POLÍTICA
Batalha da anistia: Alcolumbre abraça plano altern…

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Heitor Mazzoco
O senador Alessandro Vieira (MDB) é um ex-delegado da Polícia Civil de Sergipe que fez fama prendendo acusados de corrupção entre 2016 e 2017, o que o levou ao Congresso em 2018 com mais de 470 000 votos pelo pequeno Rede Sustentabilidade. Apoiador da Lava-Jato, foi articulador da frustrada tentativa de criar a CPI da Lava Toga, para investigar o Judiciário, que considerou responsável pelo desmantelamento da operação. Apesar disso, o parlamentar, que passou por PPS, Cidadania e PSDB, sempre teve atuação discreta. Isso pode ter começado a mudar em 21 de março, quando o ministro Alexandre de Moraes condenou a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, conhecida por pichar a estátua do STF, a catorze anos de prisão. No dia seguinte, Vieira apresentou projeto de lei para reduzir as penas do 8 de Janeiro, alegando que as decisões do Supremo “se afastam cada vez mais do ideal de Justiça”. Nada aconteceu com a proposta, que dormitava nos escaninhos do Senado, sem nenhuma movimentação, até terça, 29, quando o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, anunciou no plenário que estava estudando “fortemente” o projeto de Vieira como alternativa ao pacote de anistia que bolsonaristas tentam emplacar na Câmara.
O projeto de Vieira serve a Alcolumbre porque reduz o escopo dos beneficiados pelo alívio penal. Diferente do texto da Câmara, que é muito genérico, a proposta do senador altera dois artigos do Código Penal e fixa em dois a seis anos a pena para quem cometeu o crime de tentativa de abolição do estado democrático de direito “sob a influência de multidão em tumulto e praticou apenas atos materiais, sem qualquer participação no planejamento ou financiamento do ato”. Na tentativa de golpe de Estado, a pena iria de dois a oito anos de prisão. O projeto prevê, ainda, que o segundo crime “absorve” o primeiro, de modo que ninguém seria condenado pelas duas práticas — é isso que tem inflado condenações pelo 8 de Janeiro. Se o texto for aprovado, a maioria dos sentenciados nem precisaria ir para a prisão, porque a pena mínima para regime fechado no país é de oito anos. A mudança atingiria quem foi condenado porque a lei pode retroagir para beneficiar o réu.
A saída alternativa tem boas chances de prosperar, mas resistência não irá faltar. Uma das alegações da ala bolsonarista é que os atingidos precisam de perdão e que reduzir pena é inócuo, já que a maioria está presa há dois anos e vai poder ir logo para casa por conta da progressão de pena. “Anistia é uma coisa e reduzir pena é outra. Se eles vierem com um texto para reduzir penas, nós não temos interesse”, diz Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara e artífice da bem-sucedida empreitada para conseguir 262 assinaturas de deputados e propor a tramitação com urgência do pacote da anistia. A medida depende do presidente da Casa, Hugo Motta, que não só não mostra disposição para isso, como atuou com Alcolumbre e o governo para buscar a saída alternativa. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), criticou a articulação, inclusive a atuação de magistrados nos bastidores. “Só cabe ao Congresso, por lei ordinária, conceder perdão estatal. Por isso, é inadequado que ministros do STF prejulguem eventual projeto de lei”, diz Marinho em nota assinada também pelos senadores Flávio Bolsonaro e Carlos Portinho, ambos do PL-RJ. Uma tese que o bolsonarismo martela no Congresso e nas redes sociais é que a ingerência do Supremo no debate configuraria o reconhecimento de que as condenações seriam, de fato, exageradas.
A pressão bolsonarista vai continuar, e não só na Câmara. Bolsonaro, aliados políticos e pastores evangélicos, entre eles Silas Malafaia, o principal líder do movimento fora do Congresso, estão convocando um terceiro ato pela anistia, desta vez em Brasília, no próximo dia 7 — os outros dois foram em Copacabana e na Avenida Paulista. Será a primeira grande manifestação bolsonarista na capital federal desde o 8 de Janeiro e com alvos parecidos: o STF e a cúpula do Congresso. O detalhe é que o protesto será em dia útil de votações na Câmara e no Senado, enquanto o quebra-quebra de 2023 ocorreu em um domingo.

A gestão Lula joga junto com Alcolumbre e Hugo Motta no plano alternativo à anistia dos bolsonaristas. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que “o governo não vai se opor” a uma solução negociada entre Legislativo e STF. A base governista argumenta que a iniciativa busca a pacificação e ajuda a escantear uma anistia ampla que beneficiaria Bolsonaro. “Não é a pena da cabeleireira, da moça do batom, do pipoqueiro? A ideia é exatamente que estes que não participaram da arquitetura golpista tenham uma pena menor”, diz Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso.
A iniciativa pode trazer vários ganhos políticos aos envolvidos, como o governo, os parlamentares moderados e o próprio Senado, que poderia ser protagonista do alívio penal aos envolvidos no 8 de Janeiro. Motta também ganharia porque tiraria o foco da discussão na Câmara, onde tem outras pautas urgentes para tocar. Ganha também, claro, Alcolumbre, que tem interesses variados no governo, onde goza de tanto prestígio que emplacou três ministros. Ao mexer as peças nesse complicado tabuleiro, ele deu início a um novo jogo e parece, no momento, favorito a vencer, mas a batalha terá ainda muitos lances pela frente.
Publicado em VEJA de 2 de maio de 2025, edição nº 2942
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POLÍTICA
CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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1 semana atrásem
5 de maio de 2025
Marcela Rahal
Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.
Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.
Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.
O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.
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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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1 semana atrásem
5 de maio de 2025
Ludmilla de Lima
Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.
Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano.
A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.
A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.
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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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2 semanas atrásem
5 de maio de 2025
Matheus Leitão
A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.
Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.
Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.
“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.
A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.
“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana.
A seguir as cenas dos próximos capítulos…
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