NOSSAS REDES

MUNDO

Sociedade precisa vigiar ensino como seleção na Copa, diz Viviane Senna | Brasil

PUBLICADO

em

Sociedade precisa vigiar ensino como seleção na Copa, diz Viviane Senna | Brasil

O sistema de educação brasileiro precisa ser prioridade de toda a sociedade, e não somente de governos. Essa é a saída que Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, vê para que o aprendizado dos estudantes dê o salto necessário em qualidade a ponto de melhorar a produtividade e os indicadores sociais do país.

“Ao longo das últimas três décadas, desenvolvemos o conhecimento necessário sobre a área da educação para resolver os desafios que estão colocados, tanto os do século XX quanto os do século XXI que já se apresentaram. O que falta é tornar essa pauta igual ao que acontece na Copa do Mundo de futebol, quando todos os brasileiros estão torcendo e vigiando”, diz Viviane. “Se isso um dia acontecer, viramos o jogo porque educação não é pauta de um governo, de um ministro ou secretário. É um tema de todos nós e que muda o nosso futuro.”

Fundado em novembro de 1994, meses após a morte de Ayrton Senna em corrida da Fórmula 1 na Itália, o instituto nasceu do desejo do piloto, relatado anteriormente à família, de contribuir com ações sistemáticas para reduzir desigualdades e oferecer mais oportunidades de desenvolvimento humano a crianças e jovens de baixa renda no Brasil. Desde então, Viviane, irmã de Ayrton, lidera a organização que acumula casos de sucesso na melhoria do aprendizado escolar em mais de 3 mil cidades brasileiras.

O exemplo mais conhecido nacionalmente é o de Sobral, no Ceará. O caso foi comentado repetidamente em campanhas políticas por Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e quatro vezes candidato à Presidência, o que fez com que críticos por vezes levantassem questionamentos sobre por que o Estado permanece com mais da metade da população em situação de pobreza.

O fato é que os dados coletados ao longo dos últimos 30 anos mostram que o sistema de educação no Ceará e sobretudo em Sobral, de fato, saíram de um estado de calamidade para se tornar exemplo de como os diagnósticos e proposições do Instituto Ayrton Senna ajudaram a acabar com o abandono escolar na cidade e a reduzir em 97% a taxa de distorção idade-série – indicador que reflete o atraso no aprendizado dos estudantes em relação ao ano escolar que estão cursando.

“Há 30 anos, quando eu me deparei com o imenso problema de Sobral com altos índices de repetência, defasagem idade-séria e evasão [escolar], entendi que o problema era de larga escala. Não era problema de uma escola, de uma sala de aula ou de um único um município. Era um problema sistêmico”, diz Viviane.

Conforme relata a presidente do Instituto Ayrton Senna, três décadas atrás, apenas um terço das crianças do país concluíam o ensino fundamental, correspondente ao período da primeira a oitava série na época. “Entravam 6 milhões de crianças na primeira série e apenas 2 milhões terminavam a oitava série, todos os anos. E a maioria abandonava as escolas nos primeiros quatro anos. Era um sistema praticamente de extermínio de crianças [no sistema de educação]”, relembra. “A média de repetência e atraso escolar era em torno de 50% a 60%. Os estudantes ficavam atrasados constantemente e gradualmente desistiam da escola, o que gerava um passivo para a sociedade.”

De 1994 em diante, segundo Viviane, o cenário melhorou bastante, embora a taxa de insucesso escolar, que junta reprovação e abandono, tenha voltado a ser uma preocupação recorrente após o início da pandemia de covid-19. Segundo o Censo Escolar, em 2019, as taxas de insucesso foram de 10,2% no terceiro ano do ensino fundamental, 13,8% no sexto ano do ensino fundamental e 21,3% no primeiro ano do ensino médio.

Queremos ajudar o país a ser vencedor em educação, em equidade e em crescimento econômico”

A taxa de insucesso chegou a cair consistentemente em 2020, primeiro ano da pandemia e das aulas remotas, mas sob o custo de grande perda na qualidade do aprendizado e aprovações automáticas, com aumento relevante da defasagem ano-série e dificuldades no processo de alfabetização das crianças que ingressaram na escola nesse período que contaminou os dados. Em 2022, ainda segundo o Censo Escolar 2023, a taxa de insucesso ficou em 6,8% no terceiro ano do ensino fundamental, 8,7% na sexta série e 16,4% no primeiro ano do ensino médio – números favorecidos pelo trabalho de prefeituras para manter os alunos na rede, mas que escondem a perda da qualidade no ensino.

