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Universidades são alvo de críticas simplistas – 21/01/2025 – Sou Ciência

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Maria Angélica Pedra Minhoto, Soraya Smaili, Pedro Arantes, Weber Tavares da Silva Junior, Suelaynne Lima da Paz

As Universidades Federais representam um dos maiores patrimônios do povo brasileiro. No entanto, são frequentemente alvos de críticas que, embora necessárias, precisam ser feitas com responsabilidade e com base em análises criteriosas. Recentemente, um artigo publicado por um jornal digital afirmou que as “graduações das Universidades Federais formam apenas 1,26 aluno por professor por ano“. Essa afirmação merece ser examinada sob uma óptica mais aprofundada.

Quais são, então, os problemas com o Indicador “Aluno Formado por Professor”?

Indicadores são ferramentas úteis para compreender fenômenos complexos, mas devem ser utilizados com critério. Como explica Paulo de Martino Januzzi, indicadores precisam refletir conceitos abstratos de maneira substantiva. O indicador em questão falha nesse aspecto ao associar de forma atípica um marcador de esforço geral (professores) com um marcador de resultado parcial (alunos formados). Professores universitários não se dedicam exclusivamente ao ensino de graduação; suas atividades abrangem pesquisa, extensão, internacionalização e gestão acadêmica.

A simples melhora desse indicador poderia ser alcançada por meio de cursos de menor duração e rigor acadêmico, o que comprometeria a qualidade do ensino. Por isso, instituições como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) optam por monitorar a relação aluno-professor, mais relevante para medir o impacto educacional.

É preciso igualmente contextualizar o desempenho acadêmico para compreender a falácia do indicador. Um exemplo são os cursos de Medicina oferecidos pelas Universidades Federais. No caso da Universidade Federal de Goiás (UFG), apesar de envolver um corpo docente altamente especializado e um processo formativo complexo, que inclui práticas clínicas e internato supervisionado, o índice “aluno formado por professor” é de 1,24, abaixo da média nacional de 1,26 apontada no artigo. Entretanto, esse número, isoladamente, não consegue refletir a qualidade ou a complexidade da formação médica oferecida na instituição.

No cenário internacional, a relação aluno-professor na Educação Superior é de 15,6 na média da OCDE, ao passo que no Brasil é de 25,7. Embora isso possa sugerir maior “eficiência” no Brasil, estudos mostram que uma alta proporção de estudantes por professor compromete a qualidade do ensino, especialmente em cursos a distância.

Outro ponto levantado pelo artigo é a suposta baixa geração de valor econômico e social pela pós-graduação brasileira. Essa crítica desconsidera a contribuição substancial da ciência nacional em áreas como saúde, energia e agricultura. Graças à pesquisa pública, o Brasil se destaca na exploração do pré-sal, no enfrentamento de epidemias como o zika vírus e no desenvolvimento de novos fármacos e materiais.

Precisamos atentar para os desafios reais das universidades públicas, como a evasão e a gestão. A evasão é um problema multifatorial que requer políticas de assistência estudantil mais robustas. Além disso, problemas pontuais de gestão podem ser enfrentados com maior profissionalização e alinhamento aos interesses públicos.

Medir o desempenho das Universidades Federais apenas pela quantidade de formados ignora seu papel essencial no avanço científico, na formação cidadã e no desenvolvimento do país. Esses institutos não são apenas centros de ensino, mas também motores de inovação e bem-estar social. As críticas são bem-vindas, desde que feitas com embasamento e respeito à relevância dessas instituições.


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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta terça-feira, 21, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, a abertura do Fórum Permanente da Graduação. O evento visa promover a reflexão e o diálogo sobre políticas e diretrizes que fortalecem o ensino de graduação na instituição.

Com o tema “O Compromisso Social da Universidade Pública: Desafios, Práticas e Perspectivas Transformadoras”, a programação reúne conferências, mesas temáticas e fóruns de discussão. A abertura contou com apresentação cultural do Trio Caribe, formado pelos músicos James, Nilton e Eullis, em parceria com a Fundação de Cultura Elias Mansour.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino. Ele destacou o papel da universidade pública diante dos desafios orçamentários e institucionais. “Em 2025, conseguimos destinar R$ 10 milhões de emendas parlamentares para custeio, algo inédito em 61 anos de história.”

Para ele, a curricularização da extensão representa uma oportunidade de aproximar a formação acadêmica das demandas sociais. “A universidade pública tem potencial para ser uma plataforma de políticas públicas”, disse. “Precisamos formar jovens críticos, conscientes do território e dos problemas que enfrentamos.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou que o fórum reúne coordenadores e docentes dos cursos de bacharelado e licenciatura, incluindo representantes do campus de Cruzeiro do Sul. “O encontro trata de temáticas comuns aos cursos, como estágio supervisionado e curricularização da extensão. Queremos sair daqui com propostas de reformulação dos projetos de curso, alinhando a formação às expectativas e realidades dos nossos alunos.”
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Diêgo Madureira de Oliveira, da Universidade de Brasília, que abordou os desafios e as transformações da formação universitária diante das novas demandas sociais. Ao final do fórum, será elaborada uma carta de encaminhamentos à Prograd, que servirá de base para o planejamento acadêmico de 2026.
Também participaram da solenidade de abertura a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; o diretor do CCSD, Carlos Frank Viga Ramos; e o vice-diretor do CMulti, do campus Floresta, Tiago Jorge.



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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou a abertura dos Jogos Interatléticas-2025, na sexta-feira, 17, no hall do Centro de Convenções, campus-sede, e celebrou o espírito esportivo e a integração entre os cursos da instituição. A programação segue nos próximos dias com diversas modalidades esportivas e atividades culturais. A entrega das medalhas e troféus aos vencedores está prevista para o encerramento do evento.

A reitora Guida Aquino destacou a importância do incentivo ao esporte universitário e agradeceu o apoio da deputada Socorro Neri (PP-AC), responsável pela destinação de uma emenda parlamentar de mais de R$ 80 mil, que viabilizou a competição. “Iniciamos os Jogos Interatléticas e eu queria agradecer o apoio da nossa querida deputada Socorro Neri, que acredita na educação e faz o melhor que pode para que o esporte e a cultura sejam realizados em nosso Estado”, disse.

A cerimônia de abertura contou com a participação de estudantes, atletas, servidores, convidados e representantes da comunidade acadêmica. Também estiveram presentes o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, e o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara.

(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)

 



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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

Os kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues aos atletas inscritos nesta quinta-feira, 23, das 9h às 17h, no Centro de Convivência (estacionamento B), campus-sede, em Rio Branco. O kit é obrigatório para participação na corrida e inclui, entre outros itens, camiseta oficial e número de peito. A 2ª Corrida da Ufac é uma iniciativa que visa incentivar a prática esportiva e a qualidade de vida nas comunidades acadêmica e externa.

 



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