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Voo de cigarras gigantes evoluiu para fugir de aves – 05/11/2024 – Ciência

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Ana Bottallo

A evolução de cigarras gigantes mais ágeis e com melhor capacidade de voo no final do Jurássico e início do Cretáceo, há cerca de 160 milhões de anos, pode ter sido impulsionada por uma corrida armamentista dos insetos com os seus predadores alados da época, as aves primitivas.

Com as primeiras aves se originando e diversificando no período, um grupo de cigarras conhecido como Paleontinidae apresentou formas distintas pouco antes do surgimento das aves, no início do Jurássico (há cerca de 200 milhões de anos), com aquelas do final do período, o que sugere que a guerra evolutiva foi travada por milhões de anos entre os dois grupos animais.

As conclusões estão em estudo publicado na última sexta (25) na revista especializada Science Advances. Assinam a pesquisa Chunpeng Xu, pós-doutorando no Instituto de Zoologia e Pesquisa em Evolução, da Universidade Friedrich-Schiller em Jena, na Alemanha, e também Bo Wang, da Academia Chinesa de Ciências, em Nanquim (China), entre outros.

Para avaliar a origem e a evolução do voo em cigarras gigantes, Xu analisou fósseis de quase todos os representantes dos dois grupos de cigarras gigantes já extintos, os Dunstaniidae, grupo que se originou no final do Permiano e viveu até o início do Jurássico, e os Paleontinidae, que viveram do final do Jurássico até o final do Cretáceo e são da mesma linhagem que originou as cigarras modernas.

Embora as cigarras gigantes já tivessem sido estudadas no contexto da sua origem e evolução por diversos outros cientistas, não havia nenhuma pesquisa que indicasse o que causou a mudança drástica na forma desses insetos há 160 milhões de anos —um período de aproximadamente 20 milhões de anos separando a rápida diversificação do meio do Jurássico (há 180 milhões de anos) com o final do Jurássico e início do Cretáceo.

Os autores buscaram, então, fazer uma filogenia, isto é, análise das relações de parentesco dos insetos que incluísse toda essa diversidade com base nos padrões morfológicos das asas.

Como a maioria dos fósseis do grupo consistia de exemplares bem preservados em placas rochosas calcárias formando impressões quase perfeitas do organismo extintos, foi possível analisar as características anatômicas das asas.

As asas dos representantes de Dunstaniidae, que surgiram muito antes das aves, eram maiores e mais largas, enquanto as asas dos paleontinídeos, que se diversificaram já em um ambiente onde existiam aves primitivas, eram mais compridas e esguias. Tal morfologia permite uma manobra rápida de direção durante o voo, conseguindo despistar melhor o predador.

Em seguida, eles calcularam qual seria a velocidade de voo para cada morfotipo da asa, dividindo elas segundo alguns pontos definidos em sua superfície. As asas dianteiras das cigarras (e da maioria dos insetos) são as principais envolvidas no voo, com as asas traseiras apenas servindo de suporte e batendo em sincronia com as anteriores. No caso das cigarras gigantes, os membros da família Palaeontinidae evoluíram asas até 92% mais eficazes no voo do que as asas dos primeiros representantes do grupo.

Por fim, eles avaliaram a massa muscular relativa de potência de voo nos dois grupos, que seria a razão entre o peso dos músculos de voo e o peso total. Uma massa muscular maior significa que uma maior porção do inseto está envolvida no voo, o que pode fornecer uma disponibilidade de potência mais alta e melhor curva de manobra, explica Xu. Os representantes dos paleontinídeos tardios tinham uma massa muscular 19% maior em comparação com as cigarras primitivas.

“Os resultados mostram que os Palaeontinidae tardios têm uma combinação de alta carga alar, alta massa muscular relativa de voo e uma razão de asa [largura X altura] maior, o que sugere que eles evoluíram uma capacidade de voo significativamente mais avançada”, diz.

Como essas mudanças ocorreram ao longo de dezenas de milhões de anos, os pesquisadores concluíram que tais vantagens adaptativas foram selecionadas por interações ecológicas com os principais predadores de insetos no ar, as aves, gerando o que os autores chamaram de “corrida aérea” evolutiva. Tal vantagem evolutiva continuaria no ramo que deu origem também às cigarras atuais, que são morfologicamente muito semelhantes aos paleontinídeos tardios.