“Apesar de termos melhorado muito em relação ao que era 30 anos atrás, não quer dizer que avançamos o suficiente. Na verdade, é muito pouco. Os sobreviventes que concluem o ensino médio não chegam em condições adequadas ao mercado de trabalho. De cada dez, apenas três terminam a educação básica com conhecimento satisfatório em português. E só um em matemática”, aponta Viviane.

Segundo ela, embora o Instituto Ayrton Senna e outras ONGs tenham gerado e testado soluções para a educação que podem ser aplicadas em larga escala, a frequente descontinuidade de políticas públicas devido a mudanças de governo e a falta de vigilância da sociedade é um grande empecilho para que a transformação acelere na velocidade necessária.

“Cada criança que sai despreparada da escola sai despreparada para viver socialmente e se torna futuramente num custo social. E, consequentemente, sai despreparada também para votar, para escolher quem tem real capacidade de olhar para a educação como o vetor de transformação”, diz a psicóloga. Ela ressalta que tanto em Sobral quanto em outros municípios onde o instituto liderou casos de sucesso, como Coruripe (Alagoas), Altamira (Pará) ou Boca do Acre (Amazonas), as populações locais desenvolveram a cultura de eleger prefeitos comprometidos com as conquistas na área da educação.

“Como diz o Paul Krugman [vencedor do prêmio Nobel de Economia] para o crescimento econômico de um país, produtividade não é tudo, mas é quase tudo. E para produtividade, educação não é tudo, mas é quase tudo também”, declara Viviane.

A presidente do Instituto Ayrton Senna afirma ainda que a lógica de existência da ONG nos últimos 30 anos é a de um laboratório que desenvolveu e testou soluções que estão à disposição da sociedade. “Queremos ajudar o país a ser vencedor em educação, em equidade e em crescimento econômico. Isso passa por educação. Temos uma fórmula, baseada em ciência, para resolver isso em larga escala e está disponível para quem quiser”, diz. “Questões públicas como a qualidade da educação precisam ser resolvidas com esforço público, de todos nós. Se a gente não melhorar a qualidade da demanda, não vai melhorar a qualidade da oferta. Todos devemos cobrar e mostrar que há soluções. A educação no Brasil tem jeito.”

Leia Mais

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Aurtuos israelenses, os ataques continuam através da Cisjordânia ocupada | Notícias ocupadas na Cisjordânia

PUBLICADO

em

Aurtuos israelenses, os ataques continuam através da Cisjordânia ocupada | Notícias ocupadas na Cisjordânia

Alguns dos ataques foram por colonos israelenses apoiados por soldados.

As forças e colonos israelenses continuaram com seus ataques e ataques a civis em várias partes da Cisjordânia ocupada, com pelo menos cinco ataques no sábado e durante a noite.

Aqui está um detalhamento da situação:

Ataques:

  • As forças israelenses invadiram a cidade de Al-Issawiya, perto de Jerusalém Oriental ocupada, desencadeando confrontos com seus moradores, segundo o prefeito da cidade, a agência de notícias palestina Wafa relata. Nenhuma lesão foi relatada.
  • Os soldados israelenses apoiados por veículos militares invadiram Salfit, uma cidade perto de Jerusalém na Cisjordânia, antes de invadir a casa do ex -prisioneiro palestino Saeed Shtayeh e despejar sua família. Shtayeh havia sido libertado do cativeiro israelense no sábado, mas exilado, em vez de permissão para ir para casa.
  • As forças israelenses invadiram a vila de Nabi Saleh perto de Ramallah, informou Wafa, citando os moradores dizendo que vários soldados israelenses se dispersaram pela cidade.
  • As forças israelenses também invadiram a cidade de El-Bireh, perto de Ramallah, especificamente o bairro de Jabal Al-Tawil, e lançou bombas sonoras e gás lacrimogêneo para os moradores.
  • Eles também montaram um posto de controle entre a vila de Harmala e a cidade de Tuqu, perto de Belém, interrompendo veículos, realizando buscas e disparando bombas de som em sua direção.
  • O exército israelense enviou reforços ao campo de refugiados Nur Shams de Tulkarem, onde está conduzindo uma operação militar mortal e em larga escala contra o campo e seus moradores.

Prisões:

  • As forças israelenses prenderam um jovem, Ahmed Fraseeni, da cidade de Arrabe, perto da cidade de Jenin, provocando confrontos, e invadiram a vila vizinha de Bir al-Basha. Jenin testemunhou um ataque mortal e um cerco pelas forças israelenses nas últimas semanas que até agora mataram cerca de 25 palestinos.
  • As forças israelenses também detiveram duas crianças palestinas durante os ataques. Os meninos foram identificados como Ubade Gassan Azim e Zaid Nur Ferhat, que foram retirados das aldeias de Qusra e Qaryut ao sul de Nablus. Os soldados israelenses costumam reunir meninos palestinos.

