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Taiwan aposta em internet para driblar discurso de ódio – 03/01/2025 – Tec

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6 meses atrásem
Pedro S. Teixeira
“Em Taiwan, aprovamos neste ano uma lei colaborativa, perguntando a cerca de 200 mil pessoas aleatórias em Taiwan, por meio de SMS, o que elas fariam a respeito de um golpe de criptomoedas online”, recorda a ex-ministra de Governo Digital e atual embaixadora de Taiwan, Audrey Tang, 41. Para ela, esse é um exemplo de que é possível colocar a internet a favor da democracia, não do discurso de ódio.
Em seu mais recente livro, Plurality (2024, ainda sem tradução para português, mas disponível em inglês para reprodução e edição livre), Tang critica o modelo de mineração predatório das conexões interpessoais adotado pelas redes sociais. “As plataformas fazem com que todos olhem para um pequeno canto de um panorama geral de ideias e percam a noção do todo ou de pluralidade”, afirma.
As atuais plataformas, segundo a embaixadora, podem ser aperfeiçoadas com interoperabilidade, permitindo que os usuários possam levar seus contatos para outras redes sociais, como já funciona o Bluesky, por exemplo. “É como o email, em que é possível conversar com pessoas de outros provedores, ou o Pix, no Brasil, que não depende de ter conta em um certo banco.”
Além disso, os próprios governos podem usar a tecnologia para estimular a formação de consensos no debate público, em vez do aumento de polarização decorrente da busca por engajamento nas redes sociais.
Na plataforma vTaiwan, as opiniões dos participantes de um debate sobre certa lei não ganham mais projeção a depender de quanto engajamento recebem, como ocorre no X (ex-Twitter) ou no Instagram. Os responsáveis pelo servidor usam um modelo de inteligência artificial para identificar as ideias mais citadas e depois identificar os possíveis pontos de conexão entre as propostas.
No caso da lei contra golpes online citada no início, uma parte dos 200 mil participantes iniciais (dentre uma população taiwanesa de 23 milhões de pessoas) se candidatou a participar da assembleia de alinhamento, na qual surgiam as primeiras ideias. Depois, uma amostra representativa de 450 pessoas foi escolhida e chegou à conclusão de que cada anúncio na internet deveria ter uma assinatura digital, para haver responsabilidade pelo anúncio fraudulento.
“Se a plataforma publicar o anúncio sem a assinatura digital, e alguém for enganado e perder US$ 1 milhão, a plataforma será responsável por esse valor a partir de 1º de janeiro de 2025”, detalha.
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As pessoas se tornam mais engajadas ao perceberem que podem definir a agenda da administração pública, não apenas ratificar decisões preexistentes, diz Tang. “Para os funcionários do governo, economiza tempo e reduz o risco de serem responsabilizados por uma decisão sensível para um problema emergente”, acrescenta.
Foi com esse tipo de participação social que Taiwan atravessou a pandemia registrando 7.917 óbitos sem decretar lockdown em nenhuma cidade. A administração pública tinha um telefone disponível 24h para receber relatos da população taiwanesa. A partir dos dados, o governo limitava a circulação em áreas específicas e também dimensionava a distribuição e racionamento de máscaras.
Tang cita o orçamento participativo idealizado por prefeituras petistas nos anos 1990 como uma inspiração. O projeto brasileiro, porém, perdeu força ao longo dos anos. A retomada do programa foi uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que implementou a plataforma Brasil Participativo, que tem mais foco em outros temas e recebeu 6.620 sugestões ao longo deste ano.
A embaixadora reconhece, por outro lado, que os governos têm uma barreira maior para superar junto à população em relação à suspeita de vigilância. A solução, de novo, seria “sociotécnica”, com aplicações de criptografia que permitem verificar a identidade da pessoa, sem revelá-la ao gestor do sistema.
“Se você vai provar, por exemplo, que tem mais de 18 anos ou que é elegível para algo porque é residente em uma cidade, não deveria ser necessário revelar toda a sua data de nascimento, seu endereço ou mesmo qualquer outro detalhe pessoal”, diz.
Questionada sobre a recente liderança chinesa na tecnologia, Tang diz que há uma diferença de concepção. “Taiwan torna o Estado transparente para os cidadãos, mas usando tecnologia, alguns autoritários estão tornando os cidadãos transparentes para o Estado.”
Para ela, contudo, o domínio chinês ainda é local. “Não me preocupo com eles sendo muito avançados em vigilância, em score social e em controle populacional porque não estamos vendo muita adoção de sua metodologia e ideologia no mundo; a maioria das pessoas no mundo ainda quer ver o Estado transparente.”
Ainda assim, Taiwan adota medidas preventivas em relação ao risco de vigilância por parte da China, uma vez que os países travam um conflito geopolítico desde 1949 —o regime chinês se considera dono legítimo do território taiwanês. O app de vídeos curtos TikTok, por exemplo, é classificado como um risco de cibersegurança e tem uso proibido para menores de idade e funcionários públicos.
Ao mesmo tempo, a ilha adota estratégias de tecnologia, para evitar a dependência dos grandes monopólios americanos de tecnologia, como a preferência por programas de código aberto.
“Não obrigamos as pessoas a usarem software livre, mas dizemos que nossa infraestrutura pública precisa ser compatível com código aberto para que tenhamos padrões abertos”, afirma Tang. Assim, um documento de texto, por exemplo, tem de estar em formato “.ODT”, que pode ser aberto em qualquer programa, não apenas no Microsoft Word.
Como efeito, Taiwan sofreu, segundo Tang, bem menos do que a Europa e os Estados Unidos com o apagão cibernético global de julho, disparado por um curto-circuito entre o antivírus CrowdStrike e o Windows, da Microsoft. “Afetou apenas um hospital importante e, em uma hora, ele se recuperou; além disso, os sistemas de informação do governo não foram afetados.”
Para Tang, os países e seus povos precisam decidir o futuro do desenvolvimento tecnológico, para que a democracia também amadureça, evitando futuras crises por desinformação ou riscos da inteligência artificial. No livro, ela sintetiza: a democracia e a tecnologia são como duas asas de um pássaro. “Se não funcionarem juntas, a tecnologia desestabiliza a democracia e vice-versa”.
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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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