Segundo Xu, isso sugere que as cigarras gigantes (Palaeontinidae) e as cigarras modernas adotaram o mesmo mecanismo de voo. “As evidências provavelmente sugerem que as cigarras modernas têm melhor capacidade de voo, com formas de asas mais esbeltas e a presença de veios [riscos] nas asas mais simplificadas. No entanto, não realizamos nenhuma análise para comparar a sua capacidade de voo neste estudo —planejamos resolver essa questão em trabalhos futuros”, afirma.

Como todo estudo paleontológico, há, no entanto, lacunas na pesquisa representadas em grande parte pela falta de informação sobre formas intermediárias —algo como a transição do grupo de cigarras mais primitivo e aquele que originou as cigarras modernas— e pela escassez de dados de outras características anatômicas dos fósseis, como partes do corpo ainda “presas” à rocha.

“Toda a taxonomia de Palaeontinoidea [grupo que inclui os Palaeontinidae e as cigarras atuais] é quase exclusivamente baseada nas asas, o que é muito comum para grupos de insetos extintos. Com certeza podemos ter uma filogenia melhor quando tivermos outras estruturas corporais incluídas em pesquisas futuras.”

Eles esperam, também, que o modelo aerodinâmico possa ser utilizado para outros grupos de insetos, mas ressaltam que o grupo é altamente diversificado e apresenta diferentes morfologias de asas, comportamentos e adaptações de voos correspondentes. “Diferentes ordens [de insetos] podem ter mecanismos de voo distintos, por exemplo, batendo as asas ou simplesmente planando, ou ambos. Assim, diferentes parâmetros de capacidade de voo devem ser considerados para cada grupo”, afirma.



Leia Mais: Folha

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Após 42 anos sem estudar, idoso faz vestibular e é aprovado em universidade pública; família faz festa; vídeo

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Mariana Sena tem orgulho da história de vida que tem e da força obtida por intermédio dela para dar vida à personagem Glorinha, de a “Garota do Momento”. Foto: @marianasena

A advogada Danielle Barbosa e a família organizaram um verdadeiro evento. A festa com direito a bolo e muita zoeira foi para comemorar a realização de um sonho, o pai dela, um idoso, de 60 anos, foi aprovado para o curso de matemática na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Nas redes sociais, Dani compartilhou o dia da festa e da celebração. Marquinho, como é conhecido em Juiz de Fora, MG, estava todo bobo, nem acreditava que fizeram bonequinho dele como calouro e, depois como diplomado. “Fui aceito? Nossa Senhora”, reagiu o novo universitário.

Após mais de quatro décadas sem pisar numa sala de aula, o comerciante arrebentou no vestibular. Nas redes sociais, internautas e seguidores aplaudindo o novo universitário.

Vídeo emocionante

Dani, a filha coruja, postou o momento em que o pai entra na sala de casa e vê o bolo, os bonequinhos dele e toda a farra para comemorar a aprovação na UFJF.

“Depois de 42 anos sem estudar, meu pai, que sempre demonstrou seu amor pela matemática, foi aprovado na Universidade Federal de Juiz de Fora”, afirmou a advogada.

Em seguida, Dani acrescentou: “Pequenos passos para uns, mas grandes passos para outros. Nunca é tarde para seguir seus sonhos”.

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Apoio nas redes

Mais de 69 mil curtidas no vídeo e muitos comentários. “Que ele seja muito bem-vindo aqui na UFJF”, disse uma estudante da universidade. “Sonhos não envelhecem”, ressaltou uma seguidora.

Outra internauta afirmou que está na torcida pelo mais novo calouro.

“Nunca estamos atrasados para as coisas que são nossas. Façam mesmo. O tempo vai passar de qualquer jeito. Sucesso para seu paizinho.”

Esse idoso tinha um sonho que era estudar matemática, agora foi aprovado para o curso na Universidade Federal de Juiz Fora (UFJF) e ganhou muita festa da família. Foto: @danibarbosairf Esse idoso tinha um sonho que era estudar matemática, agora foi aprovado para o curso na Universidade Federal de Juiz Fora (UFJF) e ganhou muita festa da família. Foto: @danibarbosairf

A emoção do novo calouro de matemática da UFJF , veja só:



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Bastão ajuda a identificar se bebida está adulterada; parece um canudinho

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Mariana Sena tem orgulho da história de vida que tem e da força obtida por intermédio dela para dar vida à personagem Glorinha, de a “Garota do Momento”. Foto: @marianasena

Um canudinho como outro qualquer pode ser bastante eficiente. É que essa ferramenta simples, um bastão, pode identificar se a bebida está adulterada. A invenção é de cientistas da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.

Os pesquisadores batizaram o canudinho de Spikeless. É usá-lo para mexer a bebida e, em 30 segundos, identifica drogas comuns – GHB, ácido gama-hidroxibutírico e cetamina, por exemplo.

Esses químicos (GHB, ou ácido gama-hidroxibutírico, e cetamina) não têm cor, cheiro nem sabor, daí a dificuldade em detectá-los a olho nu. Essas drogas são aplicadas em bebidas para dar golpes e sedar as vítimas.

Antecipando problemas

Samin Yousefi, estudante de mestrado em engenharia química e biológica da UBC e coinventor do dispositivo, explicou sobre a praticidade do bastão. “Em qualquer lugar onde haja um bar — clubes, festas, festivais — há um risco”, disse.

Segundo Yousefi, antes do desenvolvimento do Spikeless, foi tentado todo tipo de dispositivo: copos, porta-copos, canudos e até esmaltes para detectar as drogas.

“Nosso dispositivo é mais discreto do que as alternativas existentes e não contamina a bebida.”

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Bioplástico que muda de cor

O Spikeless tem uma ponta de bioplástico revestida com produtos químicos que muda de cor quando detecta drogas em qualquer bebida — alcoólica ou não alcoólica. É uma ferramenta de uso único, mas pode ser usada em qualquer lugar.

A ferramenta ainda precisa da aprovação da agência sanitária de saúde do Canadá, a Health Canada.

Porém, os criadores do dispositivo estão otimistas e esperam que, em breve, esteja disponível. Desde 2011, o professor Johan Foster, de engenharia química e biológica, e o irmão dele, Andrew Foster, trabalham no projeto.

Os pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, criaram o bastão que pode identificar a bebida adulterada. De plástico, tem um dispositivo que muda de cor, se verificar um tipo de droga. Foto: Universidade da Colúmbia Britânica Os pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, criaram o bastão que pode identificar a bebida adulterada. De plástico, tem um dispositivo que muda de cor, se verificar um tipo de droga. Foto: Universidade da Colúmbia Britânica



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O ex -presidente da Costa Rica, Arias, diz que os EUA revogaram o Visa – DW – 04/04/2025

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O ex -presidente da Costa Rica, Arias, diz que os EUA revogaram o Visa - DW - 04/04/2025

Antigo Costa Rica O presidente e o vencedor do Prêmio Nobel, Oscar Arias, disse na terça -feira que os Estados Unidos haviam revogado seu visto para entrar no país, apenas algumas semanas depois de criticar Presidente Donald Trump nas mídias sociais.

“Recebi um e -mail do governo dos EUA informando que eles suspenderam o visto que tenho no meu passaporte. A comunicação era muito concisa, ela não dá motivos. Alguém poderia ter conjecturas”, disse Arias a repórteres.

Chamando Trump de ‘Imperador Romano’

Em um post de mídia social no Facebook em fevereiro, o vencedor do Prêmio Nobel de Paz de 1987 disse que Trump estava se comportando como “um imperador romano”.

“Nunca foi fácil para um país pequeno discordar do governo dos EUA, muito menos, quando seu presidente se comporta como um imperador romano, dizendo ao resto do mundo o que fazer”, escreveu ele.

“Nos meus governos, a Costa Rica nunca recebeu ordens de Washington, como se fôssemos uma ‘República da Banana’.”

Post de Arias, logo à frente de Visita do Secretário de Estado dos EUA Marco Rubio Para a Costa Rica em fevereiro, também rotulou os EUA de “uma nação em busca de um inimigo”.

Ex-presidente diz Costa Rica, cedendo para a pressão dos EUA

Arias levou para a mídia social que criticava o rendimento da administração do presidente Rodrigo Chaves à pressão dos EUA, como Washington procurou combater a influência da China na região, enquanto também aceitava deportados migrantes de países terceiros.

Outros legisladores da Costa Rica tiveram seus vistos nos EUA revogados que não se alinharam com o objetivo do presidente Chaves de reduzir a influência da China na região.

Agora com 84 anos, Arias foi o presidente da Costa Rica entre 1986 e 1990 e novamente entre 2006 e 2010.

Editado por John Silk



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