Ataques:

  • Soldados israelenses agrediram um homem palestino de 36 anos na cidade de Qalqilya, resultando em sua hospitalização.
  • Os colonos judeus, apoiados por soldados israelenses armados, atacaram um grupo de palestinos na cidade de Surif perto de Hebron, informou o WAFA, citando fontes locais e médicas. Os colonos do assentamento ilegal de pecado – construído em terras ocupadas na Cisjordânia – arremessou pedras nos palestinos, ferindo pelo menos um na cabeça e resultando em sua hospitalização.
  • Os colonos também atacaram um homem palestino em seu veículo perto de Belém, ferindo -o nos olhos depois de esmagar as janelas do carro em que ele estava.
  • Anteriormente, os ataques dos colonos foram relatados na região de Wadi al-Faw, na vila de Jalud, perto de Nablus, e a vila de Umm Safa, perto de Ramallah. Em Jalud e Umm Safa, os colonos implantaram fogo ao vivo. Não houve relatos de lesões.



Leia Mais: Aljazeera

Continue lendo

MUNDO

Fernanda Torres é capa da revista The Hollywood Reporter, nos EUA; “já ganhou”

PUBLICADO

em

Alexandre, este jovem autista, gabaritou na prova de matemática no Enem e conseguiu vagas em medicina. - Foto: Danilo Verpa/Folhapress

Simplesmente demais! Com a manchete “Já ganhou”, a atriz Fernanda Torres é capa da revista The Hollywood Reporter, principal publicação sobre cinema nos EUA. Ela participou de uma linda sessão de fotos. Com charme, distribuiu sorrisos e fez poses. Mas, sobretudo, ressaltou a importância da indicação do filme falado em português e sobre um tema tão sensível.

Fernanda Torres, mais uma vez, esbanjou simpatia em uma entrevista gravada e disponível no on-line. Para a revista, ela falou sobre o significado político e social do filme “Ainda Estou Aqui”. Também reiterou que a arte faz parte da sua vida desde sempre por vir de uma família de atores.

Na entrevista, a atriz conta que, no Brasil, o filme foi assistido por mais de 4 milhões de pessoas, entre adultos e jovens, porque também trata de uma história de família. E disse o quanto o diretor Walter Salles teve cuidado para dirigir o longa, considerando que se tratava de um tema tão delicado.

“Já ganhou”

Na versão impressa da revista, a manchete que vem abaixo do nome de Fernanda Torres é “já ganhou”. Mas, cuidadosa, a atriz não se colocou como vencedora, em momento algum da entrevista, optou por falar do trabalho de construção da personagem Eunice Paiva. Trechos da entrevista podem ser vistos aqui.

“Uma mulher extraordinária. Isso tudo se deve a ela”, reiterou a artista, recordando que Eunice Paiva era uma mãe de família, de classe média, e que de repente teve de reinventar para sustentar os cincos filhos, fez faculdade de Direito e se transformou numa grande advogada.

A luta de Eunice Paiva é que conseguiu o atestado de óbito do marido Rubens, sequestrado e morto durante a ditadura militar dos anos 1970. Agora, o filme trouxe o debate de volta ao Brasil e possibilitou, por exemplo, a correção no atestado, informando que foi “morte violenta” causada “pelo Estado brasileiro”.

Leia mais notícia boa

Cerimônia do Oscar

A cerimônia do Oscar está marcada para o dia 2 de março, será transmitida pela TV Globo, à noite, e também pela TNT, canal fechado.

O filme “Ainda Estou Aqui” está com três indicações: Melhor Atriz; Melhor Diretor; Melhor Filme em língua não Inglesa”.

Como a solenidade ocorrerá em pleno Carnaval, o longa já virou tema da festa.

Há máscaras, camisetas e estatuetas reproduzidas do Oscar à venda em todo país.

Para nós, “já ganhou”!

Com simpatia e muita presença, Fernanda Torres fala sobre arte, política e questões sociais na entrevista à revista "The Hollywood". Foto: The Hollywood Com simpatia e muita presença, Fernanda Torres fala sobre arte, política e questões sociais na entrevista à revista The Hollywood Reporter. – Foto: The Hollywood



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Vídeo: Manifestantes em todo o mundo condenam o plano de “aquisição” de Trump para Gaza

PUBLICADO

em

Vídeo: Manifestantes em todo o mundo condenam o plano de "aquisição" de Trump para Gaza

Manifestantes de cidades de todo o mundo estão protestando contra o plano de “aquisição” do presidente dos EUA, Donald Trump, para Gaza.



Leia Mais: Aljazeera

Continue lendo

MAIS LIDAS