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Soldado de Moscou vale o dobro na Guerra da Ucrânia – 16/11/2024 – Mundo

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Igor Gielow

Ser um voluntário para lutar na Guerra da Ucrânia é bom negócio em termos financeiros para a média dos russos, mas ainda melhor se o candidato a soldado for de Moscou.

Cidade notoriamente poupada por impactos diretos do conflito e termômetro da popularidade do governo Vladimir Putin, a capital do país oferece mais incentivos a quem quiser à linha de frente do que locais como Kherson, uma das áreas anexadas pelo Kremlin após a invasão de 2022.

O estipêndio total por um ano de serviço sob contrato com o Ministério da Defesa chega a 5,2 milhões de rublos (R$ 305 mil). Isso inclui o salário-base de 210 mil rublos (R$ 12,3 mil) e pagamentos adicionais feitos pelo governo municipal.

Em Guenitchesk, a capital dos russos na região do sul ucraniano, o salário é o mesmo, mas o bônus ao fim do contrato é de 400 mil rublos (R$ 23,5 mil), elevando o valor total a 2,9 milhão de rublos (R$ 179,5 mil). Em ambos os casos, o pacote inclui assistência médica e social.

Além disso, há bônus pontuais. Cada dia passado numa zona de combate ativo adiciona 8.000 rublos (R$ 470) na conta do soldado, e 50 mil rublos (R$ 2.940) são pagos a cada quilômetro conquistado na Ucrânia ou pela captura individual de uma peça de equipamento do inimigo.

As medidas são tentadoras, ainda que o lado ruim da escolha seja a maior probabilidade de morrer ou ser ferido. O salário mensal médio do russo, segundo o Serviço Federal de Estatísticas, é de 73 mil rublos (R$ 4.290).

Um dos maiores problemas para a invasão de Putin foi a anemia de recursos humanos. Estima-se que ele empregou 200 mil homens no ataque de 24 de fevereiro de 2022 por três eixos principais. Foi insuficiente: em três dias, como previa-se no Ocidente, ele estava em Kiev, mas não teve forças para sustentar um cerco efetivo.

A Rússia foi obrigada a reagrupar-se, enquanto conseguia paulatinamente um prêmio importante ao ligar a Crimeia anexada em 2014 ao Donbass, o leste russófono do país. Essa ponte terrestre segue firme até hoje.

Em setembro de 2022, Putin admitiu o problema ao convocar 320 mil reservistas, causando protestos nas classes médias de centros urbanos como São Petersburgo e Moscou. Houve ensaios de protestos de rua, reprimidos, e aos poucos a situação se estabilizou.

Fez uso maciço de mercenários como os liderados pelo seu então aliado Ievguêni Prigojin, do Grupo Wagner. Após conquistar o bastião de Bakhmut perdendo 16 mil soldados, 10 mil deles condenados retirados da cadeia, Prigojin rebelou-se contra a cúpula militar, foi derrotado e morreu num atentado aéreo em agosto de 2023.

O foco passou para os serviços profissionais. A Rússia tem 120 mil conscritos por ano nas suas juntas de serviço militar, e Putin tem buscado evitar usá-los. Até julho, último mês com divulgação de dados, o Ministério da Defesa contava 100 mil alistados sob contrato no ano, elevando o total a cerca de 400 mil.

Estima-se que mais de 600 mil soldados estejam em operação ativa na Ucrânia, e Putin tem anunciado expansões contínuas de sua força total, que quer ver em 1,5 milhão, o segundo maior contingente do mundo, atrás apenas da aliada China.

Ninguém sabe, nos dois lados em conflitos, quantas são as baixas. Estimativas mais sóbrias, como a feita pelo site independente Mediazona com o serviço russo da BBC, falam em 75 mil mortos até 2023. A Ucrânia multiplica isso por dez, e a Rússia não diz nada.

Com as mudanças, o ritmo de reposição nas frentes de batalha seguiu alto. Quando Kiev invadiu a região russa de Kursk, esperava desviar recursos para a defesa lá. Foi o contrário: perdeu tropas importantes e Putin seguiu avançando ainda mais no leste do país.

Por ora, uma nova mobilização está descartada, não menos pelo impacto político —Putin segue com quase 90% de popularidade, segundo o independente Centro Levada. Os 12 mil norte-coreanos que o Ocidente diz estarem sendo preparados para lutar para Putin, o que ele não nega, dificilmente mexem com a matemática da guerra.

Ainda que mais isolada da guerra do que o resto do país, Moscou aos poucos tem normalizado a existência do conflito em pequenos sinais cotidianos.

A Folha estava na capital quando a guerra estourou, e voltou três vezes depois. No começo de novembro, era notável o fato de que todas as máquinas de venda de bilhete de metrô tinham na sua tela principal o convite ao serviço militar sob contrato.

