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Transporte ineficiente trava debate sobre pedágio em SP – 23/01/2025 – Cotidiano

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Fábio Pescarini

Se quiser seguir o exemplo de cidades como Londres e Nova York e adotar cobrança de pedágio em seu perímetro urbano para diminuir índices de congestionamentos e de poluição, antes São Paulo terá de melhorar a eficiência de seu transporte público, afirmam especialistas em trânsito e mobilidade urbana.

Em Nova York, desde o último dia 5, a maior parte dos motoristas de veículos que entrarem em Manhattan ao sul da rua 60 durante o horário de pico têm de pagar uma taxa de US$ 9 (cerca de R$ 54,50).

O pedágio urbano visa aumentar o uso do transporte público e diminuir o número de carros na cidade norte-americana.

Na primeira semana de operação, houve redução de 7,5% na circulação de veículos em comparação com a média de um dia útil em janeiro antes do programa, conforme a Autoridade Metropolitana de Transporte (MTA, na sigla em inglês).

“Londres e Nova York têm redes de metrô muito boas e são completadas por ônibus“, diz o engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em engenharia de transportes pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), ao justificar a implantação de sistema para coibir carros.

Nessas cidades, explica, é mais rápido o deslocamento pelo transporte público do que pelo individual em horários de picos, o que nem sempre acontece em São Paulo —como mostrou a Folha, o tempo gasto na capital paulista em ônibus e trens, inclusive de metrô, subiu 10 minutos em em 2023 (dado mais recente) na comparação com 2022, enquanto a duração das viagens melhorou para motoristas.

“Por aqui piorou depois da pandemia, pois reduziu-se a frota e cresceram as reclamações. Quem tem metrô perto de casa não conta essa mesma sorte próximo ao trabalho e precisa intercalar com ônibus lotado que demora para chegar”, afirma.

Dados da SPTrans, estatal que administra as linhas de ônibus da capital, mostram que em 2024 foram transportados 2,16 bilhões de passageiros contra 2,63 bilhões em 2019, antes da pandemia. A frota de coletivos contratada caiu de 13.979 para 13.277 nos meses de dezembro dos anos comparados.

Por outro lado, em média, mais de 1.200 veículos novos são emplacados por dia no município, o que inclui carros e motos, aponta o Detran (Departamento de Trânsito).

Em dez anos, a frota total de veículos registrada na cidade cresceu cerca de 30% —passou de 7,3 milhões em 2104 para 9,7 milhões em 2024, segundo dados disponíveis na Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito).

Com 1.510 km de lentidão, a capital registrou seu recorde de congestionamento em 9 de agosto passado.

Contra esses números, aponta Ejzenberg, a cidade precisaria contar com 400 km de metrô. Segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos, do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), atualmente são 267 km de trilhos, soma que inclui trens metropolitanos em 18 municípios.

Obras em seis linhas de metrô e trens, entre públicas e sob concessão, vão garantir mais cerca de 40 km nos próximos anos.

Ivan Metran Whately, vice-presidente de atividades técnicas do Instituto de Engenharia e especialista em transportes, afirma que antes de pensar em pedágio urbano é preciso um plano metropolitano integrado de transporte público. Para ele, há linhas sobrepostas de metrô e ônibus, por exemplo.

“O pedágio urbano pode ser útil como medida isolada, mas corre o risco de enfrentar resistência social, pois o transporte público da cidade hoje não é atraente”, afirma ele, que defende a criação de uma “Autoridade Metropolitana de Transportes”, como a de Nova York, para interligar modais, para essa cobrança de taxa a motoristas vingar.

O modelo da cidade americana sofreu atrasos por pressões políticas e contestações na Justiça.

O preço político é outra trava no Brasil. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) evita discussão e afirma que não há intenção de se implantar pedágio urbano no município.

Mas a discussão é antiga. Em 2012, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara Municipal chegou a dar parecer favorável a um projeto do vereador Carlos Apolinário (na época no DEM) para criação de taxas para acesso à zona de rodízio de veículos, atualmente no centro expandido. O texto passou pela Secretaria das Comissões, mas acabou arquivado em 20213.

O então prefeito Gilberto Kassab (hoje no PSD) se dizia contra. Mesmo assim, vários projetos para criação de pedágio urbano foram protocolados —outros dois pelo próprio Apolinário, que morreu em 2019, vítima de câncer.

O mais recente projeto de lei sobre o tema no Legislativo paulistano vai no sentido oposto: é para proibir esse tipo de cobrança. De autoria de João Ananias (PT), o PL tramita na Casa desde 2017 e, segundo o parlamentar, está parado porque aguarda manifestação de alguns órgãos municipais, como secretarias.

“Pedágio na cidade de São Paulo vai prestigiar os mais ricos que vão conseguir pagar”, diz o petista. “É um projeto de exclusão. Os pobres não poderão ir ao centro de São Paulo.”

Para a região central paulistana, Jurandir Fernandes, coordenador do Conselho Assessor de Transporte e Mobilidade do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo, que ocupou a pasta de Transportes Metropolitanos nos governos de Geraldo Alckmin no estado, acredita que a solução adotada por Paris, de fechamento de ruas e exclusividade para transporte público, bicicletas e pedestres, é melhor que pedágio urbano.

“Mas é preciso investir na recuperação da região central de São Paulo e, pesadamente, em faixas e corredores de ônibus”, afirma. “[Com o trânsito] hoje eles não andam.”

Em nota, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte diz que a cidade conta com 135,3 quilômetros de corredores e 590 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus. Sobre expansão, explica que conforme prevê a Lei Orgânica do Município, a versão inicial do Programa de Metas 2025-2028 será apresentada em até 90 dias após o início do mandato de Nunes e, a partir do mês de abril, discutida com a população em audiências públicas.

PEDÁGIOS URBANOS PELO MUNDO

Singapura

Desde 1975

  • Funciona durante o dia
  • O valor da taxa é dinâmico e varia de acordo com a hora e o local
  • Cobrança é eletrônica por identificação do veículo

Londres

Desde 2003

  • A London Congestion Charge (taxa de congestionamento) funciona de segunda a sexta-feira durante o dia e às tardes aos sábados e domingo
  • Em um área chamada Zona de Emissões Ultra Baixas na região central
  • Cobrança é feita com leitura das placas dos veículos

Estocolomo

Desde 2007

  • Valores são definidos de acordo com o horário e temporada
  • Também de passagem livre a cobrança é feita a partir da leitura de placas

Milão

Desde 2008

  • Cobrança ocorre em uma zona de tráfego restrito
  • Há várias formas para se ativar o bilhete de pagamento, como cartões e bancas de jornais, além de tags, como as usadas no Brasil

Nova York

Desde 5 de janeiro de 2025

  • Tarifa de US$ 9 —carros de passeio— aos que acessam a região central, entre a rua 60 e o sul da ilha de Manhattan
  • A cobrança é eletrônica



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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