras”, a programação reúne conferências, mesas temáticas e fóruns de discussão. A abertura contou com apresentação cultural do Trio Caribe, formado pelos músicos James, Nilton e Eullis, em parceria com a Fundação de Cultura Elias Mansour.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino. Ele destacou o papel da universidade pública diante dos desafios orçamentários e institucionais. “Em 2025, conseguimos destinar R$ 10 milhões de emendas parlamentares para custeio, algo inédito em 61 anos de história.”
Para ele, a curricularização da extensão representa uma oportunidade de aproximar a formação acadêmica das demandas sociais. “A universidade pública tem potencial para ser uma plataforma de políticas públicas”, disse. “Precisamos formar jovens críticos, conscientes do território e dos problemas que enfrentamos.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou que o fórum reúne coordenadores e docentes dos cursos de bacharelado e licenciatura, incluindo representantes do campus de Cruzeiro do Sul. “O encontro trata de temáticas comuns aos cursos, como estágio supervisionado e curricularização da extensão. Queremos sair daqui com propostas de reformulação dos projetos de curso, alinhando a formação às expectativas e realidades dos nossos alunos.”
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Diêgo Madureira de Oliveira, da Universidade de Brasília, que abordou os desafios e as transformações da formação universitária diante das novas demandas sociais. Ao final do fórum, será elaborada uma carta de encaminhamentos à Prograd, que servirá de base para o planejamento acadêmico de 2026.
Também participaram da solenidade de abertura a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; o diretor do CCSD, Carlos Frank Viga Ramos; e o vice-diretor do CMulti, do campus Floresta, Tiago Jorge.
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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre
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22 de outubro de 2025A Ufac realizou a abertura dos Jogos Interatléticas-2025, na sexta-feira, 17, no hall do Centro de Convenções, campus-sede, e celebrou o espírito esportivo e a integração entre os cursos da instituição. A programação segue nos próximos dias com diversas modalidades esportivas e atividades culturais. A entrega das medalhas e troféus aos vencedores está prevista para o encerramento do evento.
A reitora Guida Aquino destacou a importância do incentivo ao esporte universitário e agradeceu o apoio da deputada Socorro Neri (PP-AC), responsável pela destinação de uma emenda parlamentar de mais de R$ 80 mil, que viabilizou a competição. “Iniciamos os Jogos Interatléticas e eu queria agradecer o apoio da nossa querida deputada Socorro Neri, que acredita na educação e faz o melhor que pode para que o esporte e a cultura sejam realizados em nosso Estado”, disse.
A cerimônia de abertura contou com a participação de estudantes, atletas, servidores, convidados e representantes da comunidade acadêmica. Também estiveram presentes o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, e o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
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