Também são mais comuns cartazes e outdoors sobre o tema, ainda que não na mesma proporção vista em Kazan, sede da reunião deste ano do grupo Brics, e nas cidades das áreas anexadas.

No mais, há uma acomodação aparentemente maior com aspectos relativos ao conflito, como as sanções ocidentais. A quantidade de carros chineses cresceu muito, e números de importação subscrevem isso.

Segundo o banco Otkritie, a porcentagem de carros da China no mercado russo subiu de 17% em 2022 para 49% em 2023. Hoje, os russos são os maiores compradores dos modelos de Pequim, compondo 19% de sua carteira de exportação do setor e somando US$ 1,6 bilhão (R$ 9,2 bilhões) anual.

Isso tem levado inclusive a reações, com o pedido de abertura de fábricas locais por parte do governo e a elevação de tarifas de importação, que passaram de 70% para 85% em outubro.

Já diversas marcas ocidentais se adaptaram às sanções e seguem firmes, com parceiros russos. No tradicional shopping Evropeiski, na zona leste da capital, cristais Swarovski, cosméticos Kiko e roupas da Hugo Boss estão presentes sem disfarces.



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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, e a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, realizaram nessa quarta-feira, 15, no anfiteatro Garibaldi Brasil, uma atividade em alusão ao Dia dos Professores. O evento teve como objetivo homenagear os docentes da instituição, promovendo um momento de confraternização. A programação contou com o show de talentos “Quem Ensina Também Encanta”, que reuniu professores de diferentes centros acadêmicos em apresentações musicais e artísticas.

“Preparamos algo especial para este Dia dos Professores, parabenizo a todos, sou muito grata por todo o apoio e pela parceria de cada um”, disse Guida.

Ednaceli Damasceno parabenizou os professores dos campi da Ufac e suas unidades. “Este é um momento de reconhecimento e gratidão pelo trabalho e dedicação de cada um.”

O presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara, reforçou o orgulho de pertencer à carreira docente. “Sinto muito orgulho de dizer que sou professor e que já passei por esta casa. Feliz Dia dos Professores.”

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

O Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) realizaram o evento Diálogos de Saberes Ambientais: Compartilhando Experiências, nessa quarta-feira, 15, no PZ, em alusão ao Dia do Educador Ambiental e para valorizar o papel desses profissionais na construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a sustentabilidade. A programação contou com participação de instituições convidadas.

Pela manhã houve abertura oficial e apresentação cultural do grupo musical Sementes Sonoras. Ocorreram exposições das ações desenvolvidas pelos organizadores, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sínteses da Biodiversidade Amazônica (INCT SinBiAm) e SOS Amazônia, encerrando com uma discussão sobre ações conjuntas a serem realizadas em 2026.

À tarde, a programação contou com momentos de integração e bem-estar, incluindo sessão de alongamento, apresentação musical e atividade na trilha com contemplação da natureza. Como resultado das discussões, foi formada uma comissão organizadora para a realização do 2º Encontro de Educadores Ambientais do Estado do Acre, previsto para 2026.

Compuseram o dispositivo de honra na abertura o coordenador do PZ, Harley Araújo da Silva; a secretária municipal de Meio Ambiente de Rio Branco, Flaviane Agustini; a educadora ambiental Dilcélia Silva Araújo, representando a Sema; a pesquisadora Luane Fontenele, representando o INCT SinBiAm; o coordenador de Biodiversidade e Monitoramento Ambiental, Luiz Borges, representando a SOS Amazônia; e o analista ambiental Sebastião Santos da Silva, representando o Ibama.

 



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Curso de extensão da Ufac sobre software Jamovi inscreve até 26/10 — Universidade Federal do Acre

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Curso de extensão da Ufac sobre software Jamovi inscreve até 26/10 — Universidade Federal do Acre

O curso de extensão Jamovi na Prática: Análise de Dados, da Ufac, está com inscrições abertas até 26 de outubro. São oferecidas 30 vagas para as comunidades acadêmica e externa. O curso tem carga horária de 24 horas e será realizado de 20 de outubro a 14 de dezembro, na modalidade remota assíncrona, pela plataforma virtual da Ufac. É necessário ter 75% das atividades realizadas para obter o certificado.

O objetivo do curso é capacitar estudantes e profissionais no uso do software Jamovi para realização de análises estatísticas de forma intuitiva e eficiente. Com uma abordagem prática, o curso apresenta desde conceitos básicos de estatística descritiva até testes inferenciais, correlação, regressão e análise de variância.

Serão explorados recursos de importação e tratamento de dados, interpretação de resultados e elaboração de relatórios. Ao final, o participante estará apto a aplicar o Jamovi em pesquisas acadêmicas e profissionais, otimizando processos de análise e apresentação de dados com rigor científico e clareza.

 



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