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Amazônia tem diversidade empobrecida por incêndios florestais

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Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil

Pesquisadores que investigam os impactos de queimadas na floresta constataram o empobrecimento de espécies e a redução de estoque de carbono em áreas de transição da Amazônia e Cerrado. O estudo, financiado pelo Instituto Serrapilheira, detectou uma diminuição de até 68% na capacidade de conter dióxido de carbono (CO₂) na biomassa da vegetação de florestas impactadas pelo fogo de forma reiterada.

Os cientistas liderados por Fernando Elias, da Universidade Federal Rural da Amazônia, e Maurivan Barros Pereira, da Universidade Estadual do Mato Grosso, analisaram 14 áreas de florestas, divididas em três categorias: nunca impactadas pelo fogo, queimadas uma vez e aquelas que registraram múltiplos incêndios. Em campo, foram coletados dados como o número de espécies, densidade de troncos e calculados os estoques de carbono acima do solo.

“A Amazônia não está virando uma grande savana, ela está virando uma floresta secundária. Está ocorrendo uma secundarização da floresta. Uma floresta mais pobre, com menos estoque de carbono, como a gente observou, uma redução de quase até 70%, e com menos indivíduos”, alerta Elias.


Manaus, AM 06/07/2024 Cenas da Amazônia. Por do sol no Rio Negro  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom
Manaus, AM 06/07/2024 Cenas da Amazônia. Por do sol no Rio Negro  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom

Cenas da Amazônia, por Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Risco de extinção

Para entenderem como a composição florística das florestas é afetada pelo fogo, ou seja, que espécies são mais atingidas e que mudanças ocorrem na diversidade após um incêndio, os pesquisadores classificaram as espécies como típicas do Cerrado, de ambientes florestais ou generalistas, que ocorrem tanto no Cerrado quanto na floresta nas áreas afetadas em épocas distintas e sem um controle científico.

Segundo Fernando Elias, a conclusão de que não haverá uma savanização da Amazônia e sim um empobrecimento da floresta veio a partir da observação de que número de espécies savânicas e generalistas permaneceu igual após a perturbação causada pelo fogo, enquanto que as espécies florestais, mais sensíveis, sofreram um declínio. “O súber, que é a casca, em algumas espécies florestais é até ausente, ou muito fino. Então, diante de uma chama, do evento de fogo, essas espécies são muito vulneráveis e sofrem uma mortalidade extrema. Então você imagina uma espécie rara ocorrendo em uma floresta e essa floresta pega fogo. Se ela não tiver as características de defesa contra esse fogo, para suportar esse fogo, ela é extinta localmente”, explica.


Amazônia-11/12/2024 Amazônia tem o maior número de queimadas e incêndios em 17 anos. (Brigadistas combatem fogo no Pará. André Noboa). Foto:  Agência Santarém.
Amazônia-11/12/2024 Amazônia tem o maior número de queimadas e incêndios em 17 anos. (Brigadistas combatem fogo no Pará. André Noboa). Foto:  Agência Santarém.

Amazônia tem o maior número de queimadas e incêndios em 17 anos. (Brigadistas combatem fogo no Pará. André Noboa). Foto: Agência Santarém.

Serviços

De acordo com o pesquisador, esse empobrecimento da floresta, além de representar uma ameaça de extinção de espécies, é uma ameaça ao planeta e à humanidade. “Vai gerar uma floresta pobre, com espécies que já não conseguem gerar e nem fornecer o serviço ecossistêmico, como, por exemplo, de regulação de chuva, de sequestro de carbono para mitigação das mudanças do clima, serviço de polinização. Todos os variados serviços ecossistêmicos possíveis que uma floresta pristina [original] consegue fornecer à sociedade, essas florestas queimadas serão comprometidas”, diz.

Entre esses comprometimentos está a capacidade de retirar da atmosfera e reter dióxido de carbono (CO₂) na biomassa da vegetação. “Em termos de densidade, em termos de estoque de carbono, a gente observou que queimadas uma única vez, eu já tive redução de aproximadamente quase 50% nos valores dos estoques. E queimadas múltiplas vezes até 68% de perdas”, explica.

Na prática, significa que cada área queimada, além de emitir gases do efeito estufa pela própria queima, também libera o dióxido de carbono que estava na composição de cada árvore. “Os estoques de carbono das áreas que não foram queimadas são de 25,5 toneladas por hectare. E as áreas que queimaram uma vez, 14,1. Já as áreas que queimaram múltiplas vezes, 8. Então, você imagina a diferença que se tem entre a área que queimaram múltiplas vezes e a área que nunca queimou”.

Vulnerabilidade

As áreas estudadas ficam localizadas nas divisas dos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso, em uma região que integra o Arco do Desmatamento. Segundo os pesquisadores, a degradação também ocorre por causa da atividade da agropecuária nas proximidades da floresta e pelo fato de estar em uma região mais seca que a região mais intocada da Amazônia, por isso, todas as áreas demonstraram mais vulnerabilidade ao avanço rápido das mudanças climáticas. “São áreas muitas vezes tratadas como Cerrado, mesmo tendo elevado estoque de carbono e espécies tipicamente amazônicas. E, no Código Florestal, em áreas de Cerrado, pode-se desmatar 80%”, diz Elias.

Financiamento

O estudo Mudanças Pós-fogo na Diversidade, Composição e Carbono das Árvores em Períodos Sazonais das Florestas no Sul da Amazônia teve ainda a participação de pesquisadores do Campus de Confresa do Instituto Federal de Mato Grosso Geography, Faculty of Science, Environment and Economy, da Universidade de Exeter. O projeto também foi  financiado pelo Instituto Serrapilheira, que é uma instituição privada sem fins lucrativos para a promoção da ciência no Brasil. Desde o início de suas atividades, em 2017, já apoiou financeiramente mais de 300 projetos de ciência e de comunicação da ciência, com mais de R$ 90 milhões investidos.

 



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